Dior feminista na primeiro coleção criada por uma mulher
'Todos deveríamos ser feministas' é a frase que aparece estampada em camisetas brancas usadas com saias longas na coleção assinada pela estilista italiana Maria Grazia Chiuri
A estilista italiana Maria Grazia Chiuri apresentou nesta sexta-feira (30) o primeiro desfile criado por uma mulher para Dior, uma coleção "feminista" que buscou inspiração dentro e fora do cânone habitual do fundador da marca.
"Todos deveríamos ser feministas" é a frase que aparece estampada em camisetas brancas usadas com saias longas. Outras convidam a uma "Dio(r)evolução".
Recém-chegada da Valentino, a estreia da italiana de 52 anos era um dos momentos mais esperados da Semana de Moda do primavera-verão 2017 de Paris.
Christian Dior (1905-1957) fundou a marca em 1947 e esteve à frente da marca por dez anos. Por isso, Chiuri considera que seus sucessores, incluindo o polêmico John Galliano, são referências igualmente válidas na hora de definir os códigos da marca.
"Por que nos perderíamos nessa parte do legado falando exclusivamente de monsieur Dior?", pergunta-se Chiuri diante dos jornalistas após o desfile, em referência a seus antecessores Yves Saint Laurent, Marc Bohan, Gianfranco Ferré, Galliano, Bill Gaytten e Raf Simons.
Esgrima e tarô
O uniforme quase unissex das esgrimistas foi uma das inspirações para Chiuri usar seu enfoque feminista, segundo a estilista, porque isso permite escapar "das categorias estereotipadas masculino/feminino, jovem/menos jovem, razão/sentimento".
Esse é um estilo que novo não apenas para a Dior - muitas vezes presa ao DNA de seu fundador, apegado às suas "mulheres-flor" -, mas também para a própria estilista, uma fã das princesas renascentistas e românticas das coleções para Valentino, com as quais fez fama junto com Pierpaolo Piccioli.
"Tenho uma filha e um filho", disse. "Quero que tenham as mesmas oportunidades na vida. Muita gente pensa que já não é mais necessário falar de igualdade. Mas temos que fazer isso, porque nesse momento nem todos a aceitam", declarou.
Botas com cadarços dão um aspecto esportivo a um vestido em malha de crochê com efeito de transparência. O preto e o branco ainda dominam a passarela, mas o vermelho faz uma aparição notável em um conjunto de jaqueta e saia de tule no estilo bailarina.
Também aparecem a lingerie e as transparências em saias que lembram as cartas do tarô, evocando o lado supersticioso de Christian Dior.
Entre as famosas que assistiram ao desfile na primeira fila estavam a ex-primeira-dama Carla Bruni, a atriz Marion Cotillard e a cantora Rihanna, que essa semana apresentou sua segunda coleção de roupas esportivas para Puma.
O microcosmo futurista de Issey Miyake
Como de costume, a marca japonesa Issey Miyake combinou tradição e novas tecnologias para sua coleção "Microcosmo".
plissados lembram os origamis de papel, mas um pouco menos do que o usual.
"Para essa coleção, apelamos para novas tecnologias", disse o estilista Yoshiyuki Miyamae em entrevista à AFP.
Uma camaleônica e futurista "clutch eletrônica" desenvolvida em parceria com a Sony muda de cor segundo a ocasião.
"Isso é só o começo", diz o estilista.
"Amanhã poderá ser aplicado em um vestido, para sair à noite, podendo ser preto ao chegar e branco ao sair".
Outros modelos recorrem às técnicas de tecidos diferenciados para incluir rigidez e flexibilidade.
"Minha fonte de inspiração foram os grãos", disse Yoshiyuki Miyamae.
"Os grãos são um microcosmo, algo muito misterioso. Um pouco como a história da marca: começamos por algo muito pequeno que depois evolui. Queremos transmitir o espírito Issey Miyake das futuras gerações", afirmou.
A paleta foi muito variada, como nos tons ácidos que apaixonam os jovens "fashionistas" de Tóquio e fãs da marca em outras partes do mundo.
"É como os grãos - disse o estilista -, que crescem e terminam dando seus frutos".