José Pimentel: "É impossível avaliar se ele vai aguentar"

Ator que interpretou Jesus na Paixão de Cristo do Recife estará apenas na direção do espetáculo em 2018. Nesta terça (12), ele apresentou o seu sucessor

por Paula Brasileiro ter, 12/12/2017 - 18:07
Chico Peixoto/LeiaJá Imagens Hemerson Moura será o sucessor de Pimentel no papel de Cristo Chico Peixoto/LeiaJá Imagens

O ator José Pimentel apresentou, nesta terça (12), aquele que vai substituí-lo no papel que interpretou durante 40 anos, Cristo. Hemerson Moura, de 39 anos, será o Jesus na Paixão de Cristo do Recife, em 2018. Pimentel se diz tranquilo em deixar os palcos mas, além de não parecer feliz em fazê-lo, não demonstrou muito entusiasmo em relação ao seu sucessor, não pelo seu potencial mas pelo peso do papel que carregou por tanto tempo.

"É impossível avaliar se esse menino vai aguentar fazer. Não é brincadeira, não", diz Pimentel. Ele enumera os quesitos necessários para interpretar Cristo: "Tem que ter estrutura física, malhar, pegar peso, ter resistência grande. Tem que não reclamar muito da vida, não pode ficar com frescura". O ator também comentou sobre a carga emocional do personagem, relembrando como o público ia até ele, muitas vezes em lágrimas: "Ou você chora, também, ou atura. Mexe com você". Mas, apesar das aparentes dificuldades, a ideia é que o novo Jesus continue na função: "Como eu continuei", diz.

O aparente desânimo talvez seja consequência da despedida de Pimentel ao papel interpretado por ele durante, praticamente, metade de sua vida. Aos 83 anos, ele, agora, estará atuando apenas atrás das cortinas e não faz esforço em esconder que sentirá saudades. Porém, ele assegura não ter precisado de nenhum preparo específico para deixar o personagem: "Eu tô tranquilo. Se a coisa pegar, talvez eu precise. Quem sabe eu termine em um psicanalista", brincou.

Novo espetáculo

Além de um novo Jesus, a Paixão de Cristo do Recife, no ano de 2018, terá muitas novidades. Na 22ª edição do evento, José Pimentel estará se dedicando apenas à direção do espetáculo, e promete coisas novas para o público: "Talvez eu mude tudo. Talvez eu enforque Jesus e crucifique Judas", disse aos risos.

Ele também aproveitou para falar das dificuldades em realizar a montagem: "A Paixão de Cristo do Recife está minguando, prestes se acabar por falta de dinheiro, falta de patrocínio". E, se emocionou ao falar sobre a fidelidade das pessoas que vão, ano após ano, assisti-la no Marco Zero. "O povo se sente quase ganhando um presente por a gente fazer esse espetáculo, porque o outro é caro, né? O da gente é de graça, você come um espetinho, toma um guaraná e tá pronto pra enfrentar o troço. Isso aí pra mim já basta".

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