MST acampa em praça de Belém e invade sede da Caixa

Manifestantes lembram massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido há 22 anos, e cobram reforma agrária no Pará

por Ariela Motizuki qua, 18/04/2018 - 17:28

​​

Abril é reconhecido e lembrado como o mês do trabalhador do campo desde o Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido no sudeste do Estado do Pará, em 17 de abril de 1996, quando 19 trabalhadores rurais foram assassinados. Em alusão à data e em protesto pela reforma agrária, cerca de 350 pessoas do Movimento Sem Terra (MST) do Pará estão acampadas em frente ao Mercado de São Brás, em Belém.

Desde da última segunda-feira (16), trabalhadores e famílias rurais estão acampadas com lonas improvisadas para cobrar punição pelos assassinatos do massacre de Eldorado do Carajás e outros diversos casos de violência contra trabalhadores e movimentos rurais. “O mês de abril ficou marcado na nossa história após o massacre de Eldorado do Carajás como o mês do trabalhador do campo, e há 22 anos ocorreu o massacre. Estamos aqui também para poder questionar os resultados e punições dos responsáveis pelo massacre”, explicou um dos coordenadores do MST, Raimundo Nonato.

A manifestação também é movida em prol da reforma agrária, políticas públicas para os trabalhadores da terra e contra a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Essa marcha e movimentação que fazemos durante o mês de abril é em prol da reforma agrária, que ainda não aconteceu. A concentração de terras aumentou nos últimos anos, os recursos destinados para a reforma praticamente se extinguiram”, disse Raimundo.

Para arcar com os custos da movimentação, o MST montou a Feira do Trabalhado Rural, onde estão sendo vendidos produtos naturais de pequenos produtores que integram o movimento. “Ainda estão chegando pessoas, estimamos cerca de 300 pessoas hoje (17 de abril), trouxemos uma feira para arcar com alguns custos de transporte e alimentação, e está tendo um bom retorno, o pessoal tá comprando e a gente espera trazer até 400 pessoas para cá”, explicou o coordenador.

A programação do movimento é se manter acampado é até quinta-feira (19), com possibilidade de alteração tanto no volume de pessoas quanto no prolongamento da permanência. Após a realização da feira, o MST irá se reunir com os principais órgãos públicos responsáveis pela reforma agrária, que são o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e Secretaria de Estado de Educação (Seduc), pois o movimento alega que não há escolas nos assentamentos do movimento. “Caso essa negociação não seja satisfatória, aí a nossa proposta se modifica, podendo trazer mais camponeses pra cá e endurecer uma jornada de luta, ocupando os órgãos e tendo uma permanência mais prolongada”, revelou o coordenador.

No início da tarde desta quarta-feira (18), os manifestantes invadiram e ocuparam a sede da Caixa Econômica Federal em Belém. Dentro do prédio, onde funciona a superintendência da Caixa na região, os trabalhadores ocuparam diversos espaços. O atendimento ao público foi suspenso. Diretores do banco negociam a desocupação.

COMENTÁRIOS dos leitores