Vacina infantil causou parada cardíaca? Entenda o caso

O Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) afirma que não houve nenhuma relação entre o imunizante a o quadro clínico

qui, 20/01/2022 - 13:11 Atualizado em: qui, 20/01/2022 - 16:01
Reprodução/Facebook/preflp Profissional prepara dose de Pfizer infantil em Lençóis Paulista Reprodução/Facebook/preflp

A prefeitura municipal de Lençóis Paulista (SP) divulgou uma nota oficial no início da noite dessa quarta (19) informando que suspendeu por sete dias a vacinação infantil em razão de uma criança de dez anos ter sofrido uma parada cardíaca 12 horas após ser vacinada contra a covid-19 na cidade.

ATUALIZAÇÃO: A hipótese da reação adversa foi descartada nesta quinta (20), após análise de diversos especialistas.

Apesar da decisão, a prefeitura não teve acesso ao prontuário médico da criança, que foi atendida na rede privada. Por isso, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirmou que é “precipitado e irresponsável” afirmar que o caso ocorrido está associado à vacinação.

“O Comitê [de combate à covid-19 do município] deixa claro que não existe dúvida sobre a importância da vacinação infantil, mas diante do ocorrido será dado esse prazo para o acompanhamento e monitoramento diário das 46 crianças lençoenses vacinadas até o momento. Além disso, esse prazo é necessário para aprofundamento sobre o caso de forma específica e envio de relatórios aos órgãos de controle federais e estaduais”, diz o texto da nota da prefeitura.

O que ocorreu

De acordo com a prefeitura, na noite da última terça (18) aproximadamente 12 horas após ser vacinada com o imunizante da Pfizer, a criança de dez anos apresentou alterações nos batimentos cardíacos e desmaiou, segundo relato do pai obtido pela prefeitura.

Ela foi levada à rede de saúde particular para atendimento profissional, onde foi reanimada. Após ser estabilizada, a criança foi transferida para o Hospital da Unimed, em Botucatu (SP).

Vacinação infantil segue, para quem quiser

A administração municipal de Lençóis Paulista informou ainda que pais ou responsáveis que desejam vacinar seus filhos antes da retomada da imunização devem ligar na Central Saúde do município para realizar agendamento. A vacinação em adultos continua normalmente.

Precipitado e irresponsável

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde disse que é precipitado e irresponsável afirmar que o caso ocorrido tem associação com a vacinação. A pasta destacou que todas as vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) são seguras e eficazes e são responsáveis diretamente na redução de mortes, casos graves e internações por covid-19.

De acordo com a secretaria, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) está acompanhando e analisará o caso de Lençóis Paulista. O CVE informou que todos os casos de eventos adversos são analisados por uma comissão de especialistas antes de qualquer confirmação.

“É, portanto, precipitado e irresponsável afirmar que o caso do município está associado a vacinação. Na maioria das vezes, os casos de eventos adversos pós-vacinação são coincidentes, sem qualquer relação causal com o imunizante”, diz o texto da nota da secretaria.

Bolsonaristas “vibram”

A informação da prefeitura de Lençóis Paulista caiu como uma luva para o discurso antivacina de políticos ligados ao presidente Jair Bolsonaro, declaradamente contrário á vacinação infantil. Um das que mais se “beneficiou” do suposto efeito colateral do imunizante foi a deputada Carla Zambelli.

“Será que em cada cidade será necessário uma criança quase morrer para percebermos que não houve, por parte da ANVISA, ainda suficiente estudo para determinar a segurança desta vacina”, acusou a deputada, sem mostrar nenhuma prova.

Com informações da Agência Brasil

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