Furacão Fiona chega a Porto Rico provocando alagamentos
A tempestade chegou pela costa sudoeste do território americano, provocando deslizamentos de terra, derrubando a rede elétrica, arrancando o asfalto das estradas e causando alagamentos
O furacão Fiona tocou o solo neste domingo (18) no sul de Porto Rico, dois dias antes do quinto aniversário da passagem do furacão Maria, que devastou a ilha em 2017. A tempestade chegou pela costa sudoeste do território americano, provocando deslizamentos de terra, derrubando a rede elétrica, arrancando o asfalto das estradas e causando alagamentos.
Fiona avança com ventos de até 140 km/h e por enquanto mantém a categoria 1, a menor na escala Saffir-Simpson (que vai até 5), mas espera-se que vá "ganhar mais força nas próximas 48 horas", acrescentou o Centro Nacional de Furacões (NHC na sigla em inglês) dos Estados Unidos. Os meteorologistas preveem que a tempestade cause inundações catastróficas e ameaça despejar níveis "históricos" de chuva, com até 64 centímetros possíveis em áreas isoladas.
O temporal provocou um apagão generalizado na ilha já no início da tarde deste domingo, informou a Autoridade de Energia Elétrica de Porto Rico, a corporação pública encarregada da geração de eletricidade. A entidade já conseguiu reiniciar vários geradores, um primeiro passo para o restabelecimento da rede elétrica, informou seu diretor, Josué Colón, em entrevista à TV local.
Segundo os protocolos estabelecidos, assim que conseguir reativar a rede, a autoridade tentará restabelecer primeiro o serviço em hospitais e outros prédios governamentais que oferecem serviços essenciais.
Cheias e inundações
Os rios Grande de Loiza e Caguitas, no norte e no centro da ilha, transbordaram em algumas áreas, informou pelo Twitter o Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos (NWS na sigla em inglês). "As comunidades nas margens destes rios deveriam avaliar se deslocar para um local mais alto de imediato", acrescentou.
Segundo a imprensa local, outros rios transbordaram no sudeste da ilha, inundando rodovias e áreas urbanas. Na montanha e na região sudoeste, várias famílias perderam o teto de suas casas pelas rajadas de ventos e tiveram que se abrigar em refúgios habilitados pelo governo.
Pela manhã, o governador de Porto Rico, Pedro Pierluisi, instou a população a buscar abrigo. "Pedimos ao nosso povo que se mantenha em suas casas e que busque refúgio se precisar. Continuamos sob alerta de furacão", declarou em coletiva de imprensa. "Por seu tamanho, esta tempestade estará impactando todo Porto Rico", acrescentou.
Pierluisi anunciou a suspensão das aulas nas escolas na segunda-feira, 19, devido às previsões de continuidade das chuvas. Também cancelou o trabalho dos funcionários públicos, exceto aqueles que ocupam cargos críticos ou que fornecem serviços essenciais durante a emergência.
A tempestade também arrastou uma ponte na cidade montanhosa de Utuado, que a polícia diz ter sido instalada pela Guarda Nacional depois que o furacão Maria atingiu em 2017.
O presidente americano, Joe Biden, aprovou neste domingo a declaração do estado de emergência em Porto Rico, uma medida que permite a liberação de fundos federais para os trabalhos de ajuda. A ex-colônia espanhola se tornou território americano no fim do século XIX, antes de obter o status de estado livre associado em 1950.
Lembranças do Maria
O Fiona atinge a ilha apenas dois dias antes do aniversário do furacão Maria, uma tempestade devastadora de categoria 4 que atingiu o território em 20 de setembro de 2017, destruindo a rede elétrica e causando quase 3.000 mortes. Mais de 3.000 casas ainda têm apenas uma lona azul como telhado, e a infraestrutura continua fraca.
As autoridades antecipam chuvas de 508 a 635 mm nas áreas isoladas de Porto Rico, uma quantidade bastante inferior à registrada durante a passagem do furacão Maria. "Podemos esperar que haja estragos, mas não no nível de Maria", disse Ernesto Morales, do NWS, na mesma coletiva do governador.
Depois da passagem de Maria, Porto Rico ficou incomunicável e grandes áreas permaneceram sem eletricidade por vários meses.
"Acho que todos nós, porto-riquenhos, que passamos por Maria, temos aquele estresse pós-traumático de 'O que vai acontecer, quanto tempo vai durar e quais necessidades podemos enfrentar?'", disse Danny Hernández, que trabalha em a capital de San Juan, mas planejava enfrentar a tempestade com seus pais e familiares na cidade ocidental de Mayaguez.
Fiona já causou graves danos em sua passagem pelo território francês Guadalupe na noite de sexta-feira, 16. Em alguns locais, a água subiu mais de 1,50 metro. Um homem morreu no local, arrastado com sua casa pela cheia de um rio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)