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Integrantes do PT que participaram da coordenação da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vão para Brasília, nesta quinta-feira (3), para começar uma diálogo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Entre os assuntos que serão discutidos estão a manutenção do Auxílio Brasil de R$ 600, que foi promessa do petista na eleição, e eventuais mudanças no teto de gastos, regra que atrela o crescimento das despesas à inflação.

Lira e o PT também estão de olho em uma negociação que possa resultar na parceria de ambos a partir do próximo ano. O comando do PP não descarta fazer parte da base de apoio de Lula, mas em troca quer o apoio dos petistas para que Lira seja reeleito presidente da Câmara em fevereiro de 2023.

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O encontro com o presidente da Câmara está sendo organizado pelo deputado José Guimarães (PT-CE) e terá a participação de outros deputados do partido. Lula viajou nesta quarta, 2, de São Paulo para a Bahia, um dos Estados que deu a maior votação proporcional a ele. O presidente disse a aliados que pretende descansar até o fim da semana no Estado nordestino e só deve ir para Brasília na próxima semana.

Além da reunião com o presidente da Câmara, os petistas, junto com o coordenador da transição e vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) também vão estar na quinta com o senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento de 2023. O encarregado por Lula de comandar a negociação sobre o orçamento é o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), cotado para assumir um ministério da área econômica.

Ao Estadão, Castro disse que o Orçamento de 2023 está "no osso" e que o governo Lula precisará escolher quais promessas vão ser incluídas no projeto. O deputado Rui Falcão (PT-SP), que foi coordenador de Comunicação da campanha, também participará da conversa com Castro. Falcão é um dos deputados da Comissão Mista de Orçamento (CMO), assim com Enio Verri (PT-PR) e Paulo Pimenta (PT-RS), que também conversarão com o emedebista.

"Eu vou participar da reunião do orçamento, sou membro da Comissão Mista de Orçamento. Vou ver também, junto com o Guimarães, os projetos que estão para serem pautados, o que o presidente da Câmara está pretendendo, o que a gente pode conversar com ele. Ver o que eles pretendem e o que nós pretendemos", disse Falcão ao Estadão.

O presidente interino do PP, deputado Cláudio Cajado (BA), disse que Lira vai esperar a sinalização do presidente eleito para definir as prioridades da Câmara até o final do ano. "Muitas das pautas dependem de uma sinalização do governo eleito, do presidente Lula. Vai querer que a gente vote agora o Auxílio Brasil ou ele vai querer implementar isso no ano que vem, ainda que não haja solução de continuidade para os primeiros meses iniciais?", afirmou.

De acordo com a emenda à Constituição aprovada no governo de Jair Bolsonaro (PL), o auxílio só terá validade até o próximo dia 31 de dezembro, o que significa que o Congresso precisa definir ainda neste ano como será feita a continuidade. "Não vamos tomar nenhum iniciativa sem que ele (Lula) próprio se manifeste ou os líderes dele", ressaltou o deputado do Centrão.

O comando da Câmara também quer ajustar com o PT se vai haver mudanças no teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas ao índice de inflação do ano anterior. "Não adianta votar uma PEC sem prever como vai ser comportado isso na despesa", afirmou o deputado do PP da Bahia. Durante a campanha, a equipe de Lula falou em um waiver, ou seja, licença para aumentar as despesas, mas ainda não está definido qual será o tamanho disso.

Cajado também deixa em aberto a possibilidade de o PP ser base de Lula. O partido tem o perfil de ser aliado de todos os governos, independente da ideologia. Tendo o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, como principal líder, o PP faz parte do Centrão, bloco informal de legendas que apoiam qualquer presidente em troca de cargos.

"O partido está principalmente com o objetivo de trabalhar a reeleição do Arthur Lira, essa que é nossa visão maior. Dentro dessa perspectiva a gente tem que dialogar, conversar com as forças políticas que compõem o futuro Congresso. Essas conversas vão surgir naturalmente (com Lula), temos aí a transição (do governo Bolsonaro para Lula) para fazer, acredito que não tenha nenhum problema dado o perfil do ministro Ciro Nogueira", declarou.

De acordo com ele, mesmo com a demora em reconhecer a derrota por parte do presidente Bolsonaro e as mobilizações de apoiadores do presidente de bloquear estradas em protesto a eleição do petista, não haverá nenhum tipo de boicote no processo de transição.

"Tenho convicção de que o ministro Ciro Nogueira adotará todos os procedimentos de transferir ao (futuro) governo todos os programas, projetos, ações, toda a parte que o diga respeito para que a transição se efetive de forma plena, transparente, ampla e efetiva para o próximo governo. Zero, zero possibilidade de dificultar ou fazer algo que possa prejudicar o próximo governo", afirmou.

Ciro Nogueira já entrou em contato com a presidente do PT, Gleisi Hoffman, e com o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, que também foi um dos coordenadores da campanha. Nogueira e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que falou com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), até agora foram os únicos membros do governo Bolsonaro que conversaram com a equipe do futuro governo Lula. Alckmin foi escolhido por Lula para ser o coordenador do processo de transição. Gleisi e Aloizio Mercadante, que coordenou o programa de governo do petista, também farão parte da equipe.

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) utilizaram suas redes sociais para reconhecer a vitória no 2º turno para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e defender suas posições de oposição ao futuro chefe do Executivo. Para 2023, o Partido Liberal (PL) de Bolsonaro irá contar com a maior bancada do Senado em 2023, ocupando 14 das 81 cadeiras. Na Câmara dos Deputados, a sigla detém de 99 das 513 cadeiras, sendo também a maior bancada da Casa.

Enquanto isso, Bolsonaro segue em silêncio sobre a derrota no 2º turno. Até as 15h desta segunda-feira, 31, o presidente não havia se pronunciado em público ou em suas redes sociais. Os filhos do chefe do Executivo, conhecidos por serem ativo nas redes sociais, também permanecem em silêncio até o momento.

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A ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro e senadora eleita Tereza Cristina defendeu que, em uma democracia, prevalece a escolha da maioria. "Numa democracia, nem sempre a nossa escolha prevalece nas urnas. O resultado das eleições de hoje nos ensina a perseverar e a respeitar as diferenças", disse. Tereza será senadora pelo Mato Grosso do Sul a partir de 2023.

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles defendeu que o momento em que o País vive necessita "serenidade". "O resultado da eleição mais polarizada da história do Brasil traz muitas reflexões e a necessidade de buscar caminhos de pacificação de um País literalmente dividido ao meio", disse.

A deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP) reconheceu a vitória do ex-presidente Lula fazendo uma promessa: "E lhes PROMETO, serei a maior oposição que Lula jamais imaginou ter", disse.

O deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL) também publicou um vídeo em que se reafirma como oposição do ex-presidente no Congresso Nacional. "O trabalho continua e eles saberão o que é oposição. Bolsonaro deixou aí vários soldados e eu sou apenas mais um", disse. Nikolas foi o candidato a deputado federal mais votado nas eleições 2022, com quase 1,5 milhão de votos.

Assim como Carla e Nikolas, o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro assumiu uma posição de oposição no Congresso ao reconhecer vitória do ex-presidente Lula. "Vamos trabalhar pela união dos que querem o bem do País", disse.

A ex-ministra e senadora eleita Damares Alves (Republicanos) afirmou que o presidente deixará a Presidência de "cabeça erguida". Bolsonaro foi o primeiro chefe do Executivo na história do Brasil que não conseguiu se reeleger.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu nesta quinta-feira, 6, que os deputados eleitos que o apoiam conversem com "pessoas do chão de fábrica" para virar votos a seu favor no segundo turno das eleições contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo se reuniu no Palácio da Alvorada com parlamentares da base do governo, depois de ter recebido governadores aliados no local ao longo da semana.

"A gente precisa de vocês agora. Obviamente, não tem como manter a estrutura da campanha. O pessoal vai no limite, já fui parlamentar também, já concorri à reeleição, mas uma parte da estrutura dá para ser mantida, e vocês têm o papel primordial nesta conversa, em especial com os mais humildes, para mostrar para eles essas questões, mostrar para eles as pautas que têm a ver com a nossa família", declarou o presidente.

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Bolsonaro tem feito uma série de encontros de campanha no Alvorada. Diferentemente do que acontecia ao longo do governo, a imprensa passou a ser autorizada a entrar no Palácio para acompanhar pronunciamentos do candidato à reeleição com seus aliados.

Na quarta-feira, 5, o chefe do Executivo recebeu os governadores reeleitos do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do Paraná, Ratinho Junior (PSD), além de integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) do Congresso, chamada de bancada ruralista.

Na terça-feira, 4, Bolsonaro recebeu no Alvorada os governadores reeleitos de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), além do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que ficou de fora do segundo turno da eleição no Estado.

Nesta quinta, estiveram presentes no Palácio os líderes na Câmara dos principais partidos que apoiam Bolsonaro: André Fufuca (PP-MA) e Vinicius Carvalho (Republicanos-SP). Além disso, o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), também compareceu. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), foi outro que participou do encontro.

Dos ministros do governo se fizeram presentes Ciro Nogueira (Casa Civil), Célio Faria Júnior (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações), além do candidato a vice de Bolsonaro, Walter Braga Netto (PL).

Os partidos que dão sustentação à candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) receberam o maior volume de doações eleitorais feitas por pessoas físicas autuadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Partido Liberal, Republicanos e Progressistas receberam, juntos, R$ 10,2 milhões do total de R$ 17,7 milhões.

As doações beneficiam 67 candidatos aliados de Bolsonaro, além do próprio. A campanha do presidente recebeu R$ 3,9 milhões - R$ 1 em cada R$ 4 doados por infratores ambientais. Os dois partidos mais beneficiados são o PL e o Republicanos, com R$ 7,7 milhões e R$ 1,9 milhão, respectivamente. O Progressistas recebeu R$ 631,6 mil. Juntas, outras 24 legendas receberam repasses de R$ 7,5 milhões.

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Até sexta-feira passada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia registrado 523 doações feitas por infratores ambientais, sendo que a maioria (269) foi destinada às campanhas das três legendas. Procurados pela reportagem, PL, Republicanos e Progressistas não responderam.

A Justiça Eleitoral permite doações eleitorais de pessoas físicas, desde que limitadas a 10% do rendimento do doador no ano anterior à eleição. As doações de infratores ambientais ou devedores à União a campanhas não são ilegais.

O Estadão cruzou a base de dados das receitas dos candidatos disponibilizadas pelo TSE com a lista de multados pelo Ibama desde 1995. O cálculo considera as doações de pessoas físicas a candidatos para todos os cargos em disputa, e não leva em conta multas de outros órgãos ambientais.

O compilado de multas aplicadas aos doadores ultrapassa R$ 361,9 milhões em valores nominais. Apenas 1% deste total foi quitado, enquanto 4,4% tiveram baixa administrativa ou fecharam acordos, o que deixa um passivo em aberto de R$ 342 milhões.

AMAZÔNIA

São 559 multas. A maioria se concentra em Mato Grosso, Amazonas, Pará, Mato Grosso do Sul e Rondônia. O bioma amazônico é o mais impactado. As infrações mais comuns envolvem destruição ou danificação de vegetação nativa, desmatamento e descumprimento de embargo de obra, e 45% do grupo de infratores é reincidente, ou seja, foi multado mais de uma vez.

Ainda que existam infratores que não acertaram as contas com o Ibama, a maioria recorre das decisões e está com o processo administrativo em aberto há anos. Nesse tipo de processo, porém, o autuado já se torna infrator a partir da constatação da irregularidade por um agente público. Após receber a multa, ele pode tentar provar que não cometeu ilícito ambiental.

A urbanista Suely Araújo, que presidiu o Ibama entre os anos 2016 a 2019, afirmou que as multas não são arbitrárias. "A fiscalização é baseada em esforço de inteligência, inclusive com incursões prévias de análise de imagens de satélite, análise de dados, compra e venda de mercadorias."

Para a diretora da Transparência Brasil, Juliana Sakai, a doação eleitoral é legítima na democracia e serve para viabilizar uma candidatura. "O que acontece no Brasil é que você tem uma concentração, não só de renda, mas de doação", disse. "Quando esse aporte é muito volumoso, você espera um retorno", afirmou.

A campanha à reeleição virou alvo de críticas dos aliados mais próximos do presidente Jair Bolsonaro (PL). O chefe do Poder Executivo tem deixado de ouvir sugestões de integrantes do seu próprio comitê para se aconselhar com auxiliares que não têm experiência ou participação direta na campanha. Exemplo disso é a preparação para a entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que acontecerá nesta segunda-feira, 22. Seu QG insistiu para que ele passasse por um media training, ensaiando as perguntas e respostas da entrevista, mas Bolsonaro recusou.

O comitê de campanha espera que Bolsonaro esqueça os ataques às urnas eletrônicas, os conflitos com os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) e foque mais nas ações de governo, como o Auxílio Brasil. Fazem parte desse comitê nomes como os do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), dos ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, das Comunicações, Fábio Faria, do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do ex-chefe da Secom Fábio Wajngarten e dos publicitários Duda Lima e Sérgio Lima. A reclamação da equipe é que o presidente diz que vai seguir os conselhos, mas depois faz diferente do que foi combinado.

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Fábio Faria, que é genro de Silvio Santos, dono do SBT, principal concorrente da Globo, Wajngarten e o ministro da Economia, Paulo Guedes, acompanharão Bolsonaro na entrevista ao Jornal Nacional. Wajngarten saiu do comando da Secom por influência de Faria, com quem se desentendeu.

Em vídeo publicado no perfil do Twitter do ministro das Comunicações, o governo tenta passar imagem de que Bolsonaro não está preocupado com a sabatina no Jornal Nacional. No vídeo, Fábio Faria comenta em tom irônico: "Olha a cara do presidente preocupado hoje com o JN". Bolsonaro responde rindo e diz que vai "mandar um beijo" para o apresentador William Bonner.

No episódio da confusão envolvendo Bolsonaro e o youtuber Wilker Leão na saída do Palácio da Alvorada, na última quinta-feira, 18, quando foi chamado de "tchutchuca do Centrão" agentes do Gabinete de Segurança de Institucional (GSI) estavam com celulares na mão, fazendo gravações. Ao menos dois seguranças faziam vídeos enquanto o youtuber provocava Bolsonaro.

Aliados de Jair Bolsonaro vão tentar se associar ou reforçar a proximidade com o presidente em busca de uma de vaga na Câmara dos Deputados pelo Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo. Entre os pré-candidatos estão o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, que foi alvo de investigação em esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro; Waldir Ferraz, um dos idealizadores das motociatas pelo País; e o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Os "nomes de Bolsonaro" no Rio, como Waldir costuma chamar os pré-candidatos, buscam repetir o fenômeno de 2018 e surfar na onda bolsonarista rumo a Brasília. A cartilha a ser seguida pelos aliados do presidente é a mesma defendida por congressistas alinhados ao governo: investir em pautas de costumes, no sentimento antipetista e no confronto com as instituições.

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Uma mostra de como será a campanha eleitoral se deu em um bar na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, com a presença de Waldir e Pazuello.

A poucos metros do condomínio Vivendas da Barra, residência do clã Bolsonaro, cerca de cem apoiadores do presidente, a maioria homens brancos de meia-idade, repetiram teorias da conspiração contra o processo eleitoral, fizeram ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao PT, além de exaltarem "o capitão".

Ao som de clássicos da MPB, com uma rodada de chope e salgados liberados, o encontro, na noite da quinta-feira da semana passada, tinha como tema o debate sobre a "formação da base política da direita conservadora contra o ativismo político e judicial".

Amigo do presidente desde os anos 1980, Waldir já atuou como assessor de Bolsonaro e foi candidato a vereador em 2020, não sendo eleito. "Com a minha ajuda é que o presidente está lá. Nós começamos a fazer campanha em 1987 para vereador", afirmou Waldir, que busca uma vaga na Câmara pelo PL, partido de Bolsonaro.

Pazuello foi ovacionado e aplaudido por bolsonaristas ao chegar ao Beco do Alemão. Enquanto os companheiros de mesa e convidados inflamavam o restante da plateia com críticas ao PT, a Lula e ao STF, o general disse que os militantes deveriam focar a reeleição do presidente: "Não merecemos rompimentos constitucionais", afirmou o ex-ministro, que cogitou pré-candidatura ao Senado, mas deve disputar uma vaga na Câmara. Ele se filiou ao PL.

Queiroz, do PTB e ex-assessor do senador Flávio, não esteve presente ao encontro, mas, em entrevista recente, afirmou estar confiante em um apoio direto da família Bolsonaro para a sua candidatura a deputado federal. "Em qualquer lugar que eu vou: ‘E aí, eles (Jair e Flávio) vão te apoiar’? Eu falei: ‘Cara, é um absurdo se não apoiarem’."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Partidos aliados da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamaram do uso do termo "revogação" para tratar da reforma trabalhista na prévia do programa de governo divulgada na segunda-feira (6). Houve ainda queixas sobre autoelogios da legenda no item combate à corrupção. Apoiadores disseram que não houve diálogo para a elaboração das propostas.

Lideranças de PV, PCdoB, PSOL, PSB, Rede e Solidariedade se reuniram ontem, em São Paulo, com dirigentes petistas para buscar alinhamento em torno das diretrizes para as eleições 2022. O Estadão apurou que o maior incômodo ocorreu em razão do "vazamento", como dizem aliados, do documento de 90 tópicos.

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Intitulado de Diretrizes para o Programa de Reconstrução do Brasil Lula 2023-2026, o texto foi divulgado pela Fundação Perseu Abramo. Aliados disseram que faltou alinhamento com os demais partidos da chapa do petista com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB).

TERMOS

O termo "revogação" ao tratar da reforma trabalhista tem sido evitado até mesmo por Lula em discursos. Ele já havia usado a expressão, mas recuou. O petista tem falado agora em revisar as mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), implementadas no governo Michel Temer (MDB). Centrais sindicais também preferem evitar "revogação" para não entrar em atritos com o empresariado.

No documento, constava a data de ontem como limite para envio de sugestões. "No sábado, vamos nos reunir para verificar a incorporação e consolidação dessas emendas apresentadas", afirmou o ex-deputado Domingos Leonelli, que representou o PSB na reunião.

No PSB e na Rede, a divulgação da prévia sem diálogo com os partidos foi a questão considerada mais grave do que o teor do documento. Ao Estadão, integrantes das legendas afirmam que o desconforto ficou no passado.

Até amanhã, haverá mais um debate sobre a reforma trabalhista. Centrais sindicais também serão ouvidas. "Os partidos deliberaram por solicitar as posições das centrais sindicais a respeito das reformas trabalhistas, dos trabalhadores do campo, da reforma agrária, da agricultura familiar, dos ambientalistas. Educadores também vão ser ouvidos. Esse caso (reforma trabalhista) é um aspecto pontual. O PT defende a revogação, mas vamos ouvir as centrais sindicais", afirmou a ex-ministra Maria do Rosário, representante do PT na reunião de ontem.

AUTOELOGIO

Integrantes dos partidos afirmaram ao Estadão que houve descontentamento com o tópico combate à corrupção. No Solidariedade, questiona-se o motivo de o PT ter se colocado como "baluarte" na área - o partido teve integrantes envolvidos e condenados no esquema do mensalão e em os casos de desvios na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato.

No documento, há uma exaltação do reforço da Polícia Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Carf) durante a era petista. Consta ainda que durante as gestões do PT teria havido, "de forma inédita no Brasil, uma política de Estado de prevenção e combate à corrupção e de promoção da transparência e da integridade pública".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Políticos e influenciadores bolsonaristas apontaram um aumento de seguidores em seus perfis no Twitter e atribuíram o crescimento à compra da plataforma pelo bilionário Elon Musk, alegando que vinham sendo "censurados" pelas diretrizes da empresa. Dados do site SocialBlade, que monitora o desempenho dos usuários, confirmaram o crescimento acima da média desses perfis nesta segunda-feira (25). Não há, porém, qualquer informação oficial da plataforma sobre alteração em suas regras de publicação.

O ex-ministro do Turismo Gilson Machado afirmou ter conseguido um número recorde de seguidores na segunda-feira, apesar de não ter feito nenhuma publicação naquele dia. O SocialBlade mostra que 6.754 novos usuários chegaram ao seu perfil entre ontem e hoje, número muito superior à média dos dias anteriores, que girava em torno de 404 seguidores diários.

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O mesmo foi relatado por Mário Frias, ex-secretário da Cultura. Ele ganhou dez vezes mais seguidores que no dia anterior. Foram 1.843 na segunda, ante 140 no domingo. Pré-candidato a deputado federal por São Paulo, ele disse estar sentindo "cheiro de liberdade" na plataforma após a aquisição por Elon Musk.

"Hoje meu número de seguidores voltou a crescer. Curiosamente, vejo que várias contas de direita voltaram a ganhar seguidores também. Parece que agora o algoritmo está impossibilitado de frear nosso alcance. Imaginem o quanto perdemos durante todo esse tempo!", publicou.

Seja por decisões judiciais ou violação das regras da plataforma, diversos perfis de personalidades ligadas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) já foram suspensos do Twitter. Entre eles, o blogueiro Allan dos Santos e o deputado federal Daniel Silveira, que tiveram suas contas removidas por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Elon Musk chegou à direção da rede social com a promessa de flexibilizar critérios e ampliar a liberdade de expressão na plataforma. Em uma publicação compartilhada por bolsonaristas, inclusive por Mário Frias, o bilionário diz esperar que até seus "piores críticos permaneçam no Twitter, pois isso é o que significa liberdade de expressão".

O humorista Carioca, apoiador do presidente Bolsonaro, repetiu a alegação de Gilson Machado e Mário Frias. "Tomara que essa plataforma pare de censurar pessoas e de tirar o direito da expressão. Elon Musk é uma esperança no meio das Bigs. Que sirva de lição para as outras!", publicou.

O perfil humorístico Joaquin Teixeira, também bolsonarista, fez publicações em tom de comemoração dizendo acreditar que, agora, será mais fácil se opor à comunidade LGBT na plataforma. "Eu nunca me senti tão livre aqui", escreveu. "Só ontem ganhei uns 6 mil seguidores. Isso levava meses".

A reportagem questionou o Twitter se de fato existe relação entre o aumento de seguidores e a compra da plataforma por Elon Musk, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Nas mãos do Progressistas, o programa Caminho da Escola foi usado para destinar dinheiro a prefeitos e Estados governados por políticos do partido. Os recursos saem do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), comandado por um apadrinhado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente da legenda, que recebeu do presidente Jair Bolsonaro aval para controlar cargos e verbas no seu governo em troca de apoio do Centrão no Congresso.

Como mostrou o Estadão, uma licitação bilionária do FNDE prevista para amanhã prevê a compra de ônibus rurais escolares com preços inflados. O alerta para o risco de sobrepreço partiu de instâncias de controle e da própria área técnica do fundo, vinculado ao Ministério da Educação. Documentos do FNDE indicam que o governo aceitou pagar até R$ 567,6 mil por um ônibus de 59 lugares que, segundo a área técnica do fundo, deveria custar, no máximo, R$ 361,8 mil.

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No ano passado, o FNDE viabilizou o repasse de recursos destinados à compra de 1.771 veículos rurais escolares no País. O programa é destinado à aquisição de ônibus para crianças e adolescentes que vivem na zona rural e, para chegar à escola, precisam caminhar quilômetros a pé. O programa Caminho da Escola foi criado em 2007 e atende alunos da educação básica com bicicletas e lanchas escolares, além dos ônibus. Dados indicam que o critério para os repasses é político.

Redutos

Os seis Estados que mais receberam ônibus são redutos de lideranças do Progressistas - no total, foram 797 veículos. O Estado mais beneficiado foi a Bahia, do ex-líder do Progressistas Cacá Leão (296 ônibus). Também foram contemplados Goiás, do presidente estadual do partido, Alexandre Baldy (174); Santa Catarina, do senador Esperidião Amin (171); Piauí, de Ciro Nogueira; e Paraná, do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (112 cada). Além de Alagoas, base eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira (106).

Estados e municípios podem adquirir os veículos por meio do FNDE, via Plano de Ações Articuladas (PAR), um sistema voltado à melhoria do ensino, com recursos próprios e com linha de crédito oferecida por instituições financeiras. O repasse total do fundo para compra de ônibus em todo o País chegou a R$ 479.174.378,86.

Ciro Nogueira recebe no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto, o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, com frequência. Os encontros também ocorrem na sede do fundo. As últimas visitas do ministro a Ponte foram nos dias 14 de fevereiro e 22 de março.

O ministro controla pessoalmente as liberações de dinheiro do FNDE, relataram fontes do governo. O poder de Ciro e de Lira, outra liderança do Progressistas, no fundo vai além dos recursos próprios do órgão e inclui verbas do orçamento secreto, formado por emendas do relator-geral do Orçamento.

Piauí

No Estado onde Ciro pretende eleger em outubro a ex-mulher, Iracema Portela, vice-governadora, os repasses para compra de ônibus escolares beneficiaram prefeituras comandadas por filiados do partido do ministro. A prefeitura de Francisco Macedo obteve recursos para três veículos, para atender uma rede onde estudam 494 alunos.

Guaribas, por sua vez, com 941 estudantes, e Caraúbas do Piauí, com 1.130, não receberam ajuda do FNDE para o transporte escolar. Os prefeitos são do MDB e do PT, respectivamente.

Levantamento do Estadão, com base em dados do FNDE, aponta que 62,5% dos ônibus rurais escolares destinados ao Piauí, no ano passado, foram repassados a prefeituras comandadas pelo Progressistas. No Estado, prefeituras cujos chefes foram eleitos por MDB, PSB, PSD e PT receberam um total de 18 veículos. Para prefeitos do PP, foram viabilizados 30 ônibus rurais escolares.

Queimada Nova, com 1.442 estudantes no ensino fundamental e médio e comandado pelo Progressistas, obteve cinco coletivos e liderou a entrega dentre as cidades piauienses. Com rede pública de porte semelhante, Assunção do Piauí, com 1.801 alunos, e Morro do Chapéu, com 1.358, chefiadas por prefeitos do PSD, não foram contempladas.

O levantamento indica ainda que, em alguns casos, prefeitos que receberam veículos, mesmo sendo de outras siglas, são simpáticos a Ciro Nogueira. O prefeito Moreninho (MDB), de Avelino Lopes, publicou, em uma rede social, em fevereiro, imagens de um encontro com o ministro em Brasília. "É uma alegria enorme receber aqui na Casa Civil nosso grande Moreninho", disse Nogueira, na ocasião, no vídeo.

Em um recorte de valores empenhados em 2021, nos dados do Siga Brasil, do Senado, o Piauí foi o Estado que mais recebeu empenhos do Caminho da Escola. Foram cerca de R$ 21,5 milhões. Ciro Nogueira não quis se manifestar.

FNDE afirma que CGU acompanha o processo

Mesmo com alertas de órgãos de controle, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) manteve, até a conclusão desta edição, o pregão eletrônico previsto para amanhã de compra de ônibus escolares com preços inflados.

Em nota enviada à reportagem na tarde deste domingo, 3, a assessoria do órgão voltou a argumentar que a Controladoria-Geral da União (CGU) acompanha todas as fases da licitação. "O FNDE reforça que o processo do Pregão Eletrônico n.° 2/2022 está sendo acompanhado pela CGU em todas as suas etapas e que ainda não foi finalizado", destacou o comunicado. "Quaisquer informações sobre o andamento do referido pregão poderão ser acompanhadas no portal de compras do governo federal."

Neste sábado (2), o Estadão revelou que a CGU, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a própria área técnica do FNDE apresentaram pareceres e alertas para o risco de se pagar R$ 732 milhões a mais pelos ônibus, numa prática de sobrepreço. Num dos pareceres, a CGU ressaltou: "Observa-se que os valores obtidos (...) encontram-se em média 54% acima dos valores estimados".

Ainda assim, o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, e o diretor Garigham Amarante assinaram despachos para prosseguir o certame. Ponte é apadrinhado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Amarante é ligado a Valdemar Costa Neto, chefe do PL.

A articulação para que o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) seja vice na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva tem sido alvo de críticas públicas de integrantes do PT e potenciais aliados. Opositores da dobradinha argumentam que o ex-tucano e ex-governador de São Paulo contraria o programa defendido historicamente pelo PT. O avanço das negociações em torno da sigla motivou, ainda, filiados a organizarem um abaixo-assinado pedindo a escolha de outro nome para a vice na disputa pela Presidência.

A petição cobra que a cadeira de vice na chapa de Lula seja ocupada por alguém sem nenhuma ligação com o que eles chamam "golpismo" e neoliberalismo. O presidente do PT de São Paulo, Luiz Marinho, disse ao Estadão na semana passada que Alckmin precisa se mostrar "engolível" e passar a "falar diferente" se quiser ser vice de Lula.

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O ex-tucano e o petista têm um histórico de divergências que remonta de décadas, sendo que ambos já trocaram críticas e acusações publicamente um contra o outro. "Ele tem de saber que estará defendendo um projeto que tem CPF, tem lado, tem CNPJ. Ele tem de se tornar engolível. É disso que se trata", afirmou Marinho.

O deputado federal Rui Falcão (PT-SP), ex-presidente da legenda, disse considerar a presença de Alckmin na chapa como uma "contradição" a tudo o que o PT já fez ou pretende fazer. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o parlamentar afirmou que Lula não precisa de uma "muleta eleitoral". O principal objetivo de uma aliança com o ex-tucano é atrair o voto de eleitores mais ao centro e à direita.

A possível dobradinha é alvo também de potenciais aliados do PT. Guilherme Boulos, do PSOL, disse que considera um "mau sinal" que Lula esteja em tratativas com o ex-tucano. "Eu fui professor na rede estadual quando Alckmin era governador: um desastre", afirmou. As declarações foram feitas à Globonews.

O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, também fez críticas ao acordo e disse em dezembro que avalia ser um "erro" a possível presença de Alckmin na chapa do líder petista. Segundo Juliano Medeiros, a dobradinha não faria sentido devido ao histórico do ex-tucano, que sempre se contrapôs aos candidatos de esquerda nas eleições das quais participou. Alckmin disputou o segundo turno da eleição presidencial de 2006 contra Lula. À época, o petista descreveu a candidatura do então postulante do PSDB como "um projeto de desmonte".

Lideranças políticas, empresariais e do terceiro setor reunidas pelo apresentador Luciano Huck produziram um documento com 22 propostas que, acreditam, deve fazer parte do plano de governo dos candidatos à Presidência. Os temas costuram compromissos da gestão pública que vinham sendo definidos como base de um eventual projeto presidencial de Huck, como economia verde e combate às desigualdades.

O documento é resultado do "Encontro do Rio", realizado no início do mês, com apresentação do economista Daniel Goldberg, da Farallon Investimentos, e do ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung. Arminio Fraga, ex-Banco Central, e Ilona Szabó, do Instituto Igarapé, participaram.

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Os integrantes pedem, por exemplo, a manutenção de um programa de assistência social com foco na distribuição de renda e o fim da reeleição no Executivo. O texto requer, ainda, que o próximo governante impeça "toda e qualquer iniciativa de regularização de grilagem de terra" e atue a favor da demarcação de reservas indígenas.

No campo econômico, sugere um pacto federativo de responsabilidade fiscal que impeça aumento de custos não atrelados ao crescimento das receitas. Também propõem uma reforma tributária com base na progressividade dos impostos.

Goldberg avaliou que as políticas de Saúde, Educação e Assistência Social são mal articuladas. Segundo ele, as estatísticas mostram que a mobilidade social no Brasil é "uma miragem". "Do ponto de vista econômico, não há antítese ou conflito entre uma gestão fiscal responsável e um Estado redistributivo e que tente fazer com que os mais pobres tenham uma chance legítima de avançar", defendeu.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho zero um e braço direito do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PL), o governo atual foi alvo de conspirações contra a sua continuidade e que essa tensão foi propositalmente intensificada durante as preparações para o 7 de Setembro. De acordo com o parlamentar, esse foi o dia mais tenso do governo federal até o momento, e muitos congressistas e outros políticos, nos bastidores, estavam torcendo para que Bolsonaro levasse adiante a relação hostil com o Supremo Tribunal Federal (STF) e causasse uma ruptura institucional. As revelações foram feitas em entrevista à Veja, veiculada nesta sexta-feira (17). 

“O presidente estava se sentindo acuado e constrangido. Mas não chegou a pensar em fazer alguma coisa. Ele estava vendo que havia uma fritura, uma tentativa de encurralá-lo por parte de algumas pessoas. Aquele discurso em frente ao Congresso foi reativo. Havia uma conspiração em andamento para derrubar o governo”, continuou. 

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Em uma outra resposta, falou que há ministros do STF que ampliaram a hostilidade já existente entre os dois Poderes, com decisões que fizeram o presidente se irritar com o Judiciário. “O Sete de Setembro [foi o dia mais tenso]. Bolsonaro já estava saturado com uma sequência de decisões do Judiciário que a gente entendia que eram absurdas, tomadas para provocar, desgastar. Há ministros ponderados no STF, que têm de fazer os outros entenderem que não dá para alguém se intitular o salvador da Pátria, como se estivesse defendendo o Brasil de um ditador chamado Bolsonaro”, disse Flávio 

Perguntado se a afirmação era sobre o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, disse que não citaria nomes, mas que deixaria que “vistam a carapuça”. O senador continuou no tópico e disse que haviam conselheiros dizendo ao presidente que ele não devia mais ceder ao Supremo, pois a Corte “havia ultrapassado o limite”. Segundo Flávio, Bolsonaro voltou atrás por “sabedoria” e “pelo bem do Brasil”. O Zero Um não identificou nenhum dos conselheiros, mas afirmou que, se o pai fosse seguir todos esses conselhos, seria um ditador. 

O ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (sem partido) e o ex-juiz Sérgio Moro também foram mencionados e alvos de críticas e ofensas por parte de Flávio. Segundo o parlamentar, Maia trabalhou, nos bastidores, para derrubar o governo e tentou atrair ministros do Supremo para um suposto plano que levaria ao impeachment. A informação, segundo o filho de Bolsonaro, foi passada a ele diretamente por um dos ministros contactados pelo opositor. Sobre Moro, voltou a chamá-lo de traidor e questionou acusações antigas do ex-ministro do governo. 

“Moro, além de traidor, é mentiroso. Em relação à Polícia Federal, o que ela poderia interferir para me proteger? Nada. Se ele mostrasse quem era desde o início, se tivesse caráter, sequer aceitaria entrar no governo. Tenho grande desprezo por ele”. 

Por fim, afirmou que o Governo Federal está aberto ao diálogo com o Supremo e acredita que o desgaste na relação entre as duas forças não é uma total verdade. “As coisas melhoraram trazendo o presidente para perto dos onze ministros. A relação institucional, sob meu ponto de vista, está pacificada. Não há nenhuma possibilidade de meu pai fazer algo fora da Constituição”, concluiu. 

 

Uma parte expressiva do Partido Democrático Trabalhista (PDT) prefere que a legenda não se empenhe em lançar um candidato à Presidência em 2022 e foque na distribuição das verbas de campanha do partido, os candidatos à Câmara dos Deputados. O posicionamento tomou mais corpo com a operação anticorrupção da Polícia Federal, na qual Ciro Gomes é investigado. Nos bastidores, aliados já se mostram contrários ao lançamento da campanha do ex-ministro, que já se coloca como futuro presidenciável. As informações são da Folha de S. Paulo. 

Outro fator de peso é o baixo desempenho de Ciro nas pesquisas presidenciais. Por muito tempo estagnado entre 7% e 11%, hoje, o pedetista já pode ser visto fora do terceiro lugar, perdendo ou empatando tecnicamente com postulantes mais recentes, como o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos). Ciro Gomes também não possui um bom relacionamento com parte da bancada do PDT na Câmara. Na terça-feira (14), deputados realizaram uma festa de confraternização em Brasília, na casa do deputado Mario Heringer. O pré-candidato não compareceu. 

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De acordo com a reportagem, Ciro tem até março de 2022 para fazer com que sua campanha angarie pelo menos 15% da intenção dos votos. Caso contrário, poderá haver uma debandada significativa. Pela pesquisa do Ipec divulgada nesta terça, o pedetista tem 5%. Para alguns parlamentares, o prazo é apenas um pretexto para a candidatura do cearense, que já está certa para não decolar. 

Pedetistas ouvidos pela Folha defendem, inclusive, que o partido integre a tentativa de formação de uma grande federação entre partidos de esquerda liderada pelo PT de Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva. A informação foi confirmada por integrantes do PT. Na Câmara, a sigla avalia que se ficar isolada por causa da candidatura de Ciro, vai ter um desempenho pífio na eleição de deputados. Hoje o partido tem 25 cadeiras. 

Integrantes da legenda que defendem o ingresso na federação das esquerdas argumentam, ainda, que a participação do PDT é fundamental para que o peso das siglas menores, unidas, faça frente ao do PT e evite uma hegemonia do partido de Lula na aliança. 

 

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro intensificou as articulações políticas em busca de aliados do chamado "centro expandido" para construir sua candidatura à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Horas após desembarcar na quarta-feira (3) em Brasília para conversas com dirigentes partidários, Moro fez questão de marcar posição no debate do dia ao criticar a proposta do governo que rompe o teto de gastos públicos.

"Aumentar o Auxílio Brasil e o Bolsa Família é ótimo. Furar o teto de gastos, aumentar os juros e a inflação, dar calote em professores, tudo isso é péssimo. É preciso ter responsabilidade fiscal", afirmou o ex-juiz da Lava Jato em postagens nas redes sociais, numa referência à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, que abre caminho para o Auxílio Brasil.

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Moro vai se filiar ao Podemos no dia 10 e já tem confirmada a presença do governador de São Paulo, João Doria, presidenciável tucano. Outro pré-candidato que foi convidado e deve comparecer à cerimônia é o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

O ex-juiz conversou ontem com o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) - que se destacou na CPI da Covid e também quer ser candidato ao Palácio do Planalto - e com dirigentes do PSL, partido que já anunciou a fusão com o DEM para formar o União Brasil.

A presença de Doria no ato de filiação de Moro não significa apoio à possível candidatura do ex-ministro. O governador de São Paulo precisa passar pelas prévias do PSDB, marcadas para o dia 21, que vão escolher quem o partido deseja ver na disputa à Presidência. Nesse embate, Doria enfrentará o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

A estratégia de Moro consiste em ampliar o arco de alianças. Seus interlocutores avaliam que ele está certo ao se reunir com outras forças políticas, além do Podemos, e entendem que esse é o melhor caminho para romper a polarização representada hoje por Bolsonaro e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

'FORÇAS'

"Se ele entrar na disputa, não será candidato apenas do Podemos", disse o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), aliado de Moro. "Nós esperamos ter uma união com várias outras forças e partidos para apoiá-lo", afirmou.

Para o deputado Júnior Bozzella (SP), que é vice-presidente do PSL, a provável candidatura de Moro leva vantagem no espectro da terceira via porque ele é conhecido nacionalmente. "Hoje, ele é o mais bem posicionado nesse campo", disse Bozzella. Para o deputado, além de ter projeção nacional "na mesma proporção que Lula e Bolsonaro", o ex-juiz ainda enfrentou os dois. "Prendeu o Lula, desempoderou o PT e não se curvou aos assédios morais do bolsonarismo."

O Supremo Tribunal Federal, porém, considerou Moro parcial na condução de caso envolvendo o petista. O resultado levou à anulação das decisões proferidas por ele contra Lula.

Defensores do nome de Sérgio Moro para a disputa presidencial deflagraram um movimento político para tentar convencer o ex-ministro da Justiça a disputar a eleição presidencial do próximo ano. A campanha, batizada de "Moro 2022 contra o sistema", defende que o ex-juiz ocupe a faixa da "terceira via", como alternativa às candidaturas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O movimento também se intensificou com a presença de Moro no Brasil - hoje ele está morando e trabalhando nos Estados Unidos -, onde teve conversas com políticos que defendem sua candidatura e com outras lideranças.

Para apoiadores, Moro não definiu ainda se está disposto a se lançar como candidato ao Planalto. Mas, segundo o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), de quem é próximo politicamente, ele também não descartou a possibilidade de participar da disputa. O prazo para essa decisão seria em outubro, já com o cenário político um pouco mais definido.

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"Temos um diálogo excelente com Moro", conta o senador Oriovisto. "Ele já nos disse que, se resolver entrar na política, vai se filiar ao Podemos. Fizemos algumas reuniões e estamos insistindo nisso com ele. Moro ainda não aceitou ser candidato a presidente, mas também não disse não. Ele está pedindo tempo para pensar. E a hora de fazer campanha para que ele aceite é agora", diz.

A mobilização pró-Moro já discute a organização de eventos para impulsionar seu nome, como jantares de empresários que estão sendo marcados para atrair a adesão ao movimento. Outros partidos também estão sendo contatados sobre um eventual projeto em torno da candidatura de Moro para garantir musculatura política a uma possível campanha presidencial.

Vereador do Novo em São Paulo, Fernando Holiday também viu de forma positiva a possibilidade de o ex-ministro entrar na corrida presidencial. "O brasileiro tem a esperança de que Moro saia candidato em 2022. Moro é centrado, possui carreira ilibada e tem coragem de enfrentar a máquina corrupta que destrói o País", afirmou o político.

Oriovisto Guimarães diz que o quadro político atual criou um "vácuo político" onde Moro poderia se transformar numa alternativa eleitoral expressiva.

"O Brasil está vivendo uma política bipolar. É uma coisa absurda. Hoje, a opção está entre a corrupção de esquerda e a corrupção de direita. São duas corrupções com cores ideológicas diferentes. Mas são governos igualmente corruptos. Um está envolvido com rachadinhas, com negócio de vacina, Queiroz. Do Lula não precisa nem falar. Depois do mensalão e do petrolão, não precisa falar de corrupção do PT mais. Não é possível que o Brasil se resuma a essas duas opções", diz o senador paranaense.

Sua avaliação é de que há um crescente desembarque de eleitores de Bolsonaro que estão desiludidos com o desempenho de seu governo e com as denúncias de irregularidades. "Vivemos numa democracia e queremos continuar vivendo numa democracia. Então, temos que entender e admitir que é legítimo que quem queira eleger o Lula, lute por ele. É legítimo que quem queira reeleger o Bolsonaro, lute por ele. Não podemos ser intolerantes com ninguém. Mas também não queremos que ninguém seja intolerante conosco. Porque não queremos nem um, nem outro. Queremos uma terceira via. Queremos alguém que materialize, que encarne civilidade, democracia, cultura, ética, preparo, respeito à liturgia do cargo. Bolsonaro não tem nada disso."

Apesar do entusiasmo de seus apoiadores, a construção da candidatura de Moro não é tão simples assim. Depois que o Supremo Tribunal Federal anulou as decisões que condenaram o ex-presidente Lula e consideraram o ex-juiz parcial, houve inegável perda de capital político e desgaste de imagem. Além disso, sua turbulenta passagem pelo governo Bolsonaro também contribuiu para enfraquecer seu nome como opção na construção de uma terceira via.

Até poucos meses atrás, Moro participava regularmente de conversas com outros integrantes do chamado grupo de centro, como os governadores João Doria e Eduardo Leite, o apresentador Luciano Huck, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e João Amoêdo, do Novo. Aos poucos, o grupo foi se desarticulando e as conversas em torno de uma candidatura comum praticamente acabaram. Com o julgamento do Supremo ainda recente, Moro preferiu assumir um papel mais discreto. Mas com o rápido derretimento político de Bolsonaro, a pressão para que se lance como candidato recomeçou.

O novo chefe do Pentágono, Lloyd Austin, vai reafirmar o compromisso dos Estados Unidos com a OTAN esta semana e promete aos seus aliados que, a partir de agora, nenhuma grande decisão será tomada sem levá-los em consideração, uma forma de deixar a presidência de Donald Trump para trás.

Os ministros da Defesa da Aliança Atlântica realizarão reuniões virtuais na quarta e quinta-feira, e espera-se que Austin entregue uma "mensagem positiva sobre a relevância da OTAN", disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby, na sexta-feira.

"Ele quer revigorar nosso compromisso com a aliança", acrescentou o porta-voz. E sua mensagem "será que somos melhores quando agimos juntos; trabalhar em equipe nos torna mais fortes, e segurança coletiva é segurança compartilhada."

A questão da retirada das tropas americanas do Afeganistão, marcada para o início de maio, estará no topo da agenda, mas nenhuma decisão é esperada sobre o assunto, alertou Kirby.

"É o comandante-chefe (presidente Joe Biden) que toma esse tipo de decisão", lembrou o porta-voz. Mas essa reunião de ministros ajudará Austin "a construir sua reflexão e o tipo de recomendações que terá de fazer" ao presidente.

"E como ele disse aos seus homólogos, particularmente aos da OTAN, nenhuma decisão será tomada sem consultas e discussões com eles", acrescentou.

Sob o acordo histórico de fevereiro de 2020 entre Washington e o Talibã, os Estados Unidos prometeram retirar todas as suas tropas do Afeganistão até maio de 2021, em troca de garantias de segurança dos insurgentes.

Washington reduziu seu contingente no país para 2.500 soldados em 15 de janeiro, o menor número desde 2001, enquanto seus aliados da OTAN mantiveram suas tropas no Afeganistão.

Mas, com um aumento nos ataques do Talibã nos últimos tempos, um grupo consultivo do Congresso dos EUA pediu o adiamento da retirada total planejada para maio.

- Mudança de tom -

Entre os outros assuntos discutidos no encontro estará a suspensão da retirada parcial das tropas americanas da Alemanha, decidida por Trump.

O ex-presidente anunciou em junho que queria reduzir de 34.500 militares, para 25.000 militares.

Essa retirada não havia começado quando Biden chegou à Casa Branca em 20 de janeiro, disse outro porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Thomas Campbell, à AFP. “Ainda estávamos na fase de planejamento”, explicou.

Os aliados da OTAN se comprometeram em 2014 a dedicar 2% de seu orçamento à defesa.

"Mas acredito que reconhecerá que muitos dos nossos aliados da OTAN alcançam, e até excedem, esses 2%, e que muitos não medem esforços para o conseguir", acrescentou Kirby.

Os ministros também devem falar sobre jihadistas estrangeiros que permanecem detidos em campos no nordeste da Síria comandados por forças curdas. Neste tópico, o governo Biden concorda com o de seu antecessor e pede à comunidade internacional que repatrie seus cidadãos.

Por fim, as tensões com a Turquia podem estar na agenda das reuniões após a aquisição de mísseis de defesa russos S400 por Ancara. O novo governo dos Estados Unidos apelou ao seu homólogo turco para renunciar a essas armas, seguindo o caminho traçado pelo governo Trump.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, avalia que o regimento da Corte é claro ao atribuir a ele o poder de analisar casos considerados urgentes durante o plantão do Judiciário. Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo, uma manobra de quatro ministros pode esvaziar os poderes do presidente do STF, responsável no período do recesso pela análise de todos os casos considerados prioritários, inclusive aqueles que estão sob a relatoria dos colegas.

Para interlocutores de Fux, só o presidente do tribunal pode, durante as férias da Corte, determinar medidas urgentes e até mesmo rever eventuais decisões tomadas pelos demais magistrados. Ou seja, a última palavra ainda seria a de Fux. Procurada, a presidência do Supremo não se manifestou.

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Em um movimento inédito na história recente do STF, os ministros Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes comunicaram à presidência do tribunal que vão seguir despachando durante o recesso, iniciado no domingo.

O gesto foi interpretado nos bastidores da Corte como uma nova retaliação a Fux, que provocou um racha com a ala garantista do tribunal ao definir o placar no julgamento que barrou a possibilidade de reeleição dos atuais presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O Supremo só retoma regularmente os trabalhos em fevereiro.

"Parabéns aos ministros do STF pela decisão. Continuo defendendo que o Congresso deveria trabalhar no mês de janeiro e organizar uma pauta com o governo. A pandemia e a situação econômica do País exige um esforço maior de todos nós", escreveu Maia no Twitter.

O regimento interno do Supremo prevê que, entre as atribuições do presidente do tribunal, estão "decidir questões urgentes nos períodos de recesso ou de férias".

O acirramento dos ânimos na Corte ocorre após um grupo de advogados ter apresentado um habeas corpus, cujo efeito poderá levar à soltura de condenados presos no País.

Os criminalistas querem derrubar a liminar de Fux que suspendeu por tempo indeterminado a implementação do juiz de garantias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Como resposta a políticos que usaram neste domingo, 15, as falhas técnicas enfrentadas pela Justiça Eleitoral, assim como a tentativa de ataque, para colocar em xeque a confiança do pleito, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, afirmou não ter "poder sobre o imaginário" das pessoas. Barroso combateu enfaticamente o argumento de que as instabilidades vividas hoje no tribunal representam um risco a credibilidade do sistema eleitoral.

Como mostrou o Broadcast Político, a base de aliados do governo de Jair Bolsonaro usou as redes sociais para criticar o TSE e espalhar suspeitas contra a segurança das urnas eletrônicas, além de voltar a pedir o voto impresso. Uma das declarações veio do filho do presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que defendeu o voto impresso para garantir as eleições.

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Barroso voltou a rejeitar a ideia de que esse sistema seja importante para a confiabilidade do sistema eleitoral, lembrando que o Supremo Tribunal Federal (STF) já julgou o voto impresso como inconstitucional. Já sobre as reivindicações pelo uso sistema de cédulas, o presidente do TSE afirmou que o retorno desse formato não atende ao interesse público - e ainda fez uma referência implícita ao tempo de apuração das eleições nos Estados Unidos, que votou para eleger seu próximo presidente no último dia 3, elegendo Joe Biden. Lá, uma das formas de votação é pela cédula de papel.

"Em grande país que adota sistema de cédulas, a eleição acabou no dia 3, mas ainda estão contando e disputando", disse o presidente do TSE.

Tanto Barroso como o vice-presidente da Corte, Edson Fachin, repetiram diversas vezes durante a coletiva à imprensa na noite deste domingo que o atraso na totalização de votos e a tentativa de ataque ao sistema da Corte em nada interferem na confiança e na integralidade do sistema eleitoral e das urnas eletrônicas.

"O mundo político tem uma quantidade de retóricas pelos quais ele se move. Mas eu sou juiz, trabalho com fatos", disse Barroso, lembrando que os candidatos podem conferir o resultado das urnas, por meio do seu boletim, e compará-lo com os dados divulgados pelo TSE.

O presidente Jair Bolsonaro transformou a sua transmissão a vivo na redes sociais, nesta quinta-feira (5), em um "horário eleitoral gratuito", como ele mesmo definiu. Por 23 minutos, o presidente, que disse que não se envolveria na disputa municipal, pediu votos para dez candidatos a vereador, entre eles seu filho Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e sete prefeitos, incluindo Celso Russomanno (Republicanos), em São Paulo, e Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio de Janeiro.

O chefe do Executivo também declarou apoio à coronel Fernanda (Patriota), que concorre ao Senado pelo Mato Grosso em uma eleição suplementar. A vaga foi aberta com a cassação do mandato da juíza Selma Arruda, no ano passado.

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"Eu não tenho poder de eleger ninguém, eu estou modestamente colaborando", disse Bolsonaro, que voltou a pedir votos para o filho. "Ele dispensa comentários. De novo, quem puder votar, a gente agradece."

O presidente também declarou apoio para sua ex-assessora Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí. Ela concorre ao cargo de vereadora em Angra dos Reis com o nome de Wal Bolsonaro. Na live, Bolsonaro voltou a negar que ela tenha sido sua "funcionária fantasma". Ela se demitiu após reportagem da Folha de S.Paulo, em 2018, apontar que ela trabalhava vendendo açaí, enquanto era nomeada no gabinete do então deputado federal.

Bolsonaro pediu votos também para oito candidatos a vereador nas cidades de São Paulo, Roraima, Fortaleza, Teresina, Belo Horizonte e Aracaju. Os indicados atuaram como apoiadores na eleição de 2018 e uma trabalhou como assessora do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Além de Russomanno e Crivella, o presidente voltou a pedir votos para seus apadrinhados candidatos a prefeito em Belo Horizonte (MG), Santos (SP), Manaus (AM), Paranaíba (PI) e Fortaleza (CE). Bolsonaro falou ainda que é para o eleitor votar no candidato "menos ruim", mas não abrir mão do voto.

"O pior voto que você pode dar é votar em branco ou votar nulo ou não comparecer. Mesmo alguns municípios não tendo bons candidatos, dá para você escolher o menos ruim e votar nele. Porque é péssimo a indecisão, o não participar, o não votar. De qualquer maneira, vai ter um eleito, então dá para você escolher algum candidato."

Em tom de crítica, o presidente também mencionou o uso de recursos do fundo partidário nas eleições. O chefe do Executivo destacou que quando foi eleito pela primeira vez para o cargo de vereador fez a campanha "na sola de sapato". "Fazer campanha como alguns fazem, com fundaço partidário e com tempo de televisão, aí é mole", declarou.

Passados dois anos da onda que elegeu governadores, senadores e deputados, a associação ao nome do presidente Jair Bolsonaro deixou de ser uma vantagem eleitoral na disputa pelas prefeituras das principais cidades do Brasil. Nas dez maiores capitais do País a maior parte dos candidatos ligados ao bolsonarismo está no pé da tabela das intenções de voto ou tem escondido a figura do presidente para evitar a queda nas pesquisas.

Em Manaus, Porto Alegre, Belo Horizonte, Belém, Curitiba e Salvador os candidatos associados ao presidente não chegam aos dois dígitos nas sondagens mais recentes. Em São Paulo, Bolsonaro foi retirado do jingle da campanha de Celso Russomanno (Republicanos), embora, anteontem, tenha se encontrado com o candidato. No Recife, o presidente sumiu da campanha de seus aliados. Em Fortaleza, o líder das pesquisas, Capitão Wagner (PROS), agradece ao aceno feito pelo presidente, mas se define como "independente".

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No berço político de Bolsonaro, o Rio, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) colou sua imagem à do presidente e foi recebido para um café da manhã anteontem. Mas enfrenta dificuldades na campanha e corre o risco de ficar fora de um eventual segundo turno. Além do mau desempenho da maior parte de seus aliados, Bolsonaro procurou intensificar sua participação nas campanhas municipais e gravou vídeos para aliados como Crivella e Russomanno.

Pesquisas do Ibope mostram que a taxa de reprovação do presidente é maior que a de aprovação em oito das dez maiores capitais brasileiras.

Para o cientista político José Álvaro Moisés, da Universidade de São Paulo (USP), o possível arrefecimento da onda bolsonarista pode ser reflexo de uma insatisfação com o presidente que não é tão nítida nas pesquisas nacionais sobre a avaliação do governo. "O que está ocorrendo é um movimento clássico: quando o eleitor tem a oportunidade de avaliar o governo, menos no sentido imediato, do dia a dia, e mais no médio e longo prazo, ele aproveita essa ocasião, se não está satisfeito, para mudar o governo."

Moisés compara esse movimento ao que ocorreu com o PT em 2016, após a Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff. "Na primeira oportunidade que teve, o eleitor varreu o PT do mapa", disse o professor.

A socióloga Esther Solano, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Complutense de Madri, que tem entrevistado desde 2015 o eleitorado de direita, ressalta que, apesar da rejeição à figura de Bolsonaro, a agenda bolsonarista continua forte. "Tem uma diferença entre a personagem e a pauta. E a pauta continua muito forte."

Ligação

Depois de limar o presidente da propaganda de TV nesta semana, o marqueteiro Elsinho Mouco decidiu seguir o roteiro do Palácio do Planalto. A ideia, segundo ele, é reforçar a ligação com o chefe do Executivo federal na reta final da campanha. "A presença do presidente estanca a queda, independentes da rejeição", disse o marqueteiro. A pesquisa Ibope mais recente mostrou uma queda de cinco pontos nos últimos 15 dias, mas Russomanno continua empatado tecnicamente com Bruno Covas (PSDB) no limite da margem de erro - de três pontos porcentuais para mais ou para menos.

No Rio, Crivella está estagnado nas pesquisas de intenção de votos em segundo lugar e tecnicamente empatado com a deputada estadual Martha Rocha (PDT) - ele oscilou positivamente dentro da margem de erro, segundo o Ibope de anteontem. Nos comerciais e santinhos, a imagem de Bolsonaro é presença constante ao lado de Crivella.

Candidato a prefeito de Belo Horizonte, o deputado Bruno Engler (PRTB) adotou Bolsonaro como símbolo de sua campanha e declarou diversas vezes que pensa "absolutamente igual" ao presidente. Nas redes sociais, o presidente anunciou na semana passada que apoiará a candidatura de Engler e disse que, se eleito, o candidato terá uma "linha direta com a Presidência. Nas mais recentes pesquisas de intenção de voto em Belo Horizonte, Engler apareceu com 3%, ante 58% do atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD).

Em Porto Alegre, uma das capitais onde Bolsonaro tem maior rejeição, os candidatos que tentam explorar a ligação com o presidente, Gustavo Paim (PP) e Valter Nagelstein (PSD), patinam na casa dos 2% das intenções de voto, segundo o Ibope. "Tenho um alinhamento, claro que gostaria de receber o apoio dele. Com 28% de aprovação já é o suficiente para ir ao segundo turno", disse Paim.

Aprovação

Entre as dez capitais mais populosas, Bolsonaro tem mais aprovação que reprovação apenas em Manaus e Curitiba. Mas, mesmo nestas cidades, candidatos ligados ao bolsonarismo apresentam desempenho ruim nas pesquisas. Em Manaus, Coronel Menezes (Patriota), que tem apoio explícito do presidente, oscilou de 6% para 5% nas duas pesquisas feitas pelo Ibope na cidade, no dia 14 e na quarta-feira passada. É apenas o sexto colocado na disputa, liderada por Amazonino Mendes (Podemos), com 24%. Já em Curitiba, Fernando Francischini (PSL) tem 6% das intenções de voto e Marisa Lobo (Avante), 1%. A disputa é liderada pelo candidato a reeleição, Rafael Greca (DEM), com 46%.

Em Fortaleza, aliado se define como independente

A maior exceção entre as grandes capitais é Fortaleza. Ao Estadão, o candidato do PROS, Capitão Wagner, agradeceu o aceno feito pelo presidente à sua candidatura em uma transmissão pelas redes sociais.

Apesar disso, disse ter uma história própria na política e ser independente de padrinhos. "Recebemos com alegria o aceno de apoio do presidente à minha candidatura. E não acreditamos que haja prejuízo neste apoio. Nossa trajetória na política sempre foi feita sem apadrinhamentos políticos", afirmou. Segundo o Ibope do dia 14 de outubro, Wagner tem 28%, ante 23% de Luizianne Lins (PT) e 16% de José Sarto (PDT).

Candidato do DEM à prefeitura do Recife, o ex-ministro da Educação Mendonça Filho começou a campanha indicando que colaria sua imagem em Bolsonaro. O nome escolhido para a coligação foi "Recife acima de tudo", muito parecido com o slogan de Bolsonaro em 2018. Mas, ao longo da campanha, o ex-ministro não associou sua imagem à do presidente.

"O nome da coligação sinaliza que a cidade deve estar acima das famílias Campos e Arraes, mas de qualquer forma a grande maioria dos eleitores bolsonaristas está alinhado com minha candidatura", disse Mendonça. Nas últimas pesquisas, Mendonça passou a ter a terceira colocação ameaçada pela candidata do Podemos, Delegada Patrícia, associada ao lavajatismo - que já disse ser simpática ao presidente, mas também nega o rótulo de candidata do Planalto. A uma rádio local, ela disse que candidatos que querem a paternidade de Bolsonaro terão "DNA negativo".

O candidato João Campos (PSB) lidera com 31% das intenções, segundo o Ibope divulgado na quinta-feira passada. Sua prima, Marília Arraes (PT), tem com 18%; Patrícia, 16%; e Mendonça, 13%.

Em Salvador, capital onde o Ibope registra a maior desaprovação ao presidente, apenas Cezar Leite (PRTB) empunha a bandeira do bolsonarismo explicitamente. Vereador, ele tem 1% das intenções de voto.

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