Para alguns, uma oportunidade de emprego fora do país é um sonho. E parte fundamental no processo para conseguir uma vaga, é um currículo bem elaborado. Quem deseja alçar voos mais altos e conquistar uma colocação internacional pode conferir como aprender a fazer um ótimo currículo para conquistá-la.
Como identificar uma vaga internacional
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Sobre como funciona a aplicação de vagas no exterior, o headhunter Cleyson Monteiro fala que em lugares como Europa, Estados Unidos, Oceania e Ásia é comum que as empresas procurem profissionais por meio das redes sociais de trabalho. “Também existem as empresas de consultorias e os profissionais que atuam como headhunters, que normalmente estão vinculados a algum tipo de consultoria. É bem comum que as consultorias em recursos humanos no exterior busquem profissionais fazendo trabalho de prospecção, o trabalho de seleção e recrutamento. Então, é um trabalho bem completo e normalmente quem quer se candidatar precisa estar ligado nas redes sociais e nestas empresas nacionais e multinacionais que atuam em diversas áreas do mundo”, explica.
Já o diretor de recrutamento da empresa de recrutamento especializado Robert Half, Caio Arnaes afirma que a primeira coisa a ser feita por quem deseja atuar no exterior é estar atento às vagas ofertadas em plataformas on-line. “Muitas delas [são] publicadas em portais de emprego locais ou redes sociais, como o LinkedIn. Com a vaga aberta, o profissional pode se candidatar virtualmente”, informa.
Além disso, o profissional destaca que é importante que o interessado adeque sua experiência e suas titulações aos requisitos estrangeiros.“É importante validar seu diploma segundo as normas locais e compreender que o contrato de trabalho deverá atender à legislação trabalhista do país em que o profissional irá trabalhar, então é fundamental se informar sobre as leis trabalhistas do local, principalmente no que diz respeito aos trabalhadores estrangeiros, além de todos os processos e documentos necessários para a contratação. Com a pandemia e a consolidação do trabalho remoto, o processo está acontecendo de forma mais rápida, pois não existe a obrigatoriedade de mudança, aliviando processos de visto, cidadania, passaporte, etc.”, destaca o diretor.
Acerca do que o candidato que quer concorrer a uma vaga internacional precisa saber sobre o processo seletivo, Cleyson diz ser essencial, sejam as vagas nacionais ou internacionais, que o candidato saiba informações sobre a empresa para a qual ele está se candidatando. “Isso independente de ser para vagas nacionais ou internacionais, é muito importante que você procure saber informações a respeito da empresa pela qual você está se candidatando. Outra informação muito importante é a sua capacidade de flexibilização em relação a domicílio residencial”, detalha.
Profissional global
Cleyson ainda destaca que é importante que o trabalhador tenha uma visão diferenciada do mundo para que se encaixe no mercado internacional. “O chamado profissional global, aquele profissional que quer trabalhar no mercado internacional, ele precisa cortar as questões vinculares, culturais da sua região e ter uma visão sistêmica e global de mundo, de multitarefa. É um profissional que precisa ser muito bem antenado com o que está acontecendo no mundo, que precisa conhecer muito de tecnologia, que precisa conhecer muito desse mundo volátil, desse mundo que precisa de conexões e, principalmente, muita criatividade. Então essas seriam algumas das principais características. E a principal é o domínio da segunda e terceira língua, o ideal é que o indivíduo possa falar fluentemente o inglês e uma outra língua, pode ser o mandarim, pode ser o francês, pode ser o espanhol. É fundamental o domínio em uma língua ou duas, se possível”, detalha o headhunter.
Sobre essa questão, para Caio, o primeiro passo a ser dado pelo candidato é procurar informações sobre a cultura profissional do local em que está sendo oferecida a oportunidade. “Antes de mais nada, o candidato deve se informar a respeito da cultura profissional do país em que a vaga está ofertada, pois aspectos culturais influenciam diretamente nos processos seletivos, que são diferentes de país para país. A etapa seguinte é pesquisar sobre o processo de seleção da empresa, suas etapas e possíveis particularidades”, acrescenta.
O que deve constar no currículo?
Acerca do que precisa ter no currículo de quem deseja conseguir uma vaga internacional, Monteiro explica que incluir o máximo de qualificação acadêmica é um ponto positivo para o candidato. “Precisa ter primeiro a qualificação acadêmica. Quanto mais qualificação acadêmica tiver, melhor. É melhor para o candidato se candidatar às vagas, para preencher os requisitos que as empresas buscam. As empresas normalmente, como já falado anteriormente, procuram profissionais versáteis, que sejam extremamente flexíveis, que possam trabalhar com várias áreas de atuação, que tenham habilidade em administrar e lidar com pessoas de culturas diferentes, precisa ter uma habilidade de inteligência emocional, que é a capacidade de resistir às dificuldades, capacidade de aglutinar ideias e, principalmente, é um indivíduo multitarefa. Ele precisa ter essa habilidade de estar em vários ambientes, seja ele digital, seja ele pessoal, seja ele social, mas que ele possa lidar com essa versatilidade de diversos ambientes, em diversas plataformas e que ele consiga ter uma serenidade, que tenha qualidade de vida, que tenha cultura, que tenha uma boa relação social e, principalmente, que seja bem equilibrado com as suas emoções, tanto familiares e, principalmente, profissionais, onde ele possa exercer o trabalho e, principalmente, competitividade. Competitividade com ética e compliance”, discorre.
Arnaes diz - além de, ainda, citar alguns tópicos que podem chamar a atenção do recrutador - que as características dos currículos mudam conforme a realidade de cada local, assim, é fundamental que se faça uma pesquisa antes de enviar as informações. “As especificidades dos currículos, como tamanho ideal e informações pessoais obrigatórias, divergem de acordo com a realidade de cada país ou continente, portanto é importante pesquisar antes de enviar as informações. Podemos elencar alguns pontos que podem chamar a atenção do recrutador:
- Um parágrafo de resumo que informe, de forma geral, o perfil do candidato, assim como sua experiência profissional;
- Formação acadêmica, especificando faculdade e cursos, o país de cada um e o ano de início e conclusão;
- Experiências profissionais em ordem cronológica, da mais recente para a mais antiga. Ao final de cada experiência, é bem visto que o candidato mencione projetos e conquistas que realizou na empresa;
- Competências, ressaltando tanto habilidades técnicas quanto comportamentais;
- Listagem de trabalhos voluntários e referências profissionais, sem explicitar nome ou telefone”.
O headhunter conta, ainda, o que deve ser evitado no currículo de quem deseja conseguir uma vaga internacional. “É muito importante que na elaboração do currículo você deixe bem claro para quem está analisando este currículo que você não está vinculado aos fatores culturais e sociais. O que a gente pode dizer com isso? Aquele indivíduo que não tem habilidade, não tem desejo de viagens, que é muito vinculado aos processos familiares, que é muito vinculado aos processos fraternos sociais de amigos, familiares, que é resiliente em relação a utilização de multiplataformas, aquele profissional que é muito específico e qualificado para uma única função, aquela pessoa que é muito boa, mas em uma função. Então é bom evitar você colocar isso no currículo”, aconselha.
O especialista ainda completa. “Um profissional que tem o interesse de trabalhar fora do país, internacionalmente, ele não pode ter vínculos, principalmente vínculos com a sua questão cultural e social. Por quê? Se você tiver esses vínculos e demonstrar esses vínculos, você terá muita dificuldade de adaptação a outras culturas, a outras atividades e outras plataformas de trabalho. Normalmente, as empresas internacionais são aglutinadoras do ponto de vista de agressividade no mercado internacional. Se você está buscando uma empresa que quer profissionais que vão para o mercado, que busquem metas, que busquem foco, é muito importante ter a concepção de que você faz o seu resultado. E isso vai de encontro, um pouco, à cultura que existe do profissional que trabalha numa empresa para ganhar o seu salário no final do mês. O salário não pode ser o objeto final do profissional de carreira internacional, é preciso focar no reconhecimento e principalmente satisfação pessoal através do trabalho”, pontua Cleyson.
Acerca desse ponto, Caio conta que apenas traduzir as posições e informações literalmente não basta. “Um ponto que os profissionais por vezes pecam é na tradução do currículo. Somente traduzir os cargos e informações ao pé da letra não é suficiente, pois os termos são diferentes para cada mercado. Por isso, a recomendação é pedir ajuda a uma consultoria, como a Robert Half, ou a um profissional que trabalhe com recrutamento no mercado internacional”, frisa o diretor de recrutamento.
Arnaes diz, também, qual é o diferencial no currículo que pode colocar o candidato um passo à frente dos outros concorrentes. “Se o candidato já trabalhou ou trabalha atualmente em uma empresa internacional no Brasil, como multinacionais, as chances de chamar a atenção do recrutador aumentam consideravelmente”, finaliza.
Este conteúdo foi publicado originalmente em http://blog.carreiras.sereducacional.com/