Na noite desta última sexta-feira (6), a Polícia Federal cumpriu uma decisão judicial que determinava a garantia de segurança e embarque de Angelina Maalue Avalon Mathiesen e seus dois filhos menores em vôo internacional com destino à Dinamarca. O embarque é parte integrante da medida de busca e apreensão das crianças com finalidade de propiciar o retorno imediato ao convívio de seus pais na Dinamarca, de onde Angelina teria saído ilegalmente em 2016.
Segundo informado pela Polícia Federal, a decisão foi baseada na Convenção de Haia, de 1980. Tendo como objetivos: "assegurar o retorno imediato de crianças ilicitamente transferidas para qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente. Fazer respeitar de maneira efetiva nos outros Estados os direitos de guarda e de visita existentes num Estado Contratante".
##RECOMENDA##Como Angelina Maalue estava em Belém, o cumprimento da decisão judicial foi coordenado pela Polícia Federal do Pará, juntamente com a Polícia Federal do Ceará e Pernambuco.
Entenda o caso
Angelina Maalue Avalon Mathieses e Lisbeth Markussen estavam foragidas no Brasil desde 2016. Segundo informado por elas, vieram para o país por que estavam sofrendo violência doméstica e um dos filhos da Angelina ter sofrido abuso sexual pelo pai, Vladimir Valiant Todorovski, na Dinamarca, país de origem.
Depois de terem denunciado o caso para a justiça, foi determinado que os pais das crianças deveriam ficar com os seus respectivos filhos até que toda a tramitação judicial fosse encerrada.
"Ambas sofriam violência doméstica na Dinamarca. O problema é que o país tem uma lei de responsabilidade parental bem mais dura, que obriga, mesmo com denúncia de abuso, que o pai visite e permaneça com a criança. E quando a mãe passa a denunciar o abuso ela perde o direito de guarda, pois é vista como mãe não cooperativa. “Com a Lisbeth ocorreu a mesma coisa. Elas passaram por essa violência institucional, viram que não tinha retorno das autoridades e decidiram fugir", explica Luanna Tomaz, advogada de Angelina.
Para viajar ao Brasil, elas partiram de carro pelas estradas da Europa e atravessaram vários países. Lisbeth saiu primeiro, em julho de 2015. Pegou um avião em Viena e passou pela República Dominicana, seguiu até o Peru e, por fim, até o Acre, por onde entrou no Brasil. Já Angelina fugiu depois, em março de 2016. Cruzou o Atlântico até a Guiana e, de lá, por Roraima.
Elas se encontraram em Manaus e decidiram vir juntas para Belém. A viagem foi feita de barco e durou cinco dias. As duas decidiram se estabelecer na ilha de Mosqueiro, localizada a 72 km de Belém, um balneário com 28 mil habitantes. Angelina e Lisbeth procuraram uma região da ilha que tivesse pouca gente morando. O refúgio delas foi na praia de Marauh, onde se hospedaram em uma pousada de frente para o rio. Na pousada, elas se identificaram como holandesas, disseram que eram irmãs, e que vieram ao Brasil para escrever um livro.
Em dezembro de 2016 Lisbeth Markussen decidiu ir embora. Angelina não fez o mesmo por ter conseguido, na época, um habeas corpus no dia 21/03/2016 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Por conta disso, sua prisão não foi efetuada na época, até que com a decisão final da Justiça Federal, baseada na convenção de Haia, Angelina e os seus dois filhos embarcaram para a Dinamarca.