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O desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, cassou a prisão preventiva do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, decretada no âmbito da investigação sobre o 'gabinete paralelo' instalado na pasta, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas - caso revelado pelo Estadão.

A decisão tem validade até que a Terceira Turma da corte analise o mérito do habeas corpus impetrado pela defesa do aliado do presidente Jair Bolsonaro. O advogado Daniel Bialski, que defende o ex-ministro, já está a caminho da superintendência da PF em São Paulo para realizar os trâmites de soltura.

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"Verifico que além de ora paciente não integrar mais os quadros da Administração Pública Federal, há ausência de contemporaneidade entre os

fatos investigados - "liberação de verbas oficiais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e do Ministério da Educação direcionadas ao atendimento de interesses privados" (cf. cópia do INQ 4896/STF, à fl. 42 - doc. n. 232898054), supostamente cometidos no começo deste ano, razão pela qual entendo ser despicienda a prisão cautelar combatida", escreveu o desembargador em sua decisão.

O magistrado ainda estendeu os efeitos do despacho aos outros quatro presos da Operação Acesso Pago - os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, o advogado Luciano Musse, infiltrado dos pastores no MEC, o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Diego da Silva Bartolomeu. Todos foram alvo da Operação Acesso Pago, aberta pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 22.

Ao analisar o pedido da defesa de Ribeiro, Ney Bello ponderou que o Ministério Público Federal foi contrário ao pedido de prisão preventiva de Ribeiro, defendendo que fossem impostas medidas cautelares aos investigados - proibição de contato, de se ausentar do país e de entrar no Ministério da Educação. Para o magistrado, não existem no atual 'momento processual, as condições de manutenção' da prisão preventiva.

"Observo que os crimes aos quais respondem os investigados são delitos contra a administração pública. Por que assim o são, obviamente são praticados em derredor da atividade estatal. Desvio se manifestar sobre a abertura da Operação Acesso Pago, que prendeu o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro nesta quarta-feira, 22, o Ministério Público Federal apontou que, 'ao que tudo indica', os crimes sob suspeita na investigação sobre o 'gabinete paralelo' instalado na pasta, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas - caso revelado pelo Estadão - foram praticados com o respaldo do então chefe do MEC. A Procuradoria cita os crimes de 'corrupção ativa, tráfico de influência, prevaricação e advocacia administrativa, todos em contexto de organização criminosa', mas foi contra o pedido da Polícia Federal para segregação cautelar dos investigados, defendendo a aplicação de uma série de medidas cautelares - proibição de contato, de se ausentar do país e de entrar no Ministério da Educação.

"As provas carreadas aos autos demonstram a articulação da ORCRIM para utilizar verbas públicas em contrapartida a benefícios próprios. Como bem apontado pela Autoridade Policial, tratam-se de pessoas influentes, com vasto conhecimento no âmbito político, que podem vir a usar seus conhecimentos para atrapalhar as investigações. Os autos estão instruídos com elementos documentais que revelam, com efeito, a existência de 'fumus comissi delicti', devendo ser resguardado a garantia da ordem pública e a efetividade da instrução criminal. A prisão cautelar, assim como a adoção de medidas cautelares diversas da prisão, tem natureza processual e a dúvida, neste âmbito, milita em prol da sociedade, tendo grande relevo à conveniência da instrução, que deve ser realizada de maneira equilibrada e com necessária lisura na busca da verdade real. Destarte, em virtude de todo o exposto, o Ministério Público Federal oficia pela imposição de medidas cautelares diversas da prisão", registrou a Procuradoria.

No entanto, ao expedir os mandados de prisão preventiva de Ribeiro, dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, do advogado Luciano Musse, e do ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Diego da Silva Bartolomeu, o juiz Renato Borelli, da 15.ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, entendeu que a adoção de medidas cautelares alternativas seria 'inadequada e insuficiente' pois 'não teriam o condão de se estabelecerem como óbices ao exercício de interferência política nas investigações'.

"Nesse contexto, resta comprovada a existência do 'periculum libertatis', eis que os investigados, em espécie de 'gabinete paralelo', estavam inseridos no contexto político do país ao ocuparem cargas de destaque no Poder Executivo Federal, o que lhes possibilita proceder de forma a interferir na produção, destruição ou mesmo ocultação de provas que podem ser úteis ao esclarecimento de toda a trama delitiva", ponderou o magistrado.

O juiz fundamentou a segregação dos investigados na 'manutenção da ordem pública, na necessidade de impedir a reiteração de novas infrações e principalmente, para a conveniência da instrução criminal'.

A defesa do ex-ministro da Educação contestou a decisão de Borelli no Tribunal Federal Regional da 1ª Região e o desembargador Ney Bello cassou o decreto prisional do aliado do presidente Jair Bolsonaro. A decisão tem validade até que a Terceira Turma da corte analise o mérito do habeas corpus impetrado pela defesa do aliado do presidente Jair Bolsonaro.

"Verifico que além de ora paciente não integrar mais os quadros da Administração Pública Federal, há ausência de contemporaneidade entre os

fatos investigados - "liberação de verbas oficiais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação e do Ministério da Educação direcionadas ao atendimento de interesses privados" (cf. cópia do INQ 4896/STF, à fl. 42 - doc. n. 232898054), supostamente cometidos no começo deste ano, razão pela qual entendo ser despicienda a prisão cautelar combatida", escreveu o desembargador em sua decisão.os financeiros nas áreas de saúde e educação são fatos gravíssimos. Assim o são porque jogam a função de matrizes de consequências seriíssimas para toda a sociedade. De outro lanço, a liberdade do cidadão e a autocontenção do Judiciário também são razões que simbolizam a modernidade do direito, e a linha divisória não deve ser rompida, salvo se houver justa causa para tanto. Não se sacrifica a liberdade sem justa causa", ressaltou o desembargador.

O pastor Silas Malafaia, tradicional aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), saiu em defesa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que também é pastor evangélico e foi preso nesta quarta-feira (22), no âmbito da investigação sobre desvios no MEC, e solto nesta quinta (23).

Contudo, mesmo argumentando a favor do ex-titular da Educação, ele fez questão de ponderar que não há ligação entre a bancada evangélica e Ribeiro, rechaçando vínculo dos aliados religiosos de com o episódio. O caso foi revelado pelo Estadão em março, e expôs a atuação dos pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos, que criaram uma espécie de "gabinete paralelo" no MEC, intermediando a liberação de recursos mediante pagamento de propina. A dupla também foi presa preventivamente, além de outros dois suspeitos.

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"Se tem alguém que tem moral para falar do assunto sou. Eu pedi investigação profunda. Eu, junto da bancada evangélica, pedi o afastamento do ministro para se apurar profundamente", disse. "Agora, algumas coisas (são) estranhas nessas prisões."

Malafaia lembrou que, assim que a denúncia de corrupção foi revelada, o ex-ministro disse ter ele mesmo encaminhado uma denúncia sobre "conversas estranhas" na pasta à Controladoria-Geral da União (CGU).

Em março deste ano, em entrevista à Jovem Pan, Ribeiro afirmou: "Quando, em agosto do ano passado, eu recebi uma denúncia anônima a respeito da possibilidade de que eles (Gilmar dos Santos e Arilton Moura) estariam praticando ação não republicana, imediatamente eu procurei a CGU".

Malafaia, que é líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, também afirmou que os prefeitos que seriam beneficiados pelas verbas do MEC deveriam ter sido presos. Porém, na série de reportagens do Estadão sobre o tema, publicada em março, os prefeitos somente denunciaram a cobrança de propina por parte dos pastores, sem indicar que teriam levado adiante as tratativas ilícitas.

O pastor ponderou que Milton Ribeiro, assim como a ex-ministra Damares Alves, não foi indicado ao governo pela bancada evangélica, mas pelo próprio presidente. Como mostrou o Estadão, a Frente Parlamentar Evangélica quer desvincular sua imagem da prisão do ex-ministro e manter o apoio ao governo Jair Bolsonaro.

Na prática, o ex-ministro fica isolado após perder a proteção tanto dos evangélicos quanto do próprio presidente, que ontem afirmou que, "se a PF prendeu, tem um motivo".

Malafaia relembrou escândalos dos governos do PT para justificar a defesa que faz do presidente. "Querer comparar corrupção de governo do PT, a maior da história dessa nação e uma das maiores do mundo, com governo Bolsonaro? Bolsonaro está envolvido em quê? Foi incriminado em quê?", questionou.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta quinta-feira (23), a gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso pela Polícia Federal nesta quarta. "Aquela reunião dele distribuindo dinheiro para pastor é uma vergonha nacional", disse Lula durante entrevista à Rádio Difusora, de Manaus (AM). Sobre as suspeitas que levaram à prisão de Ribeiro e dos pastores que atuaram com o MEC, o petista preferiu a cautela.

O ex-presidente, que durante o dia da operação contra os pastores não se pronunciou sobre o caso, afirmou agora que "defende o direito de defesa para todo mundo" e que considera esse um valor "monumental da democracia" no Brasil. "A Justiça decide se vai prender ou não", disse. "Mas que ele foi mau ministro da Educação, foi", completou. Lula era o único dos presidenciáveis que não havia comentado a prisão.

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Ribeiro foi preso na manhã de quarta-feira (22), no âmbito da investigação sobre o 'gabinete paralelo' no Ministério da Educação (MEC), usado para favorecer pastores na distribuição de verbas da pasta. O esquema foi revelado pelo Estadão em março. Ao todo, foi decretada a detenção preventiva de 5 pessoas, incluindo os pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos, pivôs do caso.

Sem possuir vínculos com o setor de ensino ou cargo público, um grupo de pastores, ligados a Milton Ribeiro e comandado pela dupla Arilton Moura e Gilmar dos Santos, passou a comandar a agenda do ministro da Educação e interferir na liberação de verbas, além de influenciar diretamente ações da pasta. Os pastores são próximos da família Bolsonaro e estiveram no Palácio do Planalto em diversos eventos públicos e reuniões fechadas.

À época da revelação do escândalo pelo Estadão, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu afirmando que colocaria a "cara no fogo" por Ribeiro. Após anúncio da prisão do ex-ministro, o presidente mudou o tom e destacou que "a Polícia Federal tem autonomia" para investigar suspeitas. "Ele que responda pelos atos dele. Eu peço a Deus que não tenha problema nenhum. Mas, se tem algum problema, a PF está agindo, está investigando", disse Bolsonaro.

Outros pré-candidatos à Presidência e, inclusive, integrantes do PT reagiram imediatamente à prisão de Milton Ribeiro com manifestações de indignação, declarações irônicas sobre as falas contraditórias do presidente Jair Bolsonaro e críticas à gestão do MEC em publicações nas redes sociais.

Direito de defesa

Lula readquiriu o direito de ser candidato nas eleições de 2022 depois da anulação de condenação judicial na operação Lava Jato, determinada pelo ex-juiz Sérgio Moro. Em 2018, enquanto estava preso pelo caso do tríplex do Guarujá, o ex-presidente chegou a ser anunciado como pré-candidato do PT à Presidência mas, devido às regras da Justiça Eleitoral, foi substituído na disputa por Fernando Haddad (PT).

O juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, recebeu 'centenas de ameaças' de apoiadores do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, contra quem o magistrado expediu ordem de prisão preventiva na investigação sobre o 'gabinete paralelo' instalado no MEC com favorecimento de pastores na distribuição de verbas - caso revelado pelo Estadão. Segundo a Justiça Federal do DF, pedidos de investigação já foram encaminhados para a Polícia Federal. O órgão não detalhou de que modo se deram as ameaças.

A PF executou o mandado de prisão preventiva contra Ribeiro, aliado do presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (22), no âmbito da Operação Acesso Pago. Dentro da mesma ofensiva, Borelli também decretou a prisão dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que tem acesso privilegiado ao governo Bolsonaro, sem ocuparem cargos na máquina pública, e estão no centro do esquema sob investigação sobre o 'gabinete paralelo' no MEC na gestão de Ribeiro.

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Como mostrou o Estadão, desde a prisão do ex-ministro, bolsonaristas recuperam uma decisão do juiz da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, dada em junho de 2020, para tentar minimizar a decisão sobre Ribeiro. Na ocasião, Borelli determinou que Bolsonaro fosse obrigado a usar máscara nos espaços públicos de Brasília - decisão que acabou derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região dois dias depois.

Aliados do presidente insinuam que o juiz teria alguma motivação ideológica para perseguir o chefe do Executivo, mas o histórico de decisões de Borelli não atesta essa tese. O magistrado tem em sua carreira uma lista de despachos contrários a políticos de diferentes partidos, como PT e MDB.

O nome do juiz foi compartilhado pelos perfis do deputado Eduardo Bolsonaro (União Brasil-SP) e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e o ex-secretário de incentivo à Cultura André Porciuncula classificou o caso como "ativismo judicial". "Sim, o juiz que sentenciou o presidente a usar máscara é o mesmo que mandou prender o ex-ministro Milton", publicou Eduardo Bolsonaro.

Além de juiz federal, Borelli é palestrante e professor de Direito Administrativo em um curso preparatório para concursos. Ele dedica suas redes sociais a promover o curso, chamado Gran Jurídico, mas desde ontem tem recebido comentários como "comunista ativista" e "juiz esquerdista".

A bancada evangélica quer isolar politicamente a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, da Igreja Presbiteriana, e dos pastores Arilton Moura e Gilmar dos Santos, da Assembleia de Deus Cristo Para Todos. Aliada do presidente Jair Bolsonaro, a Frente Parlamentar Evangélica admite o desgaste para a campanha à reeleição, mas seus integrantes pretendem ajudar na reação entre os fiéis. Bolsonaro manteve a programação de participar, no sábado, da Marcha Para Jesus, em Balneário Camboriú (SC).

O deputado Marco Feliciano (PL-SP) foi um dos primeiros a reconhecer que o episódio causa "profundo constrangimento" na comunidade protestante, em especial nas Assembleias de Deus, ramo do qual ele faz parte. "É um dia muito triste para a igreja evangélica de vertente pentecostal."

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O presidente da frente, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), membro da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, disse que "temos de ter maturidade para separar o joio do trigo". Segundo ele, "cada um responde pelos seus atos". O pastor Silas Malafaia, líder da mesma igreja, cobrou mais detalhes da investigação. "Se estão presos por suspeita de corrupção, cadê os prefeitos? Corromperam quem?".

O governo do presidente Jair Bolsonaro pôs aliados em campo para tentar barrar no Senado a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Ministério da Educação, após a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro. A estratégia tem o objetivo de blindar o governo da investigação em pleno período eleitoral.

A Polícia Federal prendeu o ex-ministro na manhã dessa quarta (22), no âmbito da investigação sobre o "gabinete paralelo" instalado na pasta, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas, caso revelado pelo Estadão. Os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que estão no centro das suspeitas, também foram presos. O caso reacendeu a pressão para a instalação de uma CPI.

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Articuladores do Planalto, liderados pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, agem para que não sejam alcançadas as 27 assinaturas necessárias para a apresentação do pedido. Até a conclusão desta edição, a oposição havia conseguido 25 apoios.

Governistas colocaram outros pedidos de CPI na Mesa do Senado para tentar pôr a investigação do MEC no fim da fila e, na prática, inviabilizá-la. Além disso, os aliados têm argumentado a senadores que, se a Polícia Federal já está investigando o caso e houve prisão, não haveria motivos para uma investigação parlamentar.

O governo ameaça até mesmo entrar na Justiça se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), autorizar a instalação da CPI do MEC e não colocar outras em funcionamento. Os pedidos de CPI da ala governista incluem a investigação de obras inacabadas deixadas pelos governos do PT, da atuação de organizações não governamentais na Amazônia e do narcotráfico em fronteiras, todas elas com pedidos já apresentados.

Articulações

Após a prisão de Ribeiro, a CPI do MEC foi tema de intensas articulações nos bastidores do Senado. Na tarde de ontem, enquanto o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), andava pelo plenário carregando uma pasta e um papel pedindo assinaturas para o requerimento que apresentou, o líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), defendia a abertura de outras investigações que estão sobre a mesa de Pacheco.

"Se quiser abrir todas, eu tô dentro", disse o líder do governo, insistindo no respeito à ordem cronológica dos requerimentos. O pedido da oposição para a CPI do MEC começou a circular em março, após o Estadão revelar o caso. Randolfe atraiu duas assinaturas: a de Eduardo Braga (MDB-AM) e a de Soraya Thronicke (União Brasil-MS), mas perdeu a de Renan Calheiros (MDB-AL), que se licenciou do mandato, cujo suplente, Rafael Tenório (MDB-AL), não se juntou à pressão pela apuração.

A estratégia da oposição é completar a lista com os senadores Izalci Lucas (PSDB-DF) e Marcelo Castro (MDB-PI), que manifestaram informalmente apoio à CPI, mas resistem ao funcionamento de uma comissão no meio da eleição.

Além das 27 assinaturas necessárias, o líder da oposição quer reunir um número maior de apoios para dar uma margem de segurança ao pedido. "O governo nunca quer CPI, eu acho inusitado este querer. O governo vai tentar impedir", disse Randolfe, que está na coordenação da pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente do Senado classificou como "grave" a prisão do ex-ministro da Educação, mas evitou se posicionar sobre o pedido e disse que o período eleitoral prejudica o funcionamento de uma investigação no Congresso. "A prisão de um ex-ministro é algo grave, precisa ser exaurida a investigação e aqueles que sejam culpados sejam efetivamente responsabilizados", afirmou Pacheco, em entrevista no Senado.

A defesa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, preso nesta quarta-feira, 22, admitiu que houve um depósito de R$ 50 mil na conta de Myriam Ribeiro, mulher do ex-chefe da pasta. O advogado Daniel Bialski alegou que o valor seria oriundo da venda de um carro.

O valor estaria ligado aos pastores. O criminalista não comentou a relação do depósito com o ex-ministro, nem nomeou o autor do depósito.

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Milton Ribeiro, Arilton Moura, o pastor Gilmar Santos, o advogado Luciano Musse e o ex-assessor da Prefeitura de Goiânia Helder Bartolomeu foram presos nesta quarta-feira, 22. Contra o ex-ministro recaem suspeitas de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. Todos são investigados pelo 'gabinete paralelo' instalado no MEC, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas - caso revelado pelo Estadão.

Musse foi nomeado gerente de projetos em abril do ano passado pelo próprio ministro e atuava como apoio aos religiosos. Helder Bartolomeu é ligado a Arilton Moura.

A operação que apura a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) foi batizada como 'Acesso Pago' cumpre, ao todo, cinco ordens de prisão, solicitadas pela PF à Justiça. Além de Ribeiro, foram presos os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que estão no centro do esquema sob suspeita.

A Polícia Federal informou que, com base em documentos, depoimentos e relatório de investigação preliminar da Controladoria-Geral da União (CGU), 'foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas'.

Em nota, a CGU declarou que abriu uma investigação preliminar sumária em 23 de março de 2022 para "apurar a possível atuação irregular de agentes públicos e privados na intermediação de políticas públicas vinculadas ao Ministério da Educação". A investigação terminou em 23 de maio.

"No decurso da Investigação Preliminar Sumária também foi identificada a prática de atos suspeitos por pessoas que não se submetem à competência correcional da Controladoria-Geral da União", informou a CGU.

"Os indícios relacionados às condutas de tais pessoas foram, conforme a legislação de regência, devidamente encaminhados à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal."

O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, acabará passando a noite em São Paulo. Ele foi preso nesta quarta-feira, 22, na Operação Acesso Pago.

A Justiça Federal havia determinado a transferência imediata do ex-ministro para Brasília e chegou a negar um pedido da defesa para mantê-lo em São Paulo até a realização da audiência de custódia, marcada para a tarde de amanhã.

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Em novo comunicado no início da noite, a 15.ª Vara Federal do Distrito Federal disse que a audiência será feita por videoconferência.

A defesa confirmou que ele vai passar a noite na superintendência da Polícia Federal em São Paulo.

A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro reacendeu no Senado movimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Senadores de oposição e críticos à atuação de Ribeiro tentam coletar assinaturas para a abertura da CPI do MEC, destinada a investigar suspeitas de desvios na pasta. Como revelou o Estadão, Ribeiro e dois pastores mantinham um gabinete paralelo no ministério. Prefeitos relataram ao jornal terem recebido pedido de pagamento de propina em troca de agendas no MEC e liberação de recursos da educação.

A Polícia Federal prendeu o ex-ministro na manhã desta quarta-feira, 22, no âmbito da investigação sobre o sobre o 'gabinete paralelo' instalado na pasta, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas. Os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, que estão no centro das suspeitas, também são alvos de buscas da polícia. No Senado, o líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), começou a coletar assinaturas para a CPI em março, após a revelação do caso. O pedido depende do apoio formal de 27 senadores e de uma decisão do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

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Até o momento, 24 senadores assinaram o requerimento e um declarou que vai se juntar ao grupo, de acordo com Randolfe. A prisão reforçou as suspeitas de crimes envolvendo os gastos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

"Lembrando aqui os senadores que já assinaram a #CPIdoMEC e reforçamos: faltam apenas DUAS assinaturas!", escreveu o líder da oposição no Twitter, divulgando os nomes dos colegas que apoiam a CPI. Até o momento, o caso é discutido apenas na Comissão de Educação do Senado, que ouviu prefeitos denunciando a oferta de propinas pelos envolvidos. O colegiado, porém, não tem o mesmo poder de uma CPI, que pode quebrar os sigilos fiscal e telefônico e até dar voz de prisão a um acusado.

O presidente da Comissão de Educação, Marcelo Castro (MDB-PI), cobrou uma investigação na gestão de Milton Ribeiro, mas ainda não oficializou a assinatura na CPI do MEC. "Agora, é urgente que se faça uma intervenção no FNDE para que se apure os contratos feitos na gestão de Milton Ribeiro, em que recursos públicos eram direcionados, sem nenhum critério técnico e com viés político. O que temos visto é um descalabro na administração pública", disse.

O atual ministro da Educação, Victor Godoy, afirmou, nesta quarta-feira (22), que o governo do presidente Jair Bolsonaro não compactua com desvios. "Nunca tive conhecimento dos fatos que levaram à prisão de Ribeiro", disse ele, em rápida entrevista, ao comentar sobre a prisão efetuada pela Polícia Federal, na manhã de hoje, do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro no âmbito da investigação sobre o 'gabinete paralelo' instalado na pasta, com suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas. Na mesma linha do que disse o presidente Jair Bolsonaro, mais cedo, o atual titular do MEC disse que, "se alguém for culpado, quem quer que seja, que seja responsabilizado".

O mandado de prisão preventiva foi expedido por ordem do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, e cita supostos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. A operação que apura a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação foi batizada como 'Acesso Pago' e ainda busca cumprir outras quatro ordens de prisão.

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Os agentes que participam da ofensiva vasculham 13 endereços em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. Entre os alvos das buscas, estão o próprio Milton Ribeiro e os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos - dupla que está no centro do esquema sob suspeita e que foi revelado pelo Estadão. O juízo da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal também deferiu medida cautelar de proibição de contatos entre os investigados e envolvidos.

Com acesso privilegiado ao governo Jair Bolsonaro, sem ocuparem cargos na máquina pública, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura passaram a atuar informalmente em nome do Ministério da Educação (MEC) durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro, preso preventivamente hoje pela manhã pela Polícia Federal. A influência dos pastores e a existência do 'gabinete paralelo' no MEC foi revelada pelo Estadão.

Batizada 'Acesso Pago', a ofensiva apura a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

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No gabinete paralelo formado por pastores no Ministério da Educação, a dupla Gilmar Santos e Arilton Moura comandava a agenda do ministro e intermediava destinação de verbas e as direcionava para aliados políticos.

Como o Estadão mostrou em março, os encontros no MEC entre a dupla de pastores com prefeitos resultaram em pagamentos e empenhos (reserva de valores) de R$ 9,7 milhões dias ou semanas após promoverem as agendas. Ao menos 10 prefeitos confirmaram ter sido abordados pelos pastores, inclusive com relatos de pedido de propina em ouro.

Quem é Gilmar Santos

Gilmar dos Santos é líder do Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus, com sede em Goiânia. O ministro Ribeiro já pregou no templo, durante culto denominado Ceia Geral. A igreja dele é de pequeno porte se comparada a outros braços da Assembleia de Deus com atuação nacional. Além de Goiás, está presente em Estados como Maranhão, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Gilmar dos Santos diz ter mais de 40 anos como pastor. Santos também é presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos.

Santos se notabilizou no meio evangélico como um pregador conhecido por frequentar diversas igrejas, para além do meio "assembleiano". Apesar da amizade pública e do acesso diferenciado ao ministro Milton Ribeiro, o vínculo deles com o governo Bolsonaro é anterior à chegada de Ribeiro à Esplanada dos Ministérios.

Quem abriu as portas do governo a ele e seu braço direito, Arilton Moura -também investigado na operação-, foi o deputado João Campos (Republicanos-GO), pastor da Assembleia de Deus Ministério Vila Nova, ligado à convenção de Madureira, conforme informações de integrantes da bancada evangélica.

Arilton Moura

Braço direito de Gilmar dos Santos, Moura atua como assessor de Assuntos Políticos da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros de Assembleias de Deus no Brasil Cristo para Todos.

Moura é apresentado, em registros oficiais do governo, com o cargo de secretário nacional da entidade. Em 2018, ocupou o cargo de secretário extraordinário para Integração de Ações Comunitárias, no governo Simão Jatene, no Pará.

Em março de 2022, Moura foi acusado de pedir pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca da liberação de recursos para escolas e creches, conforme denúncia do prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB). Segundo o prefeito, o pastor Arilton Moura solicitou R$ 15 mil antecipados para protocolar demandas da prefeitura e mais um quilo de ouro após a liberação dos recursos.

A Polícia Federal cumpriu, nesta quarta-feira (22), mandado de prisão preventiva contra o ex-ministro Milton Ribeiro, da Educação. A operação investiga a responsabilidade do ex-ministro no caso do gabinete paralelo do MEC, revelado pelo Estadão. Agentes da corporação cumprem 13 mandados de busca e apreensão e cinco ordens de prisão em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. Os pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura também são alvos.

O mandado de prisão preventiva contra Ribeiro foi expedido por ordem do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, e cita supostos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

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O Estadão revelou em março que, sem possuir vínculos com o setor de ensino ou cargo público, um grupo de pastores passou a comandar a agenda do ministro da Educação, formando uma espécie de "gabinete paralelo" que interferia na liberação de recursos e influenciava diretamente as ações da pasta.

O grupo era capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade. Eles, que hoje são alvos da PF, conquistaram acesso ao Executivo federal ainda em 2019, antes mesmo da chegada de Ribeiro ao Ministério, e são próximos da família Bolsonaro. A dupla agia como lobistas, atuando para liberar e/ou acelerar o empenho de recursos a determinados municípios.

Agenda

O Estadão identificou a presença de Gilmar dos Santos e Arilton Moura em 22 agendas oficiais no MEC entre 2021 e 2022, sendo 19 delas com a presença do ministro. Algumas são descritas como reunião de "alinhamento político" na agenda oficial de Ribeiro, que também é pastor.

Em 2019, eles foram recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro ao menos duas vezes. Em 2020, mais uma audiência na Presidência da República. O vice-presidente Hamilton Mourão também os recepcionou.

Agilidade

Usualmente, a destinação de verbas para uma prefeitura é um processo burocrático e demorado. Com a ajuda dos pastores, contudo, certos municípios conseguiram a liberação do empenho de recursos em tempo recorde. É o caso da prefeita Marlene Miranda, de Bom Lugar (MA), que teve o pedido de dinheiro atendido em apenas 16 dias, prazo muito abaixo dos padrões da distribuição de recursos da pasta. A Secretaria da Educação de Pernambuco, por exemplo, levou 10 anos para obter R$ 198,7 mil do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Uma das principais atuações dos pastores era justamente esta: abrir a agenda do ministro para acesso de prefeitos e empresários próximos ao grupo, de modo que levem ao MEC suas demandas. Marlene Miranda, por exemplo, pediu R$ 5 milhões para a construção de uma escola em sua cidade. Ela esteve no gabinete de Ribeiro em 16 de fevereiro, por intermédio dos religiosos. Em 4 de março, o FNDE reservou R$ 200 mil para pagamento à prefeitura.

Favorecidos

Prefeitos do Progressistas, do PL e do Republicanos têm preferência para conseguir a ajuda dos pastores. Essas legendas integram o núcleo duro do Centrão. O bloco de partidos é justamente o que comanda o FNDE.

Só em dezembro do ano passado, o órgão firmou termos de compromisso - uma etapa anterior ao contrato - com nove prefeituras, totalizando R$ 105 milhões de repasses, após reuniões com os pastores. Além de levarem prefeitos a Brasília, participando de encontros no MEC, eles também acompanham o ministro em viagens pelo País.

Em um desses eventos, um encontro de prefeitos com Milton Ribeiro em janeiro do ano passado, na sede do MEC, o pastor Gilmar dos Santos detalhou a atuação do gabinete paralelo e expôs claramente suas intenções: "Nós solicitamos esta reunião com o ministro para trazer ao conhecimento dele vários prefeitos que trabalham também com a igreja", disse, deixando claro que pretende privilegiar pessoas ligadas à sua religião.

Áudio vazado

Em conversa gravada, Milton Ribeiro admitiu que prioriza o atendimento a prefeitos que chegam ao MEC por meio dos pastores Gilmar dos Santos e Arilton Moura. Falando a dirigentes municipais dentro do ministério, Ribeiro disse que segue ordem do presidente Jair Bolsonaro. "Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do (pastor) Gilmar (Santos)", diz ele - Arilton Moura e Gilmar Santos estavam presentes na reunião. "A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", ironizou, em gravação divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo.

A Polícia Federal prendeu, na manhã desta quarta-feira (22), o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro no âmbito da investigação sobre o sobre o "gabinete paralelo" instalado na pasta, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas - caso revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo. O mandado de prisão preventiva foi expedido por ordem do juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, e cita supostos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

O magistrado determinou que, assim que a ordem fosse cumprida, o ex-ministro seja levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

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Ribeiro foi localizado em Santos (SP). O mandado de prisão listava um endereço em tal cidade e outro em São Vicente, também no litoral paulista.

A audiência de custódia do aliado do presidente Jair Bolsonaro - que chegou a dizer que botava "a cara toda no fogo" pelo então ministro - está prevista para esta quinta-feira (23).

A operação que apura a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação foi batizada como ‘Acesso Pago’ e ainda busca cumprir outras quatro ordens de prisão.

Além disso, os agentes que participam da ofensiva vasculham 13 endereços em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

Entre os alvos das buscas estão o próprio Milton Ribeiro e os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos - dupla que está no centro do esquema sob suspeita. O juízo da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal também deferiu medida cautelar de proibição de contatos entre os investigados e envolvidos.

O inquérito foi aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e por ordem do Supremo Tribunal Federal, em razão do foro privilegiado de Milton Ribeiro, à época ainda ministro da Educação. Após o aliado do presidente Jair Bolsonaro deixar o governo em meio ao escândalo, a ministra Cármen Lúcia remeteu o inquérito para primeira instância.

A Polícia Federal informou que, com base em documentos, depoimentos e relatório de investigação preliminar da Controladoria-Geral da União, ‘foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas’.

Os documentos encaminhados pela CGU à corporação envolvem ‘relatórios produzidos’ e ‘evidências coletadas’ durante uma investigação preliminar aberta em agosto para apurar a atuação de pastores como cobradores de propina em troca da liberação de verbas do MEC.

O governo Jair Bolsonaro precisou de sete meses de uma apuração preliminar e de uma semana de denúncias na imprensa para encaminhar à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal (MPF) suspeitas do esquema de favorecimento de prefeitos ligados a um grupo de influência religioso.

Como o jornal O Estado de S. Paulo revelou, os pastores operavam um gabinete paralelo no MEC. Prefeitos ouvidos pelo jornal revelaram que receberam pedido de pagamento de propina até em ouro em troca de acesso e liberação de verbas para educação.

O esquema envolvida até mesmo compra de bíblias em que apareciam fotos do ministro da Educação e do prefeito que aceitasse participar.

Na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte, disse nesta quarta-feira, 25, que "ouviu conversas tortas" sobre a relação de pastores com o Ministério da Educação, mas que nunca recebeu ordem direta do então ministro, Milton Ribeiro, para liberar recursos a prefeituras de acordo com pedidos dos religiosos.

A captura do ministério pelos pastores, que intermediavam o acesso de prefeitos aos recursos da pasta e controlavam a agenda do então ministro, foi revelada pelo Estadão em uma série de reportagens em março deste ano que culminaram com a demissão de Ribeiro.

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"Em agosto do ano passado após chegar de uma viagem, ouvi da minha equipe e de algumas pessoas algumas conversas tortas sobre a relação com os pastores. Imediatamente procurei o secretário-executivo de então, o atual ministro Victor Godoy", alegou Ponte. "Não tinha provas, mas para minha segurança e para o bom caminhar da minha gestão fui ao secretário e depois fui ao ministro Milton."

Ponte disse que Ribeiro, então, encaminhou o caso à Controladoria-Geral da União. "Eu nunca recebi nenhuma ligação ou do ministro para priorizar nenhum tipo de ação ou ingerência por parte dos pastores", completou.

Em uma conversa gravada, porém, Ribeiro admitiu que priorizava o atendimento a prefeitos que chegavam ao ministério por meio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Falando a dirigentes municipais dentro do ministério, o então ministro disse que seguia ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ponte também disse na Comissão de Educação que foi ouvido pela CGU e que colocou o próprio sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição das autoridades para conferência. Ele minimizou, ainda, uma licitação preparada pelo governo com preço inflado para comprar 3.850 ônibus escolares.

Segundo o presidente do FNDE, a CGU acompanhou todo o processo. Como mostrou o Estadão, porém, o órgão preferiu tocar a concorrência com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões mesmo com alertas de órgãos de controle.

Relembre o caso

O FNDE esteve no centro do escândalo do "gabinete paralelo" de influência dos pastores no ministério revelado pelo Estadão.

O grupo foi capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade. Os pastores agiam como lobistas, atuando para liberar e ou acelerar o empenho de recursos a determinados municípios.

Em um dos episódios divulgados pelo Estadão, o prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), afirmou que o pastor Arilton Moura pediu pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca de conseguir a liberação de recursos para construção de escolas e creches.

O prefeito de Centro Novo do Maranhão, Júnior Garimpeiro (PP), convidado a falar nesta quarta-feira (27) na Comissão de Educação do Senado, patrocinou bíblias com foto do pastor Milton Ribeiro quando ele era ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro. Como revelou o Estadão, os exemplares eram parte de pagamento de propina cobrada por dois pastores para liberar acesso ao então ministro.

No fim de março, Ribeiro foi obrigado a deixar o cargo após o Estadão noticiar um esquema de cobrança de propina na pasta em troca de liberação de recursos públicos para creches e escolas. A contrapartida em dinheiro, compra de bíblias e até barras de ouro era solicitada pelos religiosos Gilmar Santos e Arilton Moura - ambos ligados a Ribeiro -, segundo relatos de prefeitos. Os três estão sob investigação.

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Uma versão da Bíblia editada por Gilmar Santos que circula na cidade maranhense cita a ajuda do prefeito na confecção do material. "Nossos agradecimentos ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, ao pastor Arilton Moura e ao prefeito Junior Garimpeiro, da cidade de Centro Novo do Maranhão-MA, pelo patrocínio na confecção dessas bíblias."

As bíblias de Centro Novo estampam em suas primeiras páginas as imagens de Milton Ribeiro, de Gilmar Santos, de seu genro, o pastor Wesley Costa, e do prefeito com sua família. O exemplar é semelhante ao distribuído em um evento do MEC, em julho do ano passado, na cidade de Salinópolis, no Pará, como noticiou o Estadão.

Na cidade paraense, a 220 quilômetros de Belém, edições do livro com imagens do então ministro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura foram entregues durante um encontro de prefeitos. A impressão destacou o "patrocínio" do prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto de Sena Filho, o Kaká Sena, do PL, que também teve a imagem estampada entre a contracapa e a folha de rosto da publicação.

A Procuradoria da República no Pará abriu um inquérito preliminar na divisão de combate à corrupção para apurar a distribuição das bíblias.

Proximidade

A relação entre Milton Ribeiro e Junior Garimpeiro se estreitou no ano passado por intermédio dos dois pastores. A proximidade levou para Centro Novo do Maranhão - cidade a 260 km de São Luís - um evento do ministério com prefeitos maranhenses, em maio de 2021. "O Junior Garimpeiro é uma pessoa especial, é alguém que eu acredito que tenha até um futuro aí na política", disse Ribeiro na ocasião.

O advogado Reginaldo Silva, que representa o pastor Gilmar Santos, afirmou que não vai se manifestar. O prefeito Junior Garimpeiro não respondeu às tentativas de contato. Milton Ribeiro e Arilton Moura não foram localizados ontem. No fim de março, Ribeiro disse que sabia de foto sua em bíblias e afirmou ter desautorizado as impressões.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 19, que é contra a inclusão do presidente Jair Bolsonaro (PL) como investigado no inquérito sobre o gabinete paralelo de pastores no Ministério da Educação (MEC) revelado pelo Estadão.

O parecer foi enviado a pedido da ministra Cármen Lúcia, relatora da investigação, que cobrou um posicionamento sobre a situação do presidente após representações da oposição.

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Inicialmente, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu para investigar apenas o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, prefeitos e pastores envolvidos no esquema de cobrança de propina para liberação de verbas do MEC.

A nova manifestação é assinada pela vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo, braço-direito de Aras. Ela diz que não há elementos para colocar Bolsonaro no rol de investigados ou para a abertura de uma apuração paralela. Lindôra argumenta que, caso surjam indícios de envolvimento do presidente em eventuais irregularidades, ele poderá ser incluído como alvo do inquérito.

"Semelhantes elementos não são suficientes para inclusão do representado [Bolsonaro] como investigado pelos eventos em questão, eis que não apontam indícios da sua participação ativa e concreta em ilícitos penais", diz um trecho do documento.

Os pedidos para investigar Bolsonaro ganharam força depois que o jornal Folha de S.Paulo revelou um áudio em que Milton Ribeiro afirma que o MEC atua com o objetivo de beneficiar os ‘amigos do pastor Gilmar’ e que as portas do ministério teriam sido abertas ao balcão religioso de propinas pelo presidente. De acordo com a PGR, a ‘mera citação de autoridade’ não é suficiente para a investigação.

Os pastores evangélicos que operaram o gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC) durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro estiveram dezenas de vezes no Palácio do Planalto na gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL). Os registros da segurança do Palácio contam 35 acessos do pastor Arilton Moura e outros 10 de Gilmar Santos, da Assembleia de Deus Cristo para Todos.

Inicialmente, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) se recusou a fornecer os dados sobre as visitas dos dois ao Palácio, solicitados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

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Como mostrou o Estadão em meados de março, Gilmar Santos e Arilton Moura controlavam a agenda e a liberação de verbas do Ministério da Educação durante a gestão de Milton Ribeiro. A dupla facilitava o acesso de prefeitos a verbas do MEC em troca de propina, inclusive em barra de ouro - no último dia 5, três dirigentes municipais confirmaram ter recebido pedidos de vantagem indevida numa audiência da Comissão de Educação do Senado. Milton Ribeiro, que é pastor da igreja Presbiteriana, renunciou ao cargo de ministro em 28 de março, após reportagens do Estadão revelarem pedidos de propina em barras de ouro e até por meio da impressão de Bíblias elaboradas por Gilmar Santos e Arilton Moura.

As informações sobre as visitas dos pastores ao Palácio do Planalto foram obtidas pelo jornal O Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação. No despacho que concedeu acesso ao material, o Gabinete de Segurança Institucional disse que a decisão de franquear a informação foi tomada após "recente manifestação da Controladoria-Geral da União (CGU) quanto à necessidade de atender o interesse público". As primeiras reportagens do Estadão sobre o assunto mencionam encontros da dupla de pastores com o presidente da República.

Nesta quarta-feira, dia 13, o presidente Jair Bolsonaro chegou a ironizar um internauta que cobrou transparência sobre as agendas dos pastores no Planalto. "Presidente, o senhor pode me responder porque (sic) todos os assuntos espinhosos/polêmicos do seu mandato, você põe sigilo de 100 anos? Existe algo para esconder?", perguntou um internauta. "Em 100 anos saberá", respondeu Bolsonaro por meio de sua conta oficial no Twitter.

De acordo com a resposta do Planalto, Arilton Moura esteve no Planalto pela primeira vez em 16 de janeiro de 2019, no primeiro mês do governo, para um compromisso no GSI, chefiado pelo ministro Augusto Heleno. Já Gilmar Santos, que é o líder da Assembleia de Deus Cristo para Todos, esteve no local pela primeira vez em 21 de fevereiro, para uma reunião na Casa Civil - à época, a pasta era comandada por Onyx Lorenzoni, hoje pré-candidato do PL ao governo do Rio Grande do Sul. O último registro de ambos no Palácio foi em 16 de fevereiro deste ano, na Casa Civil, já sob o comando de Ciro Nogueira (Progressistas).

Mesmo sem qualquer vínculo com o Ministério da Educação ou outro órgão público, Arilton Moura e Gilmar Santos costumavam participar de encontros de autoridades do MEC com prefeitos de todo o Brasil - tanto na sede do ministério, em Brasília, quanto em cidades do interior do País. Com frequência, os prefeitos levados ao MEC pela dupla conseguiam a liberação de verbas com rapidez incomum - em um caso mostrado pelo Estadão, uma prefeitura maranhense conseguiu um empenho de R$ 200 mil apenas 16 dias após uma agenda com Milton Ribeiro e os pastores.

 O presidente da Comissão de Educação do Senado, Marcelo Castro (MDB-PI) disse hoje que a Mesa Diretora da Casa pode pedir informações sobre as visitas dos pastores Gilmar Moura e Arílton Moura ao Palácio do Planalto. Os dois lobistas estão no centro das denúncias de corrupção envolvendo o Ministério da Educação. O governo se recusou a divulgar as agendas, alegando questões de segurança da Presidência da República.

O pedido havia sido feito pelo jornal O Globo, com base na Lei de Acesso à Informação. Em entrevista à Rádio Eldorado, o senador Marcelo Castro alegou que cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal e cogitou a possibilidade de encaminhar o mesmo pedido à direção do Senado.

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Ele também confirmou a intenção de assinar o requerimento de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o MEC. Antes, no entanto, Castro pretende concluir os depoimentos no âmbito da Comissão de Educação, que não tem o mesmo poder de investigação de uma CPI. Um dos convidados a falar é o ministro interino da Educação, Victor Godoy.

O PDT entrou com uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra a decretação de sigilo sobre as datas dos encontros entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e os pastores suspeitos de atuar no Ministério da Educação (MEC) mesmo sem ter vínculo com o governo. A determinação de sigilo foi feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e foi revelada pelo jornal O Globo.

A publicação solicitou a relação das entradas e saídas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, apontados como “cabeças” do esquema, durante visitas ao Palácio do Planalto, incluindo reuniões com o chefe do Executivo, que teria feito pedidos diretamente ao ex-ministro da pasta, Milton Ribeiro, paga que liberasse verba ao lobby de líderes religiosos.

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No documento, o partido afirma que a manutenção de sigilo das informações viola o Direito Constitucional de acesso à informação e os princípios de transparência por parte do Governo Federal. “Constata-se um odioso acinte aos princípios constitucionais em apreço, sobretudo também em relação à Lei nº 12.527/2011, pois a decretação de sigilo por tempo desmedido no conteúdo de reuniões com setores estratégicos da sociedade, às vésperas de um pleito eleitoral e realizadas com recursos públicos, em flagrante desvio de finalidade, consubstancia em um aberrante vilipêndio ao sacrossanto princípio democrático”, diz a representação.

O partido também pede que a PGR encaminhe a ação ao órgão competente “para fins de adoção de todas as medidas necessárias à elucidação dos fatos narrados, com a instauração de inquérito civil e ajuizamento de ação cabível (Ação Civil Pública e/ou Ação de Improbidade Administrativa), em razão da patente violação ao Direito Constitucional de acesso à informação e aos princípios da publicidade/transparência”.

“Urge rememorar ao Presidente da República que sua agenda é pública, na medida em que exerce labor destinado à consecução das diretrizes traçadas pela Constituição, que foi batizada sob forte influência dos ares democráticos. O sigilo revela a existência e algo obsceno, que está por trás da cena, e ostenta potencial para estontear os aspectos de normalidade e publicidade inerentes à condução dos assuntos de interesse coletivo”, argumenta o PDT.

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O Palácio do Planalto decretou nessa quarta-feira (13) sigilo sobre os encontros entre o presidente Jair Bolsonaro e os pastores lobistas do Ministério da Educação. O GSI, do ministro Augusto Heleno, chegou a informar que a abertura das agendas “não poderá ser atendida”, porque a divulgação das informações poderia colocar em risco a vida do presidente da República e familiares.

O senador José Serra (PSDB-SP) disse nesta terça-feira, 12, que assinou requerimento para instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, com o objetivo de investigar o gabinete paralelo no Ministério da Educação (MEC). "As denúncias de corrupção no Ministério da Educação são graves e caberá novamente ao Senado apurar os fatos", afirmou o tucano em publicação no Twitter.

Com o endosso de Serra, já são 25 assinaturas no total, o que deixa Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do pedido de instauração da Comissão, mais próximo de alcançar o número mínimo de 27 parlamentares necessários para a abertura da CPI. O senador espera reunir 29 nomes até esta quarta-feira, 13.

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O quórum já havia sido alcançado na última sexta-feira, 8, mas três senadores recuaram: Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), Styvenson Valentim (Podemos-AC) e Weverton Rocha (PDT-MA).

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