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Oitenta e sete entidades, entre as quais o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCrim), a Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep), o Núcleo Especializado de Situação Carcerária da Defensoria Pública de SP e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), encaminharam, na quarta-feira (20), a uma série de autoridades do Governo Federal, uma nota técnica conjunta contra a privatização do sistema prisional, solicitando o fim dos incentivos para a transferência da gestão de presídios à iniciativa privada por meio do BNDES e de isenções fiscais previstas no Decreto 11.498/2023.

As entidades entendem que é preciso, com urgência, “a revisão do posicionamento do Governo Federal nesse tema, sobretudo considerando que há procedimento licitatório em andamento para a privatização do Presídio de Erechim, no Rio Grande do Sul, cujo leilão está previsto para o dia 06.10.2023. Com base na nova política de incentivo às privatizações do Governo Federal, estipulou-se o dispêndio de recursos públicos, via BNDES, de valor estimado em 150 milhões de reais para subvencionar a construção desse presídio pela iniciativa privada. Ainda, por meio de celebração de parceria público-privada, a empresa vencedora será remunerada pela gestão de uma concessão pública com 30 anos de duração, incluindo os serviços de manutenção das instalações, limpeza e apoio logístico na movimentação das pessoas presas”.

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Um dos riscos desse processo, argumenta a nota, é que “as empresas privadas absorvam a gestão prisional e a transformem em um mercado lucrativo. Os contratos firmados com a iniciativa privada parecem querer favorecer o encarceramento em massa, com a aposição de cláusulas contratuais que exigem taxas mínimas de lotação das unidades prisionais, aliadas à remuneração da empresa por cada pessoa encarcerada, com a submissão dos corpos negros a trabalhos forçados e aumento das margens de lucro com a precarização ainda maior do sistema prisional”. 

A nota foi encaminhada, entre outros, aos Ministros da Fazenda, da Justiça e Segurança Pública, do Planejamento e ao Presidente do BNDES. 

“É inadmissível que violações de direitos humanos se agravem, de forma crônica, sob o manto de um discurso ressocializador que conta com incentivos fiscais e investimentos milionários do atual Governo Federal, dentro de um sistema carcerário cujo estado de coisas já é reconhecidamente ilegal e inconstitucional pela própria Suprema Corte Brasileira na Medida Cautelar da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 347/2015.” 

*Da assessoria 

O governo Lula pedirá aumento do quantitativo de vagas reservada, por meio de cotas, em concursos públicos. A medida, por meio de Projeto de Lei, deve propor um aumento de 20% ou 30%, sendo metade dessa reserva ocupada por mulheres negras. O PL será enviado ao Congresso Nacional nas próximas semanas.

A proposta é elaborada pelos Ministérios da Igualdade Racial e Gestão e Inovação, além do Ministério da Justiça. O texto estabelece que as cotas valem para cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da “administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União”.

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Atualmente, a porcentagem vigente é de 20%. No entanto, a diretora de ações afirmativas do Ministério da Igualdade Racial, Anna Venturini, aponta que esse percentual provoca um efeito mais baixo do que o esperado. "Vimos que, nos últimos anos da lei de cotas, não conseguimos implementar na forma como gostaríamos por uma série de fatores. Um deles é que tivemos uma oferta de concursos muito baixa. Tivemos uma oferta de concursos menor do que era esperada quando a lei foi aprovada. Um dos motivos foi o teto de gastos", explica.

Conhecido como "ministro influencer" por conta da sua atividade nas redes sociais, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), foi o que mais conseguiu novos seguidores no Twitter desde o momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a composição do seu governo. Porém, ao mesmo tempo em que foca em um maior destaque na internet, Dino é criticado pela falta de um projeto mais robusto na área da segurança pública.

Quando foi anunciado ministro por Lula em 9 de dezembro, Dino, que já era conhecido nacionalmente por ser governador do Maranhão em dois mandatos entre 2014 e 2022, tinha 818.597 seguidores na plataforma X, o antigo Twitter. Nessa segunda, o perfil do ministro contava com 1.168.765 . O crescimento foi de mais de 350 mil novas pessoas acompanhando sua rede, o maior de toda a Esplanada. Percentualmente, o crescimento foi de 42,78% em dez meses.

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Em comparação, a segunda ministra que mais ganhou seguidores foi Marina Silva, com 206 mil novas pessoas acompanhando seu perfil desde que foi anunciada para chefiar a pasta do Meio Ambiente. No total, Dino é o quarto com mais usuários conectados, atrás apenas do titular da Fazenda, Fernando Haddad, de Marina e do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Na rede, Dino regularmente usa uma postura "lacradora" para falar sobre os assuntos mais variados sobre política que estão, ou não, no escopo da Justiça e Segurança Pública. Uma das aparições mais frequentes dele no Twitter acontece quando há alguma atualização dos casos que ameaçam a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No último dia 9, o chefe da pasta da Justiça usou o perfil para parabenizar a Polícia Federal (PF) por atuar na delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.

Um dos posts do ministro que mais viralizou nestes primeiros meses de mandato foi um "meme" sobre uma discussão que teve com o senador Marcos do Val (Podemos-ES). Após Do Val acusá-lo de se omitir nos atos golpistas de 8 de Janeiro e defender seu afastamento do cargo. Dino respondeu: "Se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece? Capitão América, Homem-Aranha?".

A referência à Swat, grupo da polícia altamente especializada nos Estados Unidos, se dá pelo fato do senador repetir diversas vezes que promoveu treinamentos para agentes do grupo, como também membros da Nasa, FBI, Navy Seals, dentre outras. No dia 10 de maio, Dino publicou no seu perfil uma imagem na qual o seu rosto substituía o dos personagens "O Incrível Hulk" e o "Homem de Ferro", e escreveu: "Confesso que gostei. Sonhos de infância não morrem jamais".

Ministério descarta ‘estratégia’ e diz que posts são feitos pelo ministro

Ao Estadão, o Ministério da Justiça disse que as críticas que Dino recebe sobre uma falta de projetos robustos são "respeitáveis", mas não "possuem um amparo em fatos".

"O Ministério da Justiça e Segurança Pública tem dezenas de programas e ações concretas na área da segurança, tais como: PAS, PRONASCI, R$ 213 milhões em entregas de viaturas e equipamentos aos Estados, repasses de R$ 1,3 bilhão para Estados e municípios, remoção da política armamentista do passado, implantação de política de combate à criminalidade na Amazônia (AMAS), ampliação de grupos especiais da Polícia Federal para enfrentamento ao crime organizado, e estruturação de novas operações integradas de segurança pública com os Estados", afirmou a pasta.

O ministério também afirmou que as postagens feitas no perfil de Dino são feitas pelo próprio ministro, e que não existe "estratégia" formulada pela equipe de comunicação do governo.

"Sobre redes sociais do ministro, informamos que desde 2009 ele cuida pessoalmente das postagens, consumindo alguns minutos do dia para fazê-las. Quanto a ganhar seguidores, isso acontece desde 2009 e deriva de características pessoais e posicionamentos públicos, não de supostas "estratégias", disse o Ministério da Justiça.

Petistas cobram resultados fora das redes

Apesar dos seus resultados nas redes sociais, Dino vem perdendo prestígio entre os aliados petistas, que estão preocupados com a falta de resultados na área da segurança pública. Segundo revelou a Coluna do Estadão, Lula pretende solucionar essa "fritura" com uma indicação do ministro para o Supremo Tribunal Federal (STF), na vaga que será deixada pela ministra Rosa Weber.

Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Rafael Alcadipani, disse ao podcast ‘Estadão Notícias’ que o governo Lula apresenta "um cenário de inanição completa" nestes nove meses de gestão. "A gente não vê medidas efetivas sendo feitas pelo governo federal na segurança pública. É um governo que não tem uma articulação de esforços que seja mínima.

"Falta muita sobriedade ao ministro Flávio Dino. Muitas vezes ele se parece com a extrema direita, quer lacrar, mas precisa ser capaz de resolver problemas. Cargo no Ministério da Justiça, e em secretarias de Segurança Pública, não é para fazer politicagem, é para tentar resolver problemas", complementou Alcadipani.

Segundo a Coluna, Lula foi alertado de que o governo perdeu o debate da segurança pública. O presidente também está ciente de que o PT credita parte da culpa a Dino, que tem o seu cargo ameaçado. Os petistas reclamam que, em nove meses de gestão, o governo não tem nenhum projeto robusto no setor e reivindicam o controle da pasta.

Debates na internet podem simplificar discussões

De acordo com João Guilherme Bastos, pesquisador de comunicação e política e diretor de Análises do projeto Democracia em Xeque, a estratégia de comunicação utilizada por Dino integra uma disputa de narrativas que acontece dentro das redes sociais. A presença do ministro para contrapor políticos da oposição que utilizam a internet para difundir suas opiniões seria uma forma do governo "discutir de igual para igual" no cenário virtual.

O pesquisador considera que as estratégias de Dino podem se mostrar rentáveis para o seu perfil político e para o impulsionamento das iniciativas do Ministério da Justiça. Porém, Bastos alerta que a discussão de pautas complexas que precisam ser discutidas acabam sendo simplificadas por analogias que são utilizadas como recursos em troca do engajamento nas redes.

"Os dois lados estão buscando lacrar com soluções muito simples para resolver os problemas. Esse recurso comunicativo, por mais que ele seja extremamente eficaz em termos de mobilização, em alguns assuntos que são muito complexos eles podem perder o seu âmbito. Ninguém espera que em uma disputa argumentativa e comunicativa, onde duas pessoas estão disputando audiência, alguém vá entrar nos meandros técnicos de uma lei", explica o pesquisador.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que, após receberem ministérios, as bancadas do Progressistas e do Republicanos na Casa farão parte da base do governo. Ele também confirmou que as negociações envolvem a Caixa Econômica Federal, e que as 12 indicações políticas para as vice-presidências do banco passarão por ele.

O Progressistas e o Republicanos foram contemplados com dois ministérios - Esportes e Portos e Aeroportos, que foram respectivamente para os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE).

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Saíram dos cargos Ana Moser e Márcio França - este alocado em uma nova pasta, o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.

"É claro que, quando um partido indica um ministro que era líder de um partido na Câmara [caso de André Fufuca], a tendência natural é que esse partido passe a ser base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados, como Republicanos, como outros partidos", disse o presidente da Câmara.

Falando pelo seu partido, o PP, Lira garantiu que a sigla agora faz parte da base, à revelia do líder da legenda, o ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, senador Ciro Nogueira. "Estamos tratando de base de apoio. Não estamos tratando de outros tipos de projetos [políticos], por enquanto. Não quer dizer que [isso] não possa avançar, mas por enquanto nós estamos falando de apoio político no Congresso", explicou.

O presidente da Câmara, no entanto, fez questão de pontuar que fazer parte da base não garante que todos os filiados irão votar sempre com o Executivo. "Não [é possível], porque nenhum partido dá todos os votos. Mas eu acredito em uma base tranquila", afirmou. Com a nova configuração, Lira calcula que agora o governo tem entre 340 e 350 votos, que é suficiente para aprovação de Propostas de emenda à Constituição (PEC).

No que diz respeito às indicações para a Caixa, Lira afirmou que a ideia é contemplar diversas legendas de centro, como União Brasil, Republicanos e até parte do PL. "Ali as coisas têm que ser tratadas com muita transparência e vão ser tratadas com muita clareza. E vão ter, claro, indicações políticas que não serão criminalizadas por isso. A turma terá responsabilidade. A exoneração é o primeiro convite para quem não andar corretamente", disse.

Outra parte do acordo que ainda falta ser efetivado é que o Republicanos ficará com os cargos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

​Humberto reúne prefeitos da Mata Norte neste sábado  Vice-presidente nacional do PT, o senador Humberto Costa cumpre agenda, sábado (16), na Zona da Mata Norte, no interior de Pernambuco.

O senador vai se reunir com lideranças políticas de três municípios da região: Carpina, Itaquitinga e Vicência. Segundo Humberto, a visita tem como objetivo ampliar o diálogo com os gestores municipais e a população e falar sobre as perspectivas para o estado no Governo Lula.

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“A gente tem, no nosso mandato, buscado esse contato direto com a população, ouvindo as demandas, buscando soluções para o problema do nosso povo. Estamos vivendo um novo momento com Lula na presidência. Vamos ter R$ 92 bilhões para Pernambuco só do PAC, além de uma série de outras iniciativas. O estado tem tudo para avançar e precisamos estar afinados para aproveitar esse momento”, afirmou o senador.

A agenda do senador começa em Carpina, onde tem encontro com o prefeito Manuel Botafogo. Em seguida, visita as obras da escola municipal no bairro do Cajá. Na sequência, Humberto vai a Itaquitinga e tem encontro com o prefeito da cidade, Patrick Moraes. Depois, se desloca para o assentamento Dorcelina Folador, na zona rural do município.

De lá, Humberto, visita Vicência, onde  se reúne com lideranças da cidade e de outros municípios da Mata Norte.

*Da assessoria 

O agora ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB-SP), destacou, no discurso de transmissão de cargo do Ministério de Portos e Aeroportos, que entendeu as mudanças como necessárias e que eixos da gestão serão mantidos. "Todos sabem da importância de que é ter grande base", disse, ao apontar, na sequência, ter gostado da escolha do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para o cargo.

O ministro também falou sobre a expectativa de continuidade das políticas em curso na sua gestão. "Certamente todos os planos que elencamos com Lula, vão continuar com Costa. A começar com a maior obra do PAC, que é a ligação subterrânea de Santos a Guarujá", afirmou.

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A cerimônia de transmissão de cargo foi disputada, com auditório e antessala lotados. Entre os presentes, o presidente nacional do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), os ministros da Defesa, José Múcio Monteiro; de Transportes, Renan Filho (MDB-AL); da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB-PE); e o do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT-SP).

A troca no ministério se deu em movimento para acomodar partidos do Centrão na busca do governo por maior base no Congresso.

De saída do cargo para o presidente Lula dar assento na Esplanada a um parlamentar do PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira, a ministra do Esporte, Ana Moser, não esconde a frustração em ser demitida com ainda muito a fazer. A ex-atleta entende que conseguiu avanços na pauta do esporte ao longo de seus nove meses à frente da pasta, e vê a marca do machismo no processo político que resultou na sua substituição. "Quanto mais mulheres nas altas rodas de decisões políticas, mais equilibradas essas decisões serão. Faltam mulheres nos momentos decisórios", afirmou em entrevista ao Estadão.

Ana Moser revela que a primeira-dama Janja da Silva disse a ela, após a demissão, "sentir muito pelo processo". A partir da semana que vem, o Ministério do Esporte será ocupado pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA), que foi vice-líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara e votou no ex-presidente na última eleição.

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A ministra demissionária, contudo, evita criticar o presidente Lula e diz que sua saída do cargo não pode ser atribuída apenas ao presidente porque é resultado de um contexto político. "A articulação política não é desejo, é o que é dado". E afirma que não se arrependeu de ter trabalhado pela eleição do petista. "Pelo amor de Deus. Isso não existe."

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Como foi a reunião com o presidente Lula na quarta-feira, dia 6, no Palácio da Alvorada? A sra. pode detalhar um pouco? O que Lula disse exatamente?

Foi uma reunião em dois dias, na terça e na quarta. E o que o presidente (Lula) falou (na terça) foi o que se falou ‘para fora’, que a gente sabe. Que já vinham há meses fazendo a negociação para a entrada destes dois novos partidos; que foram tentadas várias soluções, e que no fim teve que fazer essa escolha pela troca no Ministério do Esporte. Falei para ele sobre todas as nossas realizações e toda a nossa construção; falei da preocupação de interromper este trabalho; que o tempo tinha sido curto para apresentar resultados; e ele ficou de pensar. Deu mais 24 horas a esse processo de escolha; e na quarta-feira então ele deu a posição final.

E como foi quando ele fez esse anúncio para a senhora?

Foi normal, né? Uma reunião normal. Eu estava sentada, ele estava sentado, numa mesa. Não teve um roteiro dramático. Foi o que era sabido.

A senhora considera que o processo de demissão conduzido pelo governo foi respeitoso? A senhora e sua equipe se sentiram expostas?

O comando da política é feito pelo Palácio do Planalto. É um tempo das conversas deles. Não tenho como entender quais são os processos, ou acompanhar qual é o ritmo das negociações que são feitas pelo Planalto. A articulação política não é a nossa função. Enquanto isso tudo vinha acontecendo, (e nós ficávamos sabendo pelo que) saía na imprensa, porque essas conversas não chegavam até nós, nós continuamos trabalhando, porque era o que se tinha para fazer. É lógico, eu entrei para fazer um trabalho e para concluir o trabalho, não entrei para sair. Então há uma frustração que faz parte de todo o investimento feito e da visão que se tem, ou se tinha. Não só minha, mas de toda a equipe do ministério, de onde a gente queria chegar. Então, lógico, se é um processo de quebra, isso gera um sentimento. Mas é da política, é o tempo da política. Que não é dado por nós, é dado por quem faz essa gestão da política. E com certeza com as melhores intenções, dentro deste governo que tem muita coisa para entregar (...).

Mas a senhora esperava que fosse conduzido de uma outra forma, ou isso não é uma questão? A senhora não está pessoalmente magoada?

Acho que isso não é uma questão, né? Mais uma vez, a política está sendo feita, e nós estamos no ministério fazendo política pública de esporte. Acho que é assim que deve ser mesmo.

Toda a equipe da senhora saiu junto do Ministério? A pasta vai ser entregue "de porteira fechada", como dizem? Como fica agora a gestão da política pública do esporte?

Essa estruturação vai ser feita nos próximos dias. Na semana que vem, por causa desse feriado (da Independência, em 7 de setembro). O processo de transição normalmente é da equipe, né? Isso já está encaminhado, mas ainda não começou.

A senhora acredita que é um bom movimento colocar a regulação das casas de apostas online, as chamadas "bets" no Ministério do Esporte? A eventual arrecadação pode ajudar a impulsionar o esporte brasileiro?

A regulamentação das "bets" e dos sites de apostas é algo que vem sendo discutido desde o começo do ano, e o debate que vem sendo feito dentro do governo (envolve) especialmente Fazenda, Justiça e Esporte, além da Controladoria-Geral da União (CGU). Esta medida provisória que está no Congresso é resultado dessa construção. É uma conquista desta equipe, exatamente porque se defendeu que parte do recurso desta tributação deve ser direcionado ao esporte, para a construção das políticas públicas de esporte. O que está acontecendo agora é resultado do trabalho desta gestão.

Mas a sra. acha que a Secretaria Nacional das Apostas (a ser criada) deveria ficar com a Fazenda ou com o Esporte?

Acho que cabe ao governo decidir isso.

O que a senhora pensa para o seu futuro profissional? Há relatos de que a senhora poderia assumir um novo cargo no governo, como a Autoridade Olímpica, a ser criada.

Não existe Autoridade Olímpica. Essa gestão é feita pelo Comitê Olímpico Internacional. Em primeiro lugar, eu não tenho interesse, o convite foi para ser ministra do Esporte. A partir do momento em que houve essa mudança, qualquer coisa é uma outra coisa. A questão dessa proposta, que nem foi proposta, que na verdade eu ouvi pela imprensa, não tem muito fundamento. O meu interesse nunca foi o esporte olímpico. Tenho mais de 20 anos de trabalho na área social com o esporte para todos. Qualquer outra coisa não está colocada agora.

A primeira-dama Janja disse que "não estava feliz" com a sua saída do governo. A sra. chegou a falar com ela? Sentiu que houve sororidade, isto é, solidariedade, das colegas mulheres do governo?

Conversei com a Janja, com ministras e ministros. Publicamente, algumas ministras se pronunciaram, como Cida (Gonçalves, das Mulheres), Anielle (Franco, da Igualdade Racial), Esther (Dweck, da Gestão). A ministra Marina (Silva, do Meio Ambiente) me ligou várias vezes nesse processo. Existe essa sororidade. Todo esse jogo de poder é mais complicado para as mulheres, a dinâmica do poder é masculina. As decisões, mesmo com a participação de mulheres, ainda são tomadas por homens. Mesmo com número recorde que se colocou no início do governo, não é algo simplesmente posto, é construído.

Como foi a conversa com Janja?

Da mesma forma que as outras, (disse) sentir muito pelo processo. Entramos para entrar e concluir esse processo. Política é uma negociação, se entende os porquês e quais os fins, os objetivos. Mas não se deixa de lamentar os processos e os meios. Então, isso tudo faz parte.

Na campanha, Lula chegou a dizer que o Esporte não seria "moeda de troca". Ele quebrou uma promessa?

Eu acho que não tem como isolar a questão no presidente Lula. O contexto político se coloca de uma maneira que aquilo que se visualizava no início do ano não continuou. Agora, o momento é outro. Tenho certeza que a vontade do presidente Lula era dar continuidade a este trabalho. Vai ter que dar continuidade de outra maneira, porque a política impõe. A política é feita de avanços em maior ou menos velocidade, mas sempre buscando avançar.

Como a senhora avalia o trabalho feito nestes nove meses? Que iniciativas te deram mais orgulho, qual foi a sua marca no ministério?

A marca foi trazer a dimensão do esporte para todos, buscar caminhos para ampliar o esporte para além do alto rendimento, que trabalha com menos de 5% da população. A marca foi trazer o conceito de que esporte e atividade física têm que ser amplos, democráticos, intersetoriais, e também buscar meios de alcançar escala e chegar aos municípios. Foi uma prioridade. Houve a inserção da mulher dentro do futebol feminino, com visibilidade. Fizemos a Bolsa Atleta para gestantes. Colocamos percentual de participação de mulheres em projetos financiados pelo ministério. Em poucos meses, conseguimos muito.

Se fosse dar nota de 0 a 10 para sua gestão, qual daria?

Não vou dar 10, porque eu não sou 10. Mas com certeza um 8 alto ou 9.

No programa de governo de Lula, consta a necessidade de "democratização e descentralização do acesso ao esporte". Isso é compatível com trocar o ministério por governabilidade?

A articulação política não é desejo, é o que é dado. Claro, tem um desejo de mundo ideal. Especialmente eu tenho a característica de buscar a utopia, com resiliência e com firmeza. Esse é o mundo que estamos, e vamos buscar construir mais. Olhando de fora e com perspectiva de minha posição de mulher, tenho a impressão que, quanto mais mulheres estiverem participando de momentos de decisão, dessas altas rodas de decisões políticas, mais equilibradas essas decisões serão. Falta mais participação de mulheres nesses momentos de decisão. Não é só ocupar os espaços, é estar nos momentos decisórios. Isso pode ser um avanço para a situação atual que vivemos. E não é algo fácil de ser alcançado, e com certeza é a intenção deste governo. Mas o caminho é esse: buscar equilíbrio, ampliação de valores e de maneiras de fazer política.

A senhora se arrepende de ter apoiado o presidente Lula na campanha?

Claro que não. Imagina. Pelo amor de Deus. Isso não existe.

A sra. pensa em entrar para a política eleitoral?

Foi anunciada a minha saída do ministério anteontem. Não tem decisão de nada de futuro. Por enquanto, estamos fechando esse processo. Depois, vou pensar.

Criado pelo governo federal em 2008 e paralisado em 2019 na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Fundo Amazônia foi retomado este ano e, desde então, recebeu doações de cinco países e da União Europeia. Os novos recursos - que ainda não foram efetivamente transferidos - chegam a aproximadamente R$ 3,43 bilhões. O montante irá se somar aos R$ 5,7 bilhões que o fundo acumulou ao longo dos últimos 14 anos.

As novas doações foram feitas por Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, União Europeia, Suíça e Dinamarca. Os alemães formalizaram a intenção de fazer a doação ainda em dezembro do ano passado, enquanto os demais se comprometeram com os valores ao longo deste ano.

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O mais recente deles foi a Dinamarca, após encontro entre o ministro de Cooperação para o Desenvolvimento e Política Climática Global do país, Dan Jørgensen, e a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, em Brasília.

Novas doações ao Fundo Amazônia

Alemanha: R$ 190 milhões (35 milhões de euros)

Reino Unido: R$ 500 milhões (80 milhões de libras)

Estados Unidos: R$ 2,5 bilhões (500 milhões de dólares)

União Europeia: R$ 100 milhões (20 milhões de euros)

Suíça: R$ 30 milhões (5 milhões de francos suíços)

Dinamarca: R$ 110 milhões (150 milhões de coroas dinamarquesas)

O Fundo Amazônia reúne dinheiro doado por governos estrangeiros para ser investido em projetos de prevenção, combate ao desmatamento, conservação e uso sustentável da floresta. O fundo é gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e as doações só são depositadas mediante a confirmação de efetiva redução de desmatamento alcançada pelo Brasil.

De acordo com o ministério do Meio Ambiente, "o aumento das ações de fiscalização permitiu que as áreas sob alertas de desmatamento no bioma reduzissem 42,5% de janeiro a julho de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado".

Dinheiro em caixa

Ao Estadão, o BNDES informou que o Fundo Amazônia acumulou R$ 5,7 bilhões em recursos desde 2009. Os valores se referem a aproximadamente R$ 3,3 bilhões em doações, mais os rendimentos no período. Desse montante, 93,8% foram doados pelo governo da Noruega, 5,7%, pelo governo da Alemanha, e 0,5% pela Petrobras.

"Foi desembolsado cerca de R$ 1,5 bilhão e outros R$ 200 milhões, aproximadamente, estão comprometidos porque são recursos destinados a projetos já contratados. Esses números fazem do Fundo Amazônia a maior e mais bem sucedida iniciativa de REDD+ do Mundo (em valores e resultados). Já foram apoiados 102 projetos, em todos os estados da Amazônia Legal.

REDD+ é a sigla de "Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal". O conceito, adotado pela Convenção de Clima da ONU, trata de um mecanismo que permite a remuneração daqueles que atuam para evitar as emissões de gases de efeito estufa associadas ao desmatamento e degradação florestal.

As doações ao Fundo Amazônia feitas este ano ainda serão contabilizadas pelo banco de fomento. Segundo o BNDES, os R$ 190 milhões prometidos pela Alemanha em dezembro de 2022 "estão em processo de internalização e se somarão aos números acima". Os demais recursos, por sua vez, "ainda não foram contratados e internalizados no BNDES".

 O Plenário do Senado pode votar nesta semana o projeto que restabelece o voto de desempate a favor do governo nos julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que decide as disputas tributárias entre os contribuintes e o Fisco.

O PL 2.384/2023 foi aprovado na semana passada com emendas de redação apresentadas pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), que relatou o projeto na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). 

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Também está na pauta o projeto de lei complementar que garante recursos no Orçamento Geral da União para calamidades públicas. O PLP 257/2019) teve como relator na CAE o senador Omar Aziz (PSD-AM).

*Da Agência Senado

O presidente em exercício da República, Geraldo Alckmin, disse, nesta terça-feira (22), que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo fiel com suas promessas de imprimir no Brasil um desenvolvimento inclusivo, social e com sustentabilidade. De acordo com ele, o governo já aumentou o salário mínimo, está investindo em creches e promovendo crescimento sem derrubar árvores na Amazônia.

"O presidente Lula está sendo fiel às suas promessas na campanha eleitoral do ano passado. Isso é crescimento inclusivo, social e sustentável", disse Alckmin, participante do lançamento do "Fórum Mauá 2023-2033 - A Década de Transformação", no teatro municipal da cidade.

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O evento discute iniciativas de desenvolvimento econômico, ambiental e social para a região de Mauá.

O presidente em exercício foi a Mauá em meio a discussões e indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na direção da retirar o PSB, partido de Alckmin, do ministério de Portos e Aeroportos, tendo deixado o seu vice encarregado de convencer o ministro da pasta, Márcio França, da importância da entrega do cargo para a governabilidade.

Há inclusive especulações de que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) comandado por Alckmin, poderá ser colocado sobre a mesa de negociações, com o vice de Lula podendo passar a comandar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Lula, por sua vez, já anunciou que só retomará a reforma ministerial depois de que voltar de Johannesburgo, capital da África do Sul, onde a partir desta terça-feira participa da reunião do Brics.

O presidente em exercício também falou, durante o evento em Mauá, que as perspectivas para a economia são boas porque a taxa básica de juro, a Selic, já caiu e os sinais são de continuidade de redução. Para ele, a reforma tributária vai desonerar completamente as exportações.

"Temos um sistema tributário muito ruim para o crescimento e para o desenvolvimento. Mas a reforma deve ser aprovada no Senado e deverá trazer desoneração completa às exportações e isso é muito bom", disse Alckmin, acrescentando que com o juro caindo, com câmbio competitivo e a reforma, a economia voltará a crescer.

*Com Guilherme Gusmão

A eminente reforma ministerial no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem gerado expectativas, articulações e reações de bastidores. Um dos partidos que deve passar a integrar a gestão petista é o Republicanos, que se divide entre a afeição a Lula – com a visibilidade de comandar um ministério - e a fidelidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Da ala mais petista, o nome do Republicanos já certo para ingressar no primeiro escalão é o do deputado federal pernambucano, Silvio Costa Filho.

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Divulgação/Assessoria de Imprensa

Silvinho, como é conhecido por ter o mesmo nome do pai e ex-deputado federal Silvio Costa – inclusive, um ferrenho defensor de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, já foi até anunciado pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, como futuro colega de governo, mas tem se mantido em silêncio ao ser questionado sobre as articulações para a concretização da aliança.

Uma fonte republicana ouvida pelo LeiaJá, porém, confirmou o andamento das conversas e ponderou que Lula e o deputado federal e presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, vão alinhar os detalhes do acordo. Do lado do partido do Centrão, um dos planos de fundo para a discussão está a pretensão de Pereira de concorrer ao comando da Câmara dos Deputados.

No Republicanos, informações de bastidores dão conta de um consenso diante do nome de Silvinho e uma soma de cerca de 30 votos já favoráveis ao governo Lula, de uma bancada de 41 deputados federais. O desafio, porém, é “desenhar a engenharia”, como já chegou a declarar o líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

Essa engenharia diz respeito também a qual ministério será ocupado por Silvio Filho. Nas conversas internas no Republicanos, o que está “mais engatilhado” é o de Esportes, hoje comandado pela campeã olímpica Ana Moser. Também estão na lista as pastas de Ciência e Tecnologia, comandada pela pernambucana Luciana Santos (PCdoB), e dos Portos, de Márcio França (PSB).

Governabilidade

Segundo o cientista político Rodolfo Marques, a principal contribuição que a sigla pode trazer para o governo Lula é “uma base parlamentar nas votações do Congresso”, algo que já é mencionando nos bastidores políticos quando o assunto é governabilidade.

“Lembrando que o Centrão é a principal força. O grupo liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, tem que dar as cartas, principalmente na questão da formação de maioria. O governo não tem maioria, a partir dos partidos que estão lá no seu apoio. A oposição também não tem maioria, no caso, os partidos mais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro”, afirma.

O especialista aponta que o partido “não vai fechar posição com o governo”, principalmente por ser um partido que tem vários integrantes ligados à oposição. No entanto, mesmo com as adversidades, esse cenário irá ampliar potencialmente a base parlamentar da atual gestão que terá um membro do Republicanos ocupando mais espaço nas Esplanada dos Ministérios.

“Eu acredito que o partido fica no meio do caminho, haverá parlamentares que ganharão com essa adesão ao Governo e outros que perderão espaço em seu discurso de oposição. Depende muito do prisma e da maneira como essas relações serão estabelecidas”, pontuou o cientista político Rodolfo Marques, ao considerar o Republicanos como um partido heterogêneo.

Ricardo Stuckert/PR

Resistências

O tensionamento maior é com a ala bolsonarista do partido e diante das pautas de costume, já que o Republicanos é uma legenda majoritariamente conservadora. Na semana passada, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já se colocou contrário à aliança – apesar de tentar manter uma relação saudável com o governo Lula.

Freitas chegou a cogitar um desembarque do partido caso seja oficializado o ingresso na gestão petista e foi direto ao confirmar a contrariedade. “Sou contra. Não gostaria de ver o meu partido fazendo parte da base do governo", disparou durante evento em São Paulo, nessa quinta-feira (10).

Outra protagonista que pode ser um empecilho nesta articulação é a senadora Damares Alves, ex-ministra de Bolsonaro e amiga de Michelle. Contudo, a fonte ouvida pelo LeiaJá, apontou que a bolsonarista não tem demonstrado que criará dificuldades. Recentemente à coluna Painel, da Folha de São Paulo, a senadora disse que o “partido tem postura equilibrada e serena, não de gritar e berrar. Não mudaremos essa atitude mesmo se o Silvinho for para o governo”.

Marcos Corrêa/PR

Já diante da visão dos Bolsonaro, o Republicanos já tem ganho outro aspecto. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse considerar a legenda de esquerda.

"Eu avalio hoje que o Republicanos é um partido de esquerda", afirmou o filho 03 do ex-mandatário no fim da semana passada, pontuando que a sigla se alinha a um governo que coloca "adiante todo tipo de pauta que é contrária aos ensinamentos bíblicos".

"Não dá mais para dizer que o Republicanos é um partido que se atenta com relação a essas pautas que eu acredito ser o desejo dos cristãos", ponderou. O Republicanos é ligado à igreja Universal do Reino de Deus.

Mesmo com essas declarações feitas por esses parlamentares, o cientista político Rodolfo Marques acredita que o movimento contrário a adesão e a participação de bolsonaristas na sigla não atrapalharão os planos do Planalto “porque Lula tem conseguido conduzir o governo a partir dos seus interesses”, e a partir das suas perspectivas de gestão.

“Claro que fazem aquele enxame, fazem aquela brigalhada, muitas vezes voltada para as mídias e para as redes sociais, como o senador Marcos Duval que agora está afastado, o Nikolas Ferreira, que foi o deputado mais votado ali do PL de Minas Gerais. Então eles denotam um despreparo muito grande, mas considerando a participação do governo, no caso, aqueles parlamentares ligados ao Bolsonaro ou políticos ligados ao Bolsonaro que estão no governo, não acredito que vão atrapalhar o Planalto”, disse o especialista.

 

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, negou ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a reforma ministerial.

"Eu não tive com o presidente nenhuma conversa a esse respeito (reforma ministerial). A última conversa que tivemos no começo da semana foi sobre a indústria da Defesa, com a presença do ministro da Defesa, José Mucio. Mas vamos conversar. Cargo de ministro é de confiança do Presidente da República. A minha disposição é ajudar, é servir, ajudar o Brasil e colaborar com o governo do presidente Lula", disse neste domingo (6) após reunião em Taubaté, no interior paulista.

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O governo está promovendo uma minirreforma ministerial para acomodar aliados do Centrão. Dois novos ministros já foram anunciados - os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) -, mas ainda não há definição de quais pastas eles comandarão.

Houve especulações de que o ministério comandado por Alckmin poderia entrar no tabuleiro das trocas, com o vice-presidente assumindo a função de gerenciar o novo PAC, o que foi negado por ele. Ele também negou qualquer insatisfação com Celso Sabino, que assumiu o ministério do Turismo na última semana, substituindo Daniela Carneiro, na primeira mudança da reforma ministerial.

"Não existe, eu não conversei nada disso com o presidente (sobre o PAC). O ministério é cargo do presidente da República e minha disposição é ajudar, colaborar. Ouvi na imprensa que teria tido conversa, mas não teve nenhuma, e que eu não teria ido na posse do ministro do turismo porque não estava contente. Mas não, é porque eu gosto de medicina e não me afastei até hoje. Teve um congresso de medicina em São Paulo e eu tinha me comprometido no início do ano de fazer a aula magna", justificou.

A Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República arquivou nesta segunda-feira, 31, a apuração feita sobre o uso de aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), para ir a São Paulo e participar de leilões de cavalos de raça. O caso foi revelado pelo Estadão, em uma série de reportagens que mostrou o mau uso de dinheiro público pelo chefe da pasta do governo Lula.

Juscelino viajou para São Paulo numa quinta-feira, dia 26 de janeiro. Ele participou de três curtas agendas no Estado e, a partir do meio dia de sexta-feira, 27, se dedicou a compromissos totalmente privados: assessorou compradores de cavalos, promoveu um dos animais dele, recebeu prêmio em um "Oscar" de vaqueiros e inaugurou praça em homenagem a um cavalo do sócio. Ele voltou à capital federal apenas na segunda-feira, dia 30, mais uma vez nas asas da FAB. O voo custou mais de R$ 130 mil aos cofres públicos, como mostrou o Estadão.

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Para a Comissão de Ética Pública, Juscelino não usou o avião da maneira indevida. O processo foi arquivado por unanimidade.

Documentos do Ministério da Defesa revelam, por outro lado, que o ministro das Comunicações mentiu para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que pegou uma carona na volta da viagem a São Paulo com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT). O presidente ameaçou o ministro de demissão caso não conseguisse se explicar. Os dados oficiais mostram que Juscelino solicitou o voo de volta de São Paulo para Brasília alegando "viagem a serviço", ao contrário do que informou ao chefe.

Apesar da decisão desta segunda, Juscelino Filho ainda não se safou da Comissão de Ética Pública. O colegiado ainda investiga a atuação do sogro do ministro das Comunicações no gabinete do genro em Brasília. Conforme revelou o Estadão, Fernando Fialho, pai da esposa de Juscelino, recebe empresários no Ministério das Comunicações até mesmo quando o genro está fora da capital federal. O sogro, contudo, opera irregularmente, uma vez que não está nomeado na pasta.

Aliados de Bolsonaro são investigados por caso das joias sauditas

Nesta segunda-feira, a Comissão de Ética também abriu um Processo de Apuração Ética (PAE) contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que estavam envolvidos no caso das joias sauditas, também revelado pelo Estadão. O governo passado tentou trazer ao Brasil, de forma ilegal, um conjunto de colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em mais de R$ 5 milhões.

Os alvos do processo são Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal; Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, ex-ministro de Minas e Energia; e Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe de gabinete adjunto de documentação histórica. Eles terão 10 dias para apresentar a defesa. O processo estará sob relatoria do presidente da Comissão, Edson Leonardo.

Em documento obtido pelo Estadão, o colegiado também determinou a remessa dos autos para o Comando do Exército, para que, se for o caso, abra uma investigação contra o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, que se envolveu na recuperação das joias trazidas ao Brasil. A Marinha e o Ministério de Minas e Energia também foram notificados, uma vez que o primeiro-sargento Jairo Moreira da Silva e os servidores José Roberto Bueno Júnior e Marcos André dos Santos Soeiro participaram do ato.

A ministra do Esporte, Ana Moser, disse nesta quinta-feira (27), em São Paulo, que não tem controle sobre uma possível saída do ministério. Segundo ela, a possibilidade é uma “questão externa”, que vai ser definida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.  “Externamente, não tenho nenhum controle sobre [o assunto]. E internamente, tenho que manter o nosso trabalho”, disse.

“Essa é uma questão externa, não tenho nenhum controle ou nada disso. Fui convidada pelo presidente Lula em dezembro [para ser ministra] e estou aqui. E, quando ele me desconvidar, eu saio”, acrescentou. 

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A ministra viajou recentemente para a Austrália e Nova Zelândia para acompanhar o início da Copa do Mundo Feminina de Futebol e para promover e costurar a candidatura do Brasil para sediar o evento em 2027.  Em entrevista, a ministra disse que seu foco no momento é a candidatura do Brasil para sediar a Copa do Mundo Feminina de Futebol e para entregar, nos próximos dias, a Estratégia Nacional para o Futebol Feminino.

  “[A Estratégia Nacional para o Futebol Feminino] é uma série de ações. São sete itens diferentes, com uma visão e diagnóstico do que é o contexto do futebol feminino no Brasil. E já dá para adiantar que os números são muito pequenos do que existe de ações, de times e de volume de futebol feminino no país”, adiantou.

Entre as ações que devem constar na estratégia, de acordo com a ministra, estão a construção de um calendário melhor e mais amplo, um número maior de investimento dos clubes para que haja mais atletas profissionais do que amadoras e o fomento para a construção de centros de formação e treinamento para mulheres.

Candidatura Sobre a Copa do Mundo de Futebol Feminino no Brasil, a ministra disse que a ideia é que ocorra em oito cidades sedes, ainda não definidas, aproveitando as estruturas que foram construídas para a Copa do Mundo de Futebol masculino, que ocorreu no país em 2014. 

“A candidatura brasileira é vista com muita simpatia. E como argumentos para justificar a candidatura, temos exatamente a questão que é a infraestrutura. O Brasil tem uma infraestrutura além do que é necessária para receber [o evento], que foi construída para a Copa de 2014 e vem sendo mantida e ampliada. Temos estádios, hotéis, aeroportos. E é uma vontade e intenção do governo brasileiro, até pela experiência, fazer eventos que sejam positivos em todos os sentidos, que não tenham grandes gastos, que aproveitem a estrutura que já tem e que tirem o proveito de toda essa experiência”. 

A definição sobre qual país abrigará a próxima Copa do Mundo acontecerá somente em maio do próximo ano pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). E, até dezembro deste ano, informou a ministra, o país deve entregar a sua proposta de candidatura. 

Edição: Fernando Fraga  Ana Moser Ministério do Esporte Futebol Feminino Share on WhatsApp Share on Facebook Share on Twitter Share on Linkedin DÊ SUA OPINIÃO SOBRE A QUALIDADE DO CONTEÚDO QUE VOCÊ ACESSOU. Escolha sua manifestação em apenas um clique. 

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciará nesta semana medidas na área de segurança pública, antecipou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, em postagem nas redes sociais neste domingo (16).

Segundo ele, Lula irá "anunciar e concretizar" a ampliação de estruturas contra organizações criminosas, mais operações policiais integradas com os Estados, ampliação da presença da Segurança na Amazônia e nas fronteiras, além da liberação de recursos para Estados e municípios, "entre outras medidas".

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Dino ainda citou o "controle responsável sobre armas". A revisão de normas nesse segmento é uma promessa do governo Lula 3, que, nos primeiros seis meses de administração, já reviu alguns atos editados durante a gestão de Jair Bolsonaro.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários deixaram o Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta sexta-feira, 7. O encontro foi um gesto de agradecimento do chefe do Executivo aos congressistas, após a aprovação da reforma tributária na Casa.

Esta é a primeira vez que Lula se reúne com líderes e parlamentares da Câmara. Até então, o chefe do Executivo vinha resistindo a participar ativamente da articulação política. Após o Centrão ameaçar derrubar a estrutura ministerial do governo na votação da medida provisória da Esplanada, no final de maio, Lula tentou marcar um encontro para apaziguar a relação

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Os líderes, no entanto, resistiram a "posar para foto" com o presidente naquele momento, quando havia grande insatisfação. Eles se queixavam da demora na liberação de cargos e emendas, além do tratamento dado por ministros aos parlamentares. A tese na ocasião era de que se reunir com Lula seria dar uma sinalização de "apaziguamento", sem terem seus pleitos atendidos.

Em 28 de junho, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que Lula havia pedido reuniões semanais ou a cada 15 dias com os líderes partidários da Câmara. Ao fazer um balanço de sua atuação no cargo durante os seis primeiros meses do governo, nesta o deputado reconheceu que o impasse na votação da MP dos Ministérios foi grave. "Parecia que o teto do plenário Ulysses Guimarães ia cair na nossa cabeça", brincou, na ocasião.

O encontro de hoje não constava na agenda do presidente. Além de líderes partidários, também participaram personagens que foram importantes para a aprovação da reforma tributária, como o relator do texto, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que participou do Grupo de Trabalho que se dedicou a debater a proposta na Câmara nos últimos meses. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o titular da pasta das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também estiveram presentes.

Na noite de quinta-feira, 6, a Câmara aprovou a reforma tributária em dois turnos. No primeiro turno foram 382 votos a favor, 118 contra e três abstenções. Já no segundo, foram 375 votos a favor, 113 contra e 3 abstenções. Era necessário o apoio de no mínimo 308 deputados, nos dois turnos. O texto aprovado na Câmara cria o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que substituirá o ICMS estadual e o ISS municipal, e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que ficará no lugar de tributos federais, como o PIS e a Cofins.

Nesta tarde, a Câmara também deu uma outra vitória ao governo e aprovou o projeto de lei que retoma o chamado "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A matéria, que é um dos trunfos da equipe econômica para aumentar a arrecadação e cumprir as metas de resultado primário do arcabouço fiscal, virou barganha política nos últimos dias.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse que a análise das alterações do Senado no projeto que estabelece o novo arcabouço fiscal do país deve ficar para agosto. Lira disse que haverá mínimas alterações do texto aprovado pela Câmara, mas o relatório ainda precisa ser disponibilizado aos líderes. 

Assista à sessão ao vivo  Neste momento, a Câmara vota a proposta que retoma o voto de qualidade do Carf. Para ele, a aprovação do texto dará conforto e previsibilidade para o País começar a discutir, a partir da próxima reunião do Copom, em agosto, a queda dos juros. 

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Sobre a reforma tributária, Lira reforçou que a proposta é uma pauta de País e não partidarizada ou de governo ou oposição. Na avaliação de Lira, a reforma vai garantir segurança jurídica para atrair mais investimentos externos e internos. 

Lira afirmou ainda que o Senado terá tempo para analisar a proposta, mas defendeu que a reforma seja promulgada pelo Congresso até o dia 31 de dezembro, mesmo se houver modificações pelos senadores e o texto retornar à Câmara.

*Da Agência Câmara de Notícias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta segunda-feira (3), o projeto de lei que torna obrigatória a igualdade salarial entre homens e mulheres quando exercerem trabalho equivalente ou a mesma função. O PL 1.085/2023 foi aprovado no mês passado pelo Congresso Nacional e agora deverá ser regulamentado por decreto. 

O projeto, que agora foi transformado em lei, é de autoria do Executivo, e prevê aplicação de multa ao empregador que descumprir a igualdade salarial para mesmas funções e competências profissionais. A multa será equivalente a dez vezes o valor do novo salário devido. Em caso de reincidência, o valor será dobrado. Atualmente, pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), é prevista multa de um salário mínimo regional. 

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"Nesse governo, o empresário que não cumpra [a equivalência salarial], vai ter que enfrentar a legislação brasileira, a lei", afirmou Lula durante cerimônia de sanção, ocorrida na Base Aérea de Brasília.

  Mesmo com pagamento da multa, a pessoa discriminada pode ingressar com pedido de indenização por danos morais. Para dar eficácia à nova lei, o governo federal instituiu canais de denúncia sobre o descumprimento da igualdade salarial por parte de empresas e entidades em geral.

As pessoas podem encaminhar os casos por meio de um portal do Ministério do Trabalho ou pelo telefone: Disque 100, Disque 180 ou Disque 158.

Desigualdade estrutural

No Brasil, uma mulher ganha, em média, 78% dos rendimentos de um homem, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No caso de mulheres pretas ou pardas, o percentual cai para menos da metade (46%) dos salários dos homens brancos. 

"Nós, mulheres, aguardamos por esse dia há pelo menos 80 anos. A obrigatoriedade do salário igual para trabalho igual entre mulheres e homens existe desde 1943 no Brasil, com a implementação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Desde então, houve pouquíssimo avanço nesse sentido", afirmou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. 

De acordo com o Palácio do Planalto, não houve vetos ao projeto de lei aprovado pelo Legislativo. Na tramitação no Congresso, os parlamentares fizeram algumas mudanças no texto original. Entre elas, a empresa fica dispensada da exigência de igualdade salarial quando adotar a previsão por meio de negociação coletiva, plano de cargos e salários, regra não estabelecida pela CLT. Pelo projeto, as empresas deverão apresentar relatórios para que fiscais possam comparar os valores pagos a homens e mulheres. 

Outras medidas previstas são a disponibilização de canais específicos para denúncias; promoção e implementação de programas de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho por meio da capacitação de gestores, lideranças e empregados e empregadas sobre a temática da equidade de gênero no mercado de trabalho, com aferição de resultados; e fomento à capacitação e formação de mulheres para ingresso, permanência e ascensão no mercado de trabalho em igualdade de condições com os homens. 

Outras medidas Durante a mesma cerimônia, o presidente Lula também sancionou a lei que garante, no programa Bolsa Atleta, a manutenção do pagamento da bolsa à atleta gestante ou puérpera. 

Outra medida sancionada pelo presidente foi a mudança da Lei 8.906/94, o Estatuto da Advocacia, para incluir o assédio moral, o assédio sexual e a discriminação entre as infrações ético-disciplinares no âmbito da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Parlamentares governistas e da oposição apontaram incoerências na versão apresentada pelo coronel do Exército Jean Lawand Junior sobre mensagens trocadas em dezembro passado com o ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid. Em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, Lawand disse que os diálogos não foram um estímulo a um golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Diante disso, a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que a linha de defesa de Lawand "tratou os parlamentares como crianças", e chegou a propor que o coronel falasse reservadamente aos integrantes da CPMI. Ele negou, mas passou a requerer mais vezes o direito de permanecer calado. 

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Para o deputado Duarte (PSB-MA), um dos autores do requerimento de convocação do coronel, o depoente mentiu à comissão parlamentar mista de inquérito. Amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), Jean Lawand Junior não respondeu a questionamentos do parlamentar sobre um diálogo com Mauro Cid. Na ocasião, o coronel se disse decepcionado com então presidente Jair Bolsonaro.

"Soube agora que não vai sair nada. Decepção, irmão. Entregamos o país aos bandidos", escreveu Lawand em 21 de dezembro de 2022. 

— Seu silêncio é covarde. O senhor está protegendo os 'tubarões'. O senhor é um coronel. Não tenha medo. Inocentes podem estar respondendo por algo que foi o alto escalão. Aqueles que estavam buscando atentar contra a democracia e tentar trazer a ditadura de volta. Eu não esperava isso de um coronel do Exército Brasileiro — afirmou Duarte. 

O depoente também ficou calado ante perguntas dos senadores Soraya Thronicke (União-MS) e Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). A parlamentar sul-mato-grossense questionou o militar sobre uma mensagem em que Jean Lawand Junior escreve para Mauro Cid: "Convence ele (Jair Bolsonaro) a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder". 

— O senhor disse que ficou decepcionado. Com quem? Vocês usaram o povo brasileiro, e é bom que o povo brasileiro acorde e pare de idolatrar ídolos. Pois serão abandonados igual ao senhor — afirmou Soraya Thronicke. 

Ao senador Veneziano Vita do Rêgo, o militar recusou-se a responder se o então presidente Jair Bolsonaro desejava promover um golpe de Estado. 

— O senhor Jean Lawand Junior não está deixando de produzir provas contra si. Ele está mentindo. Ele não deixou senão de mentir. O senhor vai sair daqui livremente, mas de uma forma vexaminosa para todos. Uma pessoa que vergonhosamente se acovardou de dizer o que estava pensando, o que estava urdindo. Essa é uma defesa insustentável de se fazer — afirmou. 

"Tresloucada tentativa"

Parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro também questionaram o depoimento de Jean Lawand Junior. Para o deputado Aluísio Mendes (Republicanos-MA), as mensagens trocadas com o ajudante de ordens demonstram uma "tresloucada tentativa" do coronel, que não teria contado com o aval do ex-presidente da República. 

— Por mais que eu queira acreditar na sua versão das mensagens, é muito difícil. O senhor enterrou sua carreira militar. Suas mensagens são de uma irresponsabilidade muito grande. Fica claro que sua tentativa não teve eco, nem aceitação do presidente Bolsonaro. Em nenhum momento se identifica qualquer sinalização dele com o desejo do senhor de que as Forças Armadas agissem contra o resultado as eleições — disse Aluísio Mendes. 

O senador Marcos Rogério (PL-RO) reforçou o argumento. Sem fazer perguntas a Jean Lawand Junior, o parlamentar afirmou que a versão do coronel "não para de pé". 

— Não sei quem lhe orientou, mas o senhor não convence ninguém. O senhor apequena sua história, atrofia o sucesso da sua carreira e tenta impor uma narrativa que não para de pé ao menor esforço. Não há e não houve nenhuma trama golpista. Temos que separar o joio do trigo: quem cometeu crime e quem não cometeu. Mais inteligente seria ter usado o direito de permanecer em silêncio ou ter a grandeza de dizer que errou — afirmou. 

O senador Sérgio Moro (União-PR) disse que as mensagens enviadas a Mauro Cid por Jean Lawand Junior são "lamentáveis e reprováveis". Mas avaliou que os diálogos não seriam suficientes para configurar uma tentativa de golpe. 

— Também não estou convencido de suas explicações sobre as mensagens. Mas minha questão é se podemos relacionar essas mensagens a condutas, como a tentativa de atentado a bomba, a invasão ao prédio da Polícia Federal e os atos de 8 de janeiro — disse Moro. 

"Estratégia suicida"

Relatora da CPMI, Eliziane Gama classificou de "suicida" a estratégia de defesa adotada pelo coronel Jean Lawand Junior. Ela propôs ao depoente a realização de uma reunião secreta, com a presença apenas de senadores e deputados. 

— Sua estratégia de defesa, não é exagero dizer, é uma estratégia suicida. Nem a base de sustentação do governo nem a base que dá apoio ao ex-presidente Bolsonaro recebeu suas informações como verdadeiras. A gente percebe que o senhor está sozinho neste embate, nesta caminhada. O senhor aceita ter uma conversa reservada e dar uma contribuição melhor aos trabalhos desta comissão? — questionou a senadora. 

O militar rejeitou a oferta.

*Da Agência Senado

O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (21) o texto principal do novo marco de regras fiscais para o governo federal (PLP 93/2023). Foram 57 votos a favor e 17 contrários ao texto-base. Os senadores votam agora os destaques ao texto. Depois do resultado final, o projeto volta para a Câmara dos Deputados para análise das mudanças que foram feitas pelo Senado. 

O relator do arcabouço fiscal, senador Omar Aziz (PSD-AM), retirou três conjuntos de despesas das regras de limitação ao crescimento dos gastos:  A complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) O Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) Investimentos nas áreas de ciência, tecnologia e inovação Além disso, Omar aceitou uma emenda proposta pelo líder do governo, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), durante a votação no Plenário. A emenda permite que o governo use uma estimativa de inflação anual para ampliar o seu limite de gastos ainda na fase de elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). 

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O arcabouço fiscal fixa limites para o crescimento anual da despesa primária, segundo a combinação de dois critérios: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e um percentual sobre o crescimento da receita primária. Os parâmetros levam em conta a meta de resultado primário de dois anos antes. Entre 2024 e 2027, os gastos podem crescer até os seguintes limites:  70% da variação real da receita, caso a meta de dois anos antes tenha sido cumprida; ou 50% da variação real da receita, caso a meta de dois anos antes não tenha sido alcançada.

O texto prevê faixas de tolerância para a definição do resultado primário e assegura um crescimento mínimo para o limite de despesa: 0,6% ao ano. O projeto também fixa teto de 2,5% ao ano para a evolução dos gastos públicos federais, que vale mesmo que a aplicação dos 70% da variação da receita resulte em valor maior. 

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 *Da Agência Senado

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