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A novela "A Dona do Pedaço" vem chamando a atenção dos telespectadores quando Britney, interpretada pela atriz transexual Glamour Garcia, surge nas cenas. Escrito por Walcyr Carrasco, o folhetim das nove aborda a história da personagem que surpreende a família ao chegar de viagem com aparência feminina após ter sido criado como Rarisson.

Assim como na ficção, o Brasil passou a conhecer na década de 1980 a modelo trans Roberta Close. Enfrentando o preconceito da sociedade, Roberta assumiu sua nova identidade ainda na adolescência e foi a primeira mulher transgênero a estampar a revista "Playboy".

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Dando voz ao movimento LGBT, alguns famosos travaram batalhas em busca do respeito e igualdade para viverem suas escolhas. O LeiaJá vasculhou o mundo do entretenimento e relembra os artistas que passaram pela transição de gênero.

Thammy Miranda

No começo dos anos 2000, a notícia da homossexualidade de Thammy Miranda caiu como uma bomba na vida da Gretchen. A decisão não foi fácil, mas Thammy não aguentou mais ter que esconder os seus sentimentos. A aceitação de Gretchen aconteceu e Thammy passou a viver aos poucos sua transição. Em 2014, Thammy Miranda passou a ser tratado como homem trans. No último final de semana, ele anunciou que a esposa Andressa Ferreira está grávida do primeiro filho do casal.

 

Mandy Candy

Sucesso no mundo da internet, Amanda Guimarães, mais conhecida como Mandy Candy, não se sentia confortável vivendo como um garoto. Há mais de cinco anos, Mandy decidiu fazer uma escolha que iria lhe fazer feliz para sempre: se submeter à cirurgia de mudança de sexo. A gaúcha foi até a Tailândia para realizar o sonho de ser transformada definitivamente em mulher. Na época, Mandy chegou a pensar que se acontecesse algo de errado no procedimento cirúrgico ela morreria feliz. Depois de ter morado na Coreia do Sul, Mandy Candy está de volta ao Brasil. Atualmente, ela está namorando.

Caitlyn Jenner

O reality norte-americano "Keeping Up With The Kardashians" estreou em 2007, mostrando o dia a dia da família de Kim Kardashian. Apesar da fama instantânea, o clã de Kim sofreu com a decisão de Bruce ao querer ser uma mulher transgênero. Causando desconforto para a ex-esposa, Kris, Bruce Jenner deixou de lado a sua história como homem e adotou o nome de Caitlyn. A aceitação no começo não foi fácil, mas as filhas Kendall e Kylie Jenner entenderam que o pai estava feliz com a sua nova condição de vida. Em 2015, a Vanity Fair apresentou para o mundo Caitlyn Jenner, deixando a identidade do ex-atleta olímpico no passado.

Tarso Brant

A escritora Glória Perez retratou na novela "A Força do Querer", em 2017, a história de Ivana. A personagem de Carol Duarte vivia conflitos com os familiares por não se aceitar mulher. Glória contou com a ajuda de Tarso Brant para contar o drama de Ivana, que no final da novela passou a se chamar Ivan. Nascido como Tereza, Tarso ficou conhecido por exibir nas redes sociais sua transição para o gênero masculino. "Sempre fui uma criança muito observadora e sabia que tinha um segredo que não podia contar para ninguém porque ninguém ia me entender", disse o ator, em entrevista à revista "Quem". Em 2015, Tarso Brant fez a cirurgia para a retirada dos seios.

Laverne Cox

A atriz Laverne Cox, conhecida por interpretar a detenta Sophia Burset na série "Orange Is The New Black", é símbolo da resistência trans. O sucesso conquistado nos últimos anos não foi fácil para Laverne. Aos 11 anos, quando ainda era um garoto, a atriz chegou a pensar em cometer suicídio por desenvolver sentimentos femininos. O papel na série da Netflix rendeu para Laverne Cox a indicação ao Emmy Awards, sendo assim a primeira transexual a concorrer na categoria de melhor atriz convidada numa série de comédia. 

*Foto: Reprodução/Instagram

Maquiada e com brincos, Tanwarin, uma deputada transexual da Tailândia, caminha pelos corredores do Parlamento vestida de mulher. Uma revolução neste reino com reputação de tolerante apesar de continuar havendo discriminação contra a comunidade LGTB.

Pela primeira vez no país, quatro transgêneros obtiveram assentos nas legislativas de março e estão autorizados a frequentar o parlamento de saia ou calça em função do sexo com o qual se identifiquem.

Na quarta-feira, votaram junto aos 745 parlamentares para eleger o futuro primeiro-ministro. Seu candidato, o líder do Future Forward, o partido opositor pelo qual se apresentaram nas eleições, perdeu nas urnas ante o chefe da junta militar, Prayut Chan-O-Cha.

Apesar disso, "não estou aqui como figurante, quero escrever uma nova página na história" da Tailândia, afirma Tanwarin Sukkhapisit, de 45 anos, símbolo de uma nova geração de políticos, alguns deles homossexuais, que saiu destas eleições.

"Quando cheguei vestida de mulher ao Parlamento, houve debate, em alguns casos virulentos, nas redes sociais. É o que quero porque quero ver emergir uma autêntica democracia em meu país", afirma.

'Trans, eu sou'

Tanwarin nasceu na província pobre de Issan e aos 17 anos começou a se vestir de mulher, mas não quer que a classifiquem em um sexo. "Não entro em nenhuma destas classificações. A sociedade não deveria nos impor um gênero", afirma a deputada, cineasta e atriz que está em cartaz com a obra teatral "Trans, I Am" (Trans, eu sou"). Mais tarde se interessou pela política.

Um de seus filmes sobre a comunidade LGTB, "Insects in the Backyard" (Insetos no pátio), exibido internacionalmente, foi censurado na Tailândia pela "ofensa à moral". Foi exibido após uma batalha jurídica de cinco anos e a supressão de uma cena de nu de três segundos.

"Entendi que não bastava fazer filmes. É preciso entrar na política para que as leis mudem", afirma.

Durante a campanha, foi muito criticada e é consciente de que tem um longo caminho pela frente.

Em relação a outros países, a Tailândia tem fama de ser tolerante com a diversidade sexual e os transgêneros aparecem em anúncios publicitários, filmes, capas de revistas de moda e em um concurso de beleza, Miss Tiffany, visto por milhões de telespectadores a cada ano.

Indústria do sexo

Uma integração aparente que oculta uma realidade mais sombria.

"Costumam ser vítimas de discriminação no trabalho, o que obriga muitos deles a se lançarem a profissões mal remuneradas", explica Kyle Knight, especialista da Human Rights Watch.

Muitos sofrem rejeição familiar e, segundo várias ONGs, trabalham na indústria do sexo, embora não haja estimativas oficiais.

Em alguns bairros de Bangcoc ou de Pattaya, estas dançarinas ou prostitutas trabalham em condições de exploração. E a sociedade tailandesa ainda usa o termo "katoey" (expressão para travesti) com um sentido pejorativo.

Muitos esperam que a entrada de Tanwarin e de suas três colegas no Parlamento represente uma mudança.

"É uma primeira etapa, não só para a comunidade LGTB, mas para os direitos humanos em geral", afirma Pauline Ngarmpring, primeiro transgênero a ser candidato ao cargo de primeiro-ministro nas últimas eleições legislativas.

Pauline se chamava Pinit. É pai de dois filhos e ficou conhecido ao criar uma associação de torcedores de futebol influente no reino.

"Houve progressos", afirma. "Há transgêneros trabalhando como médicos, empresários ou professores, mas ainda poucos", aponta.

No parlamento, Tanwarin quer travar vários combates.

A junta aprovou um texto que, se for adotado, transformará a Tailândia no segundo país asiático depois de Taiwan a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. A deputada não está de acordo porque o texto omite o direito de adoção.

Também quer permitir a mudança de gênero nos documentos oficiais e melhorar a educação nos colégios.

 O ‘Leia para uma criança’, do Itaú Unibanco, lançou neste mês a coleção digital “Garotas Incríveis”. O projeto conta com três livros em formato kidsbook e tratam da igualdade de gêneros. As obras, que podem ser lidas gratuitamente, foram escritas por mulheres e trazem protagonistas femininas.

O primeiro livro é ‘Meu Amigo Robô’, que conta a história de uma menina que sonha em ter um amigo de lata e pede para que um “faz tudo” o construa. Já em ‘Malala, a menina que queria ir para a escola’, os pequenos poderão conhecer a história da ativista paquistanesa Malala Yousafzai. A pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Por último, o terceiro livro é ‘As Bonecas da Vó Maria’ e foi inspirado na história de três empreendedoras de sucesso.

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Os livros contam com recursos audiovisuais e podem ser lidos por meio de aplicativo e nas redes sociais. ‘Meu Amigo Robô’ já está disponível para download no site. Os outros títulos serão disponibilizado em breve.

Entre 600 profissões de diversos níveis de formação, 90 pagam melhor para mulheres. Nesses casos, elas ganham pelo menos 5% a mais que os homens. Essas ocupações se concentram nas áreas de educação e saúde. Já os salários oferecidos aos homens são pelo menos 5% maiores em 357 ocupações. Outras 153 profissões têm diferenças salariais inferiores a 5%, o que, segundo o estudo, pode ser considerada igualdade salarial.

A avaliação foi feita pelo site Quero Bolsa, plataforma online em que estudantes podem obter descontos de instituições de ensino, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) 2018.   “A finalidade do nosso estudo é trazer para o estudante uma informação mais precisa de quanto a carreira para a qual ele está se preparando paga no mercado”, diz o gerente de relações institucionais do Quero Bolsa, Rui Gonçalves.

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A maior diferença em favor das mulheres é na ocupação diretor de instituição educacional pública, que paga, em média, 68,97% a mais para elas. Já aquela que paga mais para os homens é diretor de redação de jornal. A diferença em favor deles chega a 182,58%.

Ensino superior

De acordo com o levantamento, os homens chegam a ganhar, em média, 45% a mais que as mulheres no Brasil. O dado se refere àqueles que têm ensino superior completo. Nesse grupo, em média, os homens ganham R$ 3.756,84 e, as mulheres, R$ 2.592,65, por mês.

Entre aqueles que têm apenas o ensino médio completo, a diferença da média salarial entre homens e mulheres é menor, mas os homens continuam ganhando mais, 10,89%. Nesses postos, os homens ganham, em média, R$ 1.570,89 e as mulheres, R$ 1.416,60.

“Se disponibilizamos isso, a gente acredita que as pessoas passam a ter noção das diferenças salariais entre homens e mulheres e podem tomar uma atitude para combater esse tipo de prática”, argumentou Gonçalves.

Na internet, na página do Quero Bolsa é possível consultar os salários médios de cada profissão por estado.

Mais conhecida por ser a mãe dos tenistas Andy e Jamie Murray, a escocesa Judy Murray vem se tornando forte voz em busca da igualdade na modalidade. A ex-capitã da Grã-Bretanha na Fed Cup acredita que o tênis já tem boas conquistas no quesito, mas ainda precisa superar um domínio histórico dos homens no esporte.

"O tênis é um esporte mais favorável que os outros neste assunto porque há uma relativa igualdade em termos de premiação e visibilidade. Mas ainda há maior domínio masculino", disse a ex-tenista em entrevista ao Estado. "O atual presidente da WTA (Associação de Tênis Feminino) é um homem. O mesmo acontece com a ATP, ITF e a Comissão dos Grand Slams. Os homens vão sempre pensar primeiro neles."

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Para Judy, já reconhecida pela família real britânica pelos serviços prestados ao tênis e à busca da igualdade, é necessário criar mais oportunidades para as mulheres na modalidade "para que elas possam se desenvolver no tênis, para haver melhor distribuição das atividades e maior equilíbrio entre homens e mulheres. Os esportes sempre foram dominados pelos homens ao longo da história."

Para tanto, ela cobra uma maior atuação dos principais tenistas do circuito. "Precisamos que mais jogadores de nível Top usem suas vozes e suas carreiras para pedir maior igualdade e causar mudanças", afirmou a mãe de Andy Murray, orgulhosa da atuação do filho a favor das mulheres. "Quando ele fala alguma coisa em defesa das mulheres, tem mais impacto do que quando uma mulher fala. Só por aí já dá para ver o desequilíbrio das coisas", disse a escocesa.

Judy esteve no Brasil nesta semana para orientar técnicos e professores de tênis do País, a convite da Liga Tênis 10, circuito de eventos para crianças de 5 a 10 anos realizados no Rio. Por telefone, conversou com o Estado e, além de defender maior igualdade entre os sexos no esporte, comentou sobre o futuro de Andy, que pretende se aposentar após Wimbledon.

Ela acredita que ainda há chance de o bicampeão olímpico seguir competindo, após nova cirurgia no quadril, no fim do mês passado. "Tem o caso do Bob Bryan, que fez a mesma cirurgia em agosto e conseguiu voltar a jogar em janeiro, no Aberto da Austrália. Mas é claro que é diferente jogar duplas, não é tão exigente fisicamente. Vamos ter de esperar para ver o que acontece. Ninguém sabe o que vai acontecer", comentou.

Judy garante, contudo, que o maior objetivo de Andy é se livrar totalmente das dores. "Ele ainda é jovem, tem toda a vida pela frente. Já tem algum tempo em que vive com dor e ele tem dois filhos pequenos, a esposa, uma família adorável. Para ele, a qualidade de vida após a aposentadoria no tênis é muito importante", explicou.

Caso a nova operação não traga resultado, Judy revela as opções de Andy para o futuro. "Ele criou uma agência de marketing esportivo e atua como mentor de jovens tenistas. Poderá ser muito útil fora de quadra", disse, antes de revelar os interesses econômicos do filho: "Ele também tem um hotel, na Escócia. Está interessado em comprar algumas propriedades. E quer ajudar pessoas que estão tentando abrir seus próprios negócios."

ELOGIOS À BIA HADDAD - Questionada sobre os melhores da atualidade, Judy citou espontaneamente a número 1 do Brasil. Para aquela que treinou Andy e Jamie, que somam juntos nove títulos de Grand Slam, Beatriz Haddad Maia é "muito talentosa". "Eu assisti a ela jogando no Aberto da Austrália. Fiquei muito impressionada. Ela tem muito potencial para fazer sucesso no circuito", disse a escocesa.

Judy aponta a norte-americana Serena Williams e o sérvio Novak Djokovic como os melhores da atualidade. Mas admite que o suíço Roger Federer é o mais talentoso de sua geração, à frente inclusive do seu filho Andy Murray. "É o jeito como ele joga em quadra, seus movimentos... mas é difícil falar em melhor da história, porque não dá para comparar as diferentes gerações", ressalta.

Se Federer, Djokovic, o espanhol Rafael Nadal e o próprio Andy dominaram as principais competições nos últimos anos, Judy acredita que a ausência de um Big 4 no tênis feminino pode ter sido positivo para o desenvolvimento da modalidade.

"Acho que no tênis feminino temos muitas atletas com potencial para vencer Grand Slam. Antes do Aberto da Austrália, tivemos oito diferentes campeãs nos Grand Slams. No masculino, o número é bem menor. Eu gosto da ideia de que nunca sabemos quem vai vencer um Grand Slam no feminino", afirmou.

No Dia da Consciência Negra, comemorado nesta terça-feira (20), a deputada federal eleita Marília Arraes (PT) ressaltou que é preciso falar sobre "resistência e luta". Mais uma vez, por meio das redes sociais, a petista exaltou os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. “A luta pela igualdade racial no Brasil deu um salto significativo durante os governos de Lula e Dilma Rousseff”, garantiu. 

“As políticas afirmativas começaram a ser implantadas logo no começo do Governo Lula, com a sanção da Lei nº 10.639, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afrobrasileiras nas escolas de todo o país”, justificou. 

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Marília também falou que a perspectiva, no entanto, é de retrocessos no governo Bolsonaro. “É importante que façamos uma avaliação sobre os riscos que correm as conquistas alcançadas durante os governos do PT. Os retrocessos registrados na administração de Temer tendem a piorar com a posse de Jair Bolsonaro”, alertou. 

A neta do ex-governador Miguel Arraes disse que há um longo caminho a seguir. “ A população negra brasileira ainda tem muito menos oportunidades e sofre com o preconceito. Entre as mulheres, essa realidade é ainda mais dura: os salários são menores, o desemprego é maior. As diferenças são gigantes.  A perspectiva, infelizmente, é de retrocessos no governo Bolsonaro. A luta não pode parar”, enfatizou.

Nessa quarta-feira (31), o cantor Silva liberou o terceiro clipe do álbum "Brasileiro". O músico capixaba convidou o ator Ícaro Silva, vencedor da primeira temporada do "Show dos Famosos", quadro do "Domingão do Faustão", para participar do vídeo de "Duas da tarde".

Nas imagens, os dois contracenam em uma praia paradisíaca, com direito a casa no alto da montanha e cumplicidade nos olhares trocados enquanto se divertem no mar. A faixa faz parte do quinto disco de Silva. 

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Na noite dessa terça-feira (28), o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi entrevistado pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional. Respondendo a diversas perguntas sobre o plano de governo, Bolsonaro insinuou que Renata não recebe o mesmo salário que Bonner. A jornalista, visualmente incomodada com a declaração, quebrou o protocolo e não ficou calada.

"Eu poderia, até como cidadã e como qualquer cidadão brasileiro, fazer questões sobre os seus proventos. O senhor é um funcionário público, um deputado federal há 27 anos, e como contribuinte, ajudo a pagar o seu salário. O meu salário não diz respeito a ninguém, e eu posso garantir ao senhor que, como mulher, jamais eu aceitaria um salário menor que o de um homem que exercesse as mesmas funções e atribuições que eu", disse.

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A reação de Renata Vasconcellos movimentou as redes sociais. O LeiaJá listou algumas apresentadoras da TV brasileira que recebem menos que os próprios amigos, em diferentes emissoras, como Faustão, Luciano Huck, Ratinho e Rodrigo Faro.

Fátima Bernardes - R$ 2 milhões

A apresentadora Fátima Bernardes, que comemorou este ano os seis anos do programa "Encontro", domina a lista das profissionais do entretenimento na TV mais bem pagas. Juntando o salário com os ganhos da publicidade, Fátima recebe menos da metade que o colega Faustão ganha, apesar de trabalhar de segunda a sexta. Faustão, que só trabalha aos domingos, recebe cerca de R$ 4 milhões.

Ana Maria Braga - R$ 1,6 milhão

Pioneira em programas de comportamento, Ana Maria Braga, assim como Fátima, possui um renda mensal baseada nos cachês dos merchadisings e também com o que recebe da TV Globo. Comandando o "Mais Você" desde o final da década de 1990, Ana Maria tem um salário abaixo ao que é pago para Fausto Silva. Em comparação, a apresentadora recebe mais que Luciano Huck. Comandando o "Caldeirão" aos sábados, Luciano ganha aproximadamente R$ 1,2 milhão.

Xuxa e Sabrina - R$ 1 milhão 

As apresentadoras Xuxa Meneghel e Sabrina Sato fazem o maior sucesso na programação da Record. A emissora de Edir Macêdo também possui salário milionário, mas com diferença aos valores pagos aos homens e mulheres da concorrência. Xuxa e Sabrina recebem, cada uma, cerca de R$ 1 milhão, a mesma quantia direcionada para os colegas Gugu Liberato e Rodrigo Faro.

Eliana R$ 800 mil

Protagonizando bons resultados no ibope todos os domingos, às vezes vencendo "Hora do Faro", no mesmo horário, na Record, Eliana está abaixo das outras apresentadores no quesito salário. Apesar do programa agradar ao público, e também o próprio SBT, a loira recebe cerca de R$ 800 mil. Diferente de Eliana, Ratinho ganha aproximadamente R$ 2 milhões.

Fotos: Reprodução/Instagram 

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Salma Hayek reivindicou dos atores de Hollywood, neste domingo (13), que aceitem diminuir seus salários em prol da igualdade na profissão. A declaração foi dada durante o Festival de Cannes.

"Os produtores não são os únicos que devem agir para acabar com a brecha salarial. Os atores também", disse a atriz e produtora mexicana.

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"É hora de serem generosos com as atrizes", acrescentou no dia seguinte de participar de um protesto histórico junto com outras 82 mulheres da indústria do cinema que exigiram o fim da discriminação no tapete vermelho do evento.

"Se o orçamento de um filme é de 10 milhões de dólares, a estrela masculina deve entender que, se pede 9,7 milhões, será difícil obter igualdade salarial", afirmou.

Em seu primeiro Festival após o escândalo Weinstein, Hayek, que acusa o produtor americano de assédio sexual durante as gravações do filme "Frida", voltou a abordar o assunto.

Weinstein teria pedido em diversas ocasiões para tomar banho com a atriz, deixá-lo ter um contato sexual e se despir na frente dele junto com outra mulher. O produtor nega as acusações. Para Hayek, trata-se de uma "estratégia de advogados" para desacreditar "mulheres 'de cor' que o acusam", como a atriz Lupita Nyong'o ("Pantera Negra" e "12 anos de escravidão").

"Felizmente somos em número suficiente. Se não, ninguém acreditaria em nós", declarou a atriz.

A Apple revelou que paga às mulheres mais que aos homens, em média, por hora. A fabricante do iPhone divulgou em seu mais recente relatório que o salário médio para as suas funcionárias é 2% maior do que para os trabalhadores do sexo masculino em todos os seus três negócios.

"Sabemos que a força de nossa inovação depende de uma força de trabalho vibrante e diversificada", disse o vice-presidente de pessoal da Apple, Deirdre O'Brien. "Desde os nossos primórdios, acreditamos que a Apple deveria ser um reflexo do mundo à nossa volta", complementou.

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A empresa disse em comunicado ao governo que está se esforçando para aumentar a diversidade em sua força de trabalho, não apenas em termos de mulheres e homens, mas também para incluir outros grupos marginalizados.

"É por isso que estamos profundamente comprometidos em aumentar o número de mulheres, de todas as raças e etnias, que trabalham, crescem e prosperam na Apple em dezenas de áreas profissionais e em todos os níveis", diz a introdução ao relatório da empresa.

O problema é que as mulheres representam uma parcela menor da força de trabalho da Apple - cerca de 30%. E a empresa admite que há mais homens em cargos de liderança, que pagam mais.

É por isso que 92% dos funcionários masculinos da Apple recebem bônus, enquanto apenas 88% das mulheres têm o benefício. Mesmo assim, a empresa diz que alcançou a igualdade salarial, ou seja, aqueles que exercem o mesmo cargo na empresa, ganham o mesmo salário, independente do seu gênero.

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Da autorização para que as mulheres dirijam carros até a abertura de salas de cinema, nos últimos meses foi anunciada na Arábia Saudita uma série de reformas sociais e econômicas promovida pelo jovem príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman.

Em um reino ultraconservador regido por uma versão muito rigorosa do Islã sunita, as mulheres devem usar o véu integral em público e precisam da permissão de um tutor masculino (pai, marido, ou irmão) para viajar ou estudar.

'Visão 2030'

Em 25 de abril de 2016, o Conselho de Ministros aprova um vasto plano de reformas, chamado "Visão 2030", destinado a diversificar a economia saudita, muito dependente do petróleo. Devido à queda dos preços do petróleo em 2014, Riad teve que reduzir drasticamente o seu gasto público.

Iniciado por Mohammed bin Salman, de 32 anos, este plano prevê introduzir na Bolsa uma parte da gigante do petróleo Aramco. O príncipe revela igualmente uma série de megaprojetos destinados a estimular o crescimento e o emprego.

Turismo

Em 1º de agosto de 2017, Riad anuncia o lançamento de um projeto turístico que consiste em transformar cerca de 50 ilhas do Mar Vermelho em estações balneárias de luxo. Em outubro, a Arábia Saudita anuncia que começará a entregar vistos de turismo com o objetivo de fomentar as visitas.

Mulheres nos estádios

Em 23 de setembro de 2017, centenas de mulheres sauditas vão pela primeira vez a um estádio de Riad pela festa nacional. Depois as autoridades anunciam que as mulheres poderão assistir a eventos esportivos em três estádios a partir de 2018.

Em breve, o volante

Em 26 de setembro, o último país no mundo a proibir que mulheres dirijam anuncia que a partir de junho de 2018 elas poderão ficar atrás do volante.

Arábia 'tolerante'

Em 24 de outubro, Mohammed bin Salman promete uma Arábia Saudita "moderada" e "tolerante". "Não vamos passar outros 30 anos de nossas vidas nos acomodando com ideias extremistas. Vamos destruí-las agora", disse durante um fórum econômico.

Anuncia também a criação de uma gigantesca zona de desenvolvimento econômico (NEOM) na fronteira com Egito e Jordânia, com investimentos projetados de mais de 500 bilhões de dólares.

Expurgo sem precedentes

No início de novembro, mais de 200 personalidades, entre elas ministros, ex-ministros e homens de negócios, são detidas, e algumas presas em um palácio da capital. Este expurgo sem precedentes ocorre depois do estabelecimento de uma Comissão Anticorrupção presidida pelo próprio Mohammed bin Salman.

Em dezembro, o procurador-geral assinala que a maioria dessas personalidades aceitou um acordo financeiro em troca de sua libertação.

Entretenimento

A Autoridade Geral do Entretenimento quer fazer esquecer a reputação de reino inflexível, diante da reticência dos conservadores. Nos primeiros dias de dezembro, Riad recebe um festival de comediantes amadores, um show do compositor grego Yanni, acompanhado de cantoras femininas, e o primeiro show reservado às mulheres, com a cantora libanesa Hiba Tawaji.

Em fevereiro, o país havia organizado em Jidá (oeste) o seu primeiro festival de cultura pop, a Comic-Con.

Telona

Em 11 de dezembro, as autoridades anunciam a abertura de salas de cinema a partir do início de 2018. Em janeiro, o mufti da Arábia Saudita, a máxima autoridade religiosa do país, ficou indignado com a possível abertura de cinemas e com shows, criticando que seriam fontes de "depravação".

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) vai promover um concurso musical para estimular o debate sobre as questões de igualdade de gênero e dos direitos LGBT. Com o título de Vozes Pela Igualdade de Gênero, a disputa gira em torno da composição de uma letra que fale de tolerância, respeito e combata a discriminação e o preconceito relativos à orientação sexual.

Os estudantes de qualquer instituição pública de ensino, que cursem o ensino médio regular ou por meio de Educação de Jovens e Adultos (EJA), podem participar e a composição vencedora será gravada nos estúdios da produtora Midas Music, que pertence a Rick Bonadio. A música será escolhida por voto popular e, como etapa de preparação para a elaboração das letras, o MPSP vai disponibilizar aulas sobre o tema com promotoras de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) e do Núcleo de Gênero.

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Essa é a segunda edição do concurso, promovido em conjunto pela Secretaria de Educação e pelo MPSP, com o apoio do produtor Rick Bonadio. O regulamento completo pode ser conferido em http://www.mpsp.mp.br/portal/pls/portal/!PORTAL.wwpob_page.show?_docname=2616121.PDF .

O discurso de que a reforma da Previdência trata todos os trabalhadores de igual para igual foi colocado em xeque, segundo economistas, principalmente depois das últimas flexibilizações acordadas entre o governo e o relator, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). Uma série de categorias continuará a ser privilegiada com regras mais brandas, como políticos e servidores públicos.

Em diferentes ocasiões, o relator e representantes do governo têm destacado pontos que serão comuns à maioria dos brasileiros caso a proposta seja aprovada pelo Congresso, como a limitação do valor da aposentadoria ao teto do INSS (R$ 5.531,31). Mas outros aspectos da reforma não se aplicam de fato a todos.

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Um deles é a regra de transição. Embora a reforma preveja que os políticos seguirão as mesmas exigências de idade mínima de 65 anos e tempo mínimo de contribuição de 25 anos, isso só valerá para os novos eleitos. Para conduzir os que hoje exercem mandato ao novo modelo, o texto diz que os próprios políticos deverão propor e aprovar sua regra de transição, só que não há prazo para isso. Até lá, eles continuam com as regras atuais: 35 anos de contribuição e 60 anos de idade.

"O governo deixou muito solto. Ficou muito no simbólico, talvez mais para discurso do que uma coisa realmente estruturada", diz um economista na condição de anonimato. "O texto também é muito silente em relação a acúmulo de benefícios por políticos. Não vejo o texto sendo autoaplicável a eles, teria de ter alguma interpretação judicial."

Nos últimos dias, o relator também lançou a ideia de permitir que os políticos tenham um plano de previdência complementar, assim como os servidores. A iniciativa exigiria que a União pagasse contribuição igual à do beneficiário, de até 8,5% sobre a parcela do salário que está acima do teto do INSS. Hoje, nenhum funcionário que exerça cargo de confiança ou político pode aderir a fundo de previdência complementar patrocinado pelo governo.

Servidores

Após um lobby intenso de professores e policiais civis e federais, que hoje têm regras especiais de aposentadoria, o governo e o relator desistiram de igualá-los aos demais trabalhadores. Com isso, eles terão de cumprir idade mínima menor, de 60 anos. O argumento oficial é que outros países mantêm a diferenciação para essas profissões, mas a decisão implica retirar do texto a proibição de qualquer caracterização de exigências por categoria.

"Isso, do meu ponto de vista, não é um demérito do governo, mas sim da sociedade", diz o economista Paulo Tafner, do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). "Em todas as áreas, tudo o que se ouve é ‘queremos reduzir desigualdade’. A hora que tem uma proposta com enorme igualdade de tratamento, o que acontece? Grupos organizados dizem ‘queremos igualdade sim, mas para os outros’. Trata-se, do meu ponto de vista, de uma esquizofrenia social."

A economista Ana Carla Abrão, ex-secretária de Fazenda de Goiás e filha da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO), também acredita que o regime previdenciário brasileiro precisa ser mais justo do ponto de vista social. Ela, que é contra a diferenciação de idade mínima entre homens e mulheres, defende a unificação das regras. "Há privilégios que tornam a Previdência regressiva, ou seja, ela beneficia os mais ricos em detrimento dos mais pobres. Isso tem de mudar."

A retirada dos servidores estaduais e municipais da reforma da Previdência também foi vista como manutenção de privilégios, além de privar os Estados de uma solução para suas finanças. A medida, anunciada como sinal de respeito à autonomia federativa, é considerada uma "excrescência" por técnicos estaduais e economistas. Ninguém garante que os Legislativos aprovarão as regras de aposentadoria nos Estados - a solução seria o relator fixar um prazo para isso, que certamente expiraria e resultaria na extensão das regras da União a todos.

O temor é que eles acabem cristalizando seus privilégios e desidratem ainda mais a reforma da Previdência.

Os privilegiados

Políticos 1 - Idade mínima de 65 anos valerá apenas para novos eleitos. Os próprios políticos terão de propor e aprovar uma regra de transição para os que têm mandato, mas não há prazo definido para isso. Sem a transição, eles mantêm as regras atuais.

Políticos 2 - Relator quer permitir que os políticos façam adesão à previdência complementar, que viabiliza aposentadoria acima do teto do INSS. O acesso ao Funpresp hoje é vedado aos que exercem cargo de confiança. União paga contribuição igual à do beneficiário.

Servidores estaduais e municipais - Foram excluídos da reforma após pressão de parlamentares, embora os Estados enfrentem situação fiscal bastante delicada.

Policiais (não militares) e professores - Terão direito à idade mínima menor, de 60 anos, embora o governo tenha enviado o texto original proibindo caracterização por categorias na hora de formular regras especiais.

Militares - Forças Armadas, policiais militares e bombeiros ficaram de fora da proposta. Governo ainda estuda as mudanças.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para explicar a importância da igualdade entre gêneros para os homens, a socióloga Eva Blay diz que sempre conta uma historinha. “Eu fazia a conta. Você [homem] ganha R$ 20. A tua mulher ganha R$ 10. Quanto entrou na sua casa? R$ 30. Então ficou faltando quanto? Quem ficou com esses R$ 10 [que estão faltando]? Quando você joga essa pergunta: 'quem ficou com os R$ 10?' – e não foi nem você, nem sua mulher nem sua casa – era fantástico”, disse, em entrevista dada à Agência Brasil, na semana passada, no campus da Universidade de São Paulo (USP), na sede do escritório da USP Mulheres.

Eva prefere não falar de si, mas sua história de luta pelos direitos das mulheres é longa. Socióloga e professora titular da Universidade de São Paulo (USP), Eva Blay, 79 anos, foi senadora e atualmente coordena o Escritório USP Mulheres, que trabalha para o enfrentamento da violência contra a mulher, para a garantia da igualdade de gênero no Brasil e conta com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Para ela, o feminismo avançou muito ao longo dos anos, mas a consolidação dos direitos das mulheres no mundo nunca foi, de fato, consagrada. “Na sociedade não existe, nunca [houve] uma consolidação. O que existe é sempre um processo”, destacou.

Na entrevista, Eva fala sobre o surgimento do Dia Internacional da Mulher e diz que a data remonta a várias lutas femininas.

Ela destaca que a violência contra a mulher continua em todo o mundo, mas que no Brasil a distorção é ainda pior. “O Brasil está em quinto lugar no assassinato de mulheres”, destaca.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Agência Brasil: Como teve início as comemorações pelo Dia Internacional da Mulher?

Eva Blay: O dia 8 de março não começou no dia 8 de março. Começou com a Clara Zetkin, uma socialista que apresentou em um congresso socialista [2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas], em 1911, uma proposta de um dia internacional para as mulheres. Então, como socialista, ela queria uma coisa geral. Naquela época, mais ou menos como agora, havia uma série de dificuldades. Mas acho que, naquela época, a situação era pior. As mulheres não tinham horário de trabalho. Então, trabalhava 12 horas, 15 horas, as crianças trabalhavam. Quando as mulheres, naquela época, saíram às ruas com essa proposta - ainda era época do czar - elas achavam, e aí já não eram as socialistas, que podiam conseguir do czar um certo apoio, uma certa redução da jornada, mas ele mandou a polícia para cima delas e foi um morticínio total. Depois disso, sempre do ponto de vista político, as mulheres continuaram a lutar por um dia de reivindicação, um dia de luta, não festivo. Mas em vez de pensar em luta, o que a sociedade capitalista inventou? Vamos dar bombons e flores. Ora, nós não queremos bombons e flores apenas. Venham os bombons e as flores, mas não só isso. O que nós queremos é a igualdade de direitos e de deveres como está na Constituição de 1988.

Agência Brasil: E quais foram os avanços conquistados pelas mulheres desde então?

Eva: Homens e mulheres são iguais perante a lei. E ser igual significa o que? As mesmas oportunidades de estudar, de não ter limitações nas carreiras, de não ter um teto de vidro que limita a ascensão das mulheres nas carreiras. Enfim, uma mudança geral na estrutura da sociedade. E estou falando especialmente da brasileira. Mas isso acontece em todas as outras sociedades. Por volta dos anos 50, essa reivindicação tornou-se o centro do movimento feminista no mundo todo. Não era só socialista, era feminista, era suprapartidária. E o movimento feminista incluiu todas essas reivindicações: a igualdade de direitos, a igualdade sobre, por exemplo, na família, de a mulher poder dizer quem é seu filho e quem é o pai do seu filho. Nós não podíamos fazer isso. A mulher, para trabalhar, precisava de autorização do marido. Para viajar, precisava de autorização. Ela não podia nem usar o próprio dinheiro. O movimento feminista começou a trabalhar todas essas questões. E, de uma certa maneira, avançamos. Avançamos do ponto de vista do direito, do ponto de vista da educação, as mulheres se tornaram altamente escolarizadas comparando com os homens e muitas foram para a universidade. O caminho da universidade é mais ou menos heterogêneo. Nas carreiras que são das ciências chamadas duras ou exatas, temos menos mulheres que homens. Mas estamos fazendo muita força para ampliar isso.

Agência Brasil: E o que falta conquistar?

Eva: Qual foi a área que não avançou? A violência. Na violência, nós não conseguimos avançar. Ela continua. Na pior situação, há o assassinato de mulheres, a violência dentro de casa, o estupro, o incesto. Tudo isso continua acontecendo e esta é a área que a gente menos conseguiu avançar. Não só no Brasil como na América Latina toda e no mundo, de forma geral. Mas aqui a distorção é muito pior.

Agência Brasil: Por que você diz que aqui é muito pior?

Eva: Por causa do número de mulheres. O Brasil está em quinto lugar no assassinato de mulheres.

Agência Brasil: A senhora tem escrito artigos destacando esse momento que o mundo vive com Trump [Donald Trump, presidente dos Estados Unidos] e Putin [Vladimir Putin, da Rússia]. Como a senhora enxerga épocas como essa que parecem de retrocesso?

Eva: Acho que vivemos um momento em que há várias forças em atuação. Evidentemente, quando você pega alguns grupos religiosos ou alguns indivíduos conservadores e muito conservadores, eles não admitem os avanços que nós conseguimos. Tem um aí que acha que a mulher tem que ser subserviente ao homem. Ou ele acha que o casamento entre homossexuais é uma aberração. Não concorda com o aborto mesmo em caso de anencéfalos. Até em coisas que já avançamos existem aqueles que querem voltar atrás. Por isso, acho muito importante a gente nunca perder de vista que o feminismo avançou, mas não consagrou os avanços. Você tem que estar sempre alerta porque senão volta para trás. Vide o Trump que, nos Estados Unidos, quem imaginaria que ia fazer as propostas tão retrógradas como ele está fazendo?

Agência Brasil: Há como recuperar o Dia Internacional da Mulher como um evento de luta? Esse ano parece um ano especial, de mobilização e de greves, em nível internacional. Tem como voltar a marca do dia de luta e não do dia de bombons?

Eva: Acho que hoje em dia ninguém ousa pensar o Dia Internacional da Mulher como o dia do bombom. Eu não vejo mais isso não. Se você andar pela rua ou mesmo aqui pelo campus [da USP], o que você vê? Frases e cartazes assim [ela mostra postais com frases que pedem o fim do assédio e da violência contra a mulher], de que isso tem que parar. A violência sexual tem que parar. Elas podem ser chefes no trabalho, elas podem andar como quiserem. Você deve apoiá-las. Isso nós estamos fazendo. Agora, elas podem sair à noite sozinhas. Hoje você pega uma adolescente e ela não aceita mais vir com essa conversa. Ela quer andar de shorts sim, decotada sim e ninguém tem nada a ver com isso. Elas já absorveram esse feminismo.

Agência Brasil: Esse é o momento que você falou que está faltando, da consolidação do feminismo?

Eva: Na sociedade não existe, nunca [houve] uma consolidação. O que existe é sempre um processo. É um processo que pode ir e voltar. Se você comparar hoje com, por exemplo, quando conquistamos o direito ao voto, quando a Bertha Lutz [biológa] lutou pelo direito ao voto, em 1920. Sabia que ela jogava panfletos por avião? Quem tinha avião naquela época? Ela fez todo um trabalho de direito ao voto. Então já era uma coisa forte. Havia muitas jornalistas feministas. Se você pegar de 1850 para frente, o número de mulheres jornalistas e feministas era muito grande. E depois teve um retrocesso.

Agência Brasil: As adolescentes podem ser um novo [avanço]?

Eva: Acho que estamos avançando. Por exemplo, na violência, a gente não superou os limites. Mas a gente tem a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio. Mas agora é uma questão de cultura. Você tem a lei, mas não tem ainda a cultura para implantar isso.

Agência Brasil: Tem alguma lei que pode ajudar?

Eva: Lei não adianta. A lei ajuda. Ela pune. Isso é importante. Mas nós vivemos em uma cultura patriarcal, uma cultura machista. Então, enquanto você viver em uma cultura machista, você não consegue acabar com isso. Vou dar um exemplo. Tem um fulano, que não quero citar, que matou a mulher e era uma pessoa notória porque ganha dinheiro. Dois dias depois, o que vejo nos jornais? A seguinte frase: 'fulano de tal [ela não diz o nome, mas ela está falando do goleiro Bruno, condenado por assassinato] está muito magoado com seus companheiros que não foram visitá-lo na prisão'.  Eu acho que os companheiros não foram visitá-lo na prisão porque não estavam de acordo por ele ser um assassino. Mas a mídia não está passando isso. A mídia está passando 'coitado, ele pagou o seu crime, então agora ele tem que ser recepcionado'. Você colocar na mídia essa tentativa de dizer vamos recuperá-lo? A moça sumiu. Nunca se achou o corpo dela.

Agência Brasil: E as transgêneras?

Eva: Gênero significa o seguinte: quando você está pensando em uma pessoa, em um corpo, até agora a gente pensava apenas do ponto de vista biológico. Hoje não pensamos mais do ponto de vista biológico. Hoje pensamos mais. Você vive em uma sociedade e é a sociedade que tem uma cultura que vai ensinar para você a ser mulher, a ser homem. Isso é gênero. Gênero é o contexto dentro do qual as pessoas estão. Ao lado disso você tem homens que podem ser biologicamente homens, mas não se sentem homens, se sentem mulheres. E vice-versa. Homens que são bissexuais, mulheres que são bissexuais. Hoje tem os crossdresser [termo que designa pessoas que se vestem com roupas associados ao sexo oposto], que é uma coisa muito interessante, que são homens que se vestem como mulheres. É raríssimo o caso contrário, mas tem também. Você vive em uma sociedade que, felizmente, as coisas agora estão aparecendo. Em vez de o cara ficar enrustido ou se suicidar, em vez de ele ficar sofrendo, hoje em dia não. Claro que não é todo mundo que hoje em dia aceita essa decisão. Porque a pessoa é o que ela é. Não importa. Desde os 3, 4 anos de idade, ela já começa a se definir. Ela não está escolhendo. Faz parte dela essa atuação, essa maneira de ser. 

Agência Brasil: O 8 de março é um dia de luta também para a mulher trans?


Eva: Elas podem, por que não? Acho que sendo um dia internacional, cada um vai para a rua fazer o que quer.

No dia 08 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. A data foi escolhida como marco das reivindicações das mulheres por melhores condições de trabalho e dos direitos sociais e políticos. De fato, muita coisa mudou desde então, mas, as mulheres ainda estão longe de dizer que há igualdade entre os sexos.

Há inúmeros desafios para atingirmos a igualdade entre homens e mulheres. Na política, por exemplo, a maioria dos cargos é ocupado apenas por homens. Nas eleições municipais de 2016, o percentual geral de mulheres que disputaram cargos eletivos chegou a ultrapassar 30%. Isso significa dizer que a cada 10 candidatos que disputaram as eleições em 2016, apenas 3 eram mulheres.

As 641 mulheres eleitas ao cargo de prefeita nas eleições municipais 2016 representam 11,57% do total de prefeitos no Brasil. O número apresentou queda em relação ao pleito de 2012, quando elas somavam 659 prefeitas eleitas, o que correspondia a 11,84% do total. Apenas 9,9% dos cargos da Câmara dos Deputados e 5% do Senado são ocupados por mulheres. Estes números são desproporcionais ao total da população brasileira, que possui 51% de mulheres.

Segundo o documento “Mulheres no Parlamento: Revisão Anual”, publicado em 2016 e elaborado pela União Interparlamentar (IPU), em uma lista de 193 países, o Brasil ocupa a 155ª posição em representatividade feminina no Legislativo.  Vale ressaltar, também, que em 27 unidades federativas, há apenas uma mulher como governadora. Na comparação com a situação mundial, o Brasil tem uma das piores taxas de presença de mulheres do Congresso Nacional.

Ser mulher no mercado de trabalho brasileiro também não é fácil. Em média, no mundo, o salário das mulheres é 24% menor que o dos homens. No Brasil, o salário das mulheres equivale a 72,3% do salário dos homens, isso de acordo com a última pesquisa da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). O nosso país está  em 124º lugar, entre 142 países, no ranking de igualdade de salários. É o penúltimo das Américas, ficando à frente apenas do Chile.

Nas 500 maiores empresas do Brasil, menos de 14% dos cargos de diretoria são ocupados por mulheres. Infelizmente, esses números não são restritos ao Brasil. Em 40% das empresas do G7, os países mais ricos do planeta, não há mulheres em cargos de liderança e nessas economias, apenas 22% dos cargos seniores das empresas são ocupados por mulheres.

Reconhecer que existe uma discrepância é o primeiro passo para entender onde está a disparidade. O relatório do Fórum Econômico Mundial afirma que a igualdade de gêneros só será possível em 2095 e que a disparidade, quando se trata de participação econômica e oportunidades para as mulheres, gira em torno de 60%.

Para mudar esse cenário é preciso, em primeiro lugar, promover uma mudança cultural na sociedade como um todo e, mais uma vez, a educação é a chave principal para que isso aconteça. É preciso ressaltar o protagonismo da mulher. Não há outra maneira de conseguirmos alcançar a igualdade de gêneros se não mudando a noção que existe entre as competências das mulheres e o seu papel na sociedade. Afinal, em mais de 40% dos lares brasileiros, as mulheres são as chefes da família.

Temos que deixar de sermos machistas e reconhecer a necessidade de um maior empoderamento das mulheres em todas as áreas da sociedade brasileira, principalmente, no mercado de trabalho, afinal,  a busca  pela igualdade de gênero, defendida pela mulheres brasileiras,  é um direito constitucional. Basta ver que entre as 1.000 maiores empresas dos EUA, as que são dirigidas por mulheres deram um retorno médio de 339% entre 2002 e 2014, de acordo com a pesquisa da plataforma de negociação Quantopian, com sede em Boston.

Parece que as mulheres estão cada vez mais empoderadas no mundo do entretenimento. Segundo informações do site The Hollywood Reporter, a estrela da série Shameless, Emmy Rossum, tomou uma posição e passou a exigir que seu salário seja equivalente ao do outro protagonista, William H. Macy. O seriado está no ar há oito anos e, durante todo este tempo Emmy recebe muito menos que William. A Warner Bros., produtora da trama, e a emissora Showtime, que transmite a história, não se pronunciaram sobre o assunto.

E se você acha que Emmy causou uma polêmica entre seus colegas de elenco, saiba que seu posicionamento é bastante elogiado pelos atores da série. Segundo informações do TMZ, William H. Macy apoia totalmente esta decisão e até brinca sobre qual seria o seu ponto superior relacionado a Emmy.

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- Já era hora! Ela trabalha tanto quanto eu, ela merece tudo. A única coisa que eu sou superior a ela é na aparência, dispara William.

O aplicativo de relacionamentos Tinder anunciou nesta terça-feira (15) uma atualização que permite aos usuários optarem por outras identidades de gêneros em seus perfis. Além de homem e mulher, estarão disponíveis as opções transexual e transgênero. O objetivo, segundo a rede social, é aumentar a diversidade e igualdade na plataforma.

"Ninguém será banido do Tinder por causa de seu gênero. Nós não tínhamos as ferramentas certas para servir nossa comunidade diversa antes, mas isso muda hoje", admitiu o Tinder, em um post de blog. A empresa também se comprometeu a educar seus funcionários para tratar de questões de gênero de maneira mais adequada.

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A empresa afirma que se esforçará para reverter problemas causados por sua política anterior. Pessoas que foram banidas da plataforma injustamente por conta da sua identidade de gênero poderão solicitar a ativação do seu perfil enviando um e-mail para questions@gotinder.com.

A igualdade salarial entre homens e mulheres não se tornará realidade até 2186, daqui a 170 anos, indica o Fórum Econômico Mundial (WEF) em um relatório sobre a paridade entre homens e mulheres divulgado nesta quarta-feira.

A Islândia lidera a classificação de países com maior igualdade entre homens e mulheres, na qual a Nicarágua ocupa um honroso décimo lugar, segundo o documento. O Brasil, por sua vez, aparece apenas na 79ª posição no ranking geral.

No ano passado o relatório apontava que seriam necessários "apenas" 118 anos para alcançar a igualdade salarial, disse à AFP Saadia Zahidi, uma das responsáveis por este relatório anual.

Em 2016, as mulheres ganham em média 59% do que os homens recebem, segundo o estudo sobre 144 países, que também avalia as diferenças entre sexos em matéria de educação, saúde e emancipação política.

Concretamente, se um homem ganha 100, uma mulher recebe apenas 59 pelo mesmo trabalho, e na maioria dos casos trabalhando mais horas. Em 2008, esta proporção era de 58,3% e em 2013, o melhor ano deste índice que existe desde 2006, foi de 59,9%.

Por países, os 10 mais igualitários são Islândia, Finlândia, Noruega, Suécia, Ruanda, Irlanda, Filipinas, Eslovênia, Nova Zelândia e Nicarágua. Na Islândia, que lidera a lista pelo oitavo ano consecutivo, os homens recebem apenas 13% a mais que as mulheres.

Por regiões, a Europa ocidental ocupa a liderança, seguida pela América do Norte, América Latina e Caribe, Europa Oriental e Ásia Central. São seguidos pelo leste da Ásia e pelo Pacífico, pela África Subsaariana, pelo sul da Ásia, Oriente Médio e África do Norte.

Em nível mundial, 80% dos homens têm uma atividade, contra 54% das mulheres, enquanto o número de mulheres que ocupam cargos de responsabilidade continua sendo muito baixo.

Em apenas quatro países existe igualdade entre homens e mulheres em nível de dirigentes empresariais, embora em cerca de 100 países a taxa de mulheres com diplomas universitários seja maior ou superior que a de homens.

Em 2016, os avanços mais importantes em igualdade salarial foram registrados no setor da educação, onde a diferença entre homens e mulheres caiu 1%.

A chuva que castigava o Recife nos últimos dias deu lugar a um lindo e forte sol na manhã deste domingo (5). Bom para quem precisou acordar cedo para não perder a hora da corrida Love Run Brasil, realizada pela primeira vez no Recife e que contou com a participação de quase 700 casais. O objetivo do evento, segundo a organização, é celebrar o mês dos namorados, além de também aproximar e fortalecer a relação entre os corredores, independentemente do gênero.

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“Queríamos uma prova em que os casais terminassem juntos, sem diferença de biotipo e gênero. Eles treinam juntos, lutam juntos, mas não tinham oportunidade de correr juntos. O Love Run trabalha neste sentido, pensando na interação, no relacionamento entre as pessoas e na qualidade de vida”, destaca o organizador, Alex Façanha. 

A regra da disputa era simples: ter mais de 18 anos, estar inscrito, e correr junto da dupla ligados por um elástico. A largada e chegada da corrida ocorreram no Shopping RioMar, localizado na Zona Sul da capital pernambucana. Desde cedo, os namorados, noivos, casados, “ficantes” e amigos chegavam juntinhos e com muita disposição. Foi o caso do economista Rodrigo Monteiro, que veio com a esposa Daniella Monteiro (ambos na foto) para o Love Run. “É uma iniciativa muito legal. Quando vimos, pensamos logo: ‘temos que ir’. Eu sempre corro 10 km, mas hoje, com ela, vamos correr juntos 5 km”, ressaltou o corredor. Daniella, que também é psicóloga, destacou os ganhos que um evento como esse proporciona para os casais. “Melhora o relacionamento, a interação entre as pessoas. Faz a gente planejar o esporte juntos”, valoriza.

O Love Run Recife também serviu de treino para algumas pessoas, seja para aprimorar a parte física ou até mesmo para ajudar em uma aposta. Isso mesmo. O caso inusitado ocorre com a estudante Pollyanna Cristina. Ela participou da disputa dos 10 km ao lado do namorado Luiz Henrique e, antes de correr, conversou com a reportagem do Portal LeiaJá para explicar o que estava em jogo e com quem tinha apostado. Assista:

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Antes da corrida ser iniciada, os casais aproveitaram para tirar fotos e realizar um aquecimento cheio de animação, comandado por educadores físicos em um palco montado no estacionamento do centro de compras. A ação foi uma oportunidade para espantar o sono de quem ainda não estava completamente pronto para a corrida, como o estudante Victor Delmas (foto). Há dois anos, ele namora Vinícius Lasserre, que foi o responsável por levá-lo para o Love Run. Os dois quase perdem a hora do evento, mas conseguiram chegar a tempo de aproveitar toda a programação. “A minha expectativa é de chegar vivo até o final”, brinca. “Vai ser legal, tanto pelo chocolate como pela companhia”, complementou Victor, se referindo às estações de “chocolatização” espalhadas pela organização ao longo do percurso para que os corredores repusessem as energias.

O servidor público Cláudio Andrade também incentivou o companheiro Diego Silva a integrar o Love Run 2016. Juntos há sete anos, Cláudio explica que seria primeira vez que o cônjuge iria participar uma corrida. Para o estreante, além do bem estar e saúde proporcionados pela ação, outro ponto importante do evento é a luta pela igualdade de gênero. “É legal isso. Deveria ter mais iniciativas como essa, até para quebrar os tabus”, elogia. O viés da luta contra o preconceito também é um ponto é valorizado pela organização da prova. “O número de participantes aumentou e percebemos também que muitos casais se formaram por conta do Love Run. Queremos que todos se permitam correr, livres de preconceito. Queremos que todos continuem amando nas ruas”, destaca Alex Façanha.

Com pouco mais de 20 minutos, após a largada oficial, os primeiros vencedores já cruzavam a linha de chegada da prova. Ao chegar, além de uma recepção calorosa, os participantes antes receberam frutas e água, além de uma medalha feita especialmente para os casais, em forma de coração. Os três primeiros de cada categoria ainda foram premiados com troféus. Uma série de brindes ainda foram sorteados para os participantes.

Sobre a próxima edição do evento, Alex ainda não crava a realização na capital pernambucana, mas diz que o desejo é esse. Ele ainda ressalta que o evento deve ter o horário alterado e ganha uma expansão de participantes. “A ideia é que a gente faça com mais casais, no Nordeste novamente, só que noturna - como foi a primeira - pois o calor da região é muito intenso”, pontua.

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Confira a seguir a lista dos primeiros colocados em cada categoria do Love Run Recife:

Vencedores da disputa de 5km

1º - Morgan chaves e Rildo Pereira

2º - Isabela França e Elvis Fishes

3º - Eredino dos Santos e Laís Cavalcanti

Vencedores da disputa de 10km

1º - Antônio Marlos e José Sivaldo

2º - Conceição Margarida e Robson Froes

3º - Jorge Martins e Ana Catarina Siqueira

Em um momento no qual as mulheres ganham cada vez mais voz na luta pela igualdade de gêneros, as atletas da seleção norte-americana de futebol não ficaram atrás e também exigiram seus direitos. Nesta quinta-feira, cinco jogadoras da equipe, incluindo a goleira Hope Solo, anunciaram que estão movendo uma ação contra a entidade responsável pela modalidade no país exigindo a equalização dos pagamentos a jogadores e jogadoras que servem a seleção.

Carli Lloyd, Megan Rapinoe, Rebecca Sauerbrunn, Hope Solo e Alex Morgan confirmaram a abertura do processo contra a U.S. Soccer com o apoio da Comissão de Oportunidades Iguais de Emprego (EEOC, na sigla em inglês), órgão norte-americano que luta contra a discriminação trabalhista.

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A ação movida pelas atletas leva em conta os valores obtidos pela U.S. Soccer em 2015. De acordo com os documentos levantados por elas, a seleção feminina dos Estados Unidos gerou US$ 20 milhões a mais em receita no ano passado que a masculina. Ainda assim, as mulheres seguem recebendo da entidade uma quantia bem inferior aos homens.

"Recentemente, ficou claro que a federação não tem intenção de nos prover pagamento igual por um trabalho igual", disse Rapinoe em comunicado. "Acho que a hora é agora. Acho que provamos nosso valor ao longo dos anos, acabamos de vencer a Copa do Mundo, e a disparidade no pagamento entre homens e mulheres é muito grande. Continuamos a lutar", comentou Lloyd em entrevista à rede NBC.

De acordo com os números levantados pelas atletas e pela EEOC, cada jogadora da seleção norte-americana pode ganhar de US$ 3.600 a US$ 4.950 por partida pelo país, dependendo da importância do confronto em questão e do resultado, enquanto os jogadores levam de US$ 6.250 a US$ 17.625. As mulheres faturariam US$ 99 mil cada se vencessem cada um dos 20 amistosos disputados no ano, número mínimo exigido pela U.S. Soccer, enquanto os homens ganhariam US$ 263.320 pelo mesmo feito. E mais, eles receberiam US$ 100 mil mesmo se perdessem todas estas partidas.

Os números ficam ainda mais discrepantes se for levada em consideração a participação dos países na Copa do Mundo. Campeã do Mundial do ano passado no Canadá, a seleção feminina recebeu um total de US$ 2 milhões, enquanto os homens faturaram US$ 9 milhões no Brasil, mesmo sendo eliminados nas oitavas de final.

"Todo dia nos sacrificamos tanto quanto os homens e trabalhamos o mesmo tanto. Nos doamos o mesmo tanto fisicamente e emocionalmente. Nossos fãs apreciam o que fazemos todo dia por isso. Nós estamos realmente pedindo, e exigindo agora, que nossa federação e nosso empregador realmente deem um passo à frente e também apreciem", declarou Morgan à NBC.

Vale lembrar que o futebol feminino nos Estados Unidos é tão ou mais popular que o masculino. Prova disso foi a audiência de 26,7 milhões de televisões acompanhando a decisão da última Copa do Mundo feminina, na qual as norte-americanas foram campeãs diante do Japão.

A atitude das atletas acontece em uma época na qual a polêmica por diferença de pagamentos entre homens e mulheres tomou conta de diversos esportes. Recentemente, o assunto tomou conta do tênis, com jogadoras como Serena Williams exigindo pagamentos iguais para ambos os gêneros, enquanto diretores de torneios e até Novak Djokovic defenderam os valores superiores para os jogadores.

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