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"Você precisa de pessoas como eu, para que você possa apontar seus dedos e dizer: 'Esse é o cara mau'", dizia Tony Montana, o mafioso vivido por Al Pacino, no clássico de Brian de Palma Scarface. Em Atibaia (SP), na sala do sítio em que Frederick Wassef escondia o ex-policial militar Fabrício Queiroz, uma prateleira exibia miniaturas do personagem. Se a vida fosse um filme, o estilo, o penteado e as roupas de Wassef bem que poderiam vestir um dos malfeitores dos tempos da Lei Seca, perseguidos por Eliot Ness.

Na vida real, porém, o advogado está mais para um personagem saído das sombras, desses que, de vez em quando, aparecem em Brasília e fazem fama ligando seus nomes a de poderosos de plantão e desaparecem junto com eles. No caso de Wassef, para todos os efeitos, ele era "o advogado do presidente Bolsonaro".

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Nos últimos anos, conforme o freguês, Wassef montou seu perfil. Rico e bem-sucedido para uns, devedor contumaz para outros. Como explicar que o mesmo cidadão que recomprou um relógio Rolex do ex-presidente em Miami estimado em US$ 68 mil - o equivalente a R$ 346.983,60 - deva R$ 3.516,35 de IPTU para a prefeitura de Atibaia? Que justificativa dar para a vida milionária que Wassef ostentou nos últimos anos, ocultando contas atrasadas, processos por falta de pagamento de impostos e até o abandono da obra de sua mansão em Brasília?

O Estadão conversou com políticos, empresários, militares e advogados que conviveram com Wassef nos últimos anos. Em comum, a maioria passou a dizer que já não tem mais tanto contato com o advogado, que, após a Polícia Federal capturar seus quatro celulares, parece ter passado de "anjo" - codinome que ganhou no governo Jair Bolsonaro - a "demônio". A apreensão dos telefones foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no inquérito que apura suspeita de venda de presentes diplomáticos no governo Bolsonaro. Procurado, Wassef se disse vítima de "inverdades" (mais informações nesta página).

GRAVAÇÕES E ARMA

São tantas histórias mal contadas sobre Wassef que, no fim, pouco se sabe do homem que, segundo seus interlocutores, grava todas as conversas que mantém e anda armado. Até seus casamentos e separações são controversos, aconteceram em clima de disputas judiciais. Wassef, há alguns anos, enfrentou um câncer que deixou uma sequela física.

No ano passado, quando concorreu a uma vaga de deputado federal e perdeu, Wassef declarou um patrimônio de R$ 18 milhões ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), incluindo um apartamento em Miami avaliado em R$ 4,96 milhões. Entre 2013 e 2021, as taxas do imóvel foram pagas, majoritariamente, pela empresária Maria Cristina Boner, ex-mulher de Wassef. O boleto de 2022, no valor de US$ 12.847,59 (ou R$ 62.621,72), está em aberto.

Durante a campanha, Wassef publicou mensagens de apoio do então candidato ao governo paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O filho mais velho de Bolsonaro gravou dois vídeos. Em um deles se referiu ao advogado como "meu amigo". Em outro, afirmou: "Frederick Wassef é o nosso advogado e, como advogado, demonstrou sua competência e lealdade". O Estadão não localizou vídeo de Bolsonaro pedindo voto para ele e os santinhos que mostram os dois lado a lado são montagens de fotografias.

O jingle escolhido por Wassef tinha uma mensagem clara sobre a atuação com a família Bolsonaro que o advogado queria passar aos eleitores. "Todo mundo já sabe, o Wassef resolve, resolve", dizia a música. O "advogado de Bolsonaro", como ele se identificou na campanha, recebeu 3.628 votos.

Em julho, cerca de um ano depois de informar seu patrimônio à Justiça Eleitoral, Wassef fez um gesto inusitado: voltou a procurar a Corte sob alegação de que estava "buscando a plena transparência". Assim, apresentou lista com três novos bens que disse ter adquirido. Uma casa em Brasília, um jet ski e um carro usado.

Em São Paulo, Wassef disse ter um veículo Silverado de 1995, estimado em R$ 24 mil, e uma Ranger de R$ 112 mil. Em Brasília, circula em um Jetta que comprou de segunda mão, cujo valor declarado ao TSE foi R$ 125 mil. Ele deve R$ 6,7 mil do IPVA do veículo referente a 2022 e 2023.

OBRA PARADA

Um dos bens mais valiosos do patrimônio de Wassef se tornou um canteiro de obras parado. O Estadão esteve no local. A casa no Setor de Mansões Dom Bosco foi comprada em março do ano passado por R$ 3,7 milhões, segundo o registro, pagos via transferência bancária.

"A obra está parada há bastante tempo e depende de ele voltar ou não", afirmou o empresário Almir Pereira Filho, ligado à empresa responsável pela obra. Essa casa também está com o IPTU atrasado. Três parcelas no valor de R$ 3.155,89 já venceram e há outras três para serem pagas nos próximos meses. Por enquanto, os impostos podem ser pagos em boletos. Outras dívidas de Wassef, contudo, já chegaram ao Judiciário. O advogado foi acionado em dois processos que correm no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Em um deles, um condomínio em Tuiuti (SP) cobra R$ 46 mil de Wassef. No outro, a prefeitura de Atibaia cobra R$ 3.516,35 em dívidas de IPTU de uma casa que fica próxima a outro imóvel do advogado. Neste segundo - onde ele mantém os bonequinhos de Tony Montana - Wassef deu guarida a Queiroz.

HERANÇA

Neto de imigrantes libaneses, Wassef deve aos pais e avós parte dos bens adquiridos ao longo da vida. O advogado declarou ao TSE, em 2022, 12 imóveis registrados em São Paulo e no Distrito Federal e um em Miami. Os imóveis representam 55% dos R$ 18 milhões declarados por Wassef ao tribunal. O imóvel mais recente comprado pelo advogado foi o apartamento em que mora, de 189 metros quadrados, no Morumbi, por R$ 1.610.200, em agosto.

DEFESA

Por meio de nota enviada pela assessoria do senador Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef se disse vítima de "inverdades, maldades e covardias". Segundo ele, a obra na casa em Brasília está parada por razão técnica, não financeira. "Ninguém da minha relação fala com jornalistas e menos ainda sobre minha pessoa."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O PL Mulher, bancada feminina do Partido Liberal, realizou o primeiro encontro de mulheres conservadoras de Pernambuco, na manhã deste sábado (26), no Recife. A atração principal do evento foi a presidente nacional do braço partidário, Michelle Bolsonaro, ex-primeira dama da República.

Enquanto discursava, Michelle deixou recados à oposição, citou o Governo Lula indiretamente e abordou o caso das joias, investigado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Ela ironizou a investigação e aproveitou o momento para anunciar que lançará uma coleção autoral de joias.

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"Ficam falando 'Como assim não entregaram as joias? Por que querem joias?' desviando o foco da CPI. Tem um povo tão atrapalhado que fica assim ‘cadê as joias?'. As joias estão com a Caixa Econômica Federal. Vocês falaram tanto de joias que em breve teremos lançamento. 'Mijoias' pra vocês. [...] Assassinaram a minha reputação. Vocês colocam o meu nome na internet e tem tanta coisa ruim que esse povo do mal 'fizeram' comigo. É o legado do mal para que todos que gostam de mim vejam, para as minhas filhas", alegou a presidente do PL Mulher. 

A esposa de Jair Bolsonaro (PL) é investigada por envolvimento no suposto desvio de presentes recebidos pela presidência da República por autoridades da Arábia Saudita. O casal Bolsonaro, além dos seus aliados, será ouvido pela Polícia Federal na próxima quinta-feira (31). 

"Vivam pela missão, vivam pelo que vocês creem. A violência política existe sim e eu vivo isso a cada dia. Todos os dias, quando os meus olhos, falo: 'o que vai ter agora no WhatsApp?'. Os nossos amigos e parentes perdem identidade. É tudo 'irmão de Michelle, empresário de Michelle'. Mas não percam a esperança. Às mulheres que tiveram votações expressivas: vão atirar pedras em vocês, vão tentar destruir suas reputações, mas não desistam", completou Michelle. 

Aproximação com o eleitorado pernambucano 

Um fato atravessou as duas eleições presidenciais de Jair Bolsonaro: o eleitorado bolsonarista é escasso na região Nordeste. Em Pernambuco, dos 184 municípios, apenas um deu vitória a Bolsonaro tanto em 2018, como em 2022. A cidade-exceção se chama Santa Cruz do Capibaribe, na região têxtil do interior pernambucano. 

Durante o evento do PL Mulher Pernambuco, Michelle fez convites às mulheres pernambucanas para que se filiem ao partido e deem continuidade ao “legado” do Governo Bolsonaro. Como de costume, a ex-primeira dama exaltou a “mulher de direita”, falou de feminilidade e sobre a importância de conciliar o lar e o trabalho. A dirigente foi ovacionada diversas vezes durante o discurso e sua ação em Pernambuco teria rendido mais de 400 novas filiações à sigla. 

"Este momento é muito singular para o partido. A presença da nossa presidente nacional fez com que mulheres se sentissem estimuladas a participar da política, independentemente de serem candidatas. Vocês veem o quanto essas pessoas se mobilizaram, vieram de longe para cá. Tivemos, até agora, mais de 400 filiações. Vejam a importância do evento e o quanto isso aproxima as pessoas", informou Izabel Urquiza, presidente estadual do PL Mulher. 

Acessibilidade foi centro do discurso

Durante todo o evento, Michelle reservou declarações e elogios ao extinto Pátria Voluntária, projeto de voluntariado do Governo Bolsonaro, mas que era coordenado pela antiga primeira-dama. Por ter pouco protagonismo político, pela pouca idade de sua carreira na área, a presidente partidária fez questão de destrinchar ações do programa e elencou como seu principal eixo de atuação a pauta do capacitismo, as implicações da ausência de acessibilidade e o suporte às condições raras de saúde. 

"Quando você cuida de uma criança com deficiência, você está cuidando de uma mãe, você está cuidando de uma família, você acaba cuidando de um bairro e consequentemente de uma sociedade", afirmou. “Como primeira-dama a gente conseguiu trabalhar pela comunidade surda, dando visibilidade a uma comunidade que há décadas estava na invisibilidade”, acrescentou a ex-primeira dama. Ela saudou o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que estava presente, e disse que o educou - além de ter educado a “Esplanada toda” - sobre as pautas de acessibilidade. Queiroga também aparece no VT divulgado no evento. 

Presenças 

O presidente estadual do PL Anderson Ferreira, os deputados federais André Ferreira, Pastor Eurico e Coronel Meira, os estaduais Alberto Feitosa e Renato Antunes, o prefeito do município de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros e o ex-ministro da saúde da gestão Bolsonaro, Marcelo Queiroga, marcaram presença.

O deputado Rodrigo Valadares (União-SE) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a inclusão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no inquérito sobre a venda de presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagens oficiais. Em ofício, o parlamentar cita um relógio da marca Piaget, avaliado em R$ 80 mil, recebido por Lula na França, em 2005, e que não está entre os presentes oficiais informados ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Em julho deste ano, Lula disse, durante a live semanal "Conversa com o Presidente", produzida pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que o relógio foi um presente do ex-presidente da França Jacques Chirac. O Piaget não consta em uma lista do TCU com a descrição de 568 presentes que o petista recebeu entre os anos de 2003 e 2010. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.

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No ano passado, o Partido dos Trabalhadores publicou uma foto em que Lula aparece com o relógio no pulso na comemoração dos 100 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). A foto foi apagada do perfil da sigla. A imagem ainda está disponível nas redes sociais da presidente do partido, Gleisi Hoffmann.

No requerimento, Valadares afirma que o fato de o presidente não ter informado ao TCU sobre o relógio da marca Piaget faz com que o caso seja semelhante ao de Bolsonaro, o que justificaria a inclusão de Lula nas investigações.

O inquérito de Bolsonaro é sobre a venda ilegal de um relógio Rolex, presente do governo da Arábia Saudita, para enriquecimento ilícito. As tratativas para comercialização de joias e objetos de luxo por auxiliares do ex-presidente só foi interrompida após o Estadão revelar sobre a tentativa de entrada ilegal no Brasil de presentes recebidos em compromissos oficiais da Presidência.

"Nós devemos ter no nosso País uma isonomia, um julgamento justo que não olhe lado partidário nem ideologia política. Se existir problemas nas joias do Bolsonaro, deve ser investigado também se existe problemas que o Lula recebeu", disse o parlamentar do União Brasil.

O Estadão procurou o Palácio do Planalto para comentar sobre o pedido do parlamentar, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

A Polícia Federal (PF) intimou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e outras seis pessoas investigadas no caso das joias a prestarem depoimento simultâneo no próximo dia 31 de agosto.

Os investigadores querem ouvir todos ao mesmo tempo para evitar a chance de combinarem versões. Além de Bolsonaro e Michelle, foram intimados: Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; Mauro César Lourena Cid, pai de Mauro Cid, general da reserva do Exército; Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-chefe da Secretária de Comunicação da Presidência; Fraderick Wassef, advogado de Bolsonaro; Marcelo Câmara, assessor especial do ex-presidente; e Osmar Crivellati, assessor de Bolsonaro.

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Todos são citados no relatório parcial da investigação enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e usado para justificar as buscas na Operação Lucas 12:2.

Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tiveram os sigilos fiscal e bancário quebrados na investigação. A PF quer saber se há transações suspeitas que liguem o casal à venda ilegal de presentes diplomáticos.

O criminalista Daniel Bialski, contratado para representar Michelle, deixou o caso alegando que os advogados de Bolsonaro vão cuidar da defesa do casal.

Os depoimentos estão previstos no mesmo dia em que o ex-presidente já é esperado na PF para dar explicações sobre conversas golpistas de empresários bolsonaristas. Diálogos recuperados pela Polícia Federal mostram que Joseph Nigri, fundador da Tecnisa, atribui a Bolsonaro uma ordem para espalhar fake news.

Enquanto corriam as investigações da Polícia Federal (PF) sobre um esquema de venda ilegal de joias que foram omitidas do acervo da Presidência da República, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou um procedimento nos seus dentes em uma clínica estética localizada em Goiânia. O procedimento foi feito na última sexta-feira, 18, pelo dentista Rildo Lasmar, que postou o antes e depois da operação em suas redes sociais.

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Ao Estadão, a clínica de Lasmar, que fica localizada em uma região nobre da capital goiana, disse que o ex-presidente esteve por lá para fazer um ajuste de lentes de contato que usa em seus dentes. Segundo os profissionais, o procedimento é feito para eliminar incômodos na região bucal, utilizando lâminas de porcelana.

À revista Veja, Lasmar disse que o ex-presidente fez o serviço em 28 dentes e que cada um, em média, custaria R$ 3 mil. O total do gasto com o procedimento seria então de R$ 84 mil. "Bolsonaro, pelo que percebi, ficou muito feliz com o sorriso, saiu satisfeito do consultório. Foi um paciente muito simples, não reclamou de nada", disse o dentista.

Procedimento foi feito após Bolsonaro negar envolvimento no esquema das joias

A visita de Bolsonaro na clínica de Lasmar aconteceu logo após o ex-presidente conceder uma entrevista para o repórter Wesley Galzo, do Estadão, onde negou a sua participação no escândalo da venda ilegal de joias ao exterior. Em uma padaria em Abadiânia, município que fica no trajeto entre Brasília e Goiânia, Bolsonaro negou que tenha mandado o seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, vender um relógio Rolex, recebido por autoridades da Arábia Saudita, no exterior, e disse que ele tinha autonomia para comercializar a peça.

O ex-presidente afirmou também que não recebeu nenhum dinheiro proveniente do esquema. O advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, alega que seu cliente vendeu o relógio Rolex e entregou o dinheiro a Bolsonaro. As tratativas sobre a suposta venda da peça estão presentes nos relatórios da PF que coletou trechos de conversas entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, assessor especial da Presidência. Em um áudio, Cid afirmou que iria entregar 25 mil dólares que, possivelmente, pertenciam ao ex-presidente em "cash".

Segundo a PF, Cid e outros aliados de Bolsonaro teriam vendido joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República fora do País. Os itens de luxo deveriam ser incorporadas ao acervo da União, mas foram omitidos do conhecimento dos órgãos públicos, negociados para fins de enriquecimento ilícito e entregues em dinheiro vivo para o ex-chefe do Executivo, conforme os investigadores.

As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo saudita para o então presidente e Michelle Bolsonaro.

O ex-ministro da Secretaria de Governo, general da reserva do Exército Carlos Alberto Santos Cruz, avaliou, em uma entrevista ao portal UOL, que é "muito difícil" que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid tenha vendido as joias destinadas ao acervo da Presidência da República sem o conhecimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo Santos Cruz, Cid não teria omitido e revendido as peças preciosas sem ter ao menos uma "sensação" de que estaria sendo aprovado pelo ex-chefe do Executivo.

"Eu vejo que é muito difícil se imaginar um subordinado tomar determinadas iniciativas sem o conhecimento ou sem a sensação de que está sendo aprovado pelo chefe. Eu acho que ele não sente essa liberdade para tomar certas medidas como a gente está assistindo", disse o ex-ministro.

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Segundo o general Santos Cruz, que foi ministro de Bolsonaro entre janeiro e junho de 2019, o ex-presidente deveria assumir a responsabilidade sobre os crimes cometidos no esquema de revenda de joias entregues por comitivas estrangeiras. "Nessa hora, o chefe tem que assumir a sua responsabilidade e não proteger coisas erradas que os subordinados fizeram, mas ele tem que assumir a parcela dele que é extremamente importante por que ela tem consequências muito fortes em toda a escala hierárquica", disse.

Mauro Cid teria vendido joias no exterior

No último dia 11 de agosto, a Polícia Federal deflagrou a Operação Lucas 12:2, que teve como alvo auxiliares de Bolsonaro. Segundo as investigações, eles teriam vendido joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República fora do País. Os itens de luxo deveriam ser incorporadas ao acervo da União, mas foram omitidos do conhecimento dos órgãos públicos, negociados para fins de enriquecimento ilícito e entregues em dinheiro vivo para o ex-chefe do Executivo, conforme a PF.

Mauro Cid teria vendido, também com o auxílio do pai dele, o general Mauro Lourena Cid, joias no exterior. De acordo com a PF, uma das peças comercializadas pelo ex-ajudante de ordens foi um relógio da marca Rolex, estimado em R$ 300 mil e recebido por Bolsonaro em uma

As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo saudita para o então presidente e Michelle Bolsonaro.

Advogado de Cid disse que ele iria confessar crime, mas depois recuou

Na quinta-feira, 17, o advogado de Mauro Cid, Cezar Roberto Bitencourt, disse à revista Veja! que Cid iria confessar a sua participação no esquema de venda de joias e declarou que o seu cliente havia agido a mando de Bolsonaro. Menos de 24 horas depois, em mensagens enviadas à reportagem de Estadão, Bitencourt recuou e disse que não iria "dedurar" o ex-presidente e indicou que a confissão, por ora, não iria ocorrer.

Em outra entrevista ao Estadão, neste domingo, 20, Bitencourt afirmou que dará "20, 30 versões" e que "pode dizer o que quiser". Em outra fala, o advogado admitiu que Cid fará de tudo para livrar o pai de uma eventual prisão e condenação, mesmo que isso atinja Bolsonaro. "Vou fazer o trabalho de defesa do meu cliente, se respingar nele [Bolsonaro], não vou deixar de usar", disse.

Bolsonaro disse que Cid tinha autonomia

Em uma entrevista exclusiva concedida ao Estadão na última sexta-feira, 18, Bolsonaro negou que tenha mandado o seu ex-ajudante de ordens vender o relógio Rolex no exterior, e disse que Mauro Cid tinha autonomia para vender ilegalmente a peça. O ex-presidente afirmou também que não recebeu nenhum dinheiro proveniente do esquema.

O advogado de Mauro Cid alega que seu cliente vendeu o relógio Rolex e entregou o dinheiro a Bolsonaro. As tratativas sobre a suposta venda da peça estão presentes nos relatórios da PF que coletou trechos de conversas entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, assessor especial da Presidência. Em um áudio, Cid afirmou que iria entregar 25 mil dólares que, possivelmente, pertenciam ao ex-presidente em "cash".

"Tem vinte e cinco mil do´lares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em 'cash' ai´. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente. (...) E ai´ ele poderia levar. Entregaria em ma~os. Mas tambe´m pode depositar na conta (...). Eu acho que quanto menos movimentac¸a~o em conta, melhor, né?", afirma Mauro Cid..

Ao ser questionado sobre a possibilidade de prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), afirmou que Polícia Federal investiga o caso de forma “técnica, séria e isenta”. A declaração foi feita nesta segunda-feira (21) em Belo Horizonte, onde Dino participa de eventos de anúncios de recursos na área de segurança pública.

"Cabe a mim garantir ao povo brasileiro, especialmente à população de Minas Gerais, que a investigação é técnica, séria e isenta e está sendo bem conduzida. Bem conduzida no sentido de não haver interferência externa, nem no sentido de perseguições, nem no sentido de haver proteções", pontuou o ministro.

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Na declaração, Flávio Dino citou as três investigações nas quais o ex-mandatário é investigado: o caso das joias que Bolsonaro recebeu durante a sua gestão, os atos antidemocráticos do 8 de janeiro e a polêmica do cartão de vacinas.

Passaporte de Bolsonaro

O ministro da Justiça ainda disse que existe a possibilidade de o passaporte de Jair Bolsonaro ser apreendido durante as investigações. Alguns parlamentares supõem que o ex-presidente mostra indícios de que tentará "fugir" para outro país para evitar ser preso caso a Polícia Federal emita um mandado de prisão contra ele.

"Não antecipo investigação. Não presido investigação. O que posso falar é que legalmente é possível. Nesse momento ainda não houve esse pedido", afirmou Dino.

O relógio Rolex do "Kit Ouro Branco", recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante viagem oficial à Arábia Saudita em 2019, foi feito sob encomenda, segundo perito criminal da Polícia Federal (PF) que analisou a peça. O item foi vendido por aliados do ex-presidente em junho do ano passado e, posteriormente, recomprado pelo advogado Frederick Wassef com o objetivo de devolver o objeto ao governo brasileiro, após ordem do Tribunal de Contas da União (TCU).

"Esse relógio (Rolex) é um relógio feito sob encomenda, de uma série especial e tinha um calibre, mecanismo especial, para ele. Nesse caso foi muito fácil a gente identificar o relógio", afirmou o perito criminal federal Wilson Akira Uezu à reportagem do Fantástico, da TV Globo.

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Segundo a reportagem, a perícia da PF afirmou que relógios de alta precisão possuem pedras preciosas no mecanismo interno. Os peritos também identificaram diversas camadas de segurança no Rolex como número de série e símbolos gravados, que comprovam a autenticidade do item. A análise também constatou que a joia possui 184 diamantes na luneta do relógio, além de pedras substituindo os números no mostrador de madrepérola.

Em outubro de 2019, durante viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riad, na Arábia Saudita, o então presidente Bolsonaro recebeu um estojo de joias, que incluía um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes. Em março de 2022, o ex-presidente retirou esse pacote de joias do acervo do Palácio do Planalto. A ação foi relatada em e-mails do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que foram identificado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.

Posteriormente, uma operação da Polícia Federal descobriu que Cid vendeu um dos itens mais valiosos desse pacote, o relógio Rolex cravejado de diamantes, ainda em junho de 2022, durante uma viagem oficial aos Estados Unidos.

Após decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), aliados do ex-presidente Bolsonaro se movimentaram para localizar os itens. O advogado Frederick Wassef recomprou, nos Estados Unidos, o Rolex na cidade de Willow Grove, na Pensilvânia, onde se encontra na loja da Precision Watches.

Segundo os investigadores, o relógio tinha sido vendido para a empresa Precision Watches. Estima-se que o valor arrecadado com a venda seria de US$ 68.000,00 (correspondente a R$ 346.983,60), segundo um comprovante de depósito identificado nos dados da nuvem de Cid pela PF no mesmo dia que o tenente-coronel esteve na empresa de joias.

O general Mauro Lourena Cid não pode mais visitar o filho, o tenente-coronel Mauro Cid, na prisão. Eles estão proibidos de manter contato porque passaram a ser investigados no esquema de venda e recompra de joias dadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro por autoridades estrangeiras.

A decisão que impede as visitas é do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito. É comum que investigados sejam obrigados por ordem judicial a cortar contato para evitar uma eventual tentativa de combinar versões ou obstruir o trabalho de investigação.

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Mauro Cid foi preso preventivamente em uma outra investigação, sobre a falsificação de dados de vacinação da covid-19, por isso não havia impedimento para as visitas do pai. O cenário mudou quando o general foi implicado no novo inquérito, sobre a negociação ilegal de presentes diplomáticos. Os dois são investigados inclusive por organização criminosa.

A Polícia Federal afirma que o tenente-coronel negociou joias e relógios nos Estados Unidos com a ajuda do pai. As contas do general teriam sido usadas para repassar o dinheiro que entrou com a venda dos presentes.

"Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente. (...) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (...). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor, né?", afirma Mauro Cid em uma das conversas obtidas pela PF.

O pai do ex-ajudante de ordens também aparece no reflexo da caixa de escultura enquanto fazia foto para anunciar o objeto. Ele teria visitado pessoalmente lojas especializadas no comércio e leilão de artigos em luxo em Miami, indicadas por Mauro Cid. A nova linha de defesa do tenente-coronel deve ser tentar proteger tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro quanto o pai.

Por Alessandra Monnerat

Um dos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos) recorreu à rede social para reclamar dos que andam falando em risco de prisão de seu pai. Investigações da Polícia Federal apuram suposto desvio de joias presenteadas à Presidência. "Parem com esse negócio de prisão. Parecem aqueles caras que amam viver a síndrome de Estocolmo", escreveu ele na plataforma X (antigo Twitter).

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"Se quer ajudar desconstrua a narrativa e não fique correndo atrás de cliques ou lacrações para se sentir importante validando a dor que o adversário sente prazer em fazer você sofrer", continuou o vereador. "Óbvio que qualquer um sabe que já vivemos numa Venezuela, entretanto não é desse jeito que se luta. Os canalhas estão carecas de saber disso e estão utilizando sua psique para você validar algo que querem!"

O ex-presidente ainda não postou sobre o caso das joias nas redes sociais, mas afirmou ao Estadão que seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid tinha "autonomia" para agir.

Outro de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) publicou no X várias mensagens em que afirmava que o hacker Walter Delgatti Neto não tem provas das acusações que fez contra o pai. Delgatti disse em depoimento à CPI do 8 de janeiro que Bolsonaro teria pedido que ele invadisse uma urna eletrônica.

Além das investigações sobre a venda de joias recebidas por Bolsonaro quando estava na Presidência, há cinco inquéritos que ameaçam a liberdade do ex-presidente: dos ataques às urnas eletrônicas, das milícias digitais, da associação entre a vacina da covid-19 e a AIDS, do vazamento de inquérito da Polícia Federal e da interferência na PF.

Bolsonaro costumava dizer em mandato que jamais seria preso. Em setembro de 2021, durante discurso no 7 de Setembro já tinha avisado: "Quero dizer aos canalhas que nunca serei preso".

O envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro com desvio de joias recebidas por ele na qualidade de presidente da República foi destaque na imprensa internacional. Nas últimas semanas, The Guardian, Le Monde e The Washington Post publicaram reportagens sobre as investigações da Polícia Federal e apontaram que o cerco se fecha na direção ao ex-presidente.

O The Guardian, do Reino Unido, noticiou que a investigação do caso das joias foi ampliada com a Operação Lucas 12:2, deflagrada no dia 11. "‘Todo Rolex conta uma história’, afirmou certa vez o fabricante de relógios de luxo. A polícia brasileira acredita que esse slogan é particularmente verdadeiro quando se trata do relógio cravejado de diamantes no centro de uma investigação sobre a suspeita de furto de presentes oficiais de alto valor por pessoas próximas de Jair Bolsonaro - e possivelmente pelo próprio ex-presidente", começa a reportagem do correspondente Tom Phillips.

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O texto do Guardian cita ainda que o nome escolhido para a operação, que faz referência a um versículo da Bíblia, parece ser uma brincadeira com um bordão de Bolsonaro. "A operação policial foi chamada de Lucas 12:2 - uma referência à frase da Bíblia: ‘Não há nada oculto que não venha a ser revelado, ou escondido que não venha a ser conhecido’. O nome parecia ser uma referência zombeteira a um dos principais bordões de Bolsonaro, do Evangelho de João: ‘Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará'."

O Washington Post, dos Estados Unidos, noticiou a operação policial contra auxiliares de Bolsonaro dando destaque ao valor supostamente recebido pela venda de presentes de luxo: US$ 70 mil. Além de detalhar as investigações da Polícia Federal, a reportagem publicada no jornal americano lembra que há suspeita de envolvimento de Bolsonaro nos atos golpistas de 8 de janeiro e que o ex-presidente está inelegível por 8 anos.

O Le Monde, da França, destacou que Bolsonaro é suspeito de ter desviado presentes para a Presidência para seu benefício pessoal. O jornal francês explicou que o ex-presidente teria levado alguns desses itens para os Estados Unidos após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas últimas eleições. Já em março, quando o caso foi revelado pelo Estadão, o Le Monde tinha descrito o possível envolvimento de Bolsonaro como "embaraçoso" e "extremamente constrangedor". O correspondente do jornal francês no Rio, Bruno Meyerfeld, escreveu que a "imagem de homem do povo" do ex-presidente estava "seriamente abalada".

O Público, de Portugal, afirmou que as denúncias de ex-colaboradores colocam Bolsonaro em "maus lençois". O jornal português destacou a suspeita de envolvimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid na venda de presentes recebidos pela Presidência e as acusações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto durante sessão da CPI do 8 de janeiro. Delgatti afirmou que o ex-presidente pediu que ele tentasse invadir uma urna eletrônica. Em outra reportagem, o Público reportou o pedido de quebra de sigilo fiscal de Bolsonaro e da ex-primeira dama, Michelle.

O El País, da Espanha, publicou um artigo de opinião do jornalista e escritor Juan Arias sobre o assunto. No texto intitulado "A ironia de Bolsonaro que está se afogando no escândalo das joias de ouro e diamantes", o autor destaca a diferença entre o discurso anticorrupção do ex-presidente e as acusações de envolvimento no suposto esquema de venda de presentes. O escritor diz ser irônico que Bolsonaro possa ser preso pelo caso das joias e não por atitudes citadas como mais graves, como "a tentativa de golpe de Estado ou sua zombaria com a epidemia de covid".

"A história dessas joias poderia dar um filme de comédia sobre pequenos traficantes, como o fato de terem sido trazidas escondidas no fundo da mochila de um militar e de alguns desses objetos preciosos, como um colar de diamantes para a esposa de Bolsonaro, ainda estarem retidos na alfândega do Rio e ainda não terem sido recuperados", escreveu Arias.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta sexta-feira (18), que não recebeu nenhum valor da venda de joias - presentes de autoridades da Arábia Saudita. Uma investigação da Polícia Federal apura a venda ilegal desses itens. O repasse teria sido articulado pelo ex-ajudante de ordem, Mauro Cid.

Em entrevista ao Estadão, Bolsonaro também ressaltou a autonomia de Mauro Cid e destacou o desejo de que tudo seja esclarecido o mais rápido possível.

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“Não recebi nada... Ele tinha autonomia”, ressaltou o ex-presidente, oscilando claramente de humor entre as respostas. Argumentando que joias são presentes de categoria personalíssima, Bolsonaro fez questão de lembrar uma portaria assinada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) que aponta os itens da categoria como pertencentes ao detentor do cargo. A portaria foi revogada em 2021.

“Joia é tido como personalíssimo, pertence ao presidente, até 2021. Se eu tivesse outras intenções não teria revogado. A portaria é do governo Michel Temer. Eu entendo que a portaria é legal. A partir de 22 não está definido o que é personalíssimo. Fica no ar, em dúvida tem quem beneficie o seu lado”, afirmou. Bolsonaro ainda contou ter 9 mil itens que recebeu de presente, entre eles camisetas e bonés.

Sigilo

Nessa quinta-feira (17), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, autorizou a quebra do sigilo do ex-presidente e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Questionado sobre o assunto, Bolsonaro disse estar incomodado, mas “sem problemas”.

“Sem problema nenhum. Lógico que tudo incomoda, mas sem problemas”, frisou. “Estou pressionado desde antes de assumir à Presidência. Foram quatro anos difíceis, estou há 8 meses aqui e parece que continuo pautando a mídia”, emendou.

Menos de 24 horas depois de confirmar a veículos de imprensa que o tenente-coronel Mauro Cid iria apontar Jair Bolsonaro (PL) como mandante de um esquema que desviou presentes milionários recebidos pela Presidência da República, o advogado Cezar Bitencourt recuou e afirmou não ter falado sobre as transações envolvendo as joias recebidas pelo ex-presidente por delegações estrangeiras.

Em mensagem enviada ao Estadão na madrugada desta sexta-feira (18), Bitencourt disse: "Não tem nada a ver com joias! Isso foi erro da Veja não se falou em joias [sic]".

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Citada pelo advogado, a revista Veja publicou na noite dessa quinta-feira (17), que o Mauro Cid decidiu confessar que vendeu joias nos Estados Unidos a mando de Bolsonaro. Ainda segundo a reportagem, o ex-ajudante de ordens da Presidência da República vai dizer que o dinheiro arrecadado foi enviado ao ex-presidente, o que pode configurar peculato e lavagem de dinheiro.

Além da Veja, o advogado também reiterou o teor da nova linha da defesa a outros veículos. "A questão é que isso pode ser caracterizado também como contrabando. Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro", afirmou o defensor, de acordo com a publicação. "Mas o dinheiro era do Bolsonaro", prosseguiu ele.

Bitencourt assumiu a defesa de Cid na terça-feira (15). Um dia depois, ele deu indícios de que a linha de defesa seria mostrar que o tenente-coronel apenas cumpria ordens, mesmo "ilegais e injustas".

"Essa obediência hierárquica para um militar é muito séria e muito grave. Exatamente essa obediência a um superior militar é o que há de afastar a culpabilidade dele. Ordem ilegal, militar cumpre também. Ordem injusta, cumpre. Acho que não pode cumprir é ordem criminosa", disse o advogado, em uma entrevista concedida à GloboNews.

A Polícia Federal cumpriu na sexta-feira da semana passada (11), mandados de busca e apreensão no caso das joias. Entre os alvos da operação estava Mauro Cid, hoje preso por um outro esquema ilegal de falsificação de cartões de vacina.

Também estão envolvidos no desvio das joias o pai do tenente-coronel, o general da Reserva Mauro César Lourena Cid, o segundo tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef. A corporação estima que o esquema tenha rendido R$ 1 milhão.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) foi às redes sociais criticar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dela e de seu marido, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A determinação judicial ocorre no âmbito da Operação Lucas 12:2, da Polícia Federal (PF), que investiga uma possível organização criminosa para vender e desviar presentes recebidos por Jair, ainda na posição de chefe de Estado.

"Pra que quebrar o meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir. Quem não deve, não teme", escreveu a ex-primeira-dama. A publicação foi feita nos Stories do Instagram, nesta sexta-feira (18), após diversas publicações de passagens bíblicas e músicas citando perseguição aos "justos".

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Michelle afirmou que tem sofrido perseguição, mas garantiu que não se abalará: "Fica cada vez mais claro que essa perseguição política, cheia de malabarismo e inflamada pela mídia, tem como objetivo manchar o nome da minha família e tentar me fazer desistir. Não conseguirão! Estou em paz!". 

O desenrolar das investigações motivou o pedido de quebra de sigilo emitido pela PF, na semana passada, mas aceito pelo STF somente nessa quinta-feira (17). Segundo a apuração, os desvios começaram em meados de 2022 e terminaram no início deste ano. Entre os envolvidos estão o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o pai dele, o general de Exército, Mauro Lourena Cid. O militar trabalhava no escritório da Apex, em Miami.  

O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou de "camicase" a estratégia de seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid de confessar a participação na venda de presentes recebidos pela comitiva presidencial - e de dizer que estava cumprindo determinações do ex-chefe do Executivo. As declarações foram dadas ao jornalista Túlio Amâncio, da Band.

Túlio relatou, nas redes sociais, ter conversado por telefone com Bolsonaro logo após o advogado de Cid revelar a estratégia da confissão à revista Veja. Na conversa, segundo ele, o ex-presidente disse que Cid está preso há muito tempo e, por isso, seria capaz de falar qualquer coisa para sair da cadeia.

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O jornalista afirmou ainda que o presidente negou ter recebido dinheiro em espécie de Mauro Cid e também negou ter sido o responsável pela ordem para a venda dos bens recebidos por comitivas em visitas ao Oriente Médio.

Bolsonaro também teria, segundo o jornalista, afirmado que não falou nem com Mauro Cid nem com o pai do ex-ajudante de ordens, o general Mauro Lourena Cid, depois da operação da Polícia Federal realizada na semana passada, para não ser acusado de interferência.

Confissão confirmada por advogado

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do presidente Bolsonaro, vai confessar que vendeu as joias recebidas pelo ex-chefe em agendas oficiais, transferiu o dinheiro para o Brasil e entregou os valores em espécie para Bolsonaro. A informação foi dada pelo advogado criminalista Cezar Bitencourt para a revista Veja e confirmada ao Estadão. Durante a semana, o advogado, que acabou de assumir a causa, deu sinalizações nesse sentido.

"A gente conseguiu contornar uma coisa que era quase impossível", afirmou ao jornal a advogada Vânia Bitencourt, que é sócia do marido no escritório que defende o militar.

As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo da Arábia Saudita para o então presidente e Michelle Bolsonaro.

O advogado Cezar Roberto Bitencourt assumiu nesta terça-feira (15) a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro.

O contrato foi fechado à noite. O criminalista confirmou a informação ao Estadão e adiantou que ainda não se inteirou do inquérito. Ele espera começar a ler o caso amanhã.

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Bitencourt é professor de Direito Penal e um advogado experiente. Ele defendeu, em 2017, o então deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o "homem da mala", acusado de intermediar o repasse de R$ 500 mil em propina da JBS ao ex-presidente Michel Temer.

É a segunda troca na defesa do tenente-coronel desde que ele entrou na mira de investigações da Polícia Federal. Inicialmente, o advogado de Mauro Cid era Rodrigo Roca, que defendeu o senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas e é próximo da família do ex-presidente.

Roca foi substituído pelo criminalista Bernardo Fenelon, que deixou investigações na semana passada alegando que, por razões de "foro íntimo", precisou se afastar do caso.

A equipe do escritório de Bernardo Fenelon defendia também a mulher do ex-ajudante de ordens, Gabriela Cid, que assim como o marido é investigada no inquérito sobre a falsificação de dados da vacina da covid-19. Em depoimento à PF em maio, ela confessou ter usado um cartão falso para entrar nos Estados Unidos, mas atribuiu as fraudes ao marido, indicando que ele poderia assumir a culpa pelos crimes. Com a mudança de advogado, é incerto se a estratégia será mantida.

Cezar Roberto Bitencourt já deu declarações públicas e escreveu artigos contra o instrumento da delação premiada. Em texto publicado em 2017 no portal Consultor Jurídico, intitulado Delação premiada é favor legal, mas antiético, o advogado chamou as colaborações de "figura esdrúxula". "Não se pode admitir, eticamente, sem qualquer questionamento, a premiação de um delinquente que, para obter determinada vantagem, 'dedure' seu parceiro", escreveu.

O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA), negou, nesta terça-feira (15), pedido do deputado Duarte Junior (PSB-MA) para votação de requerimentos pela convocação e a autorização para as quebras dos sigilos telemático e fiscal do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. O parlamentar também sugeriu que a CPMI se debruce sobre dados do inquérito da Polícia Federal que investiga a venda, por assessores do ex-presidente, de joias e outros presentes dados ao casal Bolsonaro por países árabes.

Apesar de o nome do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, aparecer nas investigações dos atos antidemocráticos e da venda de joias, Arthur Maia não acatou o pedido e disse não ver "qualquer nexo de causalidade" entre as denúncias recentemente divulgadas pela imprensa e os ataques do 8 de janeiro.

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"Eu não consigo enxergar nenhum nexo de causalidade em relação com o que aconteceu no dia 8 de janeiro e com um presente que eventualmente, não estou dizendo que isso aconteceu, que o presidente teria recebido [...]. Eu não vou entrar nisso, isso não tem nada a ver com o 8 de janeiro. Não contem comigo para esse tipo de coisa", disse Arthur Maia.

Prorrogação

Arthur Maia também declarou que não pretende prorrogar os trabalhos da CPMI, que tem 120 dias para funcionar. Ele disse esperar que a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), entregue o relatório final dentro do prazo estabelecido pelo regimento que deu origem à comissão parlamentar mista de inquérito, que é de 120 dias. 

"Agora, se deputados e senadores fizerem o número suficiente de assinaturas, conseguirem o número suficiente de assinaturas na Câmara dos Deputados e no Senado para prorrogar a CPMI, cumpre a mim, como presidente, aceitar essa determinação do Congresso Nacional e continuar os nossos trabalhos até a data que for determinada. Agora, repito, cumprirei o nosso trabalho dentro dos limites da lei", declarou o deputado. 

*Da Agência Senado

Com a renúncia do advogado Bernardo Fenelon, a estratégia de defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro, está em xeque.

O criminalista deixou o caso nesta semana alegando que, por razões de "foro íntimo", precisou se afastar do caso. A saída deixa Mauro Cid vulnerável em um dos momentos de maior pressão nos inquéritos.

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É a segunda troca na defesa do tenente-coronel desde que ele entrou na mira de investigações da Polícia Federal. Inicialmente, o advogado de Mauro Cid era Rodrigo Roca, que defendeu o senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas e é próximo da família do ex-presidente.

O tenente-coronel está preso preventivamente por suspeita de falsificar dados de vacinação da covid-19 para burlar exigências sanitárias na pandemia.

A equipe do escritório de Bernardo Fenelon defendia também a mulher do ex-ajudante de ordens, Gabriela Cid, que é investigada no mesmo inquérito. Em depoimento à PF em maio, ela confessou ter usado um cartão falso para entrar nos Estados Unidos, mas atribuiu as fraudes ao marido, indicando que ele poderia assumir a culpa pelos crimes. Com a mudança de advogado, é incerto se a estratégia será mantida.

A situação jurídica de Mauro Cid se complicou depois que a Polícia Federal apreendeu seu celular, na investigação sobre as fraudes em informações da vacina, e encontrou mensagens sobre o que parece ser um esquema de apropriação e venda de presentes diplomáticos, como joias e esculturas, que Bolsonaro deveria ser devolvido ao acervo da União.

A PF fez buscas na semana passada em endereços ligados a aliados do ex-presidente, na Operação Lucas 12:2, e as novas provas colhidas ainda estão sendo analisadas pelos investigadores.

Mesmo com recibo do Rolex em seu nome, o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, diz nunca ter visto o relógio de luxo que o ex-presidente recebeu em excursão ao Oriente Médio. A Polícia Federal avalia provas contundentes do seu envolvimento na venda ilegal e investiga sua viagem aos Estados Unidos, onde a peça foi vendida. 

"Nada. Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma [...] nunca na minha vida. Desafio a provarem isso. Falo e garanto", afirmou ao blog de Valdo Cruz. 

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O relógio avaliado em cerca de R$ 300 mil foi recebido de presente em 2019 e vendido nos Estados Unidos em junho de 2022, pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. 

LeiaJá também: Rosto do pai de Cid é visto em foto para vender relógio

Com a exigência da devolução do Rolex ao acervo da União, em março de 2023, Wassef viajou aos Estados Unidos com a missão de reavê-lo. Ele nega envolvimento, mas seu nome aparece no recibo de recompra. 

"Uma coisa é a viagem que fiz para os EUA. Outra coisa é me acusar de organização criminosa e esquema de joia. É uma armação", defende-se.   

Conversas dele com Cid aumentam ainda mais os indícios da participação no esquema criminoso. Um mês seguinte da ida aos EUA, o advogado volta para São Paulo, onde teria entregado o relógio a Mauro Cid. Dois dias depois, a peça é devolvida à União. 

Wassef diz não ter qualquer relação ou amizade com Mauro Cid, limitando as interações trocadas em poucos contatos. "Nunca tomei choppinho. Zero. Era absolutamente formal. Conto na mão as vezes que falei com ele [...] zero de qualquer outro tema ou assunto”, complementou. 

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se exaltou ao ser questionada sobre as joias que são alvo de investigação da Polícia Federal. Ela almoçava em um restaurante em Brasília, nessa sexta (11), quando foi perguntada por uma cliente sobre os presentes dados à União que teriam sido vendidos de forma ilegal, com anuência do marido. Seu maquiador Agustin Fernandez insultou a mulher e atirou um copo com gelo.

Nas imagens, o maquiador chama a mulher de "vagabunda" e faz outros xingamentos. Michelle também aparece exaltada. Ela caminha em direção à mesa da mulher que a questionou e diz: "você é tão mal-informada que sabe onde estão as joias”. Em seguida, Agustin joga um copo com gelo nela.

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O maquiador não se pronunciou sobre as agressões. A assessoria da ex-primeira-dama emitiu uma nota de repúdio e deu sua versão sobre o caso:

"Na tarde de hoje (11), durante um almoço com amigas, D. Michelle atendia a pedidos para tirar fotos com um casal, quando foi importunada com provocações e insultos injustos oriundos de duas desconhecidas.

Essas mulheres, de maneira premeditada, iniciaram uma filmagem enquanto provocavam e insinuavam acusações de crime contra Michelle disfarçando-as de perguntas, numa clara tentativa de preparar uma cilada midiática para a ex-Primeira-Dama, a qual apenas respondeu aos insultos dizendo que aquelas pessoas eram mal-informadas e retirou-se do local.

Repudiamos esse tipo de ação contra quem quer que seja e, principalmente, quando se verifica a premeditação da prática do mal com a finalidade desonesta de obter, no mínimo, ganhos midiáticos em detrimento da honra e da paz das pessoas."

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