A pouco mais de uma semana para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a preocupação com as partes teóricas dão lugar às inquietações quanto à prática na hora de realizar as provas.Nesse contexto, a redação é uma das áreas mais temidas pelos estudantes, já que requer rapidez e agilidade, aliadas à boa escrita e conhecimentos de mundo e assunto propostos pelo tema.
Os feras devem ficar atentos para que, no momento do Exame, saibam equilibrar bem o tempo com o raciocínio. O professor de redação Eduardo Pereira explica que os alunos devem ter um bom conhecimento de mundo para poder desenvolver bem o tema. “É importante que o estudante reserve 30 minutos para escrever o rascunho da redação e mais 30 minutos para finalizá-la”. No vídeo a seguir, veja na prática como escrever o texto:
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O Enem exige cinco competências básicas, que devem ser muito bem trabalhadas, já que o texto vale mil pontos, ou seja, 20% da nota geral do conjunto de provas. O professor de redação do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Peron Rios, explica quais são:
1) Demonstrar domínio da modalidade padrão do português. “Isso significa que ele deve realizar de maneira adequada as concordâncias, não pecar na pontuação ou na ortografia (desvios bastante recorrentes), evitar marcas de oralidade, atentar para a regência verbal ou nominal. O uso inadequado desses elementos ganha maior peso negativo quando a compreensão textual é prejudicada”, comenta Rios.
2) Compreensão do tema. “A proposta da redação deve ser, igualmente, bem assimilada. Aqui, a interpretação de texto é fundamental. Em 2014, o tema “publicidade infantil” não foi satisfatoriamente compreendido por considerável parcela dos candidatos, o que, por conseguinte, gerou fuga temática em demasia. As eventuais margens de ambiguidade do enunciado temático podem ser subtraídas com a leitura atenta dos textos de apoio, que a prova oferece”, cita Peron.
3) Organizar as informações e argumentos. “Em outros termos, aqui ele vai apresentar seu poder de reunir os elementos mais relevantes para a defesa de seu ponto de vista (que deve estar explícito) e relacioná-los de forma que o vínculo semântico seja localizável. Além disso, a capacidade de dispor de forma gradativa sua argumentação, por exemplo, será avaliada. Entender o alcance dos fatos é outro aspecto que não deve ser negligenciado, sob pena, inclusive, de se perder a coerência externa (desconexão com a estrutura factual do mundo, com seus acontecimentos efetivos e verificáveis)”, explica o professor.
4) Aplicação lógica correta. “O uso dos recursos de linguagem para a composição adequada da argumentação será um dos vetores mais importantes que o aluno deverá dominar. Basicamente, ele precisará mostrar suas capacidade de estabelecer coesão (por repetição, substituição, elipse, sinonímia, hiponímia, hiperonímia). Os pronomes pessoais, demonstrativos ou relativos, sejam eles anafóricos (que retomam o referente) ou catafóricos (que o antecipam), deverão ser muito bem manipulados, aqui. Esses conectores necessitarão, por sua vez, estabelecer o vínculo semântico adequado, sem provocar contradições (a título de exemplo: um “portanto” que não introduz conclusão, mas causa) ou obscurantismos”, sugere o especialista.
5) Construção da proposta com intervenção e solução para o tema. “O ENEM exige do candidato, igualmente, uma proposta de intervenção, uma sugestão frente ao impasse estabelecido. A originalidade e o grau de precisão dessa proposta serão levados em conta, no momento da avaliação. Ou seja, quanto menos generalista ou com propostas vagas e idealistas ele se apresentar (e de quanto menos clichês ele puder lançar mão), tanto melhor para seu desempenho satisfatório”diz Peron.