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Serkan Tatoglu conseguiu salvar seus quatro filhos do violento terremoto que destruiu sua casa no sudeste da Turquia. A família agora está segura, mas a filha de seis anos continua perguntando: "Papai, vamos morrer?"

A província de Kahramanmaras - com 1,1 milhão de habitantes antes do terremoto - tem tido nas últimas semanas ares de filme apocalíptico, com seus prédios desabados, o som de sirenes de ambulâncias e caixões colocados na beira das estradas.

São cenas assustadoras para as crianças que sobreviveram ao terremoto de 6 de fevereiro, com um saldo de 32.000 mortos na Turquia, segundo um balanço ainda provisório.

"Meus filhos foram gravemente afetados pelo terremoto", disse à AFP Serkan Tatoglu, cuja esposa e filhos de 6, 11, 14 e 15 anos se refugiaram em um aglomerado de barracas construídas ao lado de um estádio na cidade de Kahramanmaras.

"Perdi dez membros da minha família. Meus filhos não sabem, mas a mais nova está traumatizada com as réplicas do terremoto. Ela fica me perguntando 'Papai, vamos morrer?'", conta.

"Não quero mostrar os corpos para eles. Eu e minha esposa os abraçamos e dissemos que tudo vai melhorar", diz.

Hilal Ayar, de 25 anos, está muito preocupada com seu filho de sete, Mohamed Emir: "Ele não está bem mentalmente, não consegue dormir".

- "Políticas de emergência" -

Sueda Deveci, psicólogo da filial turca da ONG Doctors Worldwide, enviado a Kahramanmaras, trabalha com os pais, também traumatizados.

"Uma mãe me confessou: 'Todo mundo deve ser forte, mas eu não posso fazer nada, não posso cuidar dos meus filhos, não tenho nem vontade de comer'".

Algumas crianças parecem ainda não ter consciência do terremoto, diz ele, enquanto três delas desenham ao seu lado.

"Não falo muito sobre o terremoto com elas. Nós as colocamos para desenhar e veremos até que ponto isso será transmitido em seus desenhos", diz.

"Políticas centradas nas crianças devem ser elaboradas com urgência", pediu Esin Koman, especialista em proteção dos direitos da criança, que agora trabalha na província de Kahramanmaras.

Segundo ela, os menores se adaptam mais rápido que os pais, mas é preciso fazer o que for necessário para que eles passem nesse teste.

O psicólogo Cihan Celik compartilhou no Twitter uma mensagem que recebeu de um motorista de ambulância voluntário enviado para a zona do terremoto.

Durante a retirada, várias crianças foram tomadas pela angústia. "As crianças feridas perguntaram várias vezes ao longo do caminho 'Onde está a mamãe, onde está o pai? Vocês estão nos sequestrando?'".

- "Enxurrada de ligações" -

O vice-presidente turco, Fuat Oktay, afirmou que 574 crianças retiradas dos prédios desabados foram encontradas desacompanhadas. Cerca de 76 foram entregues a familiares.

Um grupo de cerca de 200 voluntários, entre psicólogos, advogados e médicos, montou centros de coordenação nas dez províncias devastadas pelo terremoto. O objetivo é identificar as crianças desacompanhadas e entregá-las às suas famílias, com a ajuda da polícia.

"Recebemos milhares de ligações", conta Hatice Goz, voluntária do centro de coordenação da província de Hatay (sul).

Ela entra em contato com as famílias que procuram suas crianças, recebe informação sobre a idade, características físicas e moradia, antes de informar os centros de coordenação.

"Temos equipes especializadas nisso. Elas analisam permanentemente todas as informações obtidas, comparando-as com os registros hospitalares", diz Hatice Goz.

"Quando vi a lista ontem, o número de crianças desaparecidas de que fomos informados chegou a 180. E entregamos 30 para suas famílias", acrescenta.

As crianças foram retiradas com vida dos escombros e levadas aos hospitais mais próximos, sem necessariamente estarem acompanhadas de um familiar.

Mas enfatiza, "se a criança ainda não fala, a família não consegue encontrá-la".

O número de mortos no terremoto que atingiu Turquia e Síria subiu nesta segunda-feira (13) para 35 mil. Em razão das poucas perspectivas de encontrar sobreviventes, os esforços agora se concentram em ajudar as centenas de milhares de pessoas que ficaram desabrigadas.

Apesar de cada vez mais difícil, equipes de resgate ainda conseguem retirar sobreviventes dos escombros. Ontem, um menino de 13 anos foi resgatado na Província de Hatay, 182 horas depois do terremoto, segundo jornais turcos.

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O resgate do pequeno Kaan, transmitido ao vivo pela emissora Halk TV, é um dos que continuam ocorrendo entre os milhares de prédios que desabaram, sob os quais alguns especialistas estimam que ainda possam existir até 155 mil corpos. Quatro horas antes, uma mulher de 70 anos e uma moça de 26 anos haviam sido resgatadas com vida, após aguentar por 178 horas, ambas em Antakya, capital da Província de Hatay.

Na Província de Adiyaman, uma menina de 6 anos também foi salva após 176 horas nos escombros. Segundo especialistas, as baixas temperaturas, que nos últimos dias estiveram próximas de zero, podem favorecer a sobrevivência por retardar a desidratação.

A maior parte dos resgates dos últimos dois dias, que a imprensa turca qualifica como "milagrosa", ocorreu em Hatay, uma das áreas mais atingidas por se situar sobre uma falha geológica, apesar da distância do epicentro.

O balanço torna a catástrofe a quinta com maior número de mortos desde o início do século 21. Na Síria, o número de mortos permanece estável há dias, principalmente em razão do reduzido trabalho de resgate, o que indica que o total de vítimas deve aumentar.

A ONU denuncia o fracasso no envio de ajuda à Síria, um país já devastado por mais de uma década de guerra. Em uma reunião a portas fechadas do Conselho de Segurança, convocada por Suíça e Brasil, o diretor de emergências da ONU, Martin Griffiths, que esteve ontem na cidade síria de Alepo, apresentou uma avaliação da situação.

Desabrigados

Na cidade turca de Kahramanmaras, perto do epicentro, foram montadas 30 mil barracas e há 48 mil pessoas vivendo em escolas e outras 11.500 alojadas em centros esportivos.

Antakya, cidade turca conhecida como Antioquia na antiguidade, foi devastada e o terremoto destruiu a mesquita mais antiga do país. "Era um lugar precioso para nós, turcos e muçulmanos. As pessoas costumavam vir aqui antes de fazer a peregrinação a Meca", disse Havva Pamukcu.

O vice-presidente turco, Fuat Oktay, disse no domingo, 12, que 108 mil prédios foram danificados na área atingida pelo terremoto, 1,2 milhão de pessoas estão alojadas em moradias estudantis e 400 mil foram retiradas da região.

O prejuízo financeiro do desastre pode passar de US$ 84 bilhões (R$ 435 bi), estimou ontem a federação de empresas Turkonfed. Na Turquia, cresce a indignação com a má qualidade dos edifícios e a resposta do governo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O chefe da ONU disse nesta segunda-feira (13) que o presidente sírio, Bashar al-Assad, concordou em abrir mais duas passagens fronteiriças para permitir a entrada de ajuda às vítimas do terremoto que deixou mais de 35 mil mortos na região.

Antes da tragédia, quase toda a ajuda humanitária crucial para os mais de quatro milhões de pessoas que vivem em áreas controladas por rebeldes no noroeste da Síria era entregue da Turquia, por meio do cruzamento de Bab al-Hawa.

“A abertura desses pontos de cruzamento, além de facilitar o acesso humanitário, acelerar as aprovações de vistos e facilitar as viagens entre os centros, permitirá que entre mais ajuda, mais rápido”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um comunicado.

Ele disse que Assad havia concordado em abrir os pontos de travessia de Bab al-Salam e Al-Rai, da Turquia ao noroeste da Síria, por um período inicial de três meses, para possibilitar a entrega oportuna de ajuda humanitária.

Guterres apontou que, dado que o número de vítimas do terremoto segue aumentando e que os sobreviventes estão expostos às duras condições de inverno na Síria devastada pela guerra, entregar “suprimentos vitais para todas as milhões de pessoas afetadas é de suma urgência”.

“Se o regime estiver disposto a colocar em prática essas palavras, isso seria algo bom para o povo sírio”, reagiu o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.

O anúncio ocorre um dia depois de o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, se reunir com Assad em Damasco para discutir a resposta ao terremoto de magnitude 7,8 que atingiu Síria e Turquia em 6 de fevereiro.

A situação é particularmente grave na área controlada por rebeldes no noroeste da Síria, que não pode receber ajuda de partes do país controladas pelo governo sem autorização de Damasco.

O único cruzamento fronteiriço aberto para suporte a partir da Turquia também teve suas operações interrompidas pelo abalo sísmico.

A ajuda nas zonas controladas pelos rebeldes na Síria costumam chegar através da Turquia por um mecanismo transfronteiriço criado em 2014 por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Mas foi questionado por Damasco e seu aliado Moscou, que os veem como uma violação da soberania síria. Sob pressão da Rússia e China, o número de pontos de cruzamento caiu de quatro para um.

Uma menina de seis anos de idade foi resgatada com vida nesta segunda-feira (13), uma semana depois do terremoto devastador que matou mais de 35 mil pessoas na Turquia e na Síria.

Miray passou 178 horas nos escombros de um prédio em Adiyaman, uma das cidades mais atingidas pelo abalo sísmico de 7.8 na escala Richter, mas foi encontrada viva por socorristas, segundo a TV estatal TRT.

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Já em Antioquia, uma idosa de 70 anos, Nuray Gurbuz, também foi salva após ficar 178 horas presa nos destroços de um edifício. Geralmente, utiliza-se o prazo de 72 horas dentro do qual é mais provável encontrar sobreviventes de desmoronamentos.

A própria Organização das Nações Unidas (ONU) admitiu nesta segunda-feira que a busca por sobreviventes está chegando ao fim e que o foco deve passar para o auxílio aos feridos e desabrigados.

Da Ansa

O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que o governo federal usou para levar ajuda humanitária à Turquia regressou nesse domingo (12) ao Brasil. A aeronave trouxe  a bordo 17 pessoas que sobreviveram ao terremoto que atingiu parte da Turquia e da Síria na última segunda-feira (6).

Quatro crianças integram o grupo de nove brasileiros e oito estrangeiros que desembarcou nesta madrugada na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. A repatriação dos brasileiros foi coordenada pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), que aproveitou o voo de volta do KC-30 da FAB.

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Equipe de resgate

Logo após os fortes tremores de terra que chegaram a atingir 7,8 na escala Richter, o governo brasileiro acionou a Aeronáutica para que levasse à Turquia uma equipe de brasileiros especializados em resgate urbano e socorro a vítimas de desastres naturais.

Os 42 profissionais brasileiros, incluindo bombeiros, agentes de saúde e da Defesa Civil, chegaram à capital turca, Ancara, na noite da última quarta-feira (9). Eles devem permanecer por ao menos duas semanas no país prestando apoio humanitário à população que, além das consequências do terremoto, enfrenta um inverno rigoroso, com temperaturas abaixo de zero.

Desespero e correria

Segundo a FAB, o resgate das 17 pessoas trazidas ao Brasil contou com a ajuda de outros cidadãos que permanecem na Turquia, incluindo brasileiros. Ainda de acordo com a Aeronáutica, entre os nove brasileiros, há uma mulher, grávida, identificada como Fernanda Lima.

“Quando eu entendi que aquela situação não era habitual, comecei a gritar para meu marido e meu filho acordarem. Então, arranquei o meu filho do berço, dei na mão do meu marido e falei: corre, que isso é um terremoto. Salva a vida dele! Me deixa, vai na frente com ele! E foi só o tempo da gente sair de casa. Quando saímos de casa, nós a vimos desabar. Perdemos tudo”, relatou Fernanda aos militares da FAB.

O professor Guilherme Brito, de 22 anos de idade, também integra a lista de brasileiros repatriados. Entrevistado por uma equipe da TV Brasil que viajou a Ancara a convite da FAB, Brito contou que tinha acabado de chegar à cidade de Adana para participar de um intercâmbio estudantil quando foi surpreendido pelo terremoto que, segundo fontes dos governos turcos e sírio, já matou ao menos 33 mil pessoas.

“Eu tinha acabado de chegar. Estava bem cansado, mas muito feliz. Jantei, fui dormir e, por volta de 4h da manhã, senti tudo tremer”, contou Brito. Segundo o estudante, pouco depois, houve um segundo tremor, ainda mais forte, que o fez correr para a rua. Brito lembra de, ao chegar na rua, olhar e ver ao menos três prédios próximos caídos e muitos outros com rachaduras graves. Além disso, segundo ele, fazia muito frio, o que pode ter causado a morte de muitas pessoas presas em meio aos escombros. Segundo Brito, os termômetros marcavam em torno de 3 graus Celsius (°C), mas a sensação térmica era de -1°C.

“Começamos a andar pelas ruas com um amigo turco, e ele nos alertou para que não andássemos por ali porque havia risco de demolir, de cair. Acabei decidindo não ficar [na Turquia] justamente por isso. Minha ideia era ajudar, mas percebi que aquela zona ainda era de risco, embora não fosse uma área tão afetada. O medo começou a tomar conta”, disse Brito sobre porque decidiu pedir ajuda das autoridades diplomáticas para deixar o país.

O número de mortos no terremoto na Turquia e na Síria passou de 33 mil neste domingo (12), enquanto a ONU lamentou a demora no envio de ajuda humanitária às zonas sírias devastadas e advertiu que o número final de vítima fatais pode ser mais do que o dobro do atual.

Os últimos balanços falam de 33.179 mortos (29.605 na Turquia, e 3.574, na Síria), pelo terremoto mais violento da região em 80 anos.

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Um novo comboio da ONU chegou ao noroeste da Síria neste domingo, procedente da Turquia, mas o chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, afirmou que é necessário mais apoio para as milhões de pessoas que perderam suas casas no terremoto de magnitude 7,8 há quase uma semana.

"Até agora, falhamos com o povo do noroeste da Síria. Eles têm direito de se sentirem abandonados, esperando por ajuda internacional que não chega", disse Griffiths, acrescentando que "meu dever e minha obrigação é corrigir essa falha o mais rápido possível".

A situação se agrava na Síria, cujo sistema de saúde e infraestrutura global estão sobrecarregados por mais de uma década de guerra civil.

Composto por uma dezena de caminhões com ferramentas de resgate, além de cobertores e colchões, o comboio deste domingo atravessou o posto fronteiriço de Bab al-Hawa, saindo da Turquia, observou um correspondente da AFP.

No sábado (11), falando direto de Kahramanmaras, perto do epicentro do terremoto na Turquia, Griffiths já havia advertido que o número de mortos ainda pode aumentar consideravelmente.

"É realmente difícil estimar de forma muito precisa, porque você tem que chegar debaixo dos escombros, mas tenho certeza de que vai dobrar, ou mais", afirmou Griffiths, no sábado (11), na cidade turca de Kahramanmaras, perto do epicentro do terremoto.

"Já lidamos com muitos conflitos no mundo todo (...) Mas perder 20, 30, ou 40 mil pessoas em uma noite, não vemos isso nem nesses conflitos", continuou Griffiths.

"É assustador", acrescentou.

Em meio a um cenário devastador e a um frio glacial, dezenas de milhares de socorristas locais e estrangeiros trabalham entre as ruínas, em busca de sinais de vida.

Temores pela segurança das equipes de resgate obrigaram, no entanto, que as operações fosse suspensas, e dezenas de pessoas foram presas na Turquia acusadas de cometerem saques após o terremoto, segundo a imprensa estatal.

Uma equipe israelense de voluntários anunciou, hoje, que se retirou, após ameaças "significativas" à sua segurança na Turquia.

- 26 milhões de afetados -

Apesar de todas as dificuldades, casos milagrosos de pessoas encontradas sob os escombros continuam a ser relatados, mas especialistas alertam que as esperanças de encontrar sobreviventes diminuem a cada dia que passa.

No sul da Turquia, um bebê de sete meses chamado Hamza foi resgatado com vida mais de 140 horas após o terremoto em Hatay, e uma adolescente de 13 anos, identificada como Esma Sultan, foi salva em Gaziantep, informou a imprensa pública.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 26 milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto e lançou um apelo urgente para arrecadar US$ 42,8 milhões para financiar necessidades urgentes de saúde.

Segundo a agência turca para situações de emergência e desastres naturais, cerca de 32.000 pessoas estão mobilizadas nas operações de resgate, além de mais de 8.000 socorristas estrangeiros. Em muitas áreas, porém, as equipes não têm sensores, o que significa que seu trabalho se reduz a escavar, com cuidado, prédios desabados, usando pás, ou mesmo as próprias mãos.

Alaa Moubarak, diretor da Defesa Civil de Jableh, no noroeste da Síria, disse que não recebe equipamentos novos há 12 anos.

"Se tivéssemos esse tipo de equipamento, teríamos salvado centenas de vidas, talvez mais", desabafa.

- Indignação cresce -

O governo da Síria anunciou que aprovou a entrega de ajuda humanitária para áreas rebeldes fora de seu controle na província de Idlib e que o comboio deveria partir no domingo, embora tenha sido adiado posteriormente.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ao Conselho de Segurança que autorize a abertura de mais postos de fronteira para enviar ajuda para as áreas controladas pelos rebeldes na Síria, partindo da Turquia.

O passar dos dias também aumenta a busca de responsabilidades, especialmente na Turquia, onde a população se revolta com a lentidão da resposta do governo e com a má qualidade das edificações, após o pior desastre em quase um século no país.

As autoridades dizem que mais de 12.000 imóveis foram destruídos, ou gravemente afetados pelo terremoto. Até agora, a polícia prendeu 12 pessoas, incluindo alguns incorporadores imobiliários, pelo desabamento de edifícios.

burs-bp/mca/dbh/cjc-an/mb/tt

O ministro das Relações Exteriores da Grécia, Nikos Dendias, viajou para a Turquia neste domingo (12), em uma demonstração de apoio após o devastador terremoto de segunda-feira (6), apesar da rivalidade histórica entre esses dois países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Dendias foi recebido por seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, segundo imagens transmitidas pelo canal estatal ERT TV, antes de embarcar em helicópteros para visitar as regiões afetadas pelo sismo.

É a primeira visita de um ministro europeu à Turquia desde o terremoto.

"Gostaria de transmitir às autoridades turcas e ao povo turco minhas mais sinceras condolências em nome do governo e de todo o povo grego", disse Dendias, em entrevista coletiva com Cavusoglu em Antióquia, uma das áreas mais atingidas.

Cavusoglu destacou, por sua vez, que "a Grécia foi um dos primeiros países que ligaram e ofereceram ajuda à Turquia após o terremoto".

Apesar de um histórico de rivalidade com a Turquia, a Grécia foi um dos primeiros países europeus a enviar equipes de resgate e ajuda humanitária na segunda-feira, poucas horas após a catástrofe.

Os dois países se opõem em questões de imigração, assim como sobre a questão dos hidrocarbonetos no Mediterrâneo.

Como países vizinhos que estão sobre falhas sísmicas, eles também têm, contudo, a tradição de ajudar uns aos outros quando há desastres naturais.

"Espero que façamos um esforço para encontrar soluções para nossas diferenças por meio do diálogo, de uma forma sincera", disse Cavusoglu.

Dendias afirmou que não é necessário outro desastre para melhorar as relações, acrescentando que os esforços da Grécia para ajudar a Turquia continuarão.

O terremoto de magnitude 7,8 deixou mais de 28.000 mortos, milhares de feridos e milhões de desabrigados.

No corredor de um antigo bazar em Antakya - cidade afetada pelo devastador terremoto que atingiu o sul da Turquia - um jovem corre com a cabeça ensanguentada, perseguido por um comerciante com uma barra de ferro que o acusa de saquear uma loja.

Nesta cidade milenar, as ruas estão vazias, abandonadas e cheias de poeira após o terremoto de magnitude 7,8 que devastou o sul do país e a vizinha Síria, deixando quase 26 mil mortos.

Aproveitando a devastação e a fuga dos moradores, grupos de saqueadores quebraram vitrines e derrubaram as grades que protegiam algumas lojas.

A situação ficou tensa repentinamente neste sábado. Com isso, comerciantes e policiais decidiram ficar de guarda, prontos para reagir a qualquer suspeita.

Há poucos dias, famílias inteiras esvaziaram supermercados para se alimentar após o terremoto. Mas os saques também afetaram lojas de telefonia, informática e roupas.

Em uma loja de tecnologia, permanecem apenas os letreiros com o nome das marcas de celulares. O resto está vazio, com algumas caixas dos aparelhos roubados no chão.

Na loja ao lado, os manequins caídos já não têm roupa.

Os caixas eletrônicos também não foram poupados. Quatro deles foram arrancados de seus lugares e esvaziados.

- "É um pesadelo" -

Segundo os serviços de segurança, pelo menos 48 pessoas foram presas por saques em oito províncias atingidas pelo terremoto. Entre elas, 42 na província de Hatay, onde fica Antakya.

Quando foram detidos, os saqueadores transportavam grandes quantias em dinheiro, celulares, computadores, armas, joias e cartões bancários.

"Estamos vigiando nossas casas, nossos carros", relatou Aylin Kabasakal à AFP.

"Os saqueadores também chegam às casas. Não sei o que dizer, estamos destruídos, em estado de choque, é um pesadelo", continuou. "Nossas autoridades devem nos proteger", acrescenta a mulher.

Nesta província fronteiriça com a Síria, que em 2021 contava com mais de 430 mil refugiados deste país, os dedos turcos apontam para os "estrangeiros".

As redes sociais estão repletas de ameaças a saqueadores, com vídeos mostrando cenas em que pessoas são espancadas.

"Os turcos também podem fazer isso", diz Nizamettin Bilmez, um vendedor de eletrodomésticos.

A entrada de sua loja ficou parcialmente coberta depois que um prédio próximo desabou, o que protegeu parte de seus aspiradores de pó dos saqueadores.

Bilmez acredita que o que se vê nos supermercados hoje em dia é "normal". "As pessoas precisavam encontrar comida, fraldas para os bebês. A ajuda não chegava", lembrou.

Diante da situação de caos, o Estado tenta agir. Um decreto publicado neste sábado permite que os promotores detenham suspeitos de saques por sete dias, não quatro.

Em visita a Diyarbakir (sudeste), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, lembrou que está em vigor no país o estado de emergência.

"Isso significa que, a partir de agora, as pessoas envolvidas em saques ou sequestros devem saber que a mão firme do Estado estará sobre elas."

Enquanto isso, os comerciantes se preparam para qualquer incidente. E o marido de Aylin Kabasakal avisa que tem uma arma e ficará de prontidão em frente à sua casa.

A ajuda internacional chega lentamente neste sábado (11) a partes da Turquia e da Síria devastadas pelo forte terremoto, que deixou mais de 24.000 mortos e centenas de milhares de necessitados.

O frio na região dificulta os resgates e agrava a tragédia de uma população desesperada. Segundo a ONU, pelo menos 870 mil pessoas precisam urgentemente de alimentos e, apenas na Síria, 5,3 milhões de pessoas ficaram sem casa.

Com medo de voltarem para suas casas, ou porque elas não existem mais, milhares de pessoas dormem em barracas de campanha, ou em seus carros, e se reúnem em fogueiras para se aquecerem.

"Quando vejo os prédios destruídos, os cadáveres, não é que não consiga ver onde estarei daqui a dois ou três anos, é que não consigo imaginar onde estarei amanhã", desabafa a aposentada Fidan Turan, com os olhos cheios d'água, na cidade turca de Antakya (sul).

"Perdemos 60 membros da nossa extensa família", explicou.

"Sessenta! O que eu posso dizer? É a vontade de Deus", resignou-se.

O Programa Mundial de Alimentos da ONU pediu US$ 77 milhões para fornecer rações de alimentos a pelo menos 590.000 pessoas deslocadas pelo terremoto na Turquia, e 284.000, na Síria.

- Acesso humanitário -

O escritório de direitos humanos da ONU pediu, na sexta-feira (10), a todas as partes na área afetada, onde militantes curdos e rebeldes sírios operam, que permitam o acesso humanitário.

Considerado um grupo terrorista por Ancara e por seus aliados ocidentais, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão anunciou a suspensão de sua luta armada para contribuir com os trabalhos de recuperação.

E, na Síria, o governo anunciou que vai autorizar o fornecimento de ajuda internacional às áreas controladas pelos rebeldes no noroeste do país, atingido pelo terremoto.

Até agora, apenas dois comboios humanitários atravessaram a Turquia, esta semana, rumo a esta área controlada pelos rebeldes, onde vivem quatro milhões de pessoas.

A ONU pediu um cessar-fogo imediato no país e a abertura de mais pontos de passagem para a ajuda humanitária, como o de Bab al-Hawa.

Pela primeira vez em 35 anos, uma passagem foi aberta na fronteira entre Turquia e Armênia, informou a agência oficial de notícias turca Anadolu neste sábado. Cinco caminhões com ajuda para as vítimas do terremoto cruzaram o posto de Alican, na província de Igdir, neste sábado, conforme a Anadolu.

A diplomacia turca afirmou que está trabalhando para abrir mais pontos de passagem com as regiões sob o controle do governo sírio, "por razões humanitárias".

O Conselho de Segurança deve se reunir para discutir a situação na Síria, possivelmente no início da próxima semana.

- 'Os andares estão empilhados' -

Embora as equipes de resgate continuem retirando pessoas vivas dos escombros, incluindo várias crianças e uma mulher grávida de seis meses na sexta-feira (10), os balanços de óbitos não parar de subir. Os últimos dados na manhã deste sábado é, por enquanto, de 24.218 mortos, 20.665 delas na Turquia, e 3.553, na Síria.

Após cinco dias do terremoto, o mais mortal na região desde 1939, a comoção inicial dá lugar à raiva e à revolta, na Turquia, pela resposta do governo e pela má qualidade das construções. As autoridades estimam que 12.141 edifícios foram destruídos, ou gravemente danificados.

"Os andares se amontoam uns sobre os outros", relatou o professor da Universidade Bogazici, de Istambul, que atribui isso ao concreto de baixa qualidade e às colunas de aço.

Na sexta-feira (10), a polícia prendeu um incorporador imobiliário no aeroporto de Istambul. Ele tentava fugir do país depois do desabamento de uma das residências de luxo construídas por ele.

Diante das críticas à gestão do governo, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, fez uma espécie de "mea-culpa" na sexta-feira.

"Houve tantos edifícios danificados que, infelizmente, não conseguimos acelerar nossas intervenções como gostaríamos", afirmou, durante uma visita a Adiyaman.

Entre as inúmeras tragédias do terremoto, uma delas envolve um grupo de 24 crianças e adolescentes cipriotas, com idades entre 11 e 14 anos, que estavam na Turquia para um torneio de vôlei, quando o terremoto engoliu seu hotel.

A imprensa turca diz que 19 pessoas do grupo, que também incluía 15 adultos, foram confirmadas como mortas. Dez dos corpos já foram repatriados para suas casas no norte do Chipre.

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) deixa a Turquia rumo ao Brasil com 17 pessoas neste fim de semana. A aeronave pousou no país para desembarcar uma equipe de ajuda humanitária em razão do terremoto registrado em cidades turcas e sírias na segunda-feira (6).

O voo de volta ao Brasil deve durar cerca de 14 horas e o pouso está previsto para acontecer no início da madrugada deste domingo (12), no Rio de Janeiro.

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O professor brasileiro Guilherme Brito, de 22 anos de idade, integra a lista de passageiros. Ele estava fazendo um intercâmbio na cidade de Adana quando o primeiro tremor aconteceu.

“Tinha acabado de chegar. Estava bem cansado, mas muito feliz. Jantei, fui dormir, e, por volta de 4h da manhã, senti tudo tremer”, disse. Pouco tempo depois, segundo ele, um segundo tremor, ainda mais forte, aconteceu. Já fora do dormitório, ele chegou a ver pelo menos três prédios caídos, mas muitos outros com rachaduras graves.

Fazia bastante frio na cidade no momento em que o terremoto aconteceu e muitas pessoas, segundo Guilherme, perderam a vida em meio aos escombros não somente por conta dos ferimentos, mas também por causa das baixas temperaturas. Ele disse que os termômetros marcavam em torno de 3 graus Celsius (°C), mas a sensação térmica era de -1°C.

“Começamos a andar pelas ruas com um amigo turco, e ele nos alertou para que não andássemos por ali porque havia risco de demolir, de cair. Acabei decidindo não ficar [na Turquia] justamente por isso. Minha ideia era ajudar, mas percebi que aquela zona ainda era de risco, embora não fosse uma área tão afetada. O medo começou a tomar conta”.

Missão humanitária

De acordo com o coordenador geral da missão brasileira na Turquia, Rafael Machado, o acampamento que vai abrigar militares pelas próximas duas semanas fica próximo ao aeroporto da capital, Ancara. Foram montados postos de comando e médicos e demais barracas e a equipe já efetuou buscas para resgate de corpos e de possíveis sobreviventes.

“Agora, com tudo instalado, nossas condições operacionais melhoram, temos mais perspectivas de responder rapidamente. Nossos cães também estão em campo, foram com as equipes, requisitados junto com equipamentos especiais que as equipes brasileiras possuem. É um novo cenário pra gente”, disse o coordenador.

*Colaborou Paula Laboissière

Encontrada sob os escombros de uma construção na Síria ainda ligada pelo cordão umbilical à mãe morta durante o terremoto, a recém-nascida, cujo vídeo do resgate viralizou nas redes sociais no começo da semana, ganhou uma nova família.

A bebê foi batizada pela equipe médica do Hospital Cihan, para onde foi socorrida logo após ser resgatada na segunda-feira (6) como Aya, que significa "sinal de Deus", em árabe. De acordo com o médico Hani Maarouf, que vem cuidando da menina desde o resgate, ela recebeu o nome "para que pudéssemos parar de chamá-la de bebê recém-nascido", disse.

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A condição de Aya está melhorando a cada dia, de acordo com os médicos. O principal temor, de que ela tivesse sofrido algum dano na coluna, não se confirmou. Assim que for liberada, ela será cuidada pelo tio de seu pai, Salah al-Badran.

Equipes de resgate na cidade de Jenderis descobriram Aya sob os escombros na tarde de segunda-feira (6), mais de 10 horas após o terremoto. Eles cavavam os destroços do prédio de cinco andares onde seus pais moravam com o resto da família. Os pais e quatro irmãos de Aya morreram no local.

Resgatada ainda com o cordão umbilical ligado à mãe, Afraa Abu Hadiya, médicos estimaram que ela tenha nascido sete horas após o terremoto, ou seja, quando a família já estava embaixo dos escombros. Após ser resgatada, ela foi levada às pressas para o hospital na cidade vizinha de Afrin.

Órfãos

O número total de órfãos do terremoto na Turquia e na Síria é desconhecido pelas autoridades. Equipes médicas dizem que menores de idade que perderam os país normalmente são adotados por outros familiares. No entanto, após a catástrofe, a maioria deles também está em péssimas condições para oferecer uma vida comum.

No caso de al-Badran, por exemplo, ele é responsável por uma família de 11 pessoas e perdeu sua casa no terremoto. Desde então, todos vivem em uma barraca. "Depois do terremoto, não há ninguém capaz de morar em sua casa ou prédio. Apenas 10% dos prédios aqui são seguros para morar e o restante é inabitável", disse ele, comunicando-se por meio de mensagens de voz com a Associated Press.

O número de mortos no terremoto devastador que atingiu a Turquia e a Síria na última segunda-feira (6) chegou a 21.719.

De acordo com dados oficiais divulgados nesta sexta (10), a Turquia já contabiliza 18.342 vítimas, e a Síria, 3.377, considerando tanto as áreas sob controle do regime de Bashar al-Assad quanto as zonas rebeldes.

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Equipes de socorro de dezenas de países participam das buscas, que já ultrapassaram o prazo de 72 horas dentro do qual é mais provável encontrar sobreviventes nos escombros.

No entanto, um jovem de 17 anos, Adnan Muhammed Korkut, foi resgatado com vida após passar 94 horas preso nos destroços de um edifício na cidade turca de Gaziantep, epicentro do terremoto.

Após o salvamento, Korkut disse que foi obrigado a beber a própria urina para não morrer de sede.

Já na Síria, os Estados Unidos suspenderam temporariamente algumas sanções contra o governo Assad até o fim de julho para permitir transações econômicas com fins humanitários.

Da Ansa

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, nesta quinta-feira (9), uma viagem à Síria, afetada na última segunda-feira, assim como a Turquia, por um terremoto cujo número de mortos supera os 20 mil.

"Estou a caminho da Síria, onde a OMS apoia os cuidados de saúde essenciais nas áreas afetadas pelo terremoto recente, com base em nosso trabalho realizado há tempos naquele país", publicou Tedros Adhanom Ghebreyesus em sua conta no Twitter.

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Quase ao mesmo tempo, as Nações Unidas anunciaram que o subsecretário-geral de Assuntos Humanitários e coordenador dos serviços de emergência, Martin Griffiths, visitará no próximo fim de semana as áreas afetadas nos dois países.

Griffiths irá para Gaziantep, no sul da Turquia, e Aleppo, no noroeste da Síria. Também se reunirá com "autoridades da capital síria, Damasco".

As viagens acontecem no momento em que um primeiro comboio de ajuda às zonas rebeldes do noroeste da Síria ingressa pelo posto fronteiriço de Bab al-Hawa, segundo a ONU e uma autoridade local. Os seis caminhões transportam cobertores, colchões, barracas, material de resgate e lâmpadas solares para cerca de 5.000 pessoas, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Após o terremoto que vitimou milhares de turcos e sírios, na última segunda-feira (6), 16 bebês órfãos que foram salvos e retirados com vida dos escombros, após a catástrofe, foram transportados em segurança para Ancara, capital turca, no avião presidencial da Turquia. 

A aeronave, geralmente usada pelo presidente Recep Tayyip Erdogan, foi reservada para ajudar em atividades relacionadas às urgências do terremoto, incluindo transporte de vítimas, de equipes médicas e de insumos para as regiões abaladas pelo tremor de magnitude 7,8. Os 16 bebês que estavam a bordo do voo foram encontrados sozinhos nas zonas de terremoto. 

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O transporte dos bebês foi divulgado nas redes sociais da ministra da Família e dos Serviços Sociais da Turquia, Derya Yanık. "Pegamos 16 bebês lindos, de 0 a 1 ano, desacompanhados e desamparados, e os transportamos de Kahramanmaraş para Ancara. A saúde geral de nossas crianças é muito boa. Após os primeiros cuidados, serão atendidos em nossas instituições", escreveu. 

A primeira-dama da Turquia, Emine Erdoğan, também usou o Twitter para falar sobre os bebês resgatados. "A boa saúde de 16 vítimas do terremoto, que foram transportadas de Kahramanmaraş para Ancara pelo avião presidencial por instrução de nosso presidente, renovou um pouco nossas esperanças. Eles estão nas mãos seguras do nosso estado", disse. 

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O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reconheceu que houve falha na resposta ao terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a Turquia e a Síria na segunda-feira passada (6) e causou a morte de mais de 16 mil pessoas.

O governante visitou a província de Hatay, a mais afetada pelo desastre natural, na quarta-feira (8) e reforçou que o clima frio também é um fator que não colabora com as operações de emergência. "Não é possível estar preparado para tal desastre", afirmou Erdogan. Turcos criticaram as ações do governo e disseram que as equipes de resgate demoraram a chegar nos locais atingidos, e o presidente destacou que o "não deixará nenhum cidadão descuidado".

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À medida que cresce o número de mortes provocadas pelo terremoto que atingiu a Turquia, aumenta a insatisfação da população frente a reação do governo de Recep Erdogan ao desastre. Até agora, o terremoto causou mais de 16 mil pessoas na Turquia e na Síria.

Candidato à reeleição em maio, Erdogan usou a visita ao local da tragédia para atacar adversários políticos que. segundo ele, espalham "mentiras e calúnias" sobre as ações do governo. Enquanto isso, o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu, atribuiu à gestão de atual os efeitos devastadores do terremoto, ao dizer que o presidente não preparou o país para uma catástrofe como essa e fez mau uso do dinheiro disponível.

Buscas continuam

Os socorristas seguem em busca de pessoas soterradas nos escombros. Vários países, inclusive o Brasil, se mobilizaram para ajudar no resgate das vítimas, contudo, para especialistas, as chances de encontrar sobreviventes passados três dias da tragédia é pequena. "As primeiras 72 horas são consideradas críticas", disse o especialista em riscos naturais da Nottingham Trent University, Steven Godby, à Associated Press. "A taxa de sobrevivência em 24 horas, em média, é de 74%; após 72 horas, é de 22%; e no quinto dia, é de 6%", acrescentou ele.

Para o professor de planejamento e gerenciamento de emergência da University College London, David Alexander, dados de terremotos anteriores confirmam a dificuldade para encontrar vítimas soterradas à essa altura. "Estatisticamente, hoje é o dia em que vamos parar de encontrar pessoas. Isso não significa que devemos parar de procurar.", afirmou.

O professor disse também que o número exato de mortos pode demorar a ser conhecido devido à quantidade de escombros. Ainda assim, o número de vítimas fatais já superou o de um terremoto de magnitude 7,8 que matou 8.800 pessoas no Nepal em 2015, o que fez dos tremores na Turquia e na Síria o terremoto mais letal da década.

Revolta

"Enfrentamos dificuldades no início com os aeroportos e as estradas, mas hoje estamos melhores e amanhã estaremos melhores", disse Erdogan em Kahramanmaras, em resposta às críticas. "Estamos diante de um grande desastre. Meu povo sempre tem paciência. Tenho certeza de que minha nação mostrará paciência novamente."

"Onde está o Estado? Onde está?", perguntava desesperado um homem que se identificou como Ali, enquanto diminuíam suas esperanças de encontrar com vida o irmão e o sobrinho presos entre os escombros em Kahramanmaras.

"Onde estão as tendas, os food trucks?", questionou Melek, 64, em Antakya, no sul do país, à agência de notícias Reuters. "Não vimos nenhuma distribuição de comida aqui, ao contrário do que houve em desastres locais anteriores. Sobrevivemos ao terremoto, mas vamos morrer de fome ou de frio aqui", afirmou. (Com agências internacionais).

Um cachorrinho foi resgatado ainda com vida em meio aos escombros deixados pelo terremoto dessa segunda-feira (6), na Turquia. Só com a cabeça de fora, o animal recebeu água de socorristas ainda preso nas ruínas de um prédio que desabou na cidade de Iskenderun.

Depois de hidratado, o cãozinho entre os escombros e ferragens foi retirado em um trabalho que durou três minutos. Após a remoção, ele recebeu os primeiros socorros no local. Mais de 16 mil mortes foram já confirmadas na Turquia e na Síria em decorrência do terremoto.

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As temperaturas abaixo de zero agravam a situação dos sobreviventes e dificultam o trabalho desesperado das equipes de emergência na Turquia e Síria, onde o balanço do terremoto de segunda-feira (6) superou 16.000 mortes.

Mais de 72 horas após o terremoto, o período com mais possibilidades de encontrar sobreviventes, as autoridades temem um aumento dramático do número de vítimas fatais devido ao elevado número de pessoas que, calculam, continuam presas nos escombros.

Após o choque inicial, o descontentamento é cada vez maior entre a população com a resposta das autoridades ao terremoto que, segundo admitiu o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, teve "deficiências".

Vários sobreviventes foram obrigados a procurar alimentos e refúgio por conta própria. Sem equipes de resgate em vários pontos, alguns observaram impotentes os pedidos de ajuda dos parentes bloqueados nos escombros até que suas vozes não fossem mais ouvidas.

"Meu sobrinho, minha cunhada e a irmã da minha cunhada estão nos escombros. Estão presos nas ruínas e não há sinais devida", afirmou Semire Coban, professora de uma creche na cidade turca de Hatay.

"Não conseguimos chegar até eles. Tentamos falar com eles, mas não respondem", acrescentou.

Os socorristas continuam encontrando sobreviventes entre os escombros, mas o balanço de mortes não para de aumentar. Os números mais recentes mostram 16.035 óbitos: 12.873 na Turquia e 3.162 na Síria.

- "Deficiências" -

Erdogan visitou na quarta-feira duas áreas muito afetadas pelo tremor, a cidade de Kahramanmaras (epicentro do terremoto) e a região de Hatay, na fronteira com a Síria.

"Claro, há deficiências. É impossível estar preparado para um desastre como este", disse.

No dia da visita, a rede social Twitter ficou inacessível na Turquia por quase 12 horas, de acordo com correspondentes da AFP e a organização NetBlocks, que monitora a liberdade de acesso à internet.

A polícia anunciou a detenção de 18 pessoas por publicações consideradas "provocações" nas redes sociais, quase todas críticas à resposta do governo.

O frio agrava a situação. Apesar da temperatura de -5ºC, milhares de famílias em Gaziantep passaram a noite em carros ou barracas, impossibilitadas de retornar para suas casas ou com medo de voltar para os imóveis.

Os pais caminhavam pelas ruas da cidade do sudeste da Turquia com os filhos no colo, enrolados em cobertores, para tentar reduzir os efeitos do frio.

"Quando sentamos, dói. Tenho medo pelas pessoas presas nos escombros", disse Melek Halici, com a filha de dois anos coberta por uma manta.

A União Europeia prepara uma conferência de doadores em março para mobilizar ajuda internacional para Síria e Turquia.

"Estamos correndo contra o tempo para, juntos, salvar vidas", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "Ninguém deve ficar sozinho quando uma tragédia como esta atinge uma população", completou.

- "Deixem a política de lado" -

A questão da ajuda é delicada na Síria, país afetado pela guerra civil, com regiões sob controle dos rebeldes e um governo que tem a inimizade do Ocidente.

Os Capacetes Brancos, que lideram os esforços de resgate nas zonas rebeldes, imploraram por ajuda.

"Pedimos à comunidade internacional que assuma sua responsabilidade com as vítimas civis", declarou à AFP o porta-voz do grupo de voluntários, Mohammad al Chebli.

"É uma verdadeira corrida contra o tempo, as pessoas morrem a cada segundo nos escombros", acrescentou.

O coordenador da ONU na Síria também pediu ao governo sírio que facilite a entrega de ajuda humanitária às áreas sob controle rebelde e alertou que as reservas de emergência devem acabar em breve.

"Deixem a política de lado e nos permitam realizar nossa tarefa humanitária", disse à AFP El Mostafa Benlamlih.

O regime sírio de Bashar al Asad também pediu formalmente ajuda à União Europeia.

Uma década de guerra civil e bombardeios aéreos da Síria e da Rússia destruíram hospitais, provocaram o colapso da economia e cortes diários de energia elétrica, combustíveis e do abastecimento de água.

A Comissão Europeia pediu aos países membros que respondam de maneira favorável aos pedidos de Damasco para o envio de alimentos e remédios, mas com vigilância para impedir o desvio de material.

A União Europeia enviou rapidamente equipes de emergência para a Turquia, que também recebeu ajuda dos Estados Unidos, da China e dos países do Golfo, mas inicialmente ofereceu assistência mínima à Síria por causa das sanções contra o regime de Assad.

As equipes de bombeiros italianos especializadas em busca e resgate localizaram dois jovens sob escombros de prédios em Antioquia, na Turquia, nesta quarta-feira (8) - mais de 48 horas após um terremoto e uma série réplicas devastar o país e a Síria.

O primeiro foi um jovem homem, que está sob diversos andares de um prédio que desabou na última segunda-feira (6). Os trabalhos para retirá-lo do local estão em andamento e são particularmente complexos por conta da instabilidade dos destroços.

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Já a jovem mulher também está sob escombros de outro prédio que desabou e, segundo a líder da equipe italiana, Cristiana Lupini, disse à ANSA, ela está sob uma estrutura não muito distante de onde o homem foi identificado.

O grupo de socorristas italianos é formado tanto por especialistas do Corpo de Bombeiros como da Defesa Civil e conta com cerca de 60 pessoas. Os profissionais chegaram a Adana nesta terça-feira (7) e foram designados para a Antioquia, localidade que fica a cerca de 100 quilômetros da fronteira com a Síria.

Até o momento, as autoridades turcas informaram que são mais de 8,5 mil mortes no desastre natural. Outras 2,6 mil morreram no território sírio - tanto em áreas controladas pelo governo como naquelas lideradas por rebeldes. Com isso, já são mais de 11,2 mil vítimas do terremoto de 7.8 graus na escala Richter.

Da Ansa

O papa Francisco fez um apelo nesta quarta-feira (8) por solidariedade internacional com Turquia e Síria, dois dias após o terremoto devastador que provocou mais de 11.200 mortes.

"Encorajo todos a se solidarizarem com estes territórios, alguns deles já martirizados por uma longa guerra", disse o pontífice ao final da audiência geral.

Francisco também pediu orações para os integrantes das equipes de emergência, que enfrentam condições meteorológicas adversas e rodovias com graves danos.

"Oremos juntos para que estes irmãos e irmãs possam avançar diante da tragédia", afirmou.

"Meus pensamentos estão voltados neste momento para as populações da Turquia e da Síria, muito afetadas pelo terremoto que provocou milhares de mortos e feridos", acrescentou.

"Com emoção eu rezo por eles e expresso minha proximidade com estas populações, com as famílias das vítimas e todos os que sofrem com esta calamidade devastadora".

O pontífice também pediu que a comunidade internacional não esqueça o "sofrimento do povo ucraniano, tão martirizado por este frio, sem luz, sem calefação e em guerra".

Na segunda-feira, o líder da Igreja Católica expressou condolências à Turquia e Síria, ao mesmo tempo que expressou "profunda tristeza" com as consequências do terremoto de 7,8 graus de magnitude.

As equipes de emergência na Turquia e Síria enfrentam horas "cruciais" nesta quarta-feira para encontrar sobreviventes entre os escombros.

O balanço do terremoto de 7,8 graus de magnitude que sacudiu a Turquia e a Síria supera 11.200 mortes, de acordo com um balanço atualizado divulgado nesta quarta-feira.

O número de vítimas fatais na Turquia subiu para 8.574, anunciou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que visitou a cidade de Kahramanmaras, epicentro do terremoto. Na Síria, 2.662 corpos foram retirados dos escombros.

De acordo com o presidente turco, 50.000 pessoas ficaram feridas. As equipes de emergência e as autoridades sírias citaram 5.000 feridos.

"Enfrentamos dificuldades no início com os aeroportos e as estradas, mas hoje estamos melhores e amanhã estaremos melhores", afirmou o chefe de Estado da Turquia, diante das críticas e da revolta da população com a lentidão da ajuda.

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