Quem passa na Rua Coronel Fernando Furtado, no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife, vê um muro pichado e com pintura amarela mal conservada. Lá funciona a Escola Municipal da Iputinga, uma entre unidades que os problemas vão além das fachadas. Para solucioná-los, obras de reforma estão em execução, desejo de alunos e professores. Porém, isso não será realidade pelo menos nos próximos quatro meses.
Nas dependências da escola, é difícil enumerar tantos problemas críticos. As salas têm telhas velhas e quebradas, as paredes estão cheias de cupins e infiltrações, as portas estão sendo comidas pelas traças, espaços que deveriam servir para o aprendizado dos cerca de 700 estudantes, agora são utilizados como depósito, entre outras dificuldades. Em meio ao descaso, surge uma esperança, em que a reestruturação da unidade será realidade dentro de quatro meses, uma vez que a Prefeitura do Recife iniciou uma reforma intensa no local.
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Longe do pessimismo, mas bem mais próximo de uma visão realista, quem observa as obras geralmente dá uma opinião: grande parte da reforma não será concluída até o fim das férias de meio de ano. E, já no próximo dia 29, os estudantes da rede municipal voltam às atividades. Na escola da Iputinga, quando as crianças retornarem, se depararão com salas ainda descobertas e vários serviços paliativos a serem feitos. “A escola precisa de uma intervenção maior. A empresa responsável pela reforma me prometeu entregar as salas telhadas até o dia 29. Tenho que aguardar. Mas, é claro que muita coisa precisa ser feita”, diz a diretora da unidade, Marluce Gomes.
Os problemas da escola podem ser percebidos também fora das salas. As fiações estão sucateadas e expostas, bem como rachaduras e marcas de cupins não faltam nas paredes. Os bebedouros, segundo a diretora, possuem água filtrada, porém, os canos que levam a água até eles estão velhos e cheios de lodo.
As salas não possuem ar condicionado e em algumas os ventiladores que existem não funcionam. Ainda nesses locais são encontradas infiltrações e a água da chuva toma conta dos espaços. “Há muito tempo não tínhamos uma reforma aqui. Estou torcendo que tudo seja bem feito”, comenta Marluce.
Desperdício
Para agravar ainda mais os problemas estruturais da escola, a única biblioteca da unidade – se é que pode ser chamada de biblioteca – está abandonada. Mofo, cupim, infiltrações, livros desorganizados e estragos são alguns dos problemas. Vários exemplares, inclusive novos e embalados, estão sendo desperdiçados, porque os alunos não podem ter acesso ao local e não demorará para que as obras estraguem.
Em outro espaço, que antes era usado como sala multimídia, problemas no teto impediram a utilização do local. As televisões e aparelhos de vídeo e áudio tiveram que ser retirados e, agora, só uma reforma acabará com as goteiras. Na sala de informática, computadores se misturam a livros e fardas. O local também não pode ser utilizado pelos alunos e serve como depósito. “É o que a gente pôde fazer. Tivemos que trazer todos esses materiais para a sala de informática para que tudo não se perdesse. A sala multimídia mesmo era linda e agora está nesta situação”, relata um funcionário da escola que não quis ser identificado.
Atuação da Prefeitura
De acordo com o secretário executivo de infraestrutura da rede municipal de ensino, Antonio Vasconcelos, a Prefeitura do Recife assumiu um compromisso para recuperar escolas e creches. A gestão, sob o comando do prefeito Geraldo Julio, já iniciou uma série de reformas nas unidades, porém, por causa das aulas, todo o trabalho será fracionado. “Os diretores das escolas têm por obrigação listar os principais problemas e informar as empresas responsáveis pelas obras. Os gestores são os nossos olhos nas recuperações”, frisa o secretário.
A Prefeitura, desde o último dia 3 de julho, deu início a reformas de grande porte em oito unidades de ensino: as Creches Municipais Flor do Bairro da Guabiraba, Sementinha do Skylab (na comunidade Monsenhor Fabrício, na Iputinga), Nossa Senhora Auxiliadora (comunidade Vietnã, em San Martin) e Chico Mendes (Caçote) e as Escolas Municipais da Iputinga, Edite Braga (Afogados), Milton de Almeida Santos (Imbiribeira) e Maria de Sampaio Lucena (Ibura). Segundo a Secretaria de Educação do município, outras escolas entrarão nesse cronograma ao longo deste semestre, porém, os nomes dos estabelecimentos ainda não foram confirmados.
O órgão também promete iniciar, até o próximo mês, a manutenção preventiva e corretiva de todas as 306 unidades escolares que compõem a rede municipal. Serão realizados serviços menores, que variam de acordo com a necessidade de cada estrutura. Levando em consideração as reformas de grande porte, ao todo, 2.635 alunos serão beneficiados, desde o berçário até a Educação de Jovens e Adultos. Com os pequenos reparos em toda a rede, a previsão é que esses benefícios cheguem a 94 mil estudantes, além de cerca de 6 mil professores.
Investimento e metas
De acordo com a Prefeitura do Recife, o investimento nas reformas de grande porte é de R$ 2 milhões. No contexto dos serviços de pequeno porte, o investimento total durante 365 dias, a contar deste mês de julho, o montante é de R$ 15 milhões.
O órgão garante que, até o início do ano letivo de 2014 (previsto para fevereiro), as reformas de grande porte serão concluídas. Já os serviços menores ficarão prontos em julho do próximo ano. No âmbito do seu programa de governo, o prefeito Geraldo Julio prometei construir 42 Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) até 2016, além de ampliar vagas em creches para atender 50% das crianças de 0 a 3 anos do Recife.
Para que essas promessas virem realidade, o investimento total é de R$ 78,7 milhões. Neste ano, foi inaugurado o Cmei Alcides Tedesco, na Madalena, para 240 crianças de até 5 anos. Até o final deste ano, a previsão da Prefeitura é que mais oito centros sejam inaugurados.
Rede estadual - Segundo a Secretaria de Educação de Pernambuco, as reformas e serviços paliativos nas escolas estaduais estão sendo feitos desde o início do ano letivo. Os prazos para conclusão variam de escola para escola.