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O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e o prefeito do Recife, Geraldo Julio, ambos do PSB, estão em Brasília, nesta terça-feira (5), para reuniões administrativas. As assessorias de imprensa dos dois não deram detalhes sobre os encontros na capital federal. A expectativa é de que os socialistas tenham audiências com o ministro-chefe da Secretaria de Portos, Edinho Araújo, e com o ministro da Avïação Civil, Eliseu Padilha.

Nessa segunda (4), Paulo e Geraldo se reuniram com a presidente executiva da TAM, Cláudia Sender, para apresentar as vantagens na disputa pela implantação de um novo centro de voos internacionais e nacionais – conhecido como “hub” – do Grupo Latam (formado pela TAM e pela empresa aérea chilena LAN). Recife concorre com Fortaleza (CE) e Natal (Rio Grande do Norte).

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A expectativa do setor aeronáutico brasileiro é que o novo centro de voos crie entre 8 mil e 12 mil empregos diretos e indiretos, com um investimento de R$ 3,9 milhões. “Viemos apresentar questões que são referências de Pernambuco, do Recife, como a nossa única localização geográfica, a nossa infraestrutura logística, de turismo; o polo automotivo, o polo médico, o polo petroquímico, as nossas universidades e o polo tecnológico”, disse o governador Paulo Câmara.

Outro aspecto que o governador considerou como diferencial de Pernambuco é o planejamento de médio prazo - o Programa Pernambuco 2035 - com o qual o centro de voos se enquadra. “O ‘hub’ se encaixa com perfeição no futuro que queremos para Pernambuco”, frisou Paulo. Coube ao secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Thiago Norões, fazer uma apresentação sobre as vantagens de Pernambuco perante os concorrentes.

BNDES - Também em São Paulo, o governador Paulo Câmara se reuniu com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Foi a primeira reunião de trabalho de Paulo com o dirigente da instituição de fomento. Em pauta, os financiamentos que o banco tem em Pernambuco nas áreas de infraestrutura e desenvolvimento social.

O governo federal precisará colocar em prática o discurso pró diálogo defendido pela presidente Dilma Rousseff caso pretenda manter o ritmo de investimentos do setor elétrico durante os próximos anos. Diante da atual falta de chuvas, da necessidade de novos projetos e da redução da rentabilidade setorial, empresários decidiram subir o tom contra o governo federal e mostraram que somente a criação de condições mais atrativas tornará possível a elaboração de uma agenda conjunta para o segundo mandato presidencial.

A ameaça de redução da capacidade de investimento das elétricas ficou evidente nas últimas semanas, após o anúncio da reeleição da presidente Dilma. Em diferentes teleconferências realizadas após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, empresários utilizaram a perda da rentabilidade comprovada em números para escancarar as dificuldades enfrentadas pelo setor. Ao mesmo tempo, elencaram diversos temas em discussão com a administração federal sobre os quais o governo poderá comprovar a intenção de dialogar.

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"Algumas medidas têm sido debatidas no setor elétrico e são consideradas pontos importantes para consolidar boas expectativas. São definições fundamentais para que o setor possa, qualquer que seja o cenário futuro, enfrentá-lo com determinação e sustentar o crescimento econômico desejado pelos brasileiros", afirmou o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior.

A declaração, dada na sexta-feira (21) passada, foi acompanhada de uma extensa lista de pontos a serem analisados pelo governo federal. Entre eles está, por exemplo, o custo médio ponderado de capital (WACC) a ser considerado no 4º ciclo de revisão tarifária das distribuidoras. O indicador, um dos itens que dimensiona a rentabilidade da atividade de distribuição no País, ficou em 7,5% no 3º ciclo e em um primeiro momento a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs sua redução para 7,16%. Após críticas, a agência reguladora agora cogita revisá-lo.

O governo federal também dá indicações de que deverá rever a proposta apresentada inicialmente a respeito do teto do preço de liquidação das diferenças (PLD). A Aneel anunciou a intenção de reduzir o limite máximo do PLD de R$ 822,83 para R$ 388,04 e ratear entre todos os agentes expostos ao mercado de curto prazo os Encargos de Serviços do Sistema (ESS). Esta segunda proposta foi duramente criticada. "Entendemos que está sendo proposta a criação de um novo encargo, e que é inaceitável fazer isso simplesmente por uma decisão da Aneel", afirmou o presidente da Tractebel, Manoel Zaroni Torres.

Rentabilidade

Os recados dados por executivos do setor ao governo têm explicação no momento particular vivido pelo setor elétrico brasileiro. O anúncio de propostas como a medida provisória 579, convertida na lei 12.783/2013, combinada com a falta de chuvas, ocasionou a chamada "tempestade perfeita" no setor.

O nível dos reservatórios encolheu e o acionamento das térmicas se tornou necessário, resultando assim na elevação dos preços da energia. Para piorar, as distribuidoras ficaram expostas e por isso precisaram ser socorridas com empréstimos de quase R$ 20 bilhões neste ano. As geradoras também foram vítimas do preço mais alto da energia, já que precisaram comprar energia para revenda de forma a compensar a menor operação das hidrelétricas.

Essa combinação de fatores derrubou a lucratividade do setor, que agora coloca em dúvida as condições de manter o atual nível dos investimentos. Levantamento elaborado pelo Broadcast a partir dos resultados trimestrais divulgados por 18 empresas mostra que o lucro conjunto do setor encolheu 22,2% neste ano. De janeiro a setembro, o lucro líquido das 18 empresas somou R$ 5,88 bilhões, contra R$ 7,55 bilhões do ano passado.

Com lucro menor, as empresas tendem a reduzir a distribuição de dividendos - o que pode afetar o próprio governo federal, além de governos estaduais - e também devem se ver obrigadas a reduzir o ritmo de investimentos. Justamente em um momento no qual o setor precisa de mais projetos que aumentem a capacidade e confiabilidade do sistema, e no qual a estatal Eletrobras enfrenta mais dificuldades em se manter como um motor de desenvolvimento de novos projetos.

A estatal federal acumula prejuízo de R$ 1,8 bilhão até setembro e pode ser considerada uma referência dos problemas causados pela "tempestade perfeita". A MP 579, texto elaborado pelo governo federal sem qualquer diálogo com o setor elétrico, de acordo com os empresários, reduziu a receita anual da Eletrobras em mais de R$ 8 bilhões a partir das condições impostas na renovação das concessões. Ao mesmo tempo, criou um cenário no qual a companhia é obrigada a comprar energia no mercado de curto prazo para atender contratos assinados antes da publicação da MP.

A importância da Eletrobras e suas controladas para o setor elétrico pode ser dimensionada pelo leilão de transmissão realizado nesta semana. Apenas quatro dos nove lotes ofertados receberam propostas, sendo que a Eletrobras (via Eletrosul) foi a vencedora de duas. Outras empresas do setor, como a Taesa, anunciaram previamente que adotarão uma postura "prudente" em relação a novos investimentos. "Só iremos participar daqueles projetos que, de forma bastante segura, vão trazer benefícios e continuar a prover os resultados que a Taesa vem apresentando", afirmou o presidente José Aloise Ragone Filho.

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