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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara criada para investigar empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no exterior já reuniu, em três meses de funcionamento, informações que apontam para falhas do banco no financiamento de obras na Venezuela, em Cuba, em Moçambique e em outros países durante os governos do PT. Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que entre os principais pontos levantados até agora estão ausência de critérios para rebaixamento de risco antes de conceder o crédito e a falta de auditoria fora do País para fiscalizar a aplicação do dinheiro.

O banco sempre negou ter falhado ao conceder os empréstimos, parte de estratégia das gestões dos ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff para incentivar a internacionalização de empresas brasileiras. Adversários, porém, apontam motivações políticas nas operações, que beneficiaram empreiteiras alvo da Lava Jato.

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Esta é a terceira CPI criada no Congresso nos últimos quatro anos para investigar irregularidades no BNDES nos governos de Lula e Dilma. As outras duas não chegaram a uma conclusão e parlamentares reclamam da falta de acesso a informações do banco.

Por trás da nova linha de investigação está a avaliação de que a diretoria do BNDES foi negligente ao não se preocupar com as avaliações de risco das operações, que eram, no jargão dos técnicos, "empacotadas" em Brasília. Isso porque os financiamentos ao exterior tinham como garantia recursos do Tesouro Nacional. Ou seja, se algo desse errado, o banco não teria prejuízo, uma vez que a dívida seria coberta com dinheiro público.

"A CPI pretende dar nome e CPF para todos os envolvidos", disse o presidente da comissão, deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP). Ele vê uma espécie de blindagem ao BNDES por parte de empresários que se tornaram delatores da Lava Jato. "Todos olharam para frente com a visão de que continuariam precisando do banco. Por que entregar o BNDES?", questionou.

Investigação

Técnicos da comissão parlamentar investigam a atuação de cinco núcleos que seriam responsáveis por facilitar a liberação dos empréstimos a países aliados aos governos petistas. O principal seria o núcleo político, capitaneado pelo Planalto nas gestões de Lula e Dilma.

De acordo com as informações obtidas pela CPI, integrantes do governo pressionavam órgãos que tinham a função de avaliar a viabilidade das transações a rebaixar os riscos das operações financeiras para o Tesouro, que era o fiador final. A atuação se dava, principalmente, na Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) e no Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações (Cofig).

A partir daí, entrava em campo outro núcleo, o econômico, formado pelas empreiteiras. Com os pareces favoráveis em mãos e com o apoio de membros do primeiro escalão do governo, as empresas conseguiam a aprovação "sem entraves" de empréstimo. Em troca das facilidades, empreiteiros distribuíam propina aos partidos ligados ao governo e a países aliados. Só a Odebrecht confessou o pagamento de US$ 788 milhões no exterior.

Segundo o relator da CPI, Altineu Côrtes (PL-RJ), depoimentos de servidores da Camex levam à conclusão de que houve direcionamento das avaliações feitas pelo comitê.

"Um dos depoimentos tomados mostram que lá, às vezes, o assunto era pro forma, apenas para cumprir tabela. Já existia uma decisão política", disse o deputado. "A defesa de muitos que não querem que essas investigações cheguem a algum lugar é dizer que os empréstimos não deram prejuízo ao banco, mas, na realidade, essas operações ilícitas deram prejuízo porque foram a juros subsidiados e avalizados pelo Tesouro", afirmou.

A CPI está cruzando os dados para identificar, em cada órgão, pessoas que teriam "feito andar" os processos de aprovação dos empréstimos.

Indícios

Segundo um parecer preliminar da comissão, há indícios de que o BNDES aprovou integralmente as solicitações, "sem avaliar a compatibilidade" entre os projetos iniciais e as obras realizadas. A suspeita tem como base relatório do Tribunal de Contas da União que aponta o custo de obras como a do Porto Mariel, em Cuba, e do Estaleiro Astialba, na Venezuela, menor do que o valor concedido.

Outro lado

Em nota, o BNDES diz que está à disposição dos parlamentares da CPI para prestar as informações. "O banco tem buscado fazer o que está ao seu alcance para que eventuais questões ainda não suficientemente compreendidas pela opinião pública sejam devidamente esclarecidas", diz a nota.

Ministro do Planejamento na gestão Lula e das Comunicações na de Dilma, Paulo Bernardo negou irregularidades nos empréstimos. Em audiência da CPI na segunda-feira, disse que as operações foram feitas seguindo critérios técnicos.

Quatro perguntas para...

Carlos Thadeu de Freitas, membro do Conselho de Administração do BNDES

1.Como o sr. vê o avanço da CPI?

É bastante importante que todos saibam como foram feitas essas operações. Agora, tenho certeza absoluta que quem deu as taxas de juros, spread, o prazo, não foi o BNDES. Foi a Camex. O banco não teve culpa das operações.

2.Não houve erro na fiscalização e nos procedimentos?

Para fiscalizar obras em serviços lá fora tinha que ter uma empresa de auditoria lá fora. Para confirmar os gastos. Tem de saber se, naquela época, eles contrataram uma empresa de auditoria internacional.

3.O sr. não sabe?

Eu não sei. Eu já perguntei para muita gente e não tive resposta. A CPI tem que verificar quem tratava das auditorias. Se você faz uma obra lá fora, tem que saber se foi bem feita, quanto custou, se foi caro. Tem de ser uma empresa internacional.

4.O BNDES está mais rígido na concessão dos empréstimos externos?

Hoje, o banco, mais do que nunca, tem sido bastante exigido. Nessas operações lá fora, competia à diretoria exigir mais coisas dessas obras.

Não são os funcionários. É a diretoria.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP), defendeu nesta terça-feira, 18, o seu relatório e voltou a considerar que o texto apresentado por ele na última quinta-feira (13) seria uma evolução em relação à proposta apresentada pelo governo. Ele defendeu o fim dos repasses do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para o BNDES e o direcionamento desses recursos para o INSS.

O deputado José Guimarães (PT-CE) foi o primeiro parlamentar, mesmo dentre os da oposição, a avaliar que Moreira teria piorado a proposta original do governo. "Não sei como os empresários e a infraestrutura do País vão aceitar a retirada dos recursos do FAT para o BNDES. Como é que o banco vai financiar o desenvolvimento do País?", questionou.

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Moreira defendeu a retirada dos recursos do banco de fomento. "O BNDES tem que desmamar dos recursos do Tesouro. Temos que construir um entendimento sobre o tema, mas é preciso fazer esse debate. Estou conversando inclusive com pessoas do banco", respondeu o relator.

O deputado Darci de Matos (PSD-SC) avaliou que os recursos do FAT não farão falta ao BNDES. "O banco já jogou muito dinheiro fora pela janela, emprestando para outros países. Com a abertura da caixa preta do BNDES, vai sobrar dinheiro para financiar os investimentos no País", completou.

O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) criticou a proposta de reforma e argumentou que o texto prejudica as camadas mais pobres da população. "A maldição dos pobres pega. A maioria dos parlamentares que votaram contra os pobres na comissão da reforma do Temer não se reelegerá", afirmou. "O presidente Bolsonaro pode fazer uma reforma da Previdência, mas não dessa forma", completou.

Em nove horas de sessão, 49 parlamentares já fizeram o uso da palavra. A lista de inscritos conta com 155 deputados, sendo 64 para falar a favor da reforma e 91 para falar contra a medida. Além disso, os cerca de 30 líderes partidários também têm direito a fala. A expectativa é de que o debate dure por diversas sessões.

O Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nomeou o atual diretor de finanças da instituição, José Flávio Ferreira Ramos, como presidente interino, à espera da aprovação do nome de Gustavo Henrique Moreira Montezano para o cargo de presidente.

O nome de Montezano foi encaminhado pelo Ministério da Economia ao conselho do BNDES na segunda-feira, 17. A nomeação de Ramos como interino se deu em reunião extraordinária, na própria segunda.

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O conselho de administração do BNDES já tinha uma reunião marcada para a quarta-feira, 19, antes do pedido de demissão de Joaquim Levy - em nota, o banco não informa se essa reunião apreciará o nome do novo presidente.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, resolveu dar uma solução caseira para a crise do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e escolheu o secretário adjunto de Desestatização e Desinvestimento da pasta, Gustavo Montezano, como novo presidente do banco de fomento.

Engenheiro e mestre em Economia, Montezano, 38 anos, era o número dois do secretário de Desestatização, Salim Mattar, um dos cotados para assumir a presidência do banco depois que Joaquim Levy deixou o cargo, sob críticas públicas do presidente Jair Bolsonaro.

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Enquanto Levy tinha larga experiência - tendo sido ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff e diretor do Banco Mundial - Montezano é um nome "menos badalado" e deve cumprir à risca as determinações do governo, como devolver recursos devidos pelo banco ao Tesouro Nacional e abrir o que Bolsonaro chama de "caixa-preta" do BNDES, numa referência a informações sobre empréstimos feitos a empresas de países como Cuba e Venezuela.

A escolha de Montezano começou a circular no início da noite desta segunda-feira, 17, e, antes mesmo do anúncio oficial, foi confirmada pela líder do governo no Congresso Nacional, Joice Hasselmann (PSL-SP), em sua conta no Twitter. Logo depois, o Ministério da Economia informou, em nota, o encaminhamento do nome do engenheiro para deliberação do Conselho de Administração do BNDES.

Montezano é visto como um nome próximo a Mattar, que teria preferido "emplacar" uma pessoa ligada a ele para continuar à frente da secretaria do Ministério da Economia. Guedes chegou a cogitar colocar Mattar no banco e transferir parte das atribuições da secretaria para o BNDES, como a gestão das privatizações federais, mas a ideia esbarrou na necessidade de mudanças legais.

Segundo o Estadão/Broadcast apurou, a ideia do governo é que Montezano atue em parceria com a secretaria de Mattar para viabilizar e acelerar as privatizações da União. Montezano é graduado em Engenharia pelo Instituto Militar de Engenharia e mestre em Finanças pelo Ibmec, com 17 anos de carreira no mercado financeiro. Foi sócio do Banco Pactual, onde atuou como diretor executivo da área de commodities em Londres e, anteriormente, como responsável pela área de crédito, resseguros e project finance.

Nascido em Brasília, é filho do economista Roberto Montezano, que é professor do Ibmec há mais de 30 anos e trabalhou com Guedes na instituição. Montezano se animou com o governo Bolsonaro. Além do projeto liberal, já conhecia o presidente e os filhos desde os tempos de menino. Morou no mesmo condomínio que eles na Tijuca, no Rio.

Substituição. A escolha de Montezano foi feita após duas reuniões de Guedes com Bolsonaro ontem. A saída tumultuada de Levy do BNDES foi pouco citada - em nota, o Ministério da Economia agradeceu ao ex-presidente pela "dedicação demonstrada" enquanto no cargo.

Levy pediu demissão em carta divulgada no domingo, um dia após Bolsonaro ter dito que a cabeça do economista estava "a prêmio". Resistente à escolha de Levy desde o início por ele ter pertencido ao governo petista, Bolsonaro criticava o executivo por não abrir a "caixa-preta do BNDES". Guedes também estava descontente com a velocidade da devolução dos recursos emprestados pela União ao banco.

O estopim para a demissão foi a nomeação do diretor Marcos Barbosa Pinto para o BNDES. Sócio da Gávea Investimentos, ele havia trabalhado no banco também durante governos petistas, o que irritou Bolsonaro e o levou a criticar Levy no sábado.

Caixa-preta. O futuro presidente do BNDES assumirá o cargo numa saia-justa. Pelo lado da política, o principal objetivo será abrir a "caixa-preta" das operações do banco, como disse, antes do anúncio do nome de Montezano, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. A tarefa não será fácil, seja porque, nos últimos anos, o BNDES já vinha ampliando as informações disponíveis, seja porque auditorias e operações da PF e do Ministério Público Federal ainda não comprovaram irregularidades envolvendo funcionários do banco.

A divulgação de informações públicas sobre as operações foi crescendo, desde o fim da gestão de Luciano Coutinho, ainda nos governos do PT - o processo foi acelerado a partir de 2015. Houve ampliação das informações disponíveis, mas grande parte dos avanços se deu na apresentação dos dados no site do banco. Tanto que a primeira tentativa de Levy de abrir a "caixa-preta", logo após a posse em janeiro, foi colocar na página do BNDES uma lista com os 50 maiores clientes. / COLABORARAM VINICIUS NEDER e RENATA AGOSTINI

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES decidiu ouvir o ex-presidente da instituição Joaquim Levy no dia 26 de junho, às 14h30. O colegiado já havia aprovado um requerimento do deputado Elias Vaz (PSB-GO) no dia 9 de abril, para que o economista fosse ouvido pela CPI. Neste domingo, 16, o presidente da CPI, deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), afirmou à reportagem que iria decidir nesta segunda-feira, 17, a data para convocá-lo.

A Câmara criou em março uma CPI para examinar operações do banco de 2003 a 2015, com foco no financiamento à internacionalização de empresas. Em abril, o banco chegou a criar um Grupo de Trabalho para atender informações e documentos solicitados pelos deputados.

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Agora, com a demissão de Levy, deputados decidiram acelerar o evento.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que não pretende fazer julgamentos sobre a saída do presidente do BNDES, Joaquim Levy, após os episódios do fim de semana.

"Eu não quero fazer julgamentos sobre atitudes do governo federal", afirmou, em entrevista após o Ethanol Summit, em São Paulo, nesta segunda-feira, 17. "Levy é um bom profissional, bom economista, pessoa que sempre teve confiança do mercado e continua a ter", afirmou.

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Questionado se teria Levy em seu governo, Doria afirmou que ele é um bom nome. "Governo de São Paulo é composto por bons nomes. Um nome com essa qualificação seria muito bem visto", disse.

Após Joaquim Levy ter pedido demissão do cargo de presidente do BNDES, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, usou discurso em evento do setor de etanol em São Paulo para criticar recursos emprestados pelo governo brasileiro, durante as gestões petistas, por meio do banco de desenvolvimento, a países da África e da América Latina governados por partidos de esquerda.

"Há US$ 17,4 bilhões de recursos de impostos gerados pelos senhores e pelas senhoras que foram distribuídos a republiquetas africanas a latino-americanas, com uma única razão: fomentar projeto de poder latino-americano e continental, para fazer pátria grande dominada pelo pensamento socialista e comunista", disse, sem citar o banco nem Levy. "Até agora, há dívida de US$ 2,4 bilhões que não voltaram e eu duvido que voltem", acrescentou.

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Onyx disse que a ex-presidente Dilma Rousseff, no seu governo, quase destruiu o setor de etanol e, segundo ele, o Brasil do presidente Jair Bolsonaro respeita contratos e direito de propriedade. "Estamos libertando empresários brasileiros, aqueles que produzem, vamos resgatar o País", disse o ministro.

Dirigindo-se ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, presente no evento, disse que a Amazônia é, sim, o pulmão da humanidade, mas ressaltou que a floresta é "brasileira, não internacional". Salles é cobrado por Alemanha e Noruega, países que sustentam o fundo Amazônia.

Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vão promover um ato contra o que classificam "antipatriótica desconstrução" do banco. A manifestação, organizada pela Associação dos Funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, está marcada para quarta-feira, 19, véspera do aniversário de 67 anos da instituição.

O ato foi marcado no dia 13 de junho, portanto, antes da demissão do presidente Joaquim Levy, mas ganhou maior repercussão a partir dos acontecimentos relacionados ao banco ocorridos neste final de semana. A nota divulgada pela entidade afirma que a manifestação é "contra a antipatriótica desconstrução do BNDES, em especial a medida do relator da reforma da Previdência de acabar com os repasses constitucionais do PIS e Pasep para o BNDES."

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De acordo com fontes da equipe econômica, uma das ideias aventadas é que o BNDES passe a ser o responsável por tocar as privatizações do governo. A avaliação é de que, com a redução do tamanho do banco na concessão de crédito, o órgão perdeu a relevância que tinha em governos anteriores para o fomento da economia e poderia, assim, assumir também outras funções, como a de gerir privatizações.

Segundo a associação, pelo menos cinco ex-presidentes do BNDES vão participar do protesto: Dyogo de Oliveira (abril de 2018 a janeiro de 2019), Paulo Rabello de Castro (maio de 2017 a abril de 2018), Luciano Coutinho (2007 a 2016), Luiz Carlos Mendonça de Barros (1995 a 1998) e André Franco Montoro Filho (1985 e 1986).

O pedido de demissão do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, "pode incomodar investidores que temem um retorno da intervenção do Estado na economia", diz reportagem publicada neste domingo pelo jornal britânico Financial Times. O jornal afirma ainda que a saída é mais um sinal de que "ideólogos do governo estão levando vantagem nas principais decisões".

O pedido de demissão de Levy aconteceu neste domingo. Na véspera, ele foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro em função da nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento. "Levy nomeou Marcos Pinto para função no BNDES. Já estou por aqui com o Levy", disse o presidente neste sábado [15]. "Falei para ele: [Levy] demite esse cara na segunda ou eu demito você [Levy] sem passar pelo Guedes [ministro da Economia]", afirmou ontem o presidente. "Ele [Levy] está com a cabeça a prêmio há algum tempo", continuou o presidente. Barbosa Pinto trabalhou como assessor do BNDES durante o governo PT, de 2005 a 2007, o que irritou Bolsonaro.

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O FT lembrou ainda que o governo vive outro escândalo, o do vazamento das mensagens atribuídas ao atual ministro da Justiça, Sergio Moro, pelo site The Intercept. Além disso, o jornal citou que o governo tenta aprovar a reforma da Previdência, e que o BNDES passa por um escrutínio cada vez maior por conta de suas práticas de empréstimo durante os governos do PT.

A maneira como o presidente Jair Bolsonaro conduziu a demissão de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi recebida por críticas entre pesos pesados do mercado financeiro que temem mais reflexos negativos na visão do investidor estrangeiro sobre o Brasil. A leitura é que, além de desnecessária, a postura do presidente também pode dificultar a atração de bons nomes para o governo.

O pedido de demissão por parte de Levy já era esperado desde a tarde de sábado após Bolsonaro dizer que "sua cabeça estava a prêmio". Não é de hoje que o governo e a equipe econômica estão insatisfeitos com o desempenho do BNDES na agenda de redução do tamanho dos bancos públicos. Especificamente do lado de Bolsonaro, ainda havia críticas sobre a necessidade de o presidente do BNDES "abrir a caixa preta" de empréstimos feitos durante o governo do PT.

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Uma fonte lembra que Levy já foi uma escolha feita pelas mãos do ministro da Economia, Paulo Guedes. Seu nome, que foi ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff, teve dificuldade de passar pelo "escrutínio" da "direita". O estopim foi a indicação de Marcos Pinto Barbosa, ex-sócio de Armínio Fraga no Gávea Investimentos, para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento. Conforme a avaliação, "tirando a forma", a saída de Levy "já estava precificada".

O desfecho para a saída de Levy do BNDES desagradou a muitos executivos do mercado financeiro ouvidos pelo Estadão/Broadcast. Uma fonte chama atenção para o impacto que a postura de Bolsonaro pode gerar não só no andamento da agenda de recuperação da economia brasileira mas, principalmente, na visão dos estrangeiros em relação ao País. Chega a comparar Bolsonaro com a ex-presidente Dilma Rousseff, bastante criticada no mercado financeiro por sua "postura impulsiva" em determinadas ocasiões.

A avaliação é de que o presidente aparentemente "não está nem aí para o ânimo dos investidores estrangeiros com o Brasil". E a conclusão é que episódios como este "dificultam um ambiente de estabilidade no mercado".

O presidente de uma gestora internacional de recursos afirmou que, a despeito de o investidor internacional ser pragmático e gostar da atual equipe econômica, não tem uma imagem tão positiva em relação ao governo Bolsonaro. Ele considera que falta postura ao presidente e reclama da recorrência de episódios desgastantes.

"Agora tem o presidente do BNDES. Antes, foi o presidente dos Correios. Teve também o Santos Cruz. Se a crise Moro crescer... aí começa a ficar complexo", avaliou.

Para o executivo de um grande banco, apesar da postura de Bolsonaro, o mercado segue otimista com a reforma da Previdência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, no processo de "fritura" de Joaquim Levy antes do pedido de demissão da presidência do BNDES deixou o Congresso com a impressão de que a equipe econômica continua participando da "usina de crises". O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao jornal O Estado de S. Paulo que ficou "perplexo" pela forma como o ministro tratou o subordinado. Para ele, o ex-ministro era um quadro de qualidade que tinha muito a acrescentar para garantir as reformas que o País precisa neste momento.

O presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), também criticou a demissão. "O presidente Bolsonaro não entendeu que alguns quadros são suprapartidários. Eles não contribuem com um ou outro governo. Contribuem com o País", disse. "É uma pena. No fim das contas, quem perde é o Brasil."

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Já o líder do Podemos, José Nelto (GO), levantou dúvidas sobre o real motivo da demissão. "Estou preparando para que ele seja convocado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES, ele terá de ir lá explicar o motivo da demissão dele. Se foi por um motivo político ou se foi porque ele não quis abrir a caixa-preta do BNDES. Porque ele não mostrou os empréstimos internacionais, para países da América e da África, para a JBS também", disse.

A Câmara criou em março uma CPI para examinar operações do banco de 2003 a 2015, com foco no financiamento à internacionalização de empresas. Em abril, o banco chegou a criar um Grupo de Trabalho para atender com informações e documentos solicitados pelos deputados.

Um pedido para Levy se explicar no Congresso já tinha sido aprovado em abril. O presidente da CPI, o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), disse ao Estado que vai decidir nesta segunda, 17, com os colegas da comissão a data da ida de Levy ao colegiado.

Até agora, Guedes era um dos poucos ministros do presidente Jair Bolsonaro que não tinha batido de frente com o Legislativo. Em um momento delicado para a tramitação da Previdência, a nova onda de crises incitou algumas lideranças a buscarem ainda mais o protagonismo das reformas econômicas.

Uma possível consequência aos ataques de Guedes, segundo uma fonte, seria o Congresso assumir totalmente o protagonismo da próxima grande reforma que é a tributária, deixando o Executivo de fora. A proposta do deputado Baleia Rossi (MDB-SP), prevê a unificação de cinco tributos - IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS - num único Imposto sobre Operações com Bens e Serviços.

Previdência

A equipe econômica, porém, trabalha para reatar a relação com o Congresso, com o principal objetivo de fazer ajustes no parecer da reforma da Previdência apresentado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB).

"A equipe econômica começa a tumultuar a parte política", afirmou o líder do Podemos na Câmara, José Nelto (GO). "O Congresso tem sido parceiro do Brasil e vai tocar todas as reformas. Temos de assumir o protagonismo", afirmou. "O governo tem sido inconstante. Muda as coisas, como quem muda de camisa. Ninguém pode ensinar o governo a governar", critica o líder do PL (antigo PR), Wellington Roberto (PB).

Para o cientista político da Fundação Getulio Vargas (FGV), Marco Antonio Carvalho Teixeira, o governo a perder protagonismo em questões como a reforma da Previdência. "Não sabemos o futuro do governo desse jeito. O governo perdeu capacidade de articulação e a impressão que tenho é que o protagonismo em relação à reforma da Previdência vai sair do Congresso e não do governo", afirmou.

Os líderes são praticamente unânimes ao negar que as críticas de Guedes ao Congresso possam atrapalhar a aprovação da Previdência. "A reforma da Previdência é do Brasil", diz Wellington Roberto. Sem comentar a crise, o presidente do PRB, deputado Marcos Pereira (SP), reafirmou neste domingo pelo Twitter, seu apoio à proposta. "Não é de hoje que a reforma da Previdência é essencial para a recuperação econômica do Brasil, por isso eu sou favorável."

Procurado pela reportagem, Guedes não respondeu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A saída de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não deve ter impacto sobre a reforma da Previdência, na opinião de Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria Integrada. No entanto, mesmo com eventual aprovação da reforma previdenciária, dificilmente haverá retomada considerável da confiança. Isso porque, avalia, esse tipo de acontecimento tende a atrapalhar a perspectiva de avanço de uma agenda liberal mais ampla de longo prazo.

"O efeito da saída é menos importante na agenda da reforma da Previdência e muito mais nos sinais da política econômica como um todo. O destino da reforma está mais associado dependente ao Legislativo e menos em relação ao papel do presidente da República", diz, acrescentando que pesa muito mais sobre o desenrolar da reforma as críticas feitas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, após a apresentação da proposta na Câmara na semana passada.

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No entanto, pondera que cada vez que há uma crise deste tipo, reforça a ideia de que dificilmente o governo conseguirá ter um desempenho minimamente estável em relação à sua popularidade. "Fica ainda mais ambiciosa a capacidade do governo em recuperar capital político e de melhorar sua imagem", diz.

Como não se trata da primeira baixa no governo, a avaliação de Cortez é de que uma agenda mais liberal no longo prazo pode ficar comprometida. Conforme ele, os sinais de aprovação da reforma previdenciária seguem firmes, bem como o prazo de quando isso poderá ocorrer e, além disso, trata-se de um projeto cujo texto é bom. Porém, mesmo com aprovação, ressalta, o crescimento econômico do País será fraco. "Vai gerar um crescimento em 2019 típico de cenário pessimista, sem reforma", observa.

Enquanto na pesquisa Focus do Banco Central, ainda está em 1,00%, já há instituições que estimam expansão econômica na faixa de 0,5% este ano, com o País enfrentando recessão técnica, já que há projeções de recuo do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. No primeiro trimestre, o PIB já f47ora negativo, em 0,2%. Em 2018, o crescimento econômico fora de 1,1%.

Carta

Por carta hoje pela manhã, o presidente do BNDES, Joaquim Levy, entregou hoje seu pedido de desligamento do cargo ao ministro da Economia, Paulo Guedes. A saída ocorre após Levy ter recebido críticas do presidente Jair Bolsonaro ontem (15), em função da nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do BNDES.

A economista e advogada Elena Landau criticou neste domingo, 16, através de redes sociais a postura do governo do presidente Jair Bolsonaro no episódio que provocou o pedido de demissão de Joaquim Levy da presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo ela, Levy jamais teria anunciado a admissão de um diretor sem que o nome tivesse passado pela aprovação do ministro da Economia, Paulo Guedes.

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"BNDES não tem essa independência. Todos os diretores passam pelo crivo do ministro. Deveriam ter demitido logo Levy, mas esperaram essa historinha sem sentido para ter apoio da malta das redes", escreveu Elena Landau em seu perfil no Twitter.

Elena foi diretora do BNDES durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Hoje ela presidente o movimento Livres, que defende o liberalismo econômico.

Em outra postagem, a economista sugeriu que Paulo Guedes estava insatisfeito com a devolução de recursos do BNDES ao Tesouro.

"Guedes prometeu zerar déficit e acabou precisando de crédito complementar. Tava de olho no pagamento dos empréstimos do BNDES. Não veio o que ele esperava. Fez maior arruaça com os míseros 6bi da Caixa. E vocês acham que foi Bolsonaro sozinho que tirou Levy?", escreveu Elena.

Segundo ela, independentemente de quem for contratado como substituto na liderança do banco de fomento, toda a diretoria deverá ser trocada, "para mostrar que não está nas mãos dos funcionários, como disseram sobre Levy".

"Não tem nenhum sentido Levy, que trabalhou no governo PT, ser demitido porque chamou um técnico que trabalhou no governo PT. Isso tudo foi desculpa e deram um jeito, Bolsonaro e Guedes juntos, de tirar o cara. Guedes toda hora reclamava do Levy. Tudo ensaiado", criticou ela.

O presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência, deputado Marcelo Ramos (PR-AM), afirmou neste domingo, 16, que a demissão de Joaquim Levy do BNDES joga contra os interesses do País. Embora reforce que não haverá impacto na tramitação da reforma da Previdência, Ramos afirmou que o episódio desconsidera o fato de que há quadros capazes de contribuir com qualquer governo.

"O presidente Bolsonaro não entendeu que alguns quadros são suprapartidários. Eles não contribuem com um ou outro governo. Contribuem com o País", disse Ramos ao Broadcast Político, por telefone. "É uma pena. No fim das contas, quem perde é o Brasil", emendou.

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Ramos afirmou que o Congresso seguirá trabalhando para "blindar a pauta econômica" e impedir que eventuais crises no governo Bolsonaro impactem na tramitação de projetos importantes, entre eles a reforma da Previdência.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, entregou seu pedido de desligamento do cargo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, conforme informou em nota distribuída à imprensa na manhã deste domingo, 16.

Levy foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro no sábado (15), em função da nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco de fomento.

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"Levy nomeou Marcos Pinto para função no BNDES. Já estou por aqui com o Levy", disse o presidente neste sábado 15. "Falei para ele: Levy, demite esse cara na segunda ou eu demito você sem passar pelo Guedes (ministro da Economia)", afirmou no sábado o presidente.

"Levy está com a cabeça a prêmio há algum tempo", continuou o presidente. Barbosa Pinto trabalhou como assessor do BNDES durante o governo PT, de 2005 a 2007, o que irritou Bolsonaro. No entanto, o próprio Levy foi ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.

Em nota, Levy declarou que sua expectativa é que o ministro da Economia aceite sua demissão. No comunicado, ele deseja a Guedes "sucesso nas reformas".

Leia a íntegra da nota de Joaquim Levy:

"Solicitei ao ministro da Economia Paulo Guedes meu desligamento do BNDES. Minha expectativa é que ele aceda.Agradeço ao ministro o convite para servir ao País e desejo sucesso nas reformas.

Agradeço também, por oportuno, a lealdade, dedicação e determinação da minha diretoria.

E, especialmente, agradeço aos inúmeros funcionários do BNDES, que têm colaborado com energia e seriedade para transformar o banco, possibilitando que ele responda plenamente aos novos desafios do financiamento do desenvolvimento, atendendo às muitas necessidades da nossa população e confirmando sua vocação e longa tradição de excelência e responsabilidade".

O ex-ministro petista Antônio Palocci ficou em silêncio na audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que investiga contratos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Integrante dos governos da presidente cassada Dilma Rousseff e do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, o ex-ministro seguiu a orientação da Procuradoria-Geral da República (PGR), com quem negocia novos acordos de colaboração.

A audiência foi realizada nesta quarta-feira, 29. Os advogados do ex-ministro chegaram a entrar com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a liberação do petista da sessão desta quarta-feira na CPI. O ministro Edson Fachin, do STF, manteve a obrigação do ex-ministro ir, mas o autorizou a ficar em silêncio sem prejuízo a sua defesa.

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Preso em setembro de 2016, o ex-ministro fechou delação com o Ministério Público do Distrito Federal no início do ano. No acordo, ele delatou fraudes praticadas em fundos de pensão ligados a empresas e bancos estatais, alvo da Operação Greenfield, deflagrada em 2016.

Além desse acordo, o ex-ministro tem outros dois assinados pelo ex-ministro, o primeiro em abril e o segundo em outubro. Foram negociados com a Polícia Federal em Curitiba e de Brasília, respectivamente.

Sessão secreta

A sessão para ouvir Palocci nesta quarta foi fechada. A porta do plenário onde ocorria a sessão foi coberta. Somente deputados tiveram acesso ao local.

Além do direito ao silêncio, Fachin concedeu a Palocci o direito de não ter a imagem registrada, assistência por advogado durante o ato, não ser submetido ao compromisso de dizer a verdade e de não sofrer constrangimentos físicos ou morais decorrentes do exercício dos direitos anteriores.

A decisão da Justiça Federal do Distrito Federal, que rejeitou denúncia contra cinco funcionários e ex-funcionários do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no âmbito da Operação Bullish, destaca que faltam indícios contra os técnicos, que teriam apenas sido usados como "instrumentos" pelos réus - o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e o ex-presidente do banco Luciano Coutinho, cujo pedido de denúncia foi aceito.

"O fato de serem meros prepostos do BNDES - a própria denúncia se reporta a eles como 'núcleo técnico' - e, quando muito, terem a responsabilidade decisória pulverizada na participação de órgão colegiado do BNDES, portanto sem poder de veto e, em última análise, sem o domínio do fato, revela terem sido utilizados pelos demais réus apenas como instrumentos para o exaurimento dos crimes reportados na denúncia", diz a decisão, do juiz federal Marcus Vinicius Reis Bastos, da 12ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal do Distrito Federal.

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A Operação Bullish, a cargo da PF e de procuradores da República do Distrito Federal, foi deflagrada em maio de 2017, para investigar as operações do BNDES com o frigorífico JBS. A denúncia foi apresentada pelo MPF quase dois anos depois, em março passado. Segundo a denúncia, o BNDES teria tido R$ 1,8 bilhão de prejuízo nas operações com o JBS.

Na decisão, à qual ainda cabe recurso, o juiz deixou de fora do processo Eduardo Rath Fingerl, Caio Marcelo de Medeiros Melo, André Gustavo Salcedo Teixeira Mendes, José Cláudio Rego Aranha e Fábio Sotelino Da Rocha, todos empregados do BNDES à época dos fatos. Três deles já estão aposentados.

Segundo a denúncia do MPF, o esquema nas operações do BNDES com o JBS era formado por quatro núcleos. O empresarial era formado pelos donos do frigorífico. O núcleo intermediário, ou captador, aproximava empresários e políticos, recebia os valores e os dissipavam em contas no país e no exterior. O núcleo político recebia propina por meio de contratos fictícios de consultoria ou investimento em empresas indicadas.

Por fim, o núcleo técnico, do BNDES, praticava "gestão fraudulenta" e "prevaricação financeira" ao realizar os contratos e operações econômicas que beneficiaram a JBS, em valores "superdimensionados". Para o juiz Bastos, porém, "os depoimentos colhidos na fase investigativa, repito, negam peremptoriamente qualquer interferência, influência, orientação, pressão, constrangimento ou direcionamento na tramitação dos processos de aporte financeiro do BNDES".

"A participação de agentes do BNDES em conselhos de administração de empresas privadas e o relacionamento institucional entre o Banco e essas empresas clientes, estavam previstos nos seus regulamentos e eram necessários para a defesa dos interesses e do dinheiro público envolvidos nos aportes financeiros, não sendo por si só atos ilícitos, ao contrário do que parece crer a acusação", diz a decisão do juiz.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) negou nesta quinta-feira, 23, que haja ingerência política no Fundo Amazônia. Na semana passada, o banco afastou a chefe do Departamento de Meio Ambiente, Daniela Baccas, após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, anunciar uma análise que teria identificado "fragilidades na governança e implementação" dos projetos do fundo.

O Departamento de Meio Ambiente do BNDES é responsável pela operação do Fundo Amazônia, criado em 2008 com doações de R$ 3,2 bilhões da Noruega e de R$ 200 milhões da Alemanha.

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"O Fundo Amazônia para a gente é muito importante", afirmou Levy, ao chegar à feira de negócios sustentáveis Green Rio, onde participa de uma sessão no período da tarde tarde.

Segundo Levy, o Fundo Amazônia passa por um "processo de aprimoramento gerencial", durante o qual "estamos conversando muito com os doadores". Questionado por jornalistas sobre o afastamento da funcionária da chefia, Levy respondeu: "Não há ingerência política. No BNDES, não há ingerência política."

Na sexta-feira, Salles anunciou os resultados de uma análise sobre uma amostra de 30% dos 103 contratos já firmados pelo Fundo Amazônia desde 2008. Conforme uma nota oficial do ministério sobre o anúncio, Salles disse que a análise revelou que "há relatórios de desempenho sem informação, ausência de visitas in loco, prestação de contas sem o respectivo documento e que não corresponde aos relatórios de atividade".

Em nota divulgada no sábado, o BNDES disse que a decisão de afastar Baccas da chefia é uma "prática natural enquanto se esclarecem as questões levantadas" pelo Ministério do Meio Ambiente e não representa "qualquer suspeita específica sobre a conduta dos funcionários do banco".

A AFBNDES, associação que representa os servidores banco, cobrou a recondução da funcionária ao cargo e organizou um ato de desagravo na última segunda-feira. Para a AFBNDES, a diretoria do banco "destituiu uma funcionária exemplar de suas funções com base em um blefe do ministro do Meio Ambiente" e seu posicionamento no caso foi "uma racionalização precária para o que de fato é uma ingerência do Ministério do Meio Ambiente no BNDES". Segundo a associação, o afastamento enquanto se apura eventuais problemas não é "prática natural".

Embora Levy tenha dito que tem conversado com os doadores do Fundo Amazônia sobre um "aprimoramento gerencial", em nota divulgada ainda na sexta-feira, a Embaixada da Noruega no Brasil disse que não recebeu "nenhuma proposta das autoridades brasileiras para alterar a estrutura de governança ou os critérios de alocação de recursos".

Na nota, a embaixada rebateu as críticas do ministro Salles, classificando o Fundo Amazônia como "uma das melhores práticas globais de financiamento com fins de conservação e uso sustentável de florestas". "A Noruega está satisfeita com a robusta estrutura de governança do Fundo Amazônia e os significativos resultados que as entidades apoiadas pelo Fundo alcançaram nos últimos 10 anos", diz a nota.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta sexta-feira (8), na abertura do seminário Desestatização do Setor Elétrico, no BNDES, que tem tido a melhor interlocução com a classe política. Segundo ele, os políticos já perceberam que o jogo de buscar cargos em estatais para ajudar a financiar eleições não é interessante, porque o orçamento fica comprometido e não sobram recursos para governar.

"A velha política morreu. As estatais não vão mais alimentar essas distorções na democracia. O modelo de política por votos mercenários acabou", disse ele.

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Para o ministro, o presidente Jair Bolsonaro está "dando exemplo de comportamento". "Tem todo o tipo de zumbi em volta dele (Bolsonaro) e não vi recuar em nenhum ponto", garantiu Guedes, que defendeu as privatizações e frisou que o processo não poderá interromper o sistema de infraestrutura que já existe no País.

Para ele, o BNDES deverá atuar, em conjunto com os Estados, nesses processos.

"O Brasil era um Saci Pererê, só pulava com a perna esquerda, mas ela estava cansada. Agora vamos pular um pouco com a perna direita", disse Guedes, frisando que o governo foi eleito com essa plataforma. "A democracia é pujante. Deixa a gente trabalhar quatro anos", completou.

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