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Apresentado como novidade para o mercado brasileiro, o BNPL ("Buy Now Pay Later", na sigla em inglês), que em tradução livre significa compre agora e pague depois, tem características atualizadas de um velho conhecido do varejo nacional: o crediário. Isso, porém, não impede que a forma de pagamento possa ajudar empresas, especialmente MEIs e MPEs, a conquistar clientes.

Hoje, o BNPL não tem uma regulamentação específica por parte do Banco Central. A autarquia federal afirma que acompanha "o desenvolvimento de soluções privadas, mas ainda não produz estatísticas ou projeções sobre o tema". O produto ainda engatinha, por mais que demonstre crescimento no cenário interno.

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Trata-se de uma concessão de crédito. No ato da compra, em um mundo ideal, o cliente poderia optar pela forma de pagamento e, em tempo real ou em um período rápido, análises de risco e de fraude seriam feitas para que um limite ficasse disponível para alguma aquisição. Fora deste mundo ideal, a análise pode demorar mais, como alguns dias úteis.

O diretor da plataforma de e-commerce Nuvemshop Renato Burin explica que, como essa avaliação é sobre um cliente que a companhia não conhece, a tendência é de que este primeiro contato seja para um limite mais reduzido. "É um conceito muito novo no Brasil. Essas empresas estão começando a operar e entendendo o risco de crédito dos consumidores. Não existe ainda um apetite de crédito muito forte, então, não dá para dar limites elevados para um consumidor que você pouco conhece", fala.

Até o momento, existem dois grandes pontos de vantagem do BNPL para o varejo. Na demanda, a forma de crediário online pode facilitar a vida de quem não tem cartão de crédito ou ficou sem limite na conta que tem, já que a análise é feita em pouco tempo e, para uma compra específica, no chamado check-out.

No lado da oferta, a proposta do BNPL não é predatória, porque não substitui vendas por cartão de crédito. Acaba sendo um complemento, que, no fim do dia, pode auxiliar a fechar uma venda que o consumidor talvez tivesse dificuldade de pagar com outras formas de pagamento. "Isso é uma coisa nova, que não atrapalha outros parcelamentos. Quem tem limite com bancos ou fintechs, continua preferindo pagar com cartão de crédito", afirma Gastão Mattos, CEO da Gmattos Consultoria.

Igor Silva de Azevedo, dono de um e-commerce de artigos relacionados ao gênero K-Pop, usa o BNPL há cerca de dois anos e vem percebendo a mesma tendência. Ele fala que a medida ajudou a ganhar mais oportunidades de vendas. "Na Black Friday, tivemos muitas operações nessa modalidade, porque, como a data ocorre no final do mês, muita gente já estava sem limite no cartão de crédito. Acabou sendo um complemento nas nossas vendas", avalia. Segundo ele, o parcelamento é feito com uma entrada, à vista, mais três parcelas.

A loja de Azevedo funciona na rede da Nuvemshop e usa uma instituição financeira como intermediadora nos pagamentos. Dentro da plataforma, no chamado check-out, em que o cliente vai finalizar a operação, o conceito do BNPL é aplicado com o nome de Pix parcelado.

Segundo Gastão Mattos, a estratégia é comum já que o apelo da marca "Pix" é forte no consumidor brasileiro. "No final das contas é um BNPL." A empresa de Mattos fez um estudo sobre o tema, que conclui que, pelo BNPL não competir diretamente com o cartão de crédito, existe um bom potencial de crescimento para o setor.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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