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Dois soldados ucranianos morreram nesta segunda-feira (10) após uma explosão no leste do país, anunciou o Exército da Ucrânia, em meio às negociações entre russos e americanos para reduzir as tensões em torno da ex-república soviética.

Estes são os primeiros militares mortos em 2022 na linha de frente com os separatistas pró-Rússia.

Por outro lado, o Exército ucraniano acusou em um comunicado os separatistas de realizar ataques nesta segunda perto de Pisky, na periferia de Donetsk, uma "capital" rebelde.

A Ucrânia está em guerra desde 2014 contra os separatistas pró-Rússia que controlam partes do território no leste, na região de Donbass, e que supostamente receberiam apoio militar da Rússia, algo que o Kremlin nega.

Em 22 de dezembro, as partes beligerantes concordaram em reativar um cessar-fogo na linha de frente, antes de se acusarem mutuamente de novas violações. Todas as tentativas de trégua anteriores fracassaram.

As relações entre Ucrânia e Rússia, que vêm se deteriorando desde 2014, estão atualmente no ponto máximo de tensão.

Há pouco mais de um mês, a Rússia vem sendo acusada pelo Ocidente de posicionar dezenas de milhares de soldados perto da fronteira ucraniana, visando uma possível intervenção militar contra o país vizinho.

Por sua vez, a Rússia nega qualquer intenção belicosa e diz sentir-se ameaçada pelas "provocações" da Ucrânia e da Otan, exigindo que a aliança militar comprometa-se a não se estender para os países da antiga União Soviética.

Nesta segunda, russos e americanos realizaram conversas em Genebra, na Suíça, para tentar encerrar a crise.

O subsecretário da ONU para Assuntos Humanitários visitou a região do Tigré, na Etiópia, neste domingo(7), pedindo um melhor acesso da ajuda aos civis em meio a confrontos crescentes entre as forças rebeldes e do governo.

Na capital Mekele, Martin Griffiths se reuniu com as "autoridades de fato" da região e insistiu na "necessidade de acesso humanitário e proteção de civis em todas as áreas sob seu controle", segundo um porta-voz da ONU .

Griffiths mais tarde retornou a Addis Abeba.

Outras fontes disseram que Griffiths se reuniu em Mekele com Olusegun Obasanjo, um representante da União Africana para o Chifre da África, que estava lá para encontrar Debretsion Gebremichael, chefe da Frente de Libertação Popular do Tigré (TPLF).

A TPLF, que há muito detém o poder na Etiópia, foi derrubada por Abiy Ahmed, que se tornou primeiro-ministro em 2018 em meio a protestos antigovernamentais. Em seguida, Gebremichael partiu para o Tigré, a região mais ao norte da Etiópia.

Após meses de tensão, Abiy Ahmed, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2019, enviou o exército etíope ao Tigré em novembro de 2020. A missão era remover as autoridades regionais apoiadas pela TPLF que continuaram a desafiar sua autoridade.

Ahmed logo proclamou vitória, mas em junho os combatentes da TPLF recuperaram o controle de grande parte da área, antes de avançar para as regiões de Afar e Amhara.

Recentemente, as tensões se agravaram, enquanto as forças rebeldes avançavam sobre Adis Abeba com a intenção de derrubar Ahmed.

Apesar da intensa atividade diplomática, os combatentes de ambos os lados não atenderam aos apelos da comunidade internacional por um cessar-fogo.

Às 4h30 do último dia 23, a agricultora Levânia Silva Cardoso, de 38 anos, se despediu do marido e do casal de filhos pequenos, pegou um facão, vestiu seu boné vermelho e foi se juntar ao grupo de 46 pessoas que, uma hora depois, cortaria com um golpe de machado o cadeado da porteira para ocupar a fazenda Santa Cruz do Kurata, em Mirante do Paranapanema, no Pontal que leva o mesmo nome, no extremo oeste do Estado de São Paulo. "Essa é a minha 10.ª ocupação e, como sempre, o objetivo é ter o nosso pedaço de terra", disse, na quinta-feira, ao Estadão.

Foi também a 11.ª invasão sofrida pela fazenda de uma família descendente de imigrantes japoneses - dez delas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação marcou a retomada das ocupações de terras no Brasil "depois de um longo período de quarentena produtiva contra a fome e trabalho de base frente à pandemia", como divulgou o MST. No entanto, desde o início do governo Bolsonaro, que na campanha havia pregado "receber os invasores de terras a bala", o número de ocupações já vinha caindo.

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De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que monitora os conflitos agrários no País, após 143 ocupações em 2018, o número despencou para 43 em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro e ainda sem pandemia. Nos anos anteriores tinham sido 169 em 2017 e 194 em 2016. No ano passado, já com a pandemia, foram 29 ocupações. Neste ano, até o fim de setembro, aconteceram apenas duas - uma na Bahia, outra no Rio Grande do Norte. Passou em branco em 2021 até o "abril vermelho", mês em que o MST faz ocupações por todo o País para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), onde 19 sem terra foram mortos em ação da Polícia Militar.

A retomada teve ocupações também na Bahia e no Rio Grande do Norte. Na Chapada Diamantina, oeste baiano, 40 famílias tomaram a fazenda Água Branca, no município de Ruy Barbosa. Já em terras potiguares, cerca de 100 famílias se instalaram à margem da rodovia RN-188, entre Jucurutu e Caicó, à frente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte.

Novas ações vão acontecer em outros Estados, promete o MST, alegando que o avanço da vacinação contra a covid-19 já permite que as bases se organizem para lutar pela terra.

O movimento volta a se organizar para ocupar terras a um ano das eleições. Embora afirme que não se posiciona politicamente, a proximidade com o PT é evidente. O MST engrossou os principais protestos contra Bolsonaro em todo o País.

Queda

De acordo com a Pastoral da Terra, houve 49 ocupações em 2019, ante 143 em 2018

No dia 16 de agosto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável em 2022, visitou, a convite, o assentamento Che Guevara, em Moreno, Região Metropolitana de Recife (PE). "Nossa pauta é autônoma e há 37 anos lutamos pela reforma agrária, mas não podemos ignorar a crise que afeta principalmente os brasileiros mais pobres, nem as 606 mil mortes pela pandemia. Também perdemos muitos companheiros", disse Ricardo Barbosa, liderança no Pontal do Paranapanema.

O movimento afirma ter 90 mil famílias acampadas, à espera de um lote, em todo o País.

"A ocupação é uma ferramenta legítima de luta pela terra e cobramos do Estado agilidade na destinação de terras para assentamentos de Reforma Agrária, pois as famílias trabalhadoras sem terra são diretamente impactadas neste momento de crise e precisam da terra para ter uma forma de viver e de trabalhar", disse Aparecido Gomes Maia, dirigente do MST em São Paulo.

Palco de conflitos

 

Durante décadas, o Pontal do Paranapanema, região de grandes fazendas entre os rios Paraná e Paranapanema, onde São Paulo faz divisa com os Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, viveu um clima de tensão entre fazendeiros e sem terras. Desde 1994, quando se instalou na região, o MST protagonizou a luta pela terra em São Paulo.

Do outro lado, na defesa dos fazendeiros, estava o então presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, hoje titular da Secretaria Especial de Assuntos Fundiários, do Ministério da Agricultura.

Inimigo do MST, Nabhan é o homem incumbido pelo presidente Jair Bolsonaro de resolver os conflitos pela terra no País. Sua família tem propriedades na região. "Estamos transformando uma reforma agrária que foi feita lá atrás de uma forma política e ideológica e inconsequente de uma realidade onde transformamos assentados em produtores e proprietários rurais", disse, sobre o programa de titulação dos assentamentos do governo.

Incra diz que invasões geram conflitos e trazem insegurança

Para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), invasões como as realizadas pelo MST geram conflitos, promovem insegurança no campo e colocam as famílias em risco, ampliando a vulnerabilidade social. "O imóvel rural invadido não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, conforme a Lei 8.629/1993", informou.

O Incra disse ter publicado este ano 24 editais de seleção de candidatos ao Programa Nacional de Reforma Agrária com a oferta de 1.791 vagas em 13 Estados. "Somente em outubro foram realizadas inscrições de candidatos em oito Estados para oferta de 609 vagas, por meio de editais", disse.

O instituto esclareceu que não foram publicados decretos desapropriatórios de imóveis rurais no período de 2019 a 2021, visto que os processos de obtenção de novas áreas foram suspensos em 2019 devido à indisponibilidade financeira. "Cabe destacar que, desde 2019, a autarquia desembolsou R$ 4,9 bilhões para pagamento de precatórios de desapropriação de imóveis. Ou seja, coube à gestão anterior arcar com valores de processos judiciais de exercícios anteriores", disse.

Desde 2019, segundo o órgão federal, foram criados oito assentamentos nos Estados do Pará, Bahia, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte, assentando cerca de 13 mil famílias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou na quinta-feira (9) com o colega chinês, Xi Jinping, pela primeira vez em sete meses, com a intenção de garantir que a "concorrência" entre as duas potências não se transforme em um "conflito", informou a Casa Branca.

Durante a ligação, Biden transmitiu a mensagem de que os Estados Unidos querem "que a dinâmica continue sendo competitiva e que não deve existir nenhuma situação no futuro na qual se produza um conflito involuntário", declarou a jornalistas um alto funcionário do governo.

Em Pequim, o canal estatal CCTV afirmou que a conversa foi "sincera, profunda e extensa, sobre as relações China-EUA e questões de interesse mútuo".

Esta foi a primeira conversa telefônica entre os dois presidentes desde fevereiro, quando conversaram por duas horas, pouco depois de Biden assumir a presidência americana.

As relações entre Estados Unidos e China foram muito prejudicadas durante o mandato de Donald Trump, que iniciou uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

A administração Biden, embora apoie o multilateralismo e o fim da ideologia "América em primeiro lugar" de Trump, manteve as tarifas comerciais e segue dificultando a relação com Pequim em outras áreas polêmicas.

A Casa Branca, no entanto, indicou que o "impasse" diplomático é insustentável e potencialmente perigoso, o que exige a intervenção dos líderes.

"Gostamos de concorrência, mas não queremos que esta competição se transforme em um conflito", disse o alto funcionário do governo americano, que falou sob anonimato.

- A pergunta do século -

De acordo com a imprensa estatal chinesa, Xi Jinping disse a Biden que o confronto entre as principais economias do mundo "representaria um desastre para os dois países e para o mundo".

"A questão sobre se a China e os Estados Unidos podem administrar adequadamente suas relações é fundamental para o futuro e o destino do mundo", afirmou o canal CCTV, que citou Xi.

"E esta é a pergunta do século que os dois países devem responder", completou.

Xi destacou que as duas partes devem prosseguir com o diálogo sobre a mudança climático, a prevenção de epidemias e a recuperação econômica mundial, "respeitando nossas diferenças".

A fonte da Casa Branca disse que o objetivo da ligação era que a relação entre os dois países consiga ser "administrada de forma responsável" e que as ações dos Estados Unidos não sejam mal interpretadas" pela China.

As tentativas anteriores para melhorar a relação não deram certo, especialmente quando, em março, o secretário de Estado Antony Blinken e altos funcionários chineses discutiram de maneira dura em Anchorage, Alasca.

"Não ficamos muito satisfeitos com o comportamento de nossos interlocutores", disse na ocasião o chefe da diplomacia.

Diante do "impasse, o presidente Biden compreendeu a importância de comprometer-se diretamente com o presidente Xi", disse uma fonte do governo

- Sem questões concretas -

De acordo com uma nota da Casa Branca, Biden e Xi tiveram uma "discussão sobre as áreas nas quais nossos interesses convergem e as áreas nas quais nossos interesses, valores e perspectivas divergem".

A ligação de quinta-feira se concentrou em assuntos "amplos e estratégicos", sem a expectativa de decisões concretas sobre questões pendentes nem sobre uma eventual reunião de cúpula Biden-Xi.

A lista de divergências entre Washington e Pequim é grande.

Além do comércio - a fonte da Casa Branca lamenta "as práticas comerciais injustas e coercitivas da China" -, aumenta a tensão pelas reivindicações chinesas sobre Taiwan e várias ilhas no Mar da China Meridional.

Washington também está irritado com o que considera recusa de Pequim de cooperar com uma investigação internacional sobre as origens do vírus que provoca covid-19, que foi detectado na China antes da propagação por todo o mundo.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e o secretário de Defesa do país, Lloyd Austin, viajam neste domingo, em missões separadas, ao Oriente Médio, a fim de fortalecer relações com os aliados na região e discutir formas de ajudar norte-americanos e cidadãos de outros países a deixarem o Afeganistão. Blinken também deve ir à Alemanha nesta semana.

Blinken e Austin vão iniciar as viagens por Doha, no Catar, sede do escritório diplomático e consular dos EUA relacionado ao Afeganistão desde o fechamento da embaixada norte-americana no país, e local também de intercâmbios diplomáticos com o Taleban nos últimos anos. Na Alemanha, Blinken deve se encontrar com o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, e participar de um encontro virtual com autoridades de outros países presentes no Afeganistão.

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Austin visitará Kuwait, Bahrein e Arábia Saudita, segundo autoridades dos EUA. Kuwait e Bahrein, bem como Catar e outros, ajudaram os EUA durante a retirada de equipes do Afeganistão, abrigando temporariamente milhares de norte-americanos, afegãos e cidadãos de outros países. Será a primeira visita do secretário de Defesa ao Oriente Médio desde que o Taleban recuperou o controle do Afeganistão, com a queda de Cabul em 15 de agosto.

Os dois secretários não devem se encontrar com funcionários do Taleban enquanto estiverem em Doha. "Não estamos nesse estágio", disse um membro do Departamento de Estado.

Um funcionário do Departamento de Estado disse na semana passada que mais da metade dos requerentes de visto afegãos que trabalharam com as forças dos EUA no Afeganistão foi deixada para trás na evacuação. Os EUA e aliados retiraram mais de 124 mil pessoas do país por meio de voos militares, comerciais e fretados.

Até 200 cidadãos americanos e milhares de afegãos que trabalharam para os EUA nos últimos 20 anos permaneceram no Afeganistão quando as últimas tropas americanas partiram na semana passada. O Departamento de Estado e a Casa Branca disseram que continuariam ajudando os que ficaram a deixar o país, sem esclarecer de que forma.

"Há uma série de questões logísticas extremamente complexas para tratar e coordenar", disse Blinken na última sexta. "Estamos trabalhando com eles o mais rápida e metodicamente possível." Fonte: Dow Jones Newswires.

 Camponeses das comunidades de Barro Branco, no município de Jaqueira, e Batateiras, na cidade de Maraial, se reúnem, às 9h da próxima sexta (19), com o relator especial das Nações Unidas para substâncias tóxicas e perigosas e direitos humanos, Marcos Orellana. O encontro, que ocorrerá de forma virtual, será pautado pelo uso intencional de agrotóxicos promovido por empresas nas terras dos agricultores, destruindo lavouras e contaminando fontes de água.

Os casos chegaram à ONU por meio de um dossiê produzido pela FIAN Internacional e Brasil, instituição voltada para a promoção e garantia do direito humano à alimentação e nutrição adequada, com apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE). Na apelação encaminhada ao relator da ONU, a FIAN frisa que os conflitos abordados no relatório atingem  cerca de 1.500 famílias, aproximadamente 7.425 pessoas, que vivem em uma área de 7.000 hectares, nas comunidades de Barro Branco, Batateiras, Caixa D'Água, Canoinha, Fervedouro, Guerra, Laranjeiras, Pau D'Óleo, Roncadorzinho, Várzea Velha, localizadas nos municípios de Jaqueira, Maraial, Catende, Barreiros e Tamandaré, todos em Pernambuco.

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“Suas vidas são marcadas por conflitos de terra entre as famílias de seus camponeses e os engenhos de açúcar falidos e os empresários dos setores do açúcar e da pecuária. As vítimas aqui representadas são homens e mulheres trabalhadores, muitos deles credores dos engenhos de açúcar. Portanto, os autores das violações de direitos humanos apresentadas nesta denúncia são a empresa privada (Empresa Agropecuária Mata Sul S/A) e seus guardas particulares, bem como agentes do Estado, como as Polícias Militar e Civil”, diz trecho do documento. 

Em agosto do ano passado, a reportagem do LeiaJá visitou o Engenho Fevedouro, em Jaqueira, onde circulava uma lista com os nomes de dez camponeses jurados de morte. À época, um deles, Edeilson Alexandre Fernandes da Silva, já havia sobrevivido a uma emboscada no dia 16 de junho de 2020, na qual foi atingido por sete tiros.

 

As negociações para uma nova troca de prisioneiros entre as partes do conflito no Iêmen, realizadas em Amã, na Jordânia, terminaram em um fracasso, disse a ONU em um comunicado neste domingo (21).

"Estou decepcionado que esta rodada de negociações não tenha rendido os mesmos resultados que vimos em setembro na Suíça, com a histórica libertação de 1.056 detidos", lamentou o enviado especial da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, citado na nota.

"Exorto as partes a continuarem suas discussões e consultas (...) para libertar mais prisioneiros em breve", acrescentou.

No conflito no Iêmen, se enfrentam os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã, e o governo do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, apoiado desde 2015 por uma coalizão militar liderada pela Arábia Saudita.

Em 2018, os dois lados chegaram a um acordo, patrocinado pela ONU, para a troca de 15 mil prisioneiros. Assim, centenas puderam retornar para suas casas em outubro.

No entanto, a quinta reunião do comitê de monitoramento do acordo sobre a troca de prisioneiros, co-presidido pela ONU e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que havia começado em 24 de janeiro em Amã, não obteve qualquer progresso.

Mesmo assim, os envolvidos "se comprometeram a continuar negociando os parâmetros de uma futura operação em grande escala", enfatizou a ONU.

O conflito no Iêmen já matou dezenas de milhares de pessoas e deixou 3,3 milhões de desabrigados. Além disso, 24,1 milhões de habitantes, mais de dois terços da população, precisam de assistência humanitária, segundo as ONU.

Corpos marcados por tiros ficam jogados por dias nas ruas da cidade de Axum, na Etiópia. À noite, moradores ouvem, horrorizados, as hienas se alimentando de seus vizinhos e conhecidos. Mas eles foram proibidos de enterrar seus mortos por soldados da Eritreia.

Essas memórias assombram a um diácono da igreja Ortodoxa etíope localizada na cidade sagrada, onde os fiéis locais acreditam que a antiga Arca da Aliança está guardada. Enquanto a região de Tigray retoma lentamente o acesso a serviços de telefone depois de três meses de conflito, o diácono e outras testemunhas deram à Associated Press um relato detalhado do que pode ser o massacre mais mortal.

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Por semanas, rumores circularam de que algo sinistro havia acontecido na Igreja Santa Maria de Sião, em novembro, com a estimativa de centenas de mortos. Mas com o isolamento de Trigray do resto do mundo e a proibição de jornalistas de acessarem a região, pouco pôde ser verificado enquanto combatentes etíopes e aliados perseguiam os líderes fugitivos da região.

O diácono, que falou em condição de anonimato porque continua em Axum, disse que ajudou a contar os corpos - ou o que restou deles após as hienas se alimentarem. Ele reuniu as carteiras de identidade das vítimas e ajudou nos enterros - feitos em valas coletivas. O religioso acredita que cerca de 800 pessoas foram mortas naquele fim de semana na igreja e nos arredores da cidade, e que milhares morreram em Axum.

A matança continua: no dia em que falou à AP na semana passada, ele disse que havia enterrado três pessoas. "Se formos para o campo, a situação é muito pior", disse.

As atrocidades do conflito de Tigray ocorreram nas sombras. O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2019 por alcançar a paz com os vizinhos da Eritreia, anunciou a ofensiva enquanto o mundo estava focado nas eleições presidenciais americanas. Ele acusou lideranças regionais de Tigray, cujos líderes dominaram a Etiópia por quase três décadas antes dele assumir o governo, de atacarem militares do país. Os líderes de Tigray rebateram a afirmação e disseram que agiram em legítima defesa, depois de meses de tensão.

Enquanto o mundo clamava por acesso a Tigray para investigar as suspeitas de atrocidades de todos os lados e entregar ajuda humanitária a milhões de pessoas famintas, o primeiro-ministro negou o que chamou de "interferência externa". Ele se declarou vitorioso no fim de novembro e disse que nenhum civil foi morto. Seu governo nega a presença de soldados da Eritreia - inimigos de longas datas dos líderes regionais - em Tigray.

A narrativa do governo, no entanto, cai por terra com o surgimento de testemunhas como o diácono. O oficial que supervisionou o estado de emergência em Tigray, Redwan Hussein, não respondeu às perguntas.

Axum, com suas ruínas e igrejas antigas, tem grande significado para os fiéis ortodoxos etíopes, que acreditam que a Arca da Aliança, construída para conter as tábuas dos Dez Mandamentos, está localizada lá. "Se você ataca Axum, ataca antes de tudo a identidade dos ortodoxos da região, mas também de todos os cristãos ortodoxos etíopes", disse Wolbert Smidt, um etnohistoriador especializado na região. "A própria Axum é considerada uma igreja na tradição local, 'Axum Sião'".

Em um ano normal, milhares de pessoas se reúnem na Igreja Zion no fim de novembro para celebrar o dia que os etíopes acreditam que a Arca da Aliança foi trazida para o local depois de desaparecer de Jerusalém nos tempos antigos. Em vez disso, a igreja virou um refúgio para pessoas que fugiram de outras regiões de Tigray. Eles se abrigaram lá enquanto os cultos de adoração estavam ocorrendo dois dias antes do aniversário.

Soldados da Eritreia e da Etiópia haviam chegado a Axum mais de uma semana antes, com pesados bombardeios. Mas em 28 de novembro, os soldados eritreus voltaram com força para caçar membros da milícia local que se mobilizaram contra eles em Axum e nas comunidades próximas.

O diácono relembra que soldados invadindo a igreja, acuando e arrastando os fiéis para fora e atirando em quem fugia. "Eu escapei por acaso com um padre", disse ele. "Quando entramos na rua, ouvimos tiros por toda parte." Eles continuaram correndo, tropeçando nos mortos e feridos junto com outros que tentavam encontrar lugares para se esconder.

A maioria das centenas de vítimas foi morta naquele dia, disse ele, mas os tiroteios e os saques continuaram no dia seguinte. "Eles começaram a matar pessoas que iam da igreja para a casa ou de uma casa para outra, simplesmente porque estavam na rua", disse outra testemunha, o professor Getu Mak. "Foi um ato horrível de se ver." Ele assistiu à luta de seu quarto de hotel, e se aventurou a sair enquanto a luta diminuía. "Em cada esquina, quase, havia um corpo", disse. "As pessoas choravam em todas as casas."

Outra testemunha, que falou sob condição de anonimato por medo de retaliação, disse que os soldados mataram um homem em sua casa perto da Igreja de Sião. "Como posso dizer? Tantos mortos", disse o homem, que desde então fugiu para a capital de Tigray, Mekele. Após as mortes em Axum, veio um período difícil com soldados vagando pelas ruas e famílias em busca de entes queridos.

À noite, hienas desceram das colinas próximas. A cidade começou a cheirar a morte, pois alguns corpos permaneceram intocados por dias. "Eu vi uma carroça carregando cerca de 20 corpos para a igreja, mas os soldados eritreus os pararam e disseram às pessoas para jogá-los de volta na rua", disse Getu, o professor universitário. Finalmente, quando os soldados deixaram a cidade para perseguir outros combatentes, os moradores se mobilizaram para enterrar os corpos, disse o diácono. "Não podíamos fazer um enterro formal", afirmou. "Nós os enterramos em massa" em túmulos próximos à Igreja de Sião e outras.

Alguns dos mortos estavam entre as centenas de milhares de pessoas em Tigray deslocadas pelo conflito e desconhecidas dos residentes de Axum. Suas carteiras de identidade foram recolhidas em igrejas, onde aguardam a identificação de seus entes. O diácono disse que os moradores acreditam que os soldados eritreus estão se vingando da guerra de fronteira de duas décadas entre a Etiópia e a Eritreia, que aconteceu nas proximidades e terminou depois que Abiy se tornou primeiro-ministro.

Alguns dos soldados disseram aos moradores que foram instruídos a matar pessoas de até 12 anos, disse ele. Outra testemunha, um homem de 39 anos que deu apenas seu primeiro nome, Mhretab, e fugiu semanas atrás para os Estados Unidos, afirmou que a polícia federal etíope nada fez para controlar os soldados eritreus. "Eu disse a eles: 'Escute, você é etíope, eles estão destruindo cidades etíopes. Como isso é possível?'", Lembrou Mhretab. "Eles disseram: 'O que podemos fazer? Isso não deveria ter acontecido desde o início. Isso é de cima'", indicando que foi decidido por altos funcionários, disse ele. Ele contou que transportou corpos para uma vala comum na Igreja de Sião e estimou ter visto de 300 a 400 ali.

O diácono acredita que os soldados eritreus, em sua caça aos combatentes Tigray, mataram milhares de pessoas em aldeias fora de Axum. "Quando eles lutam e perdem, eles se vingam dos fazendeiros e matam todos que encontram", disse ele. "Isso é o que vimos nos últimos três meses". Getu repetiu essa crença, citando seu tio, que sobreviveu a tal confronto rural.

O diácono não foi para as aldeias fora de Axum. Seu trabalho continua com sua igreja, onde os cultos seguem, mesmo com o conflito de Tigray mais violento do que nunca. "Também estamos protegendo a igreja", disse. "Mesmo agora, estou falando com você daqui. Não estamos armados. O que fazemos é principalmente assistir. E, claro, orar para que Deus nos proteja."

Sem energia elétrica, moradores de cidades do Amapá enfrentam borrachudos e bombas de efeito moral. Uma onda de revoltas pelo apagão, que entrou ontem no 6.º dia, ocorre nas periferias. O governo federal disse no domingo (8) que 76% da energia foi restabelecida, com um sistema de rodízio. Moradores, porém, dizem que o serviço não voltou em vários pontos de Macapá e do entorno. Na noite de sábado e na madrugada de domingo, um protesto no bairro Remédios II, na cidade de Santana, a 20 quilômetros da capital, foi reprimido pela tropa de choque do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Os agentes dispersaram a manifestação, que bloqueou com fogo e pneus uma das vias de acesso à cidade, de 120 mil habitantes.

Protestos de moradores pela falta de uma solução para a interrupção da rede elétrica e de água, que depende de bombas, acontecem desde a última terça-feira em pontos diferentes do Estado, incluindo a capital. Uma subestação de energia pegou fogo na terça, o que deu origem ao apagão.

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A cúpula da polícia amapaense deu aval ao uso do Choque contra os atos, que não têm lideranças definidas. Nos dias anteriores, houve manifestações menos tensas em São José, Pedrinhas e Muca. Todos são bairros de população de baixa renda na região sul de Macapá.

Em Santana, moradores reclamavam da expectativa frustrada de restabelecimento temporário nos bairros situados a partir da Rua Cláudio Lúcia Monteiro, na entrada do município, via onde funciona o Fórum de Santana. A promessa era a de que teriam energia durante seis horas do sábado. Em menos de 60 minutos, o fornecimento caiu.

A mesma oscilação foi registrada em outros pontos da cidade. É uma realidade que contrasta com a aparência de normalização que o governo federal procura demonstrar. Nas comunidades, a escuridão completa potencializa o medo da violência.

A queixa mais comum nas ruas dos bairros é sobre a impossibilidade de usar ventiladores e ar-condicionado. Com isso, os carapanãs, mosquitos borrachudos da Amazônia, aproveitam as janelas abertas para tornar as noites quentes desagradáveis.

Os moradores não têm informações sobre os critérios do rodízio para escolha dos bairros que serão religados, nem sobre os períodos em que a energia estará disponível nas tomadas. "Estamos reivindicando porque não aguentamos mais. Não sabemos mais o que fazer. Estamos sem luz, sem internet, sem comunicação. Isso não é justo. Para uns tem (energia), para outros não tem", disse a dona de casa Marta Lúcia Moraes, de 47.

O relógio marcava 22h50 de sábado quando manifestantes cercaram a equipe de reportagem do Estadão. Homens e mulheres, jovens e adultos, do Remédios II, se atropelavam, em desabafos. Não tem comunicação, dizia um. Não tem energia para refrigerar a carne cara, reclamava outro. Não tem água para tomar banho. Não tem água para limpar privadas. "A gente não pode se calar. Não podemos aceitar isso que estão querendo impor. Temos de ir para a rua manifestar, atrás dos nossos direitos. Nossos alimentos estão acabando, estragando", esbravejou Juliana de Jesus, de 28 anos.

Embate

Quatro jovens apareceram com rostos cobertos por camisas. À equipe de reportagem, disseram que PMs haviam ameaçado prendê-los arbitrariamente, mas sem dar detalhes. "Reportagem? Pode colar, na humildade. Queremos respostas, não queremos quebrar nada", disse um deles. A tropa de choque chegou sem fazer barulho. Sob comando de um tenente, partiu para cima do grupo com a munição de efeito moral. Manifestantes revidaram arremessando paus e pedras.

Ao progredirem em direção às barricadas, recomendaram à reportagem cautela no cruzamento com ruas transversais: a população local costuma ter espingardas e, protegidos pelo escuro, poderiam radicalizar. O acirramento se estendeu por mais uma hora. Não houve registros de feridos até o início do dia. Policiais confidenciaram preocupação com a escala das revoltas, caso a situação não volte ao normal em breve. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após 17 anos de conflitos na República do Sudão do Sul, no continente africano, um acordo de paz foi assinado entre governantes e rebeldes do país. A resolução, homologada na capital Juba foi viabilizada pelas autoridades do Sudão. Em 2019, a coalizão que comanda o país vizinho depôs o então presidente Omar Al-Bashir e atuou junto à Frente Revolucionária Sudanesa (FRS) para pacificar a zona de combate sulista.

O acerto teve o aval de diplomatas de países da região, considerada uma das mais conflituosas do planeta. Na assinatura do acordo, representantes de Cartum, capital do Sudão, membros do governo de transição sul-sudanesa, além dos movimentos rebeldes e lideranças de territórios como Chade, Catar, Egito, da União Africana e da Organização das Nações Unidas (ONU), participaram da cerimônia em Juba.

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Segundo o acordo, que havia sido celebrado no fim de agosto, os grupos armados deixarão de existir e todos os membros passam a fazer parte das Forças Armadas do país. Ainda conforme o documento, o exército deve se reorganizar para representar todo o povo sudanês. O acerto também vai tratar de assuntos como propriedade da terra e assegurar o retorno de cidadãos refugiados ou expulsos por questões políticas.

Paz e recuperação da economia

Marcado por diversidades étnicas e religiosas, os conflitos são resquícios das três décadas em que Al-Bashir ficou à frente do governo sudanês. De acordo com o atual governo de Cartum, a paz com os rebeldes era ponto fundamental para que a economia dos dois países se recupere. A separação do Sudão do Sul deixou o vizinho sem 75% da produção de petróleo. Além da baixa, os Estados Unidos ainda inseriram a nação em uma lista de territórios que financiam ações terroristas.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson não será alvo de uma investigação criminal após ser acusado de fornecer fundos públicos a uma suposta empresária americana com quem ele estava tendo um caso, anunciou a polícia nesta quinta-feira (21).

O caso, que explodiu em setembro, destacou os laços estreitos entre o líder conservador e Jennifer Arcuri, uma ex-modelo que virou empresária de alta tecnologia que recebeu numerosos endossos públicos enquanto Johnson era prefeito de Londres entre 2008 e 2016.

O primeiro-ministro sempre negou qualquer irregularidade e se recusou a esclarecer se ele teve um caso com a americana.

A autoridade pública da região de Londres encaminhou o caso à polícia para avaliar se uma investigação criminal deveria ser aberta contra o ex-prefeito da capital.

Após examinar "900 documentos" e escrever e-mails por mais de oito anos sobre essas suspeitas, a polícia considerou desnecessário abrir uma investigação desse tipo.

"Não encontramos evidências de que Johnson tenha influenciado o pagamento de fundos de patrocínio à Arcuri ou que tenha influenciado ou desempenhado um papel ativo na obtenção de sua participação em missões comerciais", disse o chefe de polícia Michael Lockwood.

A polícia determinou que as evidências sugerem que os funcionários responsáveis por tomar essas decisões "acreditavam que havia um relacionamento próximo entre Johnson e Arcuri e isso influenciou suas decisões".

Johnson deveria ter declarado esse relacionamento um conflito de interesses, acreditam os investigadores. Mas não fazer isso não é crime, embora possa violar o código de conduta da autoridade regional.

A Greater London Authority instruiu seu comitê de supervisão para continuar investigando. Uma auditoria do governo concluiu meses atrás que a alocação de uma dotação de £ 100.000 de um fundo do governo para Arcuri era justificada.

Policiais militares do 20º BPM dispersaram um conflito entre torcedores do Santa Cruz e do Sport, ocorrido na integração de coletivos de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, por volta das 11h30, deste sábado (7). De acordo com informações da assessoria de imprensa da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), os dois grupos soltavam fogos uns contra os outros. Os policiais conseguiram dispersar os responsáveis e controlar a situação, mas ninguém foi detido.

Circula nas redes sociais um vídeo atribuído à confusão. Nas imagens, é possível visualizar o momento em que a torcida do Santa Cruz, no interior da estação, e a torcida do Sport, na rua, trocam disparos de fogos. Embora a PM não mencione a presença de armas de fogo no conflito, em um determinado momento, um homem parece sacar um revólver e atirar em direção à estação.

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Na última sexta (7), o coronel Lopes, do Batalhão de Choque, anunciou que a corporação não fará a escolta das torcidas organizadas. Segundo ele, a decisão foi tomada devido à extinção das organizadas. 

Pelo menos 18 civis morreram na Síria nesta quarta-feira (15) em ataques aéreos do governo de Bashar al-Assad contra a província de Idlib - informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), lembrando a trégua anunciada na semana passada por Rússia e Turquia para a região.

O saldo aumentou após horas de trabalho dos socorristas nas ruínas de vários prédios na cidade de Idlib, dominada por extremistas no noroeste sírio, afirmou o OSDH.

Entre as vítimas, há dois meninos e um socorrista, informou a ONG, que mencionou ainda 20 feridos. Os ataques impactaram um mercado e uma região reúne escritórios, entre eles uma garagem mecânica, segundo a mesma fonte.

A Rússia, grande aliada do regime, anunciou em 9 de janeiro uma trégua para Idlib e Turquia, que apadrinha certos grupos rebeldes, confirmou esta iniciativa que devia ter começado no domingo.

Contudo, o OSDH apontou que na quarta "mais de cem ataques executados por aviões sírios ou russos na província de Idlib".

O regime de Assad disse que estava determinado a reconquistar a região de Idlib, controlada pelos extremistas de Hayat Tahrir Al Sham (HTS, antiga subsidiária síria da Al Qaeda) e que também abriga grupos rebeldes enfraquecidos.

Mais de 380.000 pessoas perderam a vida, incluindo mais de 115.000 civis em quase nove anos de guerra civil na Síria.

As duas partes que se enfrentam no sangrento conflito na Líbia aceitaram um cessar-fogo que começou a ser aplicado nas primeiras horas deste domingo (12), após semanas de intensos esforços diplomáticos da Rússia e da Turquia em favor de uma trégua, para impedir que o país se torne uma "segunda Síria".

Este país do norte da África, rico em petróleo, tem sido palco de confrontos e está mergulhado no caos desde que uma intervenção militar internacional derrubou em 2011 a longa ditadura do coronel Muammar Khadafi.

Desde abril do ano passado, o Governo da União Nacional (GNA), com sede em Trípoli e reconhecido pela comunidade internacional, tem sido alvo das forças leais ao marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país.

Na noite de sábado (11), o marechal Haftar anunciou um cessar-fogo que entraria em vigor à meia-noite, após um apelo conjunto neste sentido dos presidentes russo, Vladimir Putin, e turco, Recep Tayyip Erdogan.

As forças do marechal alertaram em uma breve declaração que "a resposta será dura se o lado oposto violar a trégua", referindo-se às tropas do GNA.

Pouco depois, em comunicado, o líder do GNA, Fayez al-Sarraj, anunciou um cessar-fogo que entraria em vigor a partir das primeiras horas do domingo.

Ele também enfatizou o "direito legítimo" de suas forças de "responder a qualquer ataque ou agressão do lado oposto".

Depois da meia-noite, ou seja, após a entrada em vigor dessa trégua, tiros ainda eram ouvidos no centro de Trípoli, sede do GNA, mas depois a calma foi estabelecida na parte sul da capital, onde as forças do GNA resistem desde abril à ofensiva das forças de Haftar.

A missão da ONU no país comemorou a trégua e pediu que as partes façam "esforços em favor do diálogo".

Desde o início da ofensiva de Haftar, mais de 280 civis e 2.000 combatentes morreram, segundo a ONU. Além disso, cerca de 146.000 líbios foram deslocados pelos combates.

- "Segunda Síria" -

A entrada em vigor deste cessar-fogo ocorre após importantes esforços diplomáticos liderados por Ancara e Moscou.

Na quarta-feira, Erdogan e Putin pediram em Istambul que essa trégua fosse estabelecida.

Especificamente, a Turquia pediu à Rússia para convencer Haftar a respeitá-la.

Ancara enviou militares em janeiro para apoiar o GNA, enquanto a Rússia é suspeita, apesar de negar, de apoiar as tropas de Haftar, que também tem o apoio dos Emirados Árabes Unidos e do Egito.

Os países da Europa e da África do Norte lançaram uma ofensiva diplomática para tentar impedir a Líbia de se tornar uma "segunda Síria".

Os governos europeus temem que grupos islâmicos e traficantes de migrantes se estabeleçam neste país, aproveitando-se do caos que reina desde a morte de Khadafi.

No sábado, a Líbia foi um dos temas centrais das discussões entre Putin e a chanceler alemã Angela Merkel em Moscou.

A chanceler alemã disse que quer organizar uma reunião internacional sobre a Líbia em Berlim em breve, com o apoio da ONU para ajudar o país a se tornar "soberano novamente e recuperar a paz".

Mas a Rússia e a Turquia emergiram como as verdadeiras potências influentes na crise líbia, apesar de supostamente apoiarem lados diferentes.

Putin negou, porém, que seu país seja um defensor do marechal Haftar. "Se há russos, eles não representam os interesses do Estado russo e não recebem dinheiro de nós", garantiu.

Os Estados Unidos, descontentes com o crescente envolvimento de Moscou na Líbia, denunciaram no sábado o "destacamento de mercenários russos (...) e combatentes sírios apoiados pela Turquia" em comunicado de sua embaixada.

O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira (9) que a tensão entre Estados Unidos e Irã arrisca criar um "conflito de grande escala". A declaração foi dada durante um encontro com embaixadores estrangeiros no Vaticano, um dia depois de o presidente Donald Trump ter dado sinais de arrefecimento na disputa com o país persa.

"São particularmente preocupantes os sinais que chegam da região [do Oriente Médio] após o aumento da tensão entre Irã e Estados Unidos, que arriscam colocar à prova o lento processo de reconstrução do Iraque, além de criar as bases de um conflito de grande escala que todos queremos evitar", disse.

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No discurso, Francisco também fez um apelo para que as partes envolvidas "mantenham acesa a chama do diálogo e do autocontrole". No fim da semana passada, um bombardeio ordenado por Trump matou o general Qassem Soleimani, militar mais poderoso do Irã, que reagiu com um ataque contra duas bases americanas no Iraque.

O bombardeio iraniano não deixou vítimas, e o presidente dos EUA fez um discurso na última quarta (8), no qual anunciou novas sanções contra Teerã, mas disse estar "pronto a abraçar a paz".

Da Ansa

Republicanos e democratas enviaram uma rara mensagem de unidade no Congresso americano nesta quarta-feira (8), em apoio a uma redução das ações contra o Irã, após ataques com mísseis iranianos a bases que abrigam soldados americanos no Iraque.

À tarde, deputados da Câmara de Representantes e depois os senadores foram informados, a portas fechadas, da situação no terreno por altos funcionários do governo do presidente republicano Donald Trump.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, o chefe do Pentágono, Mark Esper, a diretora da CIA, Gina Haspel, e o chefe de Estado-maior, general Mark Milley, não deram declarações ao chegar ao Capitólio, sede do Congresso.

Após esta sessão informativa, a Câmara de Representantes, controlada pela oposição democrata, decidiu votar na quinta-feira para evitar que Trump empreenda a guerra com o Irã, informou a presidente da Casa, Nancy Pelosi.

Ela explicou que os democratas tomaram esta decisão porque suas inquietações não foram dissipadas após a reunião a portas fechadas.

Já Lindsey Graham, importante aliado de Trump no Senado, elogiou o "excelente" discurso do presidente esta manhã.

"Foi comedido, firme", disse a jornalistas. "Dirijo-me aos iranianos e ao regime: (Trump) lhes deu a oportunidade de terminar tudo isto pacificamente, lhes deu a oportunidade de alcançar a paz e a prosperidade, devem aproveitá-la", afirmou.

Mas também dirigiu-se à Casa Branca: "Não há necessidade de adotar represálias só por adotar represálias", declarou.

Uma das líderes republicanas na Câmara Alta, Liz Cheney, destacou a união dos integrantes da Câmara alta em apoio a Trump.

"Nosso grupo parlamentar está absolutamente unido por trás do presidente (...), por trás da importância, das consequências e dos méritos das ações realizadas pelo presidente para eliminar Qassem Soleimani do campo de batalha", acrescentou.

O poderoso general iraniano foi assassinado na sexta-feira em Bagdá em um ataque dos Estados Unidos, executado com drones.

"Todos queremos ver uma diminuição (do conflito), este é o nosso objetivo", disse o senador democrata Ben Cardin à AFP.

"Alegra-me que nenhum soldado americano tenha sido morto", declarou o senador Robert Menendez, dizendo que "conhecendo-o, o discurso do presidente não poderia ser mais favorável à redução da escalada do que foi".

O apoio do Brasil ao ataque americano que matou na semana passada no Iraque o general Qassim Suleimani, principal militar iraniano, preocupa líderes setor agropecuário brasileiro. Eles pregam uma maior cautela no campo diplomático para não atrapalhar os negócios entre o País e seus parceiros comerciais. Hoje, o Brasil é o maior exportador de produtos agropecuários para o Oriente Médio, gerando uma receita de cerca de US$ 9 bilhões por ano.

"O Oriente Médio é um grande parceiro do Brasil em termos de alimentação. Temos muitos interesses lá", alertou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli. Ele disse que o embargo dos EUA ao Irã que já existe prejudica os negócios, mas uma radicalização do conflito vai piorar ainda mais o cenário.

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"Devemos ter cautela, não temos de chamar essa briga para nós, não precisamos nos envolver. O que queremos com isso?", questionou o deputado federal Neri Geller (PP-MT), ex-ministro da Agricultura. Para ele, o Brasil deve trabalhar pela pacificação e pela construção de mais relações comerciais no exterior lembrando que o Irã é um comprador importante de produtos como milho, soja e carne bovina do Brasil.

Exportações

De acordo com dados do Insper Agro Global, o Brasil é o maior fornecedor de alimentos para o Oriente Médio, seguido por Índia e Estados Unidos. O setor de agronegócio representa 97% das exportações brasileiras ao Irã.

Em 2018, o Irã foi o quinto maior destino das exportações brasileiras do setor agrícola, após China, União Europeia, EUA e Hong Kong. O Brasil exportou US$ 2,258 bilhões em produtos agrícolas ao Irã e importou US$ 39,92 milhões. Isso gerou um superávit de US$ 2,218 bilhões no ano. Ainda em 2018, o Brasil exportou US$ 550 milhões em produtos agrícolas para o Iraque.

"O Irã comprou, no ano passado, US$ 2,258 bilhões do Brasil. Basicamente, milho, soja e carne bovina", afirmou Marcos Jank, professor de agronegócio global do Insper e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). O dado coloca o país como o principal destino dos produtos brasileiros na região.

"Não deveríamos tomar partido neste momento de radicalização e conflitos. Temos de preservar nossos grandes interesses no Oriente Médio, que compra quase duas vezes mais produtos agropecuários do Brasil do que os Estados Unidos", disse o professor do Insper.

O Irã também é o maior mercado para o milho brasileiro e o quinto maior destino da carne bovina e da soja exportadas pelo Brasil, segundo dados do Ministério de Relações Exteriores.

Governo

Na sexta-feira, 3, um dia depois da morte de Suleimani, o Itamaraty divulgou uma nota em que apoiava a "luta contra o flagelo do terrorismo", condenando o ataque à Embaixada dos EUA no Iraque, que havia ocorrido dias antes e acabou por desencadear a ação que matou o general iraniano. O texto, porém, evitou criticar o ataque que matou Suleimani.

Em reação, a chancelaria do Irã convocou a encarregada de negócios do Brasil, Maria Cristina Lopes, para uma consulta, um sinal diplomático de reprovação ao texto do Itamaraty.

O conteúdo da conversa desta terça-feira, 7, não foi divulgado, mas o órgão diplomático brasileiro descreveu o encontro como "cordial".

A reação inicial do presidente Jair Bolsonaro também foi de apoio aos EUA. Na segunda-feira, ele disse que Suleimani "não era general". Segundo uma fonte da ala militar do governo, após a declaração, o presidente foi orientado por auxiliares a agir com cautela em razão da sensibilidade do tema e das implicações comerciais. E parece ter entendido a mensagem. Nesta terça, após uma reunião com militares no Ministério da Defesa, o presidente disse que não responderia a perguntas. Questionado na terça sobre o que quis dizer com a declaração do dia anterior, ele respondeu simplesmente: "Não, não, isso aí não. Próxima pergunta".

Para Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja Brasil, a principal preocupação com a tensão entre EUA e Irã é o aumento dos custos de produção com a alta do petróleo - e não a exportação de alimentos. Braz disse não temer retaliações e afirmou que o País acerta em condenar o terrorismo.

"O Brasil exporta alimentos para mais de 200 países, pela qualidade e pela competitividade. Então, esses fatores vão sobressair a uma palavra dita ou não. Acho que isso tende a esfriar", minimizou.

A tensão entre EUA e Irã aumentou desde a morte de Suleimani, que foi enterrado nesta terça como herói nacional. O general era uma das principais referências militares e políticas do Irã e comandante da Força Quds, um grupo de elite dentro da Guarda Revolucionária iraniana.

Navios barrados

Os cargueiros iranianos Bavand e Termeh, que trouxeram ureia ao Brasil, ficaram quase 50 dias parados no Porto de Paranaguá, no Paraná, em meados do ano passado, pois a Petrobras havia se negado a vender combustível para os navios, afirmando que a proprietária deles constava na lista de empresas sob sanções dos EUA.

Eles só conseguiram zarpar depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) ordenou que a Petrobras fornecesse combustível às embarcações. O Irã havia ameaçado cortar as importações do Brasil se os navios não fossem abastecidos e liberados. Dias depois, outros dois cargueiros iranianos, o Delruba e o Ganj, descarregaram ureia no Porto de Imbituba, em Santa Catarina, e partiram em seguida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os últimos fatos acerca do conflito entre os Estados Unidos e o Irã, que também envolveu o Iraque e alterou o já frágil equilíbrio de forças no Oriente Médio, têm chamado a atenção do mundo todo por sua relevância histórica e geopolítica. O Vai Cair No Enem (@vaicairnoenem) realizará uma transmissão, ao vivo, com os professores de história José Carlos Mardock e Thais Almeida comentando o conflito entre EUA e Irã nesta quarta-feira (8), a partir do meio-dia, por meio do Instagram e do Youtube.

O objetivo da transmissão é fazer com que os estudantes entendam o contexto de acontecimentos que levaram ao problema, quem são os principais atores políticos envolvidos e como o assunto pode aparecer nas provas. “Quem é quem? Quais são as peças importantes? Quais são os sucessores do poder no Estado iraniano? Esses são detalhes importantes que discutiremos para que os alunos possam saber como tudo pode ser cobrado no Enem 2020”, disse o professor Mardock.

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A morte do general iraniano Qasem Soleimani desencadeou tensão mundial. O militar foi vítima de ataque dos Estados Unidos com mísseis contra o Aeroporto de Bagdá. 

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A morte do general iraniano Qasem Soleimani desencadeou tensão mundial. O militar foi vítima de ataque dos Estados Unidos com mísseis contra o Aeroporto de Bagdá.

"Sob as ordens do presidente, o Exército americano adotou medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal americano e estrangeiro e matou Qasem Soleimani", informou o Pentágono.

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A convite do LeiaJá, o professor de história José Carlos Mardock e o docente de atualidades e geopolítica Benedito Serafim explicaram os efeitos do ataque para o cenário mundial. Os educadores também apontaram aspectos que podem ser cobrados na prova de 2020 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Confira, o vídeo a seguir, produzido para o projeto Vai Cair No Enem:

 Uma youtuber chinesa conhecida como 'Little Seven' resolveu gravar uma transmissão comendo um polvo vivo. No entanto, a investida não deu muito certo e polvo ‘lutou’ bravamente para não virar refeição. O vídeo viralizou na internet no começo desta semana.

Nas imagens, transmitidas pelo player de live streaming Kuaishou, a jovem aparece sendo atacada pelo animal, que gruda seus tentáculos no rosto da youtuber e custa a sair. Durante o ‘conflito’, ela grita e se desespera, enquanto polvo permanece grudado em sua face. Assista ao vídeo:

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