Tópicos | consumo de água

A população da Grande São Paulo gasta 15% menos água do que em 2013, período que antecedeu a crise hídrica que atingiu o estado, de acordo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

No entanto, o consumo aumentou 15,4% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2015, época do racionamento de água. Entre janeiro e março de 2018, foram gastos 254,6 bilhões de litros contra 220,6 bilhões de litros em 2015.

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Um dos motivos para a diminuição do consumo é a mudança nos hábitos em condomínios. Ações como a reutilização de água da chuva para limpeza de áreas comuns se mantiveram desde a época da crise. “Bons hábitos se mantiveram, especialmente nos condomínios. As pessoas passaram a economizar mais, mas com a Sabesp e o Governo negando a gravidade da situação, há quem relaxe e acabe gastando mais”, afirma o geólogo e professor da USP Pedro Luiz Côrtes.

A diminuição do valor da conta de água também é um dos motivos para a mudança no comportamento dos paulistas, segundo o vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) Hubert Gebara. "Essa redução de consumo é resultado de campanhas de incentivo e informação e eu tenho certeza de que o fato de mexer com o bolso também fez toda a diferença", avalia.

Nos últimos quatro anos foram instalados hidrômetros individuais em aproximadamente 200 condomínios da capital. De acordo com Gebara, o aparelho que mede o consumo de cada apartamento auxilia na diminuição da conta de água em até 30%.

Agora, a falta de chuvas e o nível dos reservatórios que abastecem o estado voltaram a preocupar. Em julho de 2017 choveu quase o dobro do que no mesmo período deste ano e o Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de cerca de 40% da Grande São Paulo, entrou em estado de alerta e opera com 39,7% de sua capacidade. Em julho de 2013, o sistema operava com 53,8%.

A Sabesp informou que as obras de interligação dos rios e de construção do sistema São Lourenço, inaugurado em abril, são suficientes para compensar a queda do nível de água nos reservatórios e ressaltou que o abastecimento de água está normal na região metropolitana de São Paulo.

Há quem diga que a Copa do Mundo em 2014 trouxe prejuízos para os cofres públicos, principalmente pela manutenção posterior dos equipamentos construídos para o mundial. Em Pernambuco, segundo uma averiguação feita pela deputada estadual Priscila Krause (DEM), o governo terá que pagar, apenas este mês, uma conta de água no valor de R$ 1,2 milhão referente ao consumo do mês de abril da Arena de Pernambuco, localizada em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR). 

A fatura foi questionada pela parlamentar durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa (Alepe) dessa segunda-feira (21). Priscila pediu que a Controladoria Geral do Estado tomasse providências sobre o resultado da despesa do estádio que, de acordo com uma comparação feita pela democrata, equivale ao consumo de água mensal de uma cidade com 40 mil habitantes, como é o caso de Toritama, no Agreste. O equipamento é de responsabilidade da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur).

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“Há algo de muito errado. Ou o Governo resolve isso ou assina o atestado de incompetência”, afirmou. Segundo a parlamentar, que analisou as despesas do Poder Executivo com o estádio, até o ano passado as contas eram, em média, na faixa de R$ 40 mil por mês. Priscila Krause mencionou também que os valores pagos nos três primeiros meses deste ano superaram a média de 2017. De acordo com os dados a que teve acesso, em janeiro foram gastos R$ 110 mil; em fevereiro, R$ 76 mil; e em março, R$ 459 mil.

“Em março esse valor já pulou para R$ 459 mil, que já é um gasto comparado a três meses do consumo de um hospital como o das Clínicas, que tipicamente é um serviço com alto consumo de água todos os dias. Agora em abril a conta veio acima de um milhão e é por isso que estamos solicitando urgentemente à Controladoria do Estado para apurar o que está acontecendo, que reflete diretamente nas contas estaduais e na questão do abastecimento, porque pode estar havendo um desperdício de grave prejuízo em contraponto à escassez de água”, completou a deputada. 

Além de comparar o gasto com meses anteriores da própria Arena de Pernambuco, a deputada estadual também consultou o consumo de outros espaços esportivos. Na Arena Corinthians, em São Paulo, ela constatou que a conta do mês de abril foi de R$ 71,9 mil.  Na ocasião, o estádio teve 2,4 milhões de consumo de água e 2,4 milhões de esgoto. 

Priscila também relembrou que desde a época da sua construção, o governo anunciava que a construção do estádio contaria com modernas instalações sustentáveis que incluiria reutilização de água. Informações divulgadas à imprensa pela própria Arena, após a Copa do Mundo de 2014, davam conta da reutilização de 2,2 milhões de litros de água por mês, resquícios da chuva e da manutenção do gramado. A irrigação do campo e a água utilizada em descargas e mictórios, por exemplo, não seriam abastecidas pela Compesa. As pias dos banheiros e a parte de preparação de alimentos, abastecidas pela Companhia, consumiriam 600 mil litros de água por mês.

A grave crise de abastecimento de água que atinge diversas regiões do país não afetou a grande maioria das empresas do país. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo DatAberje – instituto de pesquisa da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial, com o objetivo de identificar o planejamento e as práticas adotadas pelas organizações em relação ao uso racional e à redução efetiva do consumo de água.

Dos entrevistados, 92% disseram não enfrentar qualquer tipo de problema durante a atual crise, mas, apesar disso, 77% disse adotar alguma medida para minimizar os possíveis efeitos dos problemas de abastecimento. Além disso, 45% das empresas pesquisadas têm um comitê formal estruturado para tratar de questões relacionadas à crise. 

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De acordo com Rodrigo Cogo, gerente de conteúdo da Aberje e um dos responsáveis pela pesquisa, a sustentabilidade tem se tornado uma das preocupações das empresas nos últimos anos. “Não é de hoje que as empresas se preocupam com a questão ambiental. Pode-se deduzir da pesquisa que as empresas estavam mais preparadas para a crise do que imaginávamos, com ações de longo prazo para economizar água e outros recursos”, explica o gerente.

O resultado agradou o membro do Conselho Consultivo da Aberje, Rubens Naves, porque mostra que a solidariedade na economia feita pelas pessoas está também no ambiente empresarial. “Ver que existe esse compartilhamento dentre das empresas é extremamente positivo”, afirmou Naves.

A pesquisa foi feita entre fevereiro e março deste ano com 65 empresas de diversos segmentos e setores da economia, a maioria do Estado de São Paulo (67%).

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