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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou há pouco o compromisso de incluir o pobre na economia do País. Em cerimônia de posse no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), Lula destacou que quer que o Banco do Brasil faça sua parte nesta inclusão.

"Eu desejo um Banco do Brasil muito forte, com muita gente depositando dinheiro no Banco do Brasil", disse. "Quero mostrar pra vocês uma coisa que eu dizia em 2003 e vou dizer agora: o pobre nesse País não é o problema, é a solução na medida que é incluído na economia. Vamos incluir o pobre na economia, e o Banco do Brasil vai fazer a sua parte."

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Ao destacar o machismo nas instituições brasileiras, Lula se direcionou ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e reiterou ser preciso aprovar o projeto de paridade salarial no Congresso. "Não basta ser público, é preciso que as pessoas que dirijam tenham a cabeça um pouco mais aberta, mais arejada, para entender que determinadas coisas vão acontecer como novidade", comentou.

"Eu fico estarrecido de saber que você é a primeira mulher a chegar à presidência. Eu pensei que tinha machismo no Brasil, mas no BB, quem escolhe a direção é mais do que machista, alguns devem ser preconceituosos contra mulher", declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (6), a seus ministros que não deixará ninguém "no meio da estrada". A declaração, feita na primeira reunião ministerial do governo, vem no momento em que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, está sob bombardeio de aliados e adversários por suas supostas relações com milicianos fluminenses. A cúpula do governo já faz uma operação abafa para proteger a ministra, que não deve cair neste momento.

"Estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins. Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada, não deixarei nenhum de vocês", declarou Lula no encontro.

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De acordo com Lula, os ministros foram chamados pela competência. "Vocês foram chamados porque têm competência, porque foram indicados pelas organizações políticas a que vocês pertencem, e eu respeito muito isso. Estejam certos de que vocês terão em mim, se possível um irmão mais velho, se possível um pai. Tratarei vocês como uma mãe trata os filhos, com muito respeito e educação, e exigindo muito trabalho de cada um de vocês", afirmou o presidente.

Na prática, porém, parte dos ministros foi indicada pelos próprios partidos em acordo para garantir governabilidade ao governo no Congresso. Indicado pela cota do União Brasil, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), por exemplo, conheceu Lula apenas no dia em que foi anunciado.

O presidente também afirmou que irá montar um governo com "gente técnica" sem "criminalizar a política". Apontou, contudo, que se "algo grave" for cometido, haverá investigação perante a Justiça. O recado foi dado a ministros na abertura da primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato.

Observando que poderá ter até o próximo dia 24 para completar a montagem do governo, o petista afirmou não ter vergonha de dizer que irá estruturar uma gestão com pessoas "muito competentes" oriundas da política. Disse, por outro lado, que será convidado a deixar a gestão da "forma mais educada possível" quem fizer algo "errado".

"Não faço distinção e não quero criminalizar a política. Nossa obrigação é fazer as coisas corretas e da melhor forma possível. Quem fizer errado, sabe que tem só um jeito, a pessoa será convidada a deixar o governo da forma mais educada possível. E se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça", afirmou Lula.

O presidente também observou que nenhum de seus ministros já pode estruturar de forma completa suas pastas, tendo escolhido apenas os secretários-executivos e o chefes de gabinete. "Até o dia 24, quem sabe, já tenhamos o governo todo montado. Eu não tenho vergonha de dizer que vamos montar um governo com gente da política muito competente. Vamos montar um governo com gente técnica muito competente", afirmou aos ministros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta sexta-feira (6), na abertura da primeira reunião ministerial do governo, que esse será o mandato da vida dele. "Esse será o mandato da minha vida, todo mundo sabe que eu tenho obsessão para acabar com a fome, melhorar a saúde do povo. Porque eu conheço muita gente que morreu com receita no criado-mudo do lado da cama e não tinha 50 reais para comprar um remédio", afirmou o presidente no Palácio do Planalto.

Na fala inicial, Lula defendeu a necessidade de dar um salto de qualidade na educação, na cultura e na saúde brasileiras, também como forma de agregar valor aos produtos nacionais. "O Brasil precisa dessa gente bem formada, porque não pode passar mais um século exportando minério de ferro, soja e milho. Temos que exportar conhecimento, inteligência, coisa mais sofisticada com valor agregado,para que Brasil deixe de ser país em desenvolvimento e passe a ser país desenvolvido", disse o presidente.

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Lula defendeu que parte da violência no País existe pela ausência do Estado e, por isso, o governo precisa se esforçar para ampliar a presença em todos os lugares. "Não vou ter um minuto de cansaço enquanto não conseguir resolver os problemas", prometeu o presidente.

O petista fez o discurso entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), o "gerente" do novo governo. Em tom de brincadeira, Lula afirmou que, daqui a pouco, Alckmin terá " mais poder que o presidente da República". Além de vice-presidente, Alckmin coordenou a transição e foi nomeado ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Na abertura da primeira reunião ministerial de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que seu governo não é de "pensamento único", mas composto de "pessoas diferentes" que precisarão fazer esforço para "construir" de forma igual.

"Não somos governo de um pensamento ou filosofia única, somos um governo de pessoas diferentes, o que é importante é que a gente, pensando diferente, faça um esforço para a reconstrução desse país, pensemos igual e construir igual", afirmou Lula a ministros, em discurso transmitido.

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O presidente citou a cerimônia de posse realizada no dia 1º para apontar que há muito tempo não via "tanta alegria" nas pessoas e que é compromisso de seus ministros entregar um país "melhor e mais saudável". "Vamos ter que entregar esse país mais saudável do ponto de vista da massa salarial, da educação", disse.

Lula qualificou a tarefa como árdua. "Foi utilizado dinheiro na campanha para perpetuar governo (...). Esse país vai voltar a viver em democracia", afirmou Lula, para quem o governo de Jair Bolsonaro foi responsável por grande parte das mortes na pandemia de covid-19.

Crescimento com responsabilidade

Na sua primeira reunião ministerial, Lula também afirmou que toda a sua equipe assumiu compromisso "extraordinário" de fazer o Brasil "voltar" a crescer, gerar empregos e fazer aumentar a massa salarial. "É possível fazer a economia voltar a crescer com muita responsabilidade, com distribuição de riqueza e renda, e gerar emprego que garanta ao trabalhador um pouco de seguridade social", disse aos seus ministros no início da reunião.

Lula afirmou que quer "muito" investir no fortalecimento do sistema cooperativo, no micro e pequeno empreendedor e no pequeno e médio empresário, mas ressaltou ser necessário que o trabalhador tenha "um mínimo" de seguridade social. "Que ele tenha garantia de previdência, garantia de registro, garantia de que, quando estiver impossibilitado de trabalhar, o Estado garanta a ele um mínimo de segurança, porque se não a gente não terá um mundo de trabalho sadio e saudável, teremos um mundo de barbárie", disse.

Agrotóxicos e invasões

O presidente também disse que a "força da lei vai imperar" sobre os produtores que continuarem usando agrotóxicos proibidos. "Neste País tudo vale, só não vale cidadão bandido achar que pode desrespeitar legislação", declarou o petista.

Lula afirmou que os empresários que produzirem de forma responsável serão "muito respeitados". O presidente se dirigiu, na abertura da reunião ministerial, a Carlos Fávaro e disse que fica feliz quando vê um "homem do agro" como ministro da Agricultura. "É a perspectiva que temos de pessoas sérias", emendou o petista.

"Aqueles que teimarem em desrespeitar a lei, invadir o que não pode ser invadido, usando agrotóxico que não pode ser usado, a força da lei imperará sobre ele. Nós vamos exigir que a lei seja cumprida", disse Lula.

"Não venham à fronteira" sem iniciar um processo legal, pediu, nesta quinta-feira (5), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aos migrantes que chegam ao país em número recorde, prometendo uma nova estratégia migratória "segura e humana".

Em discurso na Casa Branca, Biden admitiu falhas no sistema de imigração americano, ao revelar um plano para aliviar a pressão na concorrida fronteira com o México.

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"Eu enviei para o Congresso uma proposta de legislação abrangente que reformularia completamente o que há muito tempo tem sido um sistema de imigração falho", disse Biden em um discurso da Casa Branca.

O presidente americano também reforçou que a nova estratégia seria o que ele denominou de organizada. "É segura, é humana e funciona", afirmou.

Este sistema abrirá as portas a cada mês para até 30.000 migrantes de Cuba, Haiti, Nicarágua e Venezuela, mas endurecerá as restrições na fronteira com o México.

A cota de migrantes se limitará aos que tiverem um patrocinador em solo americano. Já os que tentarem entrar ilegalmente serão expulsos com base na norma sanitária conhecida como "Título 42" e com a intervenção da polícia, em coordenação com as autoridades mexicanas.

Biden disse ter enviado anteriormente ao Congresso a legislação para revisar o sistema migratório americano.

"Mas os republicanos do Congresso se negaram a considerar meu plano integral", acrescentou, culpando os "republicanos extremistas" pelo fato de o projeto não avançar.

O tema migratório será um dos principais de seu encontro com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, na próxima semana no México.

"Temos uma agenda apertada" para esta cúpula de líderes da América do Norte, que acontecerá na segunda e na terça-feira e também contará com a participação do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, disse Biden.

E acrescentou: "Parte importante dessa agenda é reforçar a fronteira entre nossos países".

Depois de receber a faixa presidencial de uma mulher negra, Lula mostrou um discurso capaz de analisar as mudanças do Brasil sem tornar a agenda de combate às desigualdades obsoleta. No pronunciamento que costurou democracia, diversidade e uma economia favorável ao equilíbrio social, o presidente reafirmou a experiência adquirida como protagonista da história recente do país no momento em que herda o Brasil com os mesmos problemas - e em alguns casos até mais aprofundados - de 2003. 

A travessia entre os processos de transformação do país ao longo das últimas décadas forjou um político que conseguiu identificar as novas reivindicações da atual conjuntura sem deixar de lado as demandas que já eram cobradas no seu primeiro mandato. Com a faixa recebida em um gesto de representatividade, o presidente se emocionou quando mencionou o agravamento da fome. 

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"Ele traz isso muito fortemente. Essa carga no seu discurso do que é o Brasil real. Acho que isso não mudou, acho que Lula aprimorou sua capacidade de pensar o Brasil sob a ótica das questões sociais. Então, ele traz muito fortemente em seu discurso essa questão da desigualdade em todas das suas vertentes, a desigualdade de gênero, a questão dos povos originários, a questão racial e sobretudo a desigualdade econômica", observou a cientista política Priscila Lapa. 

O Estado e a democracia como soluções para o Brasil

Em um 2023 repleto de diferenças, o recorte de 20 anos não foi suficiente para evitar a continuidades de algumas chagas sociais do início do seu primeiro mandato. A agenda histórica do PT precisou ser mais uma vez evidenciada, mas a nova dinâmica econômica também foi absolvida em seu discurso contra a disparidade econômica.

"Ele traz essa carga como sendo o norte valorativo sobre o qual toda a sua atuação política ganha sentido. Isso não muda, isso aprimora e ganha notoriedade nesse terceiro mandato", pontuou a estudiosa.  

Ao mesmo tempo que Lula falou sobre a influência do Estado na Economia, também falou sobre a liberdade do empreendedor sem que esse Estado seja um empecilho. Apesar de uma postura mais flexível, o Mercado não teria recebido bem a declaração. "Ele chegou a falar desse tom, mas trazendo alguns aspectos que são muito caros na agenda do PT, como privatizações e outras questões das quais o partido parece não abrir mão mesmo com toda a mudança no contexto. Ele traz o Estado como o indutor desse desenvolvimento", avaliou Priscila.   

O aceno institucional ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal também mostra sua intenção de construir soluções para o país através do fortalecimento da democracia - pauta deteriorada ao longo do governo anterior. "Quando ele faz isso, ele tenta mostrar um Governo de composição, de entendimento, de alinhamento, mais do que um Governo que tem a agenda pronta e acabada", complementou. 

 

Íntegra do discurso lido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Parlatório do Palácio do Planalto:

"Quero começar fazendo uma saudação especial a cada um e a cada uma de vocês. Uma forma de lembrar e retribuir o carinho e a força que recebia todos os dias do povo brasileiro - representado pela Vigília Lula Livre -, num dos momentos mais difíceis da minha vida.

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Hoje, neste que é um dos dias mais felizes da minha vida, a saudação que eu faço a vocês não poderia ser outra, tão singela e ao mesmo tempo tão cheia de significado:

Boa tarde, povo brasileiro!

Minha gratidão a vocês, que enfrentaram a violência política antes, durante e depois da campanha eleitoral. Que ocuparam as redes sociais, e que tomaram as ruas, debaixo de sol e chuva, nem que fosse para conquistar um único e precioso voto.

Que tiveram a coragem de vestir a nossa camisa e, ao mesmo tempo, agitar a bandeira do Brasil - quando uma minoria violenta e antidemocrática tentava censurar nossas cores e se apropriar do verde- amarelo, que pertence a todo o povo brasileiro.

A vocês, que vieram de todos os cantos deste país - de perto ou de muito longe, de avião, de ônibus, de carro ou na boleia de caminhão. De moto, bicicleta e até mesmo a pé, numa verdadeira caravana da esperança, para esta festa da democracia.

Mas quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim.

Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerância.

A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras.

O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria radicalizada que se recusa a viver num regime democrático.

Chega de ódio, fake news, armas e bombas. Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz.

A disputa eleitoral acabou. Repito o que disse no meu pronunciamento após a vitória em 30 de outubro, sobre a necessidade de unir o nosso país.

"Não existem dois brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação."

Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca.

Ainda que nos arranquem todas as flores, uma por uma, pétala por pétala, nós sabemos que é sempre tempo de replantio, e que a primavera há de chegar. E a primavera chegou.

Hoje, a alegria toma posse do Brasil, de braços dados com a esperança.

Minhas queridas amigas e meus amigos.

Recentemente, reli o discurso da minha primeira posse na Presidência, em 2003. E o que li tornou ainda mais evidente o quanto o Brasil andou para trás.

Naquele 1º de janeiro de 2003, aqui nesta mesma praça, eu e meu querido vice José Alencar assumimos o compromisso de recuperar a dignidade e a autoestima do povo brasileiro - e recuperamos. De investir para melhorar as condições de vida de quem mais necessita - e investimos. De cuidar com muito carinho da saúde e da educação - e cuidamos.

Mas o principal compromisso que assumimos em 2003 foi o de lutar contra a desigualdade e a extrema pobreza, e garantir a cada pessoa deste país o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar todo santo dia - e nós cumprimos esse compromisso: acabamos com a fome e a miséria, e reduzimos fortemente a desigualdade.

Infelizmente hoje, 20 anos depois, voltamos a um passado que julgávamos enterrado. Muito do que fizemos foi desfeito de forma irresponsável e criminosa.

A desigualdade e a extrema pobreza voltaram a crescer. A fome está de volta - e não por força do destino, não por obra da natureza, nem por vontade divina.

A volta da fome é um crime, o mais grave de todos, cometido contra o povo brasileiro.

A fome é filha da desigualdade, que é mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. A desigualdade apequena este nosso país de dimensões continentais, ao dividi-lo em partes que não se reconhecem.

De um lado, uma pequena parcela da população que tudo tem. Do outro lado, uma multidão a quem tudo falta, e uma classe média que vem empobrecendo ano após ano.

Juntos, somos fortes. Divididos, seremos sempre o país do futuro que nunca chega, e que vive em dívida permanente com o seu povo.

Se queremos construir hoje o nosso futuro, se queremos viver num país plenamente desenvolvido para todos e todas, não pode haver lugar para tanta desigualdade.

O Brasil é grande, mas a real grandeza de um país reside na felicidade de seu povo. E ninguém é feliz de fato em meio a tanta desigualdade.

Minhas amigas e meus amigos,

Quando digo "governar", eu quero dizer "cuidar". Mais do que governar, vou cuidar com muito carinho deste país e do povo brasileiro.

Nestes últimos anos, o Brasil voltou a ser um dos países mais desiguais do mundo. Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas.

Mães garimpando lixo, em busca do alimento para seus filhos.

Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo.

Crianças vendendo bala ou pedindo esmola, quando deveriam estar na escola, vivendo plenamente a infância a que têm direito.

Trabalhadoras e trabalhadores desempregados exibindo, nos semáforos, cartazes de papelão com a frase que nos envergonha a todos: "Por favor, me ajuda".

Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de automóveis importados e jatinhos particulares.

Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade verdadeiramente justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna.

Por isso, eu e meu vice Geraldo Alckmin assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade.

Desigualdade de renda, de gênero e de raça. Desigualdade no mercado de trabalho, na representação política, nas carreiras do Estado. Desigualdade no acesso a saúde, educação e demais serviços públicos.

Desigualdade entre a criança que frequenta a melhor escola particular, e a criança que engraxa sapato na rodoviária, sem escola e sem futuro. Entre a criança feliz com o brinquedo que acabou de ganhar de presente, e a criança que chora de fome na noite de Natal.

Desigualdade entre quem joga comida fora, e quem só se alimenta das sobras.

É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%.

Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país.

Que um trabalhador ou trabalhadora que ganha um salário mínimo mensal leve 19 anos para receber o equivalente ao que um super rico recebe em um único mês.

E não adianta subir o vidro do automóvel de luxo, para não ver nossos irmãos que se amontoam debaixo dos viadutos, carentes de tudo - a realidade salta aos olhos em cada esquina.

Minhas amigas e meus amigos,

É inaceitável que continuemos a conviver com o preconceito, a discriminação e o racismo. Somos um povo de muitas cores, e todas devem ter os mesmos direitos e oportunidades.

Ninguém será cidadão ou cidadã de segunda classe, ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais ou menos obstáculos apenas pela cor de sua pele.

Por isso estamos recriando o Ministério da Igualdade Racial, para enterrar a trágica herança do nosso passado escravista.

Os povos indígenas precisam ter suas terras demarcadas e livres das ameaças das atividades econômicas ilegais e predatórias. Precisam ter sua cultura preservada, sua dignidade respeitada e sua sustentabilidade garantida.

Eles não são obstáculos ao desenvolvimento - são guardiões de nossos rios e florestas, e parte fundamental da nossa grandeza enquanto nação. Por isso estamos criando o Ministério dos Povos Indígenas, para combater 500 anos de desigualdade.

Não podemos continuar a conviver com a odiosa opressão imposta às mulheres, submetidas diariamente à violência nas ruas e dentro de suas próprias casas.

É inadmissível que continuem a receber salários inferiores ao dos homens, quando no exercício de uma mesma função. Elas precisam conquistar cada vez mais espaço nas instâncias decisórias deste país - na política, na economia, em todas as áreas estratégicas.

As mulheres devem ser o que elas quiserem ser, devem estar onde quiserem estar. Por isso, estamos trazendo de volta o Ministério das Mulheres.

Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. E esta será a grande marca do nosso governo.

Dessa luta fundamental surgirá um país transformado. Um país grande, próspero, forte e justo. Um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário, que não deixará ninguém para trás.

Minhas queridas companheiras e meus queridos companheiros,

Reassumo o compromisso de cuidar de todos os brasileiros e brasileiras, sobretudo daqueles que mais necessitam. De acabar outra vez com a fome neste país. De tirar o pobre da fila do osso para colocá-lo novamente no Orçamento.

Temos um imenso legado, ainda vivo na memória de cada brasileiro e cada brasileira, beneficiário ou não das políticas públicas que fizeram uma revolução neste país.

Mas não nos interessa viver do passado. Por isso, longe de qualquer saudosismo, nosso legado será sempre o espelho do futuro que vamos construir para este país.

Em nossos governos, o Brasil conciliou crescimento econômico recorde com a maior inclusão social da história. E se tornou a sexta maior economia do mundo, ao mesmo tempo em que 36 milhões de brasileiras e brasileiros saíram da extrema pobreza.

Geramos mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada e todos os direitos assegurados. Reajustamos o salário mínimo sempre acima de inflação.

Batemos recorde de investimentos em educação - da creche à universidade -, para fazer do Brasil um exportador também de inteligência e conhecimento, e não apenas de commodities e matéria-prima.

Nós mais que dobramos o número de estudantes no ensino superior, e abrimos as portas das universidades para a juventude pobre deste país. Jovens brancos, negros e indígenas, para quem o diploma universitário era um sonho inalcançável, tornaram-se doutores.

Combatemos um dos grandes focos de desigualdade - o acesso à saúde. Porque o direito à vida não pode ser refém da quantidade de dinheiro que se tem no banco.

Fizermos o Farmácia Popular, que forneceu medicamentos a quem mais precisava, e o Mais Médicos, que levou atendimento a cerca de 60 milhões de brasileiros e brasileiras, nas periferias das grandes cidades e nos pontos mais remotos do Brasil.

Criamos o Brasil Sorridente, para cuidar da saúde bucal de todos os brasileiros e brasileiras.

Fortalecemos o nosso Sistema Único de Saúde. E quero aproveitar para fazer um agradecimento especial aos profissionais do SUS, pela grandiosidade do trabalho durante a pandemia. Enfrentaram bravamente, ao mesmo tempo, um vírus letal e um governo irresponsável e desumano.

Nos nossos governos, investimos na agricultura familiar e nos pequenos e médios agricultores, responsáveis por 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa. E fizemos isso sem descuidar do agronegócio, que obteve investimentos e safras recordes, ano após ano.

Tomamos medidas concretas para conter as mudanças climáticas, e reduzimos o desmatamento da Amazônia em mais de 80%.

O Brasil consolidou-se como referência mundial no combate à desigualdade e à fome, e passou a ser internacionalmente respeitado, pela sua política externa ativa e altiva.

Fomos capazes de realizar tudo isso cuidando com total responsabilidade das finanças do país. Nunca fomos irresponsáveis com o dinheiro público.

Fizemos superávit fiscal todos os anos, eliminamos a dívida externa, acumulamos reservas de cerca de 370 bilhões de dólares e reduzimos a dívida interna a quase metade do que era anteriormente.

Nos nossos governos, nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro.

Infelizmente, muito do que construímos em 13 anos foi destruído em menos da metade desse tempo. Primeiro, pelo golpe de 2016 contra a presidenta Dilma. E na sequência, pelos quatro anos de um governo de destruição nacional cujo legado a História jamais perdoará:

700 mil brasileiros e brasileiras mortos pela covid.

125 milhões sofrendo algum grau de insegurança alimentar, de moderada a muito grave.

33 milhões passando fome.

Estes são apenas alguns números. Que na verdade não são apenas números, estatísticas, indicadores - são pessoas. Homens, mulheres e crianças, vítimas de um desgoverno afinal derrotado pelo povo, no histórico 30 de outubro de 2022.

Os Grupos Técnicos do Gabinete de Transição, que por dois meses mergulharam nas entranhas do governo anterior, trouxeram a público a real dimensão da tragédia.

O que o povo brasileiro sofreu nestes últimos anos foi a lenta e progressiva construção de um genocídio.

Quero citar, a título de exemplo, um pequeno trecho das 100 páginas desse verdadeiro relatório do caos produzido pelo Gabinete de Transição. Diz o relatório:

"O Brasil bateu recordes de feminicídios, as políticas de igualdade racial sofreram severos retrocessos, produziu-se um desmonte das políticas de juventude, e os direitos indígenas nunca foram tão ultrajados na história recente do país.

Os livros didáticos que deverão ser usados no ano letivo de 2023 ainda não começaram a ser editados; faltam remédios no Farmácia Popular; não há estoques de vacinas para o enfrentamento das novas variantes da COVID-19.

Faltam recursos para a compra de merenda escolar; as universidades corriam o risco de não concluir o ano letivo; não existem recursos para a Defesa Civil e a prevenção de acidentes e desastres. Quem está pagando a conta deste apagão é o povo brasileiro."

Meus amigos e minhas amigas,

Nesses últimos anos, vivemos, sem dúvida, um dos piores períodos da nossa história. Uma era de sombras, de incertezas e de muito sofrimento. Mas esse pesadelo chegou ao fim, pelo voto soberano, na eleição mais importante desde a redemocratização do País.

Uma eleição que demonstrou o compromisso do povo brasileiro com a democracia e suas instituições.

Essa extraordinária vitória da democracia nos obriga a olhar para a frente e a esquecer nossas diferenças, que são muito menores que aquilo que nos une para sempre: o amor pelo Brasil e a fé inquebrantável em nosso povo.

Agora, é hora de reacendermos a chama da esperança, da solidariedade e do amor ao próximo.

Agora é hora de voltar a cuidar do Brasil e do povo brasileiro. Gerar empregos, reajustar o salário mínimo acima da inflação, baratear o preço dos alimentos.

Criar ainda mais vagas nas universidades, investir fortemente na saúde, na educação, na ciência e na cultura.

Retomar as obras de infraestrutura e do Minha Casa Minha Vida, abandonadas pelo descaso do governo que se foi.

É hora de trazer investimentos e reindustrializar o Brasil. Combater outra vez as mudanças climáticas e acabar de uma vez por todas com a devastação de nossos biomas, sobretudo a Amazônia.

Romper com o isolamento internacional e voltar a se relacionar com todos os países do mundo.

Não é hora para ressentimentos estéreis. Agora é hora de o Brasil olhar para a frente e voltar a sorrir.

Vamos virar essa página e escrever, em conjunto, um novo e decisivo capítulo da nossa história.

Nosso desafio comum é o da criação de um país justo, inclusivo, sustentável, criativo, democrático e soberano, para todos os brasileiros e brasileiras.

Fiz questão de dizer ao longo de toda a campanha: o Brasil tem jeito. E volto a dizer com toda convicção, mesmo diante do quadro de destruição revelado pelo Gabinete de Transição: o Brasil tem jeito. Depende de nós, de todos nós.

Em meus quatro anos de mandato, vamos trabalhar todos os dias para o Brasil vencer o atraso de mais de 350 anos de escravidão. Para recuperar o tempo e as oportunidades perdidas nesses últimos anos. Para reconquistar seu lugar de destaque no mundo. E para que cada brasileiro e cada brasileira tenha o direito de voltar a sonhar, e as oportunidades para realizar aquilo que sonha.

Precisamos, todos juntos, reconstruir e transformar o Brasil. Mas só reconstruiremos e transformaremos de fato este país se lutarmos com todas as forças contra tudo aquilo que o torna tão desigual.

Essa tarefa não pode ser de apenas um presidente ou mesmo de um governo. É urgente e necessária a formação de uma frente ampla contra a desigualdade, que envolva a sociedade como um todo:

trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, governadores, prefeitos, deputados, senadores, sindicatos, movimentos sociais, associações de classe, servidores públicos, profissionais liberais, líderes religiosos, cidadãos e cidadãs comuns.

É tempo de união e reconstrução.

Por isso, faço este chamamento a todos os brasileiros e brasileiras que desejam um Brasil mais justo, solidário e democrático: juntem-se a nós num grande mutirão contra a desigualdade.

Quero terminar pedindo a cada um e a cada uma de vocês: que a alegria de hoje seja a matéria-prima da luta de amanhã e de todos os dias que virão. Que a esperança de hoje fermente o pão que há de ser repartido entre todos.

E que estejamos sempre prontos a reagir, em paz e em ordem, a quaisquer ataques de extremistas que queiram sabotar e destruir a nossa democracia.

Na luta pelo bem do Brasil, usaremos as armas que nossos adversários mais temem: a verdade, que se sobrepôs à mentira; a esperança, que venceu o medo; e o amor, que derrotou o ódio.

Viva o Brasil. E viva o povo brasileiro."

Ao fazer seu primeiro discurso na cerimônia de sua posse como presidente da República pela terceira vez, neste domingo (1), Lula (PT) afirmou que revogará uma série de atos do governo de Jair Bolsonaro.

Com um discurso em tom duro, o petista fez uma série de críticas ao governo de seu antecessor e prometeu que vai desfazer todas as "injustiças contra povos indígenas, refundar o Ministério da Cultura". Pontuando o que fará, ele disse que vai anular todos os decretos armamentistas e ainda atacou a política de teto de gastos, que classificou como uma "estupidez".

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Agradecimentos 

Diante de senadores, deputados e lideranças políticas nacionais e mundiais, o petista agradeceu ao Senado e à Câmara dos Deputados por sensibilidade ao aprovar PEC da Transição "pela sensibilidade frente às urgências do povo brasileiro", que resultou na Emenda Constitucional 126.

"Diante do desastre orçamentário que recebemos, apresentei ao Congresso Nacional propostas que nos permitam apoiar a imensa camada da população que necessita do Estado para sobreviver", discursou Lula.

 

O pronunciamento de fim de ano do ex-vice presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), repercutiu negativamente entre os bolsonaristas mais extremos. Após a fala desse sábado (31), os filhos de Jair Bolsonaro (PL) foram às redes sociais para externar a revolta com o que foi recebido como uma crítica velada ao ex-chefe de Estado.

No discurso de fim de ano, que habitualmente é feito pelo presidente, Mourão disse aos brasileiros que o silêncio de lideranças foi responsável pelo clima de caos no Brasil. Em seguida, Eduardo Bolsonaro (PL) publicou um emoji de cocô e destacou que máscaras caíram, em suas palavras, por ego e ambição. O deputado federal também não citou nomes, mas os seguidores entenderam que o post foi endereçado ao ex-vice.

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Depois foi a vez de Carlos Bolsonaro (Republicanos) se pronunciar. Na publicação, o vereador do Rio de Janeiro disse que não se surpreendeu e o referenciou como "Bosta".

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 15, que "cuidar dos pobres" exige "coração" do governo, e não preocupação com o Orçamento ou a política fiscal. Ele participou do evento Natal dos Catadores, em São Paulo, junto com o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a futura primeira-dama, Janja da Silva, e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

"Digo sempre que para cuidar do povo pobre é preciso ter muito coração; a gente não cuida do pobre se ficar olhando dados estatísticos, se ficar olhando a política fiscal do governo, o orçamento da prefeitura, do Estado. Sempre haverá prioridade mais importante que os pobres, sempre haverá alguém fazendo pressão que você não consegue fazer", afirmou. "É um compromisso meu, faltando 15 dias para assumir a Presidência, que vamos dar uma vida decente àquele morador de rua que vive abandonado nas ruas de São Paulo."

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Lula citou a desatenção dos poderes públicos da população, citando prefeituras, Estados e a própria Presidência da República. "Vamos tentar criar condições para que vocês sejam respeitados na profissão."

O presidente disse que pretende criar uma "solução definitiva" para a população de rua do Brasil e garantiu que irá fazer "o que estiver ao nosso alcance: mudar decreto que tiver que mudar, fazer lei que tiver que fazer, para dar a catadores a cidadania que merecem". Segundo o petista, após tomar posse, ele conversará com o padre Júlio Lancellotti, presente no evento, sobre soluções para dar moradia à população de rua. Lula disse também que pretende vir a São Paulo para um encontro com a população de rua e trazer "o governo inteiro" para conhecer a Cracolândia da capital paulista.

Após receber propostas da categoria para serem implementadas no novo governo, Lula pediu para a classe preparar reivindicações para serem feitos estudos sobre as condições da população de rua. "Preparem boa pauta de reivindicação para fazermos um estudo profundo das condições de vida de cada homem, de cada mulher", disse ele, referindo-se à intenção de providenciar moradia à categoria.

Em sua fala, Lula também disse estar ciente da "falta de respeito" com que os catadores foram tratados nos últimos anos. "Sei da tentativa de facilitar para que empresários tomassem o lugar de vocês", disse, e completou: "Governar o Brasil não é atender quem pode nos visitar no gabinete".

Lula se comprometeu, ainda, a ir até a população. "Catadores e tantos milhões de brasileiros não têm como chegar a prefeito, governador ou presidente. Não serão vocês que terão de ir ao presidente, sou eu que tenho de vir até vocês", garantiu. "Vamos conversar e encontrar uma solução definitiva para a população de rua do Brasil", finalizou.

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Em discurso de despedida nesta quarta-feira (14), o senador Fernando Collor (PTB-AL) fez um balanço do seu mandato, se revelou preocupado com os problemas do Brasil e do mundo, mas se disse um otimista disposto a ajudar o país. 

Em participação remota na sessão, Collor lembrou que, durante seus mandatos, apresentou uma proposta para alterar o sistema político brasileiro, como uma PEC sobre o parlamentarismo, e outra proposta para alterar a mais alta Corte da Justiça do país, como uma PEC para reformular o desenho institucional do STF, desde a fixação de mandatos até a forma de indicação de ministros. Ele disse que também trabalhou pela reforma política, apresentando várias sugestões sobre o tema. Para o senador, suas propostas seriam “remédios para os turbulentos tempos” que o Brasil vive. 

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O senador também disse que procurou contribuir, com o que estava ao seu alcance, com os quatro presidentes da República que dirigiram o país ao longo de seus dois mandatos (2007-2023). Ele também lembrou que, durante seu tempo de Senado, o Brasil e o mundo passaram por várias crises.

Collor citou problemas ambientais, crise econômica e de credibilidade da democracia, que se juntaram “a uma pandemia e uma guerra de consequências imprevisíveis”. Ele ainda ressaltou a “perigosa polarização política” e a “profunda crise de confiança nas instituições”. Para o senador, faltam líderes capazes de olhar os problemas além do desejo de chegar ao poder.

"Não temos tempo a perder, urge debater os problemas com pragmatismo e vontade política. Urge fazermos, de nossa parte, o dever de casa", registrou Collor. 

Preocupação e otimismo

O senador afirmou que termina sua “missão ainda preocupado” com os problemas do país e do planeta. Ele disse sentir, com apreensão, que é preciso recuperar ideais, resgatar valores, refundar a política e revigorar as instituições. Na visão de Collor, a solução para as crises do Brasil e do mundo está na interlocução política no seu mais elevado patamar. O senador também defendeu o fortalecimento do sistema de freios e contrapesos e o conjunto de órgãos de controle. Ele ainda pediu união de compromisso entre as instituições, os políticos e a sociedade.

"Devemos assumir o compromisso histórico de restabelecer o diálogo, buscar o consenso e reintegrar, no Brasil e no mundo, o conjunto de ideias que, verdadeiramente, alimentam o debate político eficaz", declarou. 

Para o senador, cabe ao Senado o papel de liderança no restabelecimento da normalidade institucional do país. Ele disse que o Senado pode lutar para fortalecer a política externa e buscar solução de instabilidades, com bases constitucionais. Collor disse desejar que o novo governo e os novos senadores possam arejar a sociedade. O senador disse que, apesar das preocupações, ainda guarda otimismo. 

"Sem perder o otimismo, continuarei em outra arena a trabalhar por nosso país. Continuarei à disposição para ajudar governos e sociedade no que for preciso", ressaltou Collor, que agradeceu ao povo de Alagoas, aos colegas senadores e aos servidores do seu gabinete e do Senado. 

Apartes

Em apartes, vários senadores elogiaram o discurso e destacaram a atuação de Collor como senador. O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PR), que presidiu a sessão, se disse feliz em ter desfrutado da companhia de Collor. Esperidião Amin (PP-SC) elogiou o discurso de despedida e a postura do colega ao longo dos seus mandatos como senador. Paulo Paim (PT-RS) destacou a forma que Collor “procura caminhar com aliados e opositores” e reafirmou seu respeito pelo colega. Jorge Kajuru (Podemos-GO) definiu o colega como “amigo” e disse que Collor “não guarda rancor no freezer”.

"Se me pedirem uma frase para defini-lo, eu vou responder: amigo é aquele que sabe tudo a seu respeito e, mesmo assim, ele ainda é seu amigo. E o senhor o foi comigo, sabendo de tudo o que eu falei em rede nacional como jornalista, ferrenho crítico seu. E, de repente, eu o conheço pessoalmente. Aqui coloco algo difícil de se encontrar em um homem público. O senhor, presidente Collor, não guarda rancor no freezer" disse Kajuru.

*Da Agência Senado

Em discurso de despedida do mandato no Senado, Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que não sabe "onde a vida vai me levar", mas que não deixará de fazer política. O tom de incerteza sobre o futuro vem em um momento no qual a emedebista é cotada para assumir um ministério no futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas enfrenta processo de fritura de alas petistas que resistem a deixá-la na pasta do Desenvolvimento Social.

"Me despeço do Senado, mas não da vida pública. Não sei onde a vida vai me levar, mas farei política enquanto viver. Lutarei e continuarei a lutar por um Brasil sem fome e sem miséria, que nos devolva a cidadania", afirmou Tebet na tribuna do Senado. Ela se despede da Casa após deixar de concorrer à reeleição ao cargo para disputar a Presidência da República e ficar em terceiro lugar no primeiro turno.

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Senadores cobraram a nomeação de Tebet para um ministério. Jorge Kajuru (Podemos-PR) disse que a emedebista assumirá a pasta do Desenvolvimento Social porque espera que o "presidente Lula não queira me ter como inimigo". Rose de Freitas (MDB-ES) destacou a participação da correligionária na campanha do petista e ponderou que é preciso ter mulheres em cargos de gestão para um projeto de diminuição das desigualdades.

Em discurso afinado com o possível futuro chefe, Tebet defendeu a democracia e disse que é preciso combater os retrocessos deixados pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). "Democracia e direitos constitucionais não podem se limitar a discursos de ocasião. (...) Há tantos retrocessos para combater. É preciso fazer com que o livro volte para o lugar das armas, a esperança ocupe o lugar da iniquidade, a verdade varra definitivamente a mentira, o ouvido conciliador volte a ocupar o lugar do hoje grito de ordem, que o diálogo assume o lugar do ditado, para que o amor tome o lugar do ódio", destacou.

Tebet ainda relembrou das dificuldades de sua candidatura à Presidência e exaltou o papel das mulheres na política brasileira. "Não foi fácil a decisão, mas sabia que estava em boas mãos, sabia que você iria me encaminhar no bom caminho. (Você) Viu em mim atributos que eu não tinha, principalmente o amor para servir ao meu Brasil", disse em referência a Baleia Rossi, presidente nacional do MDB e um dos defensores da candidatura.

"Nos últimos quatro anos, lutei com o fiel propósito para, junto com a bancada feminina, superar o ódio, a violência, as injustiças, a incúria política e administrativa, o descaso e a omissão que, infelizmente, marcaram, nesses quatro anos, a cena política brasileira. Jamais me imaginei ocupando espaços que, durante dois séculos, 198 anos, foram dominados pelo timbre masculino. (...) Que vocês possam dar mais atenção às mulheres que fazem política no Brasil, vocês vão descobrir talento, competência, ética, respeito e, acima de tudo, um amor de mãe por esse País e pelas pessoas."

Em seu primeiro discurso após tomar posse como presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Bruno Dantas afirmou que a prioridade da Corte deve passar por alavancar as políticas públicas destinadas à redução de desigualdades sociais e econômicas e afirmou que cabe ao órgão fiscalizador acompanhar os resultados de políticas públicas e vigiar o uso de recursos dentro da responsabilidade fiscal.

Ao falar de sua carreira no serviço público e citar dados que retratam o aumento da fome e pobreza na população brasileira, Dantas afirmou que estabeleceu como propósito trabalhar para que todos os brasileiros tenham uma vida digna. De acordo com ele, cabe ao TCU, como uma instituição de Estado, e conforme prevê a Constituição, velar pelo bom uso do dinheiro público.

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"Conclamo essa Casa a declarar como prioridade acompanhar e alavancar políticas públicas destinadas à redução de desigualdades sociais e econômicas", afirmou. "(O TCU) tem o dever de aferir se o dinheiro do orçamento está devidamente alocado nas políticas prometidas à população."

Dantas também aproveitou seu discurso para fazer um aceno aos Estados, defendendo um cenário com mais diálogo e "consensualismo" entre todos os entes. O ministro falou no desenvolvimento de um ranking de transparência dos municípios.

Em uma crítica indireta aos protestos violentos de bolsonaristas em Brasília na última segunda-feira (12), Dantas afirmou que quem destrói patrimônio público ou privado não é patriota. "Nos últimos anos, vivenciamos verdadeiro retrocesso civilizatório", afirmou o presidente do TCU, para quem a democracia "rejeita escaninhos secretos" na administração pública. Nesta quarta-feira (14), o STF retoma o julgamento do orçamento secreto.

Ao tomar posse como novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), o ministro Bruno Dantas afirmou que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, encarna a "defesa da democracia e instituições". Moraes foi convidado para sentar na mesa de honra da cerimônia, na manhã desta quarta-feira (14), na sede do TCU, em Brasília.

"Quebrei o protocolo e fiz que estivesse presente em nossa mesa esse homem que encarna defesa a democracia e instituições", disse Dantas no início de seu primeiro discurso como presidente do TCU. O ministro também agradeceu a presença do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e de demais autoridades.

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Sinalizando apoio ao TSE, Dantas afirmou que o discurso de Moraes na última segunda-feira (12), durante a cerimônia de diplomação de Lula, "expressa seu sentimento". Na ocasião, ao defender o processo eleitoral, Moraes disse que irá responsabilizar extremistas autoritários e os que atacaram a democracia. "Eu poderia, ministro Alexandre de Moraes, repetir cada palavra pronunciada", disse o novo presidente do TCU.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a receber apoiadores no Palácio da Alvorada, em Brasília, no último domingo (11). A pouco mais de duas semanas para encerrar seu mandato, o chefe do Executivo se mantém discreto e sem grandes discursos, seja à imprensa ou aos eleitores. É a segunda vez que ele se encontra com bolsonaristas, após um mês de reclusão total. 

À ocasião, acontecia um ato antidemocrático em frente à residência oficial. Ao abraçar uma criança que acompanhava os manifestantes, Bolsonaro se emocionou e chorou. O momento viralizou no Twitter, após um compartilhamento em massa no reduto conservador. Na última sexta-feira (9), em um outro encontro, o presidente discursou, mas não foi o caso desta vez. Da área externa, ele desejou apenas um “boa noite”. 

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Embora não tenha discursado, o mandatário acompanhou a cerimônia de hasteamento da bandeira e deu atenção a cartazes e faixas com mensagens de apoio. “Supremo é o povo” dividiu lugar com gritos de apoio a Bolsonaro, como “mito”, “fica” e o lema do ex-capitão “Deus, Pátria, Família e Liberdade”. Bolsonaro também participou de uma oração em grupo, ministrada por um homem que se identificou como "pastor do Distrito Federal".

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O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou a apoiadores na tarde desta sexta-feira, 9, que "nada está perdido". "Quem decide meu futuro são vocês", disse. Na primeira fala a simpatizantes desde a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o chefe do Executivo fez um discurso ambíguo. Ao mesmo tempo em que disse "respeitar as quatro linhas da Constituição", sinalizou para o questionamento ao resultado das eleições.

"Nada está perdido. O final, somente com a morte. Quem decide meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês", afirmou na frente do Palácio do Alvorada, enquanto apoiadores pregavam uma ação das Forças Armadas para evitar a posse de Lula, o que é inconstitucional.

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Bolsonaro quebrou o silêncio no mesmo dia em que o petista anunciou os nomes que irão comandar cinco ministérios, entre eles o de José Múcio Monteiro, à frente da pasta da Defesa. A escolha de Lula pelo ex-deputado federal e ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) é vista como uma forma de apaziguar a tensa relação entre o petista e a caserna. Monteiro tem bom trânsito nas Forças Armadas.

"Nunca saí das quatro linhas da Constituição e acredito que a vitória será dessa maneira", destacou ainda o presidente. Ele ainda reforçou aos apoiadores que "vamos vencer" e que "se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno". O chefe do Executivo não especificou, entretanto, em que âmbito e como se daria esta vitória, já que foi derrotado eleitoralmente por Lula.

Bolsonaro criticou o "eu autorizo", mote utilizado por simpatizantes para defender um autogolpe por parte do atual presidente. "Não é eu autorizo, não, é o que eu posso fazer pela minha pátria. Não é jogar a responsabilidade para uma pessoa", declarou, ao sugerir que apoiadores deveriam fazer algo pelo País, sem também especificar o quê.

"Não podemos esperar chegar lá na frente, dizer o que eu não fiz lá atrás para chegar a esta situação. O tempo voa, cada minuto é um minuto a menos. Temos como mudar o futuro da nossa Nação. Com o mesmo ingrediente ninguém pode fazer um bolo diferente. Esse ingrediente que temos pela frente, nós sabemos lá atrás o que aconteceu", disse, em provocação ao presidente eleito.

O chefe do Executivo comentou o período que passou em silêncio após a derrota e falou em dor "na alma". "Estou há praticamente 40 dias calado. Dói na alma, sempre fui uma pessoa feliz no meio de vocês, mesmo arriscando a minha vida."

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Fundador do RenovaBR, o empresário Eduardo Mufarej afirma ser preciso aumentar o leque de alternativas oferecidas à população nas eleições. Em entrevista ao Estadão, ele argumentou que um caminho possível é fomentar o surgimento de novas lideranças políticas para, desse modo, propiciar melhores escolhas dos eleitores nas urnas. O tipo ideal de renovação, segundo ele, é levar para as Casas Legislativas parlamentares que analisem dados e evidências no momento das tomadas de decisão, e não simplesmente arranjos partidários.

"É fundamental que pessoas que não participariam do processo eleitoral se encorajem e disputem as campanhas", afirmou. "O discurso político no Brasil está tão polarizado que tem excluído do debate a maioria da população, que são os moderados, pessoas que não estão nos espectros radicais." O empresário também argumenta ser preciso acelerar a aprovação das reformas, especialmente a tributária, para recolocar o País no rumo do crescimento. "A partir da simplificação tributária e da melhoria de competitividade para as empresas, o próximo passo é eliminar subsídios", acrescenta.

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Em parceria com o Insper, o grupo de renovação política liderado por Mufarej oferece, nesta semana, uma espécie de "curso preparatório" para congressistas de primeiro mandato. Todos os eleitos estreantes no Legislativo foram convidados. A "sala de aula", em São Paulo, reúne Rosângela Moro (União Brasil) e Deltan Dallagnol (Podemos), entre outros. Também participam egressos do RenovaBR já exercendo seus mandatos ou veteranos do próprio curso, como a deputada estadual reeleita Marina Helou (Rede). A ideia é favorecer também a troca de experiências entre os parlamentares.

Nesta quinta-feira, 8, o tema do debate são "Os Próximos Quatro Anos do Congresso Nacional", com a presença do governador reeleito do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB), da deputada federal reeleita Tabata Amaral (PSB) e do empresário Abílio Diniz, além de outros políticos e especialistas. Segundo Mufarej, a proposta é formar congressistas que "olhem para como vamos construir um País lidando com realidades diferentes e para a retomada do projeto de futuro do Brasil".

Leia os principais trechos da entrevista:

Quando se fala em renovação, estamos falando exatamente de quê? Idade? Ideias? Gênero? Cor da pele?

Práticas e personagens. Primeiro, promover a inclusão de gente que não teria disponibilidade, normalmente, de disputar cargos eleitorais. Entendemos que a sociedade merece melhores alternativas para que, no dia das eleições, possa realizar melhores escolhas. Para isso, é fundamental que pessoas que não participariam do processo eleitoral se encorajem e disputem as campanhas. Segundo, não adianta ter novos rostos cumprindo os mesmos hábitos. É importante trazer gente bem qualificada, bem preparada, que esteja disposta a olhar para as evidências e, assim, ter as melhores tomadas de decisão.

Como restabelecer o interesse da sociedade pelo debate político qualificado?

O discurso político no Brasil está tão polarizado que tem excluído do debate a maioria da população, que são os moderados, pessoas que não estão nos espectros radicais. Esse é um fenômeno que não é só presente no Brasil, mas em diversos lugares. O País vai ser potencialmente melhor na medida em que a população fizer melhores escolhas, e se a população continuar realizando as escolhas que tem feito, vai colher os frutos que tem colhido. Mas temos de reconhecer que o eleitor é soberano e tem o direito de realizar as escolhas que quiser. Nosso papel é oferecer o maior número possível de possibilidades para que ele possa, dentro desse aquário, eleger aqueles que considera ter mais aderência com os seus valores.

Existe um perfil ideal de congressista na visão do Renova?

Pessoas que estão olhando para dados e evidências como base para a tomada de decisão. É preciso olhar para o mundo, para as potencialidades, para enxergar soluções que vão ajudar a construir um país mais justo, fraterno e próspero. O Brasil é um país que deixou a agenda de crescimento de lado, é preciso recuperar essa pauta. Sem a pauta de crescimento, vai ser muito difícil construir justiça social. São pessoas que estão olhando para como vamos construir um país lidando com realidades diferentes e para uma reconstrução de futuro. O Brasil precisa retomar seu projeto de País.

Qual a postura ideal de um congressista diante das emendas de relator, por exemplo? É um dispositivo válido para governar?

As emendas sempre existiram no Brasil. A questão é como você atua em relação a elas e qual o porcentual do Orçamento que está direcionado a essas emendas, e se ele está sendo executado dentro de critérios de transparência e das regras colocadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Essa é a questão mais importante. Há obrigação de ter transparência do gasto público. O pagador de impostos merece saber para onde está indo o dinheiro que ele deixou de receber para fazer uma contribuição ao Estado brasileiro.

Existe uma discussão hoje sobre institucionalizar o orçamento secreto. O presidente da Câmara defende esse dispositivo.

Qualquer medida que vá na direção inversa da transparência com o gasto público não é positiva para o País, exceto em questões que são de segurança nacional, como o orçamento do Departamento de Defesa americano, por exemplo. Não haver transparência em investimentos que estão sendo feitos em Estados e municípios é uma aberração.

Quais pautas devem ser prioritárias no ano que vem?

Dentro da via de crescimento econômico, há uma reorientação das cadeias de suprimento globais à qual o Brasil está alheio. Os Estados Unidos vão precisar revisitar sua estrutura de cadeia de valor perante a China, e há uma grande oportunidade pro Brasil nesse aspecto, inclusive de reindustrialização de determinadas áreas. O segundo elemento que eu considero importante é o reposicionamento da agroindústria brasileira, ou seja, o Brasil como potência verde, algo que tem sido muito dito, mas agora é precisa desdobrar isso. Temos altíssimo potencial para ser o primeiro país carbono neutro do mundo. Outra pauta importante é a de eletrificação e exportação de energia. Por último, é preciso investir em produtividade. Para isso, precisamos preparar as pessoas para os empregos do futuro. O Brasil precisa desapegar da visão de ser uma potência dos anos 1990.

Alguma reforma no caminho para o crescimento?

As reformas estão colocadas há 25 anos e nós temos andado em direção a elas em baixa velocidade. Isso faz parte da dinâmica democrática, mas o sistema tributário brasileiro já deu o que tinha que dar, ele está exaurido, chegou ao seu limite. A simplificação tributária é absolutamente essencial. E o Brasil, a partir da simplificação tributária e da melhoria de competitividade para as empresas, precisa eliminar subsídios. Existem subsídios cruzados para determinadas indústrias que precisam deixar de existir.

No perfil que se desenhou para o Congresso, o ambiente é propício para essas reformas?

Olhando em retrospecto, vejo que é possível termos um Congresso reformista. Contra fatos não há argumentos, e o fato é que o País não cresce. Eu cresci nos anos 1980 e se chamava de década perdida, agora acabamos de ter outra. No contexto atual, estamos próximos de uma estagflação. A gente precisa mudar essa dinâmica. Para isso, o Brasil precisa se entrosar com a economia global, ocupar o espaço que ele tem e entender um pouco para onde o mundo está indo. Outro elemento fundamental é colocar no nosso radar a relevância que a Índia vai ganhar nessa 'remexida' dentro das polaridades geopolíticas, e como o Brasil vai se posicionar dentro desse contexto.

A cláusula de barreira e as consequentes fusões e federações afetam a renovação política de alguma forma? Ela é boa ou má nesse sentido?

Todas as pessoas conseguem perceber que a excessiva fragmentação partidária não ajudou o Brasil. Dito isso, a concentração partidária, com concentração de alocação de recursos nos caciques partidários é problemática. A gente vai precisar debater no Brasil, um país que tem financiamento público, mas não debate o financiamento público, quais vão ser os critérios para que o recurso possa ser melhor alocado, para que ele seja de fato um fomento de inclusão e participação democrática, e não de perpetuação de cargos para determinados players.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um novo relatório elaborado pela Casa Galileia, organização que reúne pesquisadores e promove iniciativas plurais para o público cristão, divulgou diferentes perspectivas do alcance que tem tido o discurso bolsonarista nas bolhas conservadoras. O foco do último estudo, que foi divulgado pelo Uol, foi a narrativa utilizada por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) para tentar impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

De acordo com os pesquisadores, esses discursos perderam força nas redes evangélicas nos últimos meses. A tática inclui notícias falsas como uma suposta fraude às urnas e até mesmo uma doença grave que Lula teria escondido da mídia e que poderia impedi-lo de cumprir o futuro mandato. 

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O monitoramento apontou uma mudança nos conteúdos compartilhados pelas redes da extrema-direita evangélica, que agora publica mensagens de cunho mais religioso, deixando de lado a política. As eleições foram o tema principal das publicações de páginas e perfis ligados ao grupo na reta final da campanha eleitoral.  Ao todo foram analisadas mais de três mil postagens no Facebook, Instagram e Youtube de 308 perfis.  

“A extrema-direita evangélica segue denunciando a perseguição e a censura aos cristãos por parte do presidente eleito Lula e do ministro Alexandre de Moraes [do Tribunal Superior Eleitoral], desmobilizando as narrativas de fraude eleitoral ou de apoio às manifestações golpistas”, aponta o documento. 

Todos contra Moraes 

Apesar da mudança do conteúdo, ainda são encontradas mensagens em apoio aos atos golpistas que acontecem na frente dos quartéis desde o dia 30 de outubro. “É importante destacar que, apesar desses vídeos permanecerem concentrando números consideráveis de visualizações, os vídeos de conteúdos políticos nos canais evangélicos foram pouco mais de 10% na lista dos maiores engajamentos da semana”, cita um outro trecho. 

No rol das postagens que têm como tema a política, o foco se tornou o ministro presidente do Superior Tribunal Eleitoral, Alexandre de Moraes. O pastor Silas Malafaia foi um dos que mais publicou conteúdo contra o magistrado, reiterando a tese falsa de fraude eleitoral. “[Ele] Voltou a chamar Moraes de ditador da toga e sugeriu que os ministros do TSE pedissem demissão”, diz o texto.  

As decisões do ministro quanto a desmonetização de canais propagadores de fake news também têm um amplo espaço nos grupos, que apontam estar havendo censura no Brasil, ignorando que a incitação de golpe militar é crime contra o Estado Democrático de Direito. A mais recente desinformação veiculada pelas redes da extrema-direita evangélica é a suposta doença de Lula, que não teria condições de se tornar mandatário. 

 

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou o fato de "autoproclamados conservadores" terem fechado estradas após o resultado das eleições no Brasil, interrompendo o direito de ir e vir das pessoas. "Não podemos deixar que ódio entre no nosso país", disse ele, durante evento do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em Nova York.

Durante sua fala, ele mencionou ainda o ataque ao Capitólio, nos Estados Unidos, após as eleições presidenciais que elegeu o democrata Joe Biden. Destacou que a imprensa, academia e magistratura defendem a "verdade factual".

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Ao comentar sobre a situação do País após as eleições, disse que o Brasil não pode se deixar levar pelo que aconteceu na Argentina, sociedade que "ficou presa no passado e vingança".

Para ele, a eleição do presidente da República, Jair Bolsonaro, é resultado de "abusos da Lava Jato, que destruiu a classe política" no Brasil.

No entanto, agora, o País pode mudar esse cenário, defendeu. "O Brasil tem tudo para entrar em seu melhor momento e para que política reassuma seu papel", avaliou.

Ele criticou ainda a demora para a compra de vacinas contra a Covid-19 durante a pandemia. "O governo federal não estava comprando vacinas e quem determinou foi o STF, na pessoa do ministro Ricardo Lewandowski."

Em seu primeiro pronunciamento oficial após a vitória, o governador eleito do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que buscará um alinhamento entre o governo estadual e federal, sob a liderança do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com ele, o resultado das urnas é "soberano".

Com 99,98% das urnas apuradas, Tarcísio venceu o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) por 55,27% contra 44,73%. Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), que perdeu a disputa presidencial para Lula, o governador eleito deve acomodar aliados bolsonaristas que ficarão desalojados no Estado. Dessa forma, Tarcísio torna-se a maior expressão do bolsonarismo após vencer em São Paulo. Apesar disso, o governador eleito promete um governo "técnico".

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Tarcísio ressaltou a importância de São Paulo para o Brasil e, portanto, é preciso que o Estado esteja alinhado com o governo federal. Questionado se ele fará uma ligação para o presidente eleito, o agora governador evitou responder, mas disse que buscará alinhamento assim que houver uma convocação. Ele, contudo, enfatizou que falou com Haddad e que o candidato petista se mostrou disposto a ajudar em Brasília.

O novo governador anunciou que irá tirar uma semana de recesso para descansar, mas que dará início à transição estadual logo após. Segundo ele, os 100 primeiros dias de governo serão focados na questão social, em especial moradores de rua e dependentes químicos, educação e saúde. "Somos governador de todos; vamos tirar projetos do papel, investir no social", declarou.

Dentre as primeiras ações do governo, Tarcísio também elenca a retomada de algumas obras, geração de emprego e políticas de transferência de renda. "A gente vai planejar bem a questão dos 100 primeiros dias", garantiu. Segundo ele, sua equipe de transição deve permanecer igual a que foi sua equipe de campanha, citando a liderança de Guilherme Afif Domingos (PSD). O secretário de Governo, Marcos Penido, vai representar o governador Rodrigo Garcia (PSDB) na transição. O governador eleito deixou em aberta a oportunidade de ter seu vice, Felício Ramuth (PSD) também como secretário.

Tarcísio reafirmou que pretende acabar com a obrigatoriedade das vacinas aos servidores públicos, dizendo acreditar na conscientização das pessoas. Segundo ele, se houver conscientização, os servidores devem se vacinar. Ele também citou que irá avaliar a permanência das câmeras dos uniformes dos policiais militares e a privatização da Sabesp.

Para os primeiros dias, ele disse que irá se mudar para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, mas reafirmou sua vontade de mudar a sede para Campos Elíseos.

Tarcísio chegou a um hotel na zona sul de São Paulo por volta das 18h30 para acompanhar o restante da apuração, mas esperou o resultado presidencial para fazer o pronunciamento oficial. Acompanhado do governador eleito estavam, dentre a equipe de apoio, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, presidente do Republicanos, Marcos Pereira, prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e Vinícius Poit (Novo). Tarcísio também assistiu à votação ao lado de familiares e amigos em uma suíte.

A partir de segunda-feira (31), inicia-se a transição do governo estadual. Durante a transição, a gestão Garcia estima deixar em caixa cerca de R$ 30 bilhões ao ex-ministro, o que equivaleria a seis folhas de pagamento. Um recorde, segundo os tucanos, que destacam a austeridade fiscal como um legado do partido em São Paulo. Habituado a números, Tarcísio ainda pode ter a sorte de administrar o Estado com um orçamento superior a R$ 317 bilhões no próximo ano, de acordo com projeção da Lei Orçamentária Anual (LOA) em debate na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Mais cedo, Garcia parabenizou Tarcísio pela vitória e desejou sucesso em seu governo. "Faremos a transição que o povo de São Paulo espera, com transparência e diálogo. Entregarei um Estado pronto, para um inédito salto de desenvolvimento, contas em dia e mais de R$ 30 bilhões para investimentos", declarou o tucano, em publicação no Twitter.

Com a vitória do candidato do Republicanos, quebra-se a hegemonia do PSDB no Estado, que dura quase 30 anos. Garcia ficou em terceiro lugar na corrida estadual. Tarcísio tem dito que não vai "destucanizar" o governo, mas promete colocar nomes estratégicos em pastas de grande relevância, como Transporte, Saúde e Educação.

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