Tópicos | eleições indiretas

Com o cenário nacional político cheio de incertezas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), tem dado indícios de articulações com a base aliada e até mesmo com partidos de esquerda, para uma possível sucessão em eleição indireta, caso Michel Temer deixe o Planalto. Informações de bastidores apontam para uma tentativa de aproximação de Maia com partidos de oposição, inclusive buscando um diálogo mais aberto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na manhã desta sexta-feira (2), após participar de uma reunião no Palácio do Campo das Princesas, o senador Armando Monteiro (PTB) comentou as primeiras articulações de Rodrigo Maia. Para Armando, ainda não há clareza sobre o que o presidente da Câmara pretende. "O fato dele se movimentar já é uma indicação de que acha o seu governo frágil", declarou o senador.

##RECOMENDA##

De acordo com Armando, principal nome da oposição para disputar o Governo de Pernambuco em 2018, as informações que circulam nos bastidores é que essa aproximação com a esquerda culmine possivelmente com a indicação de Maia para suceder o atual presidente do Brasil.

"Eu acho que não há clareza sobre a preferência por nomes, o presidente da Câmara, a meu ver, vem fazer uma articulação precipitada que vai dando indicações de fragilidade do governo", disparou. 

O senador pernambucano também entende que no momento de instabilidade política é preciso pensar numa saída que respeite rigorosamente a Constituição e permita o fim da crise no país. "Para mim, o desfecho desse momento é a substituição do atual presidente e existem vários caminhos para isso. A partir daí podemos construir um entendimento dessa eleição indireta", concluiu.

Primeiro na linha sucessória caso o presidente Michel Temer deixe o Planalto, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, tem negado em público que esteja se articulando para disputar em uma eventual eleição indireta. Mas o deputado do DEM tem buscado apoios na base aliada e até mesmo do PT.

Entre outros movimentos, Maia aproximou-se de partidos de oposição e teria, segundo petistas, tentado abrir um canal de diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula porém, abortou a iniciativa, pelo menos por ora.

##RECOMENDA##

A avaliação dele é que qualquer conversa sobre eleição indireta agora soaria como um conchavo no momento que o PT defende a bandeira das diretas já. Mesmo assim, o ex-presidente disse a aliados que, se Temer cair, Maia tem chance de ser o próximo presidente.

"Se o Temer cair ele (Maia) vai assumir interinamente por um mês. Depois que sentou ali é difícil tirar. Os deputados não vão pensar duas vezes entre votar em outro deputado ou em alguém de fora", disse o deputado Zé Geraldo (PT-PA).

O PT, que realiza até amanhã seu 6° Congresso Nacional, deve aprovar o boicote da bancada de 58 deputados do partido a um eventual colégio eleitoral.

Mas há na legenda, e no campo da oposição no Congresso, defensores da tese pragmática de que Maia manteria pontes com os partidos de esquerda.

Parlamentares oposicionistas relatam que Maia mantém discrição total mesmo nas conversas mais reservadas e não se coloca abertamente como postulante. Mas isso não seria necessário. O deputado do DEM adotou agora o mesmo figurino de "não candidato" do ano passado, quando negou até o último momento que estava na disputa pelo posto mais alto da mesa diretora.

Jantar

Em outra frente, lideranças do PCdoB, PDT, PSB e Solidariedade começaram a articular nos bastidores a candidatura do ex-ministro Aldo Rebelo (PCdoB) a vice-presidente da República na chapa de Maia em caso de eleição indireta.

A estratégia teria sido discutida em pelo menos dois jantares com a presença de parlamentares e dirigentes desses partidos no apartamento do líder do PDT na Câmara, deputado Weverton Rocha (MA). O presidente da Câmara, dizem parlamentares ouvidos pelo Estado, esteve no primeiro encontro.

O segundo aconteceu na terça-feira, 30, e teve presenças como a do próprio Aldo; do presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP); do presidente do PDT, Carlos Lupi; e do secretário-geral do PSB, Renato Casagrande.

Maia nega tudo: as conversas, a aproximação com o PT e a articulação com Rebelo. "Não pedi e não fui procurado pelo presidente Lula. Nunca tratei de nenhuma eleição com o Aldo Rebelo. Aliás na reunião divulgada esta semana eu não estava presente e duvido que Aldo tenha tratado disso", disse o deputado ao Estado.

Ele também garante que não está conversando com PP, PR e PSD, como dizem, em caráter reservado, deputados das três legendas que orbitam na órbita do chamado "centrão".

Os adversários de Rodrigo Maia contestam a negativa. "Ele está negando e jurando lealdade ao Temer para ter os votos do PMDB, que já detectou esse movimento pró - campanha", disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

Por vias da dúvidas, o presidente da Câmara trocou as grades da entrada da residência oficial por chapas de ferro. Dessa forma, fica impossível saber quem entra e quem sai.

Tucanos

Enquanto a cúpula do PSDB faz consultas no partido sobre uma eventual candidatura do senador Tasso Jereissati (CE) à Presidência em caso de eleições indiretas, parte da bancada e integrantes da executiva já questionam a viabilidade do tucano e avaliam que Rodrigo Maia seria a alternativa mais segura da base governista.

O partido está dividido. Preocupados com prejuízos eleitorais no ano que vem, muitos deputados defendem o rompimento o com Temer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Antes mesmo da renúncia ou cassação do presidente Michel Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já começou a fazer consultas a sobre as regras para eleições indiretas para presidente da República. Desde a quinta-feira (18) o parlamentar fluminense se reúne com técnicos legislativos da Casa para estudar as leis existente sobre o tema e ver a possibilidade de "ajustes" nessa legislação.

Nesta quinta e nesta sexta-feira, 19, Maia se reuniu na residência oficial da presidência da Câmara, em Brasília, com o secretário-geral da Mesa Diretora da Casa, Wagner Padilha, e outro técnico legislativo. Nas conversas, abordaram a legislação sobre eleições indiretas. Parlamentares da base aliada que passaram pela casa de Maia também conversaram com os técnicos sobre o assunto.

##RECOMENDA##

Segundo apurou o Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), os técnicos informaram que hoje já há pelo menos duas leis que regulamentam as eleições indiretas para presidente. Uma delas é uma lei complementar de 1990 que estabelece os requisitos exigidos para os candidatos. Ela prevê que detentores de cargos públicos devem se desincompatibilizar pelo menos seis meses antes do pleito e exige que o candidato tenha, no mínimo, seis meses de filiação partidária.

A outra lei é de 1964 e trata sobre o trâmite da votação. Ela estabelece que a eleição indireta será realizada em sessão do Congresso Nacional comandada pelo presidente do Senado. Será eleito o candidato que tiver a maioria absoluta dos congressistas, o equivalente a 257 deputados e 41 senadores. Se após duas tentativas nenhum candidato alcançar esse placar, uma terceira votação é feita e será eleito o que tiver a maioria dos votos apurados.

Parlamentares da base aliada ouvidos pelo Broadcast Político afirmam que, nas conversas na residência oficial da Câmara, foi discutida a necessidade de elaborar uma nova lei para "ajustar detalhes" da legislação sobre eleição indireta. Não informaram, porém, que detalhes seriam esses. Procurado, Rodrigo Maia negou estar tratando do tema. Ele disse ter conversado com técnicos sobre a pauta legislativa da próxima semana, a qual não deu detalhes.

Gestos

O presidente da Câmara ainda não comentou publicamente as denúncias contra o presidente Michel Temer feitas pelo empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS, em delação premiada. Uma delas é de que Temer teria dado aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Outra é de que o grupo de Temer seria beneficiário de propina recebida pelo deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor do presidente.

Rodrigo Maia, porém, faz gestos públicos de apoio ao presidente da República. Na quinta, no auge da crise política causada pela notícia de que Temer foi gravado por Joesley, o presidente da Câmara dos Deputados se reuniu com Temer duas vezes no Palácio do Planalto. Em uma delas, acompanhou o pronunciamento do presidente, no qual Temer disse que não renunciará ao cargo. Maia também disse a aliados que rejeitará os oito pedidos de impeachment de Temer protocolados até ontem na Câmara.

A discussão sobre eleições diretas voltaram à tona porque, apesar de Temer dizer que não vai renunciar e Maia, que não abrirá impeachment, o presidente pode ser cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Corte marcou para 6 de junho o julgamento da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico nas eleições de 2014. A avaliação é de que o teor da delação da JBS reforça a tese da cassação.

Caso Temer seja cassado, o presidente da Câmara assumirá interinamente o comando do País. Há dúvidas, porém, se o substituto definitivo de Temer será escolhido pelo voto popular ou de forma indireta, por deputados e senadores. Se prevalecer o entendimento de que será de forma indireta, caberá a Rodrigo Maia convocar as eleições em até 90 dias.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando