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A última estátua pública do ditador Francisco Franco que restava na Espanha foi retirada de Melilla, território do norte da África, 45 anos depois de seu falecimento.

"Dia para a História", tuitou o governo da cidade autônoma de Melilla na terça-feira (23) à noite, ao lado de várias fotografias de operários retirando a estátua com a ajuda de uma retroescavadeira.

A estátua de bronze do general, na entrada da cidade, havia sido construída em 1978 para recordar o papel de Franco como comandante da Legião Espanhola na Guerra do Rif (1920-1926), um conflito em que a Espanha enfrentou tribos berberes ao norte de Marrocos.

Esta era a última celebração em via pública do homem que liderou a revolta em 1936 contra o governo republicano e, após uma violenta guerra civil, governou com mão de ferro o país de 1939 até sua morte em novembro de 1975.

As autoridades de Melilla informaram que a estátua foi levada para um depósito municipal, sem explicar qual o futuro uso.

Em 2007, o governo espanhol liderado pelo primeiro-ministro socialista José Luis Rodríguez Zapatero aprovou uma lei que obrigava a retirada dos símbolos da ditadura do espaço público e a mudança de nome de várias ruas dedicadas a figuras do franquismo.

Na segunda-feira, a assembleia municipal de Melilla aprovou, em acordo com esta lei, a retirada da estátua, apesar do voto contrário do partido de extrema-direita Vox e da abstenção do conservador Partido Popular.

O Vox alegou que a estátua prestava tributo a Franco por defender a cidade durante a Guerra do Rif e não como homenagem à ditadura.

O atual primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, transformou a reparação e a reabilitação das vítimas do franquismo em uma de suas prioridades desde que chegou ao poder em 2018.

Após uma longa batalha judicial com os descendentes do ditador, em outubro de 2019 o Executivo retirou os restos mortais de Franco do grande mausoléu nas proximidades de Madri em que estava enterrado e os transferiu para um discreto jazigo da família em um cemitério da capital.

A operação para exumar os restos mortais do ditador Francisco Franco, que provocou muitas discussões e reabriu velhas feridas na Espanha, começou nesta quinta-feira (24) no Vale dos Caídos, o grande mausoléu onde está sepultado há 44 anos.

Os trabalhos para remover os restos mortais embalsamados e sepultá-los novamente no discreto cemitério de El Pardo-Mingorrubio, em Madri, onde está enterrada sua esposa, Carmen Polo, começou pouco antes das 11h00 locais (6H00 de Brasília), informou o governo espanhol.

Poucos momentos antes do início da operação, 22 membros da família do general, que governou a Espanha com mão de ferro entre 1939 e 1975 após sua vitória na Guerra Civil (1936-1939), entraram na basílica para acompanhar a exumação.

O processo, para o qual foram credenciados quase 500 jornalistas e é exibido parcialmente pela televisão, pode durar várias horas.

Se a visibilidade permitir, o traslado até Mingorrubio, quase 50 km de viagem, será feito de helicóptero. Se não for possível, a viagem acontecerá por terra. Uma vez no cemitério, a missa para o novo sepultamento, em uma cripta familiar, será oficiada pelo padre Ramón Tejero, filho de Antonio Tejero, o tenente-coronel que liderou uma tentativa frustrada de golpe de Estado em 1981.

O governo do primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez transformou a exumação em uma de suas prioridades depois de chegar ao poder em junho de 2018, para que este mausoléu, algo que não tem comparação com outro país de Europa Ocidental, deixe de ser um lugar de exaltação do franquismo.

Sánchez havia prometido a exumação ainda para 2018. Mas o processo foi adiado em mais de um ano pela batalha judicial iniciada por sete netos do ditador.

A oposição, tanto de direita como de esquerda, acusa o líder do PSOE de utilizar a exumação para obter frutos eleitorais a pouco mais de duas semanas das legislativas de 10 de novembro.

"Isto deveria ser feito em um período não pré-eleitoral", disse o líder do partido de esquerda radical Podemos, Pablo Iglesias.

"Nós não vamos gastar nem um minuto para falar sobre o que aconteceu na Espanha há 50 anos", declarou recentemente o líder do conservador Partido Popular (PP), Pablo Casado, enquanto Santiago Abascal, líder do partido de extrema-direita Vox, criticou a "profanação de um túmulo".

Os restos mortais do ditador Francisco Franco serão finalmente exumados na próxima quinta-feira do grande mausoléu em que se encontram para um sepultamento em um local mais discreto, anunciou o governo da Espanha, que transformou este tema em uma das suas principais bandeiras.

Dezesseis meses depois de o primeiro-ministro socialista Pedro Sánchez anunciar o desejo de retirar Franco do Vale dos Caídos, que fica 50 km ao noroeste de Madri, o governo anunciou que "procederá na próxima quinta-feira 24 de outubro, às 10H30 (5H30 de Brasília), a exumação.

"Os restos mortais serão levados, após a exumação, ao panteão de Mingorrubio, no qual está sepultada sua viúva, Carmen Polo, no cemitério do Pardo, ao norte de Madri", informa o texto.

A operação acontecerá de "maneira íntima, na presença de parentes, com dignidade e respeito", indicou o governo, que designou como representante do Estado a ministra da Justiça, Dolores Delgado.

- Exumação na campanha eleitoral -

Desta maneira, o governo de Pedro Sánchez, que não aceita que os restos mortais do ditador permaneçam em um mausoléu público que exalta sua figura, cumprirá uma de suas principais promessas, anunciada quando assumiu o poder em junho de 2018.

O procedimento acontecerá a menos de três semanas das eleições legislativas de 10 de novembro, no momento em que as pesquisas apontam uma estagnação do Partido Socialista e um avanço do conservador Partido Popular e do Vox (extrema-direita). Mas nenhum dos lados conseguiria maioria clara para governar.

E tudo isto em meio à crise na Catalunha, onde os protestos de manifestantes independentistas terminaram em distúrbios violentos desde que o Tribunal Supremo condenou na semana passada nove líderes separatistas a penas de até 13 anos de prisão.

Assim que assumiu o poder após uma moção de censura que derrubou o conservador Mariano Rajoy, Sánchez tentou aprovar a exumação de Franco de seu mausoléu, onde foi sepultado depois de governar a Espanha com mão de ferro de 1939, quando venceu a guerra civil, até sua morte em 1975.

Mas ele esbarrou na negativa dos herdeiros do ditador, que primeiro rejeitaram de modo veemente a exumação e depois tentaram, sem sucesso, transferir os restos mortais para a catedral de Almudena (Madri).

O confronto virou uma prolongada batalha legal. Nas últimas semanas, o Supremo Tribunal espanhol decidiu os últimos recursos a favor do governo.

Fechado ao público para a preparação da exumação, o Vale dos Caídos recebeu no domingo máquinas pesadas, "para proceder a profanação", criticou a administração do local, contrária à operação.

- Carga ideológica -

A medida tem uma grande carga ideológica, em um país onde ainda se debate a memória histórica. A esquerda apoia exumação, enquanto os conservadores desdenham da medida e o partido de ultradireita Vox critica com veemência.

Sánchez afirma que a exumação servirá para fechar "simbolicamente o círculo da democracia espanhola".

O gigantesco mausoléu católico, com uma cruz de 150 metros, era visitado a cada ano por milhares de turistas e também por alguns nostálgicos que continuam enaltecendo a figura de Franco e celebrando missas em sua homenagem.

Idealizado pelo próprio Franco, o complexo foi construído entre 1941 e 1959 em plena serra de Guadarrama, em parte com o trabalho forçado de presos republicanos, alguns deles falecidos durante o confinamento.

Em nome de uma pretendida "reconciliação" nacional, Franco ordenou a transferência para o local dos restos mortais de mais de 33.000 vítimas - do lado nacional e do lado republicano - da guerra civil, sem avisar suas famílias.

O governo socialista anunciou em um primeiro momento que a ideia era transformar o Vale dos Caídos em um local em memória de todos os espanhóis, mas seu destino ainda não foi decidido.

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