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Após a morte de um homem negro espancado por um segurança e por um policial militar em uma loja da rede em Porto Alegre (RS), o Carrefour Brasil informou ao Estadão/Broadcast que toda a renda das lojas no País nesta sexta-feira (20) será revertida para projetos de combate ao racismo. Segundo a empresa, os recursos serão direcionados de acordo com a orientação de "entidades reconhecidas na área."

"Essa quantia, obviamente, não reduz a perda irreparável de uma vida, mas é um esforço para ajudar a evitar que isso se repita", afirma a empresa por meio de nota. Além disso, de acordo com o Grupo, todas as unidades abrirão duas horas mais tarde neste sábado (21). Segundo a varejista, o período será utilizado para "reforçar o cumprimento das normas de atuação" exigidas dos funcionários próprios e também das empresas terceirizadas que prestam serviços à companhia.

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O Carrefour também reiterou que rompeu o contrato com a empresa que contratava os seguranças envolvidos na morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, ocorrida na quinta-feira (19), às vésperas do dia da Consciência Negra, celebrado nesta sexta (20). O Carrefour não revelou o nome da empresa prestadora de serviços.

Como mostrou o Estadão/Broadcast mais cedo, teria havido um desentendimento entre a vítima e os seguranças da unidade. Ele teria feito "gestos agressivos" dentro do supermercado, a segurança teria sido chamada e teria conduzido a vítima para o lado de fora, onde ele foi espancado e morto.

O fato gerou manifestações intensas nas redes sociais, tanto por parte de autoridades e ex-autoridades quanto por parte de influenciadores e empresários. O Carrefour lidera os assuntos mais comentados do Brasil no Twitter por conta do fato.

João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, lamentou nesta sexta-feira, 20, a morte de seu filho, João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, espancado e morto no estacionamento do Carrefour Passo D'Areia, na zona norte de Porto Alegre, na quinta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra. "Nós esperamos por Justiça. As únicas coisas que podemos esperar é por Deus e pela justiça. Não há mais o que fazer. Meu filho não vai mais voltar", disse ao Estadão.

Segundo Freitas, enquanto estava sendo agredido, o filho tentou pedir socorro à mulher, Milena Borges Alves. "Ela me contou que o segurança apertou o meu filho contra o chão, e ele já estava roxo. Fazia sinal com a mão para ela fazer alguma coisa, tirar o cara de cima e um outro segurança empurrou a Milena."

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Na entrada do Departamento Médico Legal, ele relatou que estava num culto evangélico quando recebeu a ligação da nora pedindo por ajuda no supermercado. "Foi uma coisa horrível. Espero que ninguém passe por isso. Perder o filho daquela maneira, sendo agredido bruscamente por facínoras. Chamar aquilo de segurança é desmerecer os verdadeiros seguranças. Eu não sei o que levam as pessoas a agir desta forma. Para mim este crime teve um grau de racismo. Não é possível, uma pessoa ter tanta fúria de outra pessoa. Espero que a Justiça seja feita", desabafou.

"Quando eu cheguei os paramédicos já estavam nos últimos atendimentos. Logo em seguida, ele não teve mais recuperação. Agora, não temos mais o que fazer", disse o pai da vítima, emocionado.

À reportagem, o pai descreveu o filho como um homem tranquilo. Além disso, comentou que a vítima e a esposa há anos fazem compras no mesmo supermercado. "Eles frequentavam o mercado quase todos os dias. Ele até me incentivou a fazer um cartão do mercado. Nunca tivemos problemas e nunca discutimos ou batemos em ninguém."

O sepultamento está marcado para as 16h desta sexta-feira, 20, no Cemitério São João, no IAPI, também na zona norte da capital do Rio Grande do Sul. O Dia da Consciência Negra não é feriado no Rio Grande do Sul.

Negro, João Alberto Freitas foi espancado e morto por dois homens brancos, um deles é segurança do local, enquanto o outro seria um policial militar temporário que fazia compras no supermercado.

A Polícia Civil do Estado investiga o crime, tipificado como homicídio triplamente qualificado. Os dois homens foram presos em flagrante. Uma manifestação em frente ao supermercado está prevista para as 18 horas desta sexta-feira, 20.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram parte das agressões e o momento que o cliente é atendido por socorristas. Em uma das gravações, o homem é derrubado e atingido por ao menos 12 socos. Ao fundo, uma pessoa grita "vamos chamar a Brigada (Militar)".

Uma mulher vestindo uma camisa branca e um crachá, que também seria funcionária do supermercado, aparece ao lado dos agressores, filmando a ação. Ela já foi identificada e será ouvida. Outro registro mostra a vítima desacordada, enquanto há marcas de sangue no chão.

Vizinho da vítima, Paulão Paquetá contou ao Estadão ter testemunhado as agressões. Segundo ele, outros seguranças ficaram no entorno da área, impedindo a aproximação das pessoas que tentavam parar com as agressões.

Em nota, o Grupo Carrefour considerou a morte "brutal" e disse que "adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos". Afirmou também que vai romper o contrato com a empresa responsável pelos seguranças e que o funcionário que estava no comando da loja durante o crime "será desligado". O grupo disse ainda que a loja será fechada em respeito à vítima e que dará o "suporte necessário" à família da vítima.

Protestos

Uma série de manifestações contra o assassinato brutal de João Alberto estão previstas para ocorrer em Porto Alegre. Pela manhã, os cinco vereadores negros eleitos no último domingo, 15, realizaram um ato em frente ao Carrefour. A maior bancada negra eleita da história da capital prestou solidariedade aos familiares e amigos da vítima e disparou contra o racismo estrutural do Brasil.

Na manifestação estava a vereadora mais votada, a professora negra Karen Santos (PSOL). "Ontem à noite, nós fomos surpreendidos por este assassinato brutal, que é algo reincidente em um país que assassina todos os dias jovens negros e pessoas negras. É uma política genocida. A nossa intenção hoje, antes de tudo, é prestar solidariedade e empatia e dizer que não importa a gente ter cinco vereadores (negros) eleitos, se a gente vai seguir dentro de um país racista, com o racismo institucionalizado. O que aconteceu no Carrefour não é uma ação isolada", afirmou. No fim da tarde, um novo protesto também está marcado para ocorrer em frente ao hipermercado.

A morte brutal de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, por seguranças do Carrefour, em Porto Alegre, levou o governo gaúcho a antecipar o lançamento da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) no Estado. A informação foi dada pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e pela chefe da Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, nesta sexta-feira (20), um dia após o assassinato de João Alberto.

A nova DP será inaugurada no próximo dia 10 de dezembro, quando é celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Eduardo Leite destacou que hoje é comemorado o Dia da Consciência Negra e mencionou as políticas que foram adotadas pelo governo em 2019, como o Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis.

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"Infelizmente, nesse dia que nós deveríamos estar celebrando essas políticas públicas, nós todos nos deparamos com cenas que nos deixam todos indignados pelo excesso de violência que levou à morte de um cidadão negro num supermercado aqui na capital gaúcha", afirmou Leite.

Segundo Nadine Anflor, a nova delegacia estará vinculada ao Departamento Estadual de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV). "No dia 10 de dezembro estaremos inaugurando a primeira delegacia de intolerância para mudar um pouco essa triste realidade de intolerância e falta de empatia. Hoje, no Dia da Consciência Negra, a gente tem que falar sobre as consequências que essa intolerância, racismo e crimes raciais causam na sociedade", ressaltou a chefe de Polícia.

Nadine também confirmou que os detidos foram autuados por homicídio triplamente qualificado, por asfixia e impossibilidade de resistência da vítima. Conforme Eduardo Leite, o caso terá uma apuração rigorosa. "Todo o esforço do Estado na apuração e para que os responsáveis por este crime enfrentem a Justiça, tendo a oportunidade da defesa. As cenas são incontestes de que houve excessos que deverão ser apurados e dada a consequência para este crime", reiterou.

Sobre o envolvimento de um policial militar temporário na morte de João Alberto, o comandante da Brigada Militar, Coronel Rodrigo Mohr Picon, afirmou que ele deverá ser demitido. "Ele deve ser retirado da corporação e responder civilmente pelo crime", disse o militar.

Vizinho da vítima, Paulão Paquetá contou à reportagem ter testemunhado o espancamento e morte de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, em um supermercado Carrefour de Porto Alegre na noite desta quinta-feira (19). "Estava chegando no local na hora das agressões. Eu estava a uns 10 metros quando começou. Tentamos intervir, mas não conseguimos", relata.

Paulão diz que a esposa da vítima, um homem negro, também viu o espancamento, mas foi impedida de intervir. "Ela viu o marido sendo morto", lamenta.

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Segundo ele, cerca de outros oito seguranças ficaram no entorno da área, impedindo a aproximação das pessoas que tentavam parar com as agressões. "Não pararam. A gente gritava 'tão matando o cara', mas continuaram até ele parar de respirar, fizeram a imobilização com o joelho no pescoço do Beto, tipo como foi com o americano (George Floyd, morto por policiais neste ano nos Estados Unidos)."

Presidente da Associação de Moradores e Amigos do Obirici, Paulão estima que as agressões duraram cerca de sete minutos. Ele diz que alguns motoboys que filmaram a violência tiveram os celulares tomados para não registrar toda a ação. "Quando viram que ele parou de respirar, eles se apavoraram. Chamaram a Brigada (Militar), que isolou ali e a Samu tentou reanimar."

Segundo o líder comunitário, a vítima morava no IAPI, bairro nas proximidades do supermercado. "Não é primeira ocorrência do tipo. É a primeira de óbito. Todo mundo sabe que são agressores (seguranças do local) mesmo."

"É muito difícil. Revolta pela maneira que ele foi morto brutalmente. Ser humano nenhum merece ser agredido daquela jeito, ter a vida ceifada de maneira tão brutal, tão animal."

Assassinato

O homem foi espancado e morto por dois homens brancos no estacionamento do Carrefour Passo D'Areia, na zona norte da capital gaúcha na véspera do Dia da Consciência Negra. Informações preliminares apontam que um dos agressores é segurança do local e o outro é um policial militar temporário que fazia compras no local. Seguem as investigações. Ambos foram detidos. Uma manifestação em frente ao supermercado está prevista para as 18h desta sexta-feira.

Pelo Twitter, o vice-governador do Rio Grande do Sul e secretário estadual da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, condenou a ação violenta dentro do supermercado e disse que irá apurar exaustivamente o caso. "Vamos apurar esse fato a sua exaustão, não podemos admitir ações dessa natureza", afirmou.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram parte das agressões e o momento que o cliente é atendido por socorristas. Em uma das gravações, o homem é derrubado e atingido por ao menos 12 socos. Ao fundo, uma pessoa grita "vamos chamar a Brigada (Militar)".

Uma mulher vestindo uma camisa branca e um crachá, que também seria funcionária do supermercado, aparece ao lado dos agressores, filmando a ação. Ela já foi identificada e será ouvida. Outro registro mostra a vítima desacordada, enquanto há marcas de sangue no chão.

A Sociedade para Conservação da Vida Selvagem (WCS, na sigla em inglês), que administra o Zoológico do Bronx, em Nova York, Estados Unidos, esperou 114 anos para pedir desculpas por ter exibido, em uma jaula juntamente com os macacos, o jovem negro Ota Benga. Para ser colocado como um atrativo do zoológico, Benga foi sequestrado de sua terra natal, onde hoje fica a República Democrática do Congo, em 1904. 

A WCS tentou esconder por todos esses anos que Ota Benga havia sido colocado contra a sua vontade juntamente com os macacos do zoológico, tentando colocar no imaginário das pessoas que o jovem era funcionário do local e estava ali a serviço. 

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Ota Benga ficou enjaulado do dia 8 de setembro de 1906 até o dia 28 de setembro do mesmo ano, quando ele foi libertado e colocado em um orfanato, já que era muito caro para ele voltar para o seu país de origem e o seu sequestrador não custeou o seu retorno.

Agora, 114 anos depois, o presidente da entidade, Cristian Samper, disse à BBC que é importante "refletir sobre a própria história da WCS e sobre a continuidade do racismo" na instituição. Juntamente com o pedido de desculpas pelo episódio de Benga, Cristian prometeu que a WCS vai dar total transparência sobre o episódio que, na época, foi notícia nos jornais dos Estados Unidos e da Europa.

Uma falha em um sistema de reconhecimento facial levou à prisão de um afro-americano em Detroit, segundo uma denúncia apresentada nesta quarta-feira (24) que destaca preocupações sobre o uso da tecnologia criticada por reforçar o preconceito racial.

A União Americana das Liberdades Civis (ACLU) afirmou que este é o primeiro caso conhecido de uma prisão ilegal baseada na tecnologia, que seus críticos consideram imprecisa na distinção entre rostos afro-americanos.

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"Embora Robert Williams possa ser o primeiro caso conhecido, ele certamente não é a primeira pessoa a ser detida e interrogada erroneamente com base em uma descoberta falsa de reconhecimento facial", disse a ACLU no Twitter.

Williams escreveu no The Washington Post que foi preso fora de sua casa em janeiro e detido por 30 horas, antes de descobrir que havia sido identificado erroneamente por imagens feitas por câmeras de vigilância durante um assalto a uma relojoaria.

"Eu nunca pensei que teria que explicar para minhas filhas por que papai foi preso", escreveu Williams.

"Como explicar a duas meninas que um computador errou, mas que a polícia acreditou mesmo assim?"

A notícia é divulgada em meio a protestos contra o racismo e a brutalidade policial após mortes de afro-americanos por agentes brancos e à preocupação de que estas tecnologias possam acentuar a discriminação.

Vários estudos indicaram que os sistemas de identificação utilizados nos Estados Unidos podem dar resultados absolutamente errados quando aplicados em afro-americanos.

Nesse contexto, empresas como IBM, Amazon e Microsoft anunciaram que não venderiam estes sistemas a departamentos de polícia. Mas sistemas de outras empresas são usados em grande escala no país.

A prefeitura de Boston aprovou nesta quarta-feira a proibição da utilização da tecnologia por autoridades municipais, tornando-se a segunda maior cidade do mundo, depois de San Francisco a tomar essa decisão.

Desculpas e limpeza de registros

Em uma queixa formal ao departamento de polícia, o advogado da ACLU, Phil Mayor, solicitou a retirada das acusações e do registro de prisão, além de um pedido público de desculpas a Williams.

O defensor informou ainda que Williams tem o direito de entrar com uma ação judicial.

A ACLU também afirmou que a polícia deveria abandonar o uso da tecnologia de reconhecimento facial como ferramenta em suas investigações e que todas as imagens de Williams deveriam ser removidas de seus bancos de dados.

Williams relatou no The Washington Post a experiência de ser algemado diante de sua família e a noite que passou "no chão de uma cela suja e superlotada".

"Como qualquer outra pessoa, fiquei com raiva por estar acontecendo comigo", disse ele.

"Como qualquer outro homem negro, eu tinha que considerar o que poderia acontecer se eu fizesse muitas perguntas ou demonstrasse abertamente minha raiva, mesmo sabendo que não havia feito nada errado".

Há seis noites que manifestações violentas contra a brutalidade policial e o racismo têm sacudido os EUA.

Veja seis perguntas e respostas sobre os maiores protestos civis no país em muitos anos.

1 - O que provocou as manifestações? -

O estopim ocorreu por causa da morte de um homem negro que não estava armado, George Floyd, apelas mãos de um policial branco na última segunda-feira em Minneapolis.

Floyd morreu depois que o policial Derek Chauvin pressionou o seu pescoço usando o joelho por quase nove minutos, depois de prendê-lo por uma suposta compra de cigarros com uma nota falsa.

Sua morte, filmada por um celular, reacendeu a indignação pela morte de afro-americanos pelas mãos da polícia e trouxe à tona casos passados como os de Michael Brown, em Ferguson, e Eric Garner, em Nova York, que incentivaram o movimento Black Lives Matter ("vidas negras importam").

Manifestações pacíficas logo se tornaram violentas nessa cidade situada no centro-oeste dos EUA, com registro de saques e incêndios. Agora eles se espalham por todo o país.

2 - Como as autoridades estão lidando com a situação? -

Ao menos 40 cidades, como Los Angeles, Chicago e a capital americana, Washington DC, impuseram um toque de recolher desde que os protestos começaram. No entanto, pouco fizeram para desencorajar ou acabar com as manifestações.

Os governadores mobilizaram milhares de membros do Exército, uma atitude incomum que lembra os movimentos ocorridos no final da década de 1960 nas cidades americanas após o assassinato do líder dos direitos civis, Martin Luther King.

Em alguns lugares, a polícia efetuou o disparo de balas de borracha, gás lacrimogêneo e granadas contra os manifestantes, que em resposta lançaram objetos contra eles, como garrafas de água e pedras.

As medidas não impediram que alguns manifestantes roubassem ou praticassem atos vandalismo. Lojas sofisticadas de Manhattan, como a Coach ou a Chanel não passaram despercebidas. Ruas também foram bloqueadas e veículos policiais queimados.

3 - O que disse Donald Trump sobre isso? -

Muito. Em resumo, ele culpa os extremistas da esquerda pelos protestos, e disse que planeja denunciar a Antifa, uma rede antifascista, como organização terrorista.

Ele também tentou politizar o tema, atacando governadores e prefeitos democratas por terem tomado medidas brandas contra os manifestantes.

Trump considera os manifestantes "criminosos", e pediu repetidamente, pelo Twitter, para que os governadores restaurassem a ordem.

Ele também provocou indignação e foi acusado de provocar a violência após escrever na rede social: "Quando os roubos começarem, o tiroteio começa".

4 - Como outros líderes reagiram? -

Muitos líderes locais demonstraram compreensão diante da questão da injustiça contra negros, e alguns policiais se ajoelharam para mostrar seu apoio aos manifestantes, inclusive em Nova York e Nova Jersey.

Vários políticos defendem que a violência deve acabar, e alguns, como o governador de Minnesota, Tim Walz, exigem mais severidade com aqueles que roubaram e participaram de atos de vandalismo.

O candidato democrata à presidência, Joe Biden, disse que os Estados Unidos estão "sofrendo" e que, se eleito, ouvirá as queixas dos manifestantes e "conduzirá um debate nacional" sobre o assunto.

O irmão mais novo de Floyd, Terrence Floyd, repreendeu a violência dos protestos e pediu aos manifestantes que "canalizassem sua raiva de maneira diferente".

"Às vezes fico consternado. Quero ficar louco. Meu irmão não era assim. Você ouvirá muitas pessoas dizerem que ele era um gigante gentil", contou ele à ABC News.

5 - O que aconteceu com o policial que deteve Floyd? -

Chauvin foi acusado de homicídio em terceiro grau e deve ser julgado em breve.

Os manifestantes, que representam todos os grupos étnicos, querem que ele seja acusado de acusações ainda mais graves, alegando que ele teve a intenção de matar Floyd.

Os manifestantes exigem que os três policiais que ajudaram Chauvin e que foram demitidos das suas funções também sejam acusados pela Justiça.

No domingo, as autoridades transferiram Chauvin da cadeia em Hennepin para outro local por preocupações com sua segurança.

6 - Há mais alguma motivação nos protestos? -

Alguns analistas dizem que a morte de Floyd foi a gota d'água para a explosão desse movimento civil, após anos de ressentimento causado pelas desigualdades econômicas, sociais e de saúde sofridas pelos negros americanos.

Eles lembram que a pandemia do coronavírus - na qual 40 milhões de americanos se registraram como desempregados para obter benefícios - potencializa a frustração e afeta de forma desproporcional as minorias negras e latinas.

Eles também acreditam que os protestos podem ser uma reação ao movimento supremacista branco, que, segundo os analistas, adquiriu força ao longo do governo Trump.

Mil agentes adicionais da Guarda Nacional foram mobilizados neste sábado (30) ante os protestos violentos em crítica à morte de um homem negro durante uma ação policial em Minneapolis, nos Estados Unidos.

As acusações de assassinato em terceiro grau apresentadas contra o oficial na sexta-feira não foram suficientes para acalmar a revolta dos manifestantes contra o racismo policial, de Nova York a Los Angeles, em uma das piores noites de distúrbios civis nos Estados Unidos em muitos anos.

Pela quarta noite consecutiva foram registrados confrontos entre manifestantes e a polícia na cidade de Minneapolis, além de incêndios e saques. Na sexta-feira 500 agentes da Guarda Nacional foram mobilizados na cidade e na localidade vizinha de St. Paul.

O comandante da Guarda Nacional de Minnesota, general Jon Jensen, afirmou em uma entrevista coletiva neste sábado que o governador do estado autorizou a mobilização de 1.000 agentes adicionais para ajudar a polícia a controlar a situação.

O estado se tornou o epicentro da violência desde que George Floyd, 46 anos, morreu na cidade de Minneapolis depois que um policial o prendeu e imobilizou por vários minutos ajoelhado sobre seu pescoço.

O policial Derek Chauvin foi acusado na sexta-feira por assassinato em terceiro grau, por provocar uma morte de forma involuntária, e homicídio culposo.

A indignação é cada vez maior com a mais recente morte de um afro-americano sob custódia policial. As acusações não conseguiram acalmar uma nação abalada e que acumula profundas feridas pela desigualdade racial.

Em Atlanta, viaturas da polícia foram atacadas e incendiadas em protestos. Em Washington aconteceram confrontos com agentes do Serviço Secreto durante protestos perto da Casa Branca.

O presidente Donald Trump disse que assistiu a "todos os movimentos" que os agentes tomaram. "Não poderia ter me sentido mais seguro", destacou.

Ele escreveu em um tuíte: "Eles deixaram os 'manifestantes' gritarem e reclamarem o quanto quisessem, mas sempre que alguém ficava muito brincalhão ou fora da linha, eles rapidamente avançavam, com força - não sabiam o que os havia atingido".

Os protestos aconteceram em várias cidades, como Boston, Dallas, Denver, Des Moines, Houston, Las Vegas, Memphis e Portland.

"Caos"

Na cidade de Minnesota um toque de recolher entrou em vigor na sexta-feira à noite. Mas os manifestantes, muitos com máscaras para evitar a propagação do coronavírus, permaneceram desafiantes nas ruas, enfrentando a polícia, que usou gás lacrimogêneo para tentar recuperar o controle.

Os saques foram generalizados e afetaram diversas lojas. Policiais foram baleados pelos manifestantes, afirmou neste sábado o governador de Minnesota, Tim Walz.

Não se trata da morte de George. Não se trata de iniquidades reais. Trata-se de caos", disse. A opinião não foi compartilhada nas ruas. "Preciso que olhem nos meus olhos e sinta. Isto é dor, isto é dor", afirmou a manifestante Naeema Jakes.

A família de George Floyd, 46 anos, para a qual Donald Trump afirmou que ligou, considerou a detenção do policial um primeiro passo "no caminho da justiça, mas tardia e insuficiente".

"Queremos uma acusação por homicídio doloso com premeditação, e queremos ver os outros agentes (envolvidos) presos", afirma a família em um comunicado.

Chauvin é um dos quatro agentes demitidos da polícia após a divulgação do vídeo que mostra a prisão de Floyd na segunda-feira por supostamente tentar pagar uma loja com uma nota falsa de 20 dólares. O falecido aparece algemado e deitado na rua com o joelho de Chauvin no pescoço por pelo menos cinco minutos.

A Promotoria afirmou que os outros três oficiais na operação também estão sob investigação e acusações devem ser apresentadas contra eles. Os manifestantes se reuniram do lado de fora da casa de Chauvin, destruída na sexta-feira, com cartazes e gritando o nome de Floyd.

Vários manifestantes repetiram "Não consigo respirar", as palavras de Floyd quando o joelho de Chauvin pressionava seu pescoço. Trump, depois de atacar os manifestantes e ameaçar com o envio de tropas federais, mudou de tom na sexta-feira e anunciou que ligou para a família de Floyd para expressar sua "dor".

O ex-presidente Barack Obama, primeiro negro a chegar à Casa Branca, afirmou compartilhar a "angústia" de milhões de pessoas pela morte de Floyd e que o racismo "não deveria ser 'normal' nos Estados Unidos de 2020. Não pode ser 'normal'".

O policial demitido de Minneapolis que matou um homem afro-americano algemado após se ajoelhar sobre seu pescoço durante uma abordagem foi denunciado nesta sexta-feira (29) de homicídio, informaram os promotores.

"O ex-policial de Minneapolis, Derek Chauvin, foi acusado pela procuradoria do condado de Hennepin por assassinato e homicídio culposo", disse o procurador do condado, Mike Freeman, a jornalistas, especificando que a denúncia foi de homicídio preterdoloso ('third degree murder', em inglês), quando a morte da vítima resulta da prática de outro crime.

Chauvin é um dos quatro agentes demitidos após a divulgação do vídeo que mostra a imobilização e prisão de George Floyd na segunda-feira por supostamente pagar uma loja usando uma nota falsa de US$ 20.

Segundo o vídeo, Floyd, que estava algemado e deitado no chão, foi imobilizado na rua por Chauvin, que apoiou o próprio joelho sobre o pescoço do homem por ao menos cinco minutos.

Essas imagens culminaram em protestos carregados de revolta em Minneapolis, para onde centenas de tropas foram enviadas na manhã desta sexta-feira, após a terceira noite de manifestações.

- Continuação dos protestos -

A brutalidade policial contra a comunidade negra também gerou protestos em outras cidades dos EUA.

Após atos antirracistas realizados de Nova York a Phoenix, o presidente Donald Trump criticou as autoridades locais, chamou os manifestantes de "bandidos" e ameaçou uma forte repressão.

"Esses ASSASSINOS estão desonrando a memória de George Floyd e não vou deixar que isto aconteça. Acabo de falar com o governador (de Minnesota), Tim Walz, e lhe disse que o Exército está completamente ao seu lado. Diante de qualquer dificuldade, assumiremos o controle mas, quando começar o saque, começará o tiroteio", tuitou.

O Twitter ocultou o tuíte, assim como o próprio texto publicado depois na conta da Casa Branca, alegando que violava a política da rede social contra a apologia à violência.

A rede social permitiu, no entanto, que os usuários pudessem acessar o texto, em razão do "interesse público".

Trump disse ter conversado nesta sexta com familiares de George Floyd.

"Falei com membros da família, gente excelente", declarou o presidente na Casa Branca.

Após ser criticado pelas postagens em que denegriu os manifestantes, Trump moderou o tom e disse apoiar os protestos pacíficos.

No entanto, advertiu: "não podemos permitir que uma situação como a que ocorreu em Minneapolis leve a mais anarquia e a um caos sem lei".

"Entendo a dor, entendo a dor. Essa realmente passou por muita coisa. A família de George tem direito à justiça e o povo de Minnesota tem o direito de viver a salvo", afirmou.

O ex-presidente Barack Obama, o primeiro negro a chegar à Casa Branca, disse compartilhar da "angústia" de milhões de pessoas pela morte de Floyd e que o racismo "não deveria ser 'normal' nos Estados Unidos de 2020. Não pode ser normal".

"As pessoas estão irritadas porque se sentem frustradas porque esse não é o primeiro assassinato policial já visto no país", declarou Al Sharpton, famoso ativista pelos direitos raciais, em entrevista à MSNBC.

Joe Biden, candidato democrata da Casa Branca e ex-vice de Obama, denunciou a "ferida aberta" do "racismo institucional" nos EUA, e indiretamente fez menção à Trump.

"Agora não é o momento para incentivar a violência", disse. "Precisamos de uma liderança forte, um líder que conduza ao diálogo", finalizou.

- Delegacia em chamas -

O prefeito de Minneapolis Jacob Frey declarou nesta sexta um estrito toque de recolher na cidade americana após três noites de distúrbios.

Jacob Frey determinou que todas as pessoas esvaziem as ruas das 20h (22h de Brasília) às 6h, exceto membros da Polícia e da Guarda Nacional, deslocada para manter a paz, assim como o corpo de bombeiros e pessoal médico.

Na madrugada de quinta para sexta-feira, manifestantes romperam as barreiras policiais e tomaram a delegacia de Minneapolis, onde estavam os quatro policiais envolvidos na morte de Floyd. Um incêndio logo tomou conta da estrutura.

A Guarda Nacional do estado anunciou que 500 soldados foram enviados na manhã desta sexta a Minneapolis e para a cidade vizinha de St. Paul para restaurar a ordem, sinalizando que a ira dos moradores não está se dissipando.

"Nossas tropas são treinadas para proteger a vida, preservar propriedades e garantir o direito das pessoas de se manifestarem pacificamente", disse o general Jon Jensen, da Guarda Nacional de Minnesota.

Uma equipe da CNN que transmitia os protestos foi detida pela polícia durante uma transmissão ao vivo, mas depois foi liberada. A emissora de televisão disse que o governador Walz havia se desculpado pelo que aconteceu depois de emitir uma declaração condenando o comportamento dos policiais.

- "Optem pela paz" -

Os protestos pela morte de Floyd eclodiram em várias cidades do país, incluindo Nova York, onde dezenas de manifestantes foram presos; mas também em Phoenix, Memphis e Denver.

Em Louisville, Kentucky, sete pessoas relataram ferimentos por tiro em um protesto na quinta-feira sobre a morte de Breonna Taylor, uma mulher negra que foi baleada quando a polícia entrou em sua casa em março.

Um dos feridos estava em estado crítico, de acordo com a polícia de Louisville. Ainda não está claro quem fez o disparo.

A polícia pediu aos manifestantes que "optassem pela paz", transmitindo uma mensagem de vídeo de um membro da família de Taylor pedindo aos que estavam nas ruas "que voltem para casa e estejam seguros e prontos para continuar lutando".

Mais protestos são esperados no país na sexta-feira, inclusive na capital federal Washington e em Houston, onde a família de Floyd mora.

Um policial de Nova York foi demitido do cargo nesta segunda-feira por aplicar um golpe proibido enquanto tentava conter um homem negro que veio a falecer em seguida por asfixia, em um caso que aconteceu há cinco anos e que desencadeou protestos em todo os Estados Unidos.

O comissário da Polícia de Nova York, James O'Neill, disse à imprensa que o agente Daniel Pantaleo foi demitido da instituição pela morte de Eric Garner durante uma prisão em 2014.

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O caso originou os protestos conhecidos como "Black Lives Matter" (As vidas negras importam), que exigiam que os policiais fossem responsabilizados pelas mortes de cidadãos negros desarmados em custódia ou no momento de uma prisão.

A demissão de Pantaleo ocorre após a juíza administrativa da polícia Rosemarie Maldonado ter recomendado há algumas semanas a demissão do oficial.

Pantaleo foi suspenso de suas funções enquanto aguardava a decisão de O'Neill, que tinha a última palavra sobre o futuro profissional do agente.

"Está claro que Daniel Pantaleo já não pode servir como oficial da polícia de Nova York", disse O'Neill.

Garantiu que foi uma decisão muito difícil de tomar - e certamente alguns oficiais estão "zangados" com ele - mas ele tem certeza de que é o certo.

"Isso foi uma tragédia para a família Garner. Eu compreendo perfeitamente isso. O Sr. Garner era filho de alguém, pai de alguém. Todos no Departamento de Polícia de Nova York entendem isso", disse ele.

- "Vislumbre de justiça" -

Quatro oficiais tentaram prender Garner, de 43 anos, por suspeitas de vender ilegalmente cigarros numa rua em Staten Island no dia 17 de julho de 2014.

Em um vídeo gravado por uma testemunha, que foi publicado na internet e se tornou viral, é possível ver como Pantaleo força seu braço em volta do pescoço de Garner e o joga na calçada antes de liberá-lo.

Enquanto isso, um segundo agente pressionava a cabeça do suspeito contra o chão.

Garner, que resistiu à prisão mas não estava armado, falou 11 vezes que não conseguia respirar - uma frase que se tornou slogan dos protestos.

Aos 43 anos e pai de seis filhos, Garner perdeu a consciência em seguida e foi levado a um hospital onde foi declarado morto.

Segundo o legista, a manobra do policial contribuiu para a morte de Garner por asfixia, mas sua obesidade, pressão alta e asma também foram fatores importantes.

Em 16 de julho, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos determinou que Pantaleo não enfrentaria acusações criminais, decisão que a família de Garner recebeu como "insulto".

Essa decisão foi tomada depois que a família da vítima pediu ao Departamento de Justiça para considerar se acusações criminais ou civis poderiam ser aplicadas a um ou mais dos agentes envolvidos.

Em dezembro de 2014, quatro meses após a morte de Garner, um grande júri decidiu que o caso não tinha elementos suficientes para culpar Pantaleo. O policial foi transferido para trabalhos administrativos, mas ainda pertence à Polícia de Nova York.

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, disse que a decisão de O'Neill de demitir Pantaleo traria um pouco de alívio à família de Garner.

"Por cinco anos, a família Garner e as comunidades em todo o país esperam justiça pela morte de Eric Garner", disse James em um comunicado. "Embora nunca possamos mudar os eventos ou trazer o Sr. Garner de volta, hoje, finalmente, houve um toque de justiça", acrescentou.

Um dos destaques do folhetim infantil Carrossel, do SBT, o ator Thomaz Costa está sendo acusado de racismo por internautas. Um vídeo, publicado pelo ex de Larissa Manoela, viralizou nas redes sociais.

Nas imagens, Thomaz aparece com amigos em um restaurante, em Orlando, nos EUA, ironizando um homem negro. "Fala baixo, aí! Vocês acham que 'tão' onde?", fala o ator, que foi seguida por comentário de um dos amigos: "Ô, favelado". A colocação foi seguido de risos do artista, que continuou a chamar atenção do rapaz. "Você mesmo aí de rosa. Tá pensando que você está na sua casa? Finge que não tá ouvindo, né? Ou finge que não entende a minha língua né?", falou o ex-Carrossel. Veja o vídeo: 

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A postura de Thomaz foi criticada nas redes sociais e muitos internautas o acusaram de recismo. "Bobão sai do Brasil pra ficar passando vergonha. Como já dizia o poeta: “fogo nos racista!!”, escreveu um internauta.

"Segundo Thomaz Costa (Ex Carrossel e ex Larissa Manoela), e seu grupo de amigos, vc não pode ser negro que vc é favelado, é triste ver um cara cheio de seguidor exalando esse tipo de coisa", criticou outro.  Mesmo diante da repercussão negativa, o artista não se pronunciou sobre o caso.

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Um tribunal sul-africano condenou nesta sexta-feira (27) a 19 e 16 anos de prisão dois fazendeiros brancos que filmaram sua tentativa de prender um homem negro em um caixão.

"A conduta dos acusados foi desumana e repugnante", declarou a juíza Segopotje Mphahlele, do tribunal de Middelburg, a 165 km de Johannesburgo.

Os dois fazendeiros, Willem Oosthuizen e Theo Martins Jackson, foram acusados de tentativa de assassinato, sequestro, agressão e intimidação.

O caso explodiu depois que que um vídeo de 20 segundos foi divulgado na internet. As imagens mostram um homem negro, Victor Mlotshwa, vivo dentro de um caixão.

No vídeo é possível observar o momento em que um dos fazendeiros tenta fechar o caixão, enquanto a vítima grita e tenta impedir a todo custo.

A polícia de uma cidade da Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, matou um homem negro que agia de forma errática, provocando rapidamente protestos contra uma suposta ação injustificada dos agentes. O incidente registrado em El Cajon, 24 km a leste de San Diego, é o último de uma série de mortes de afro-americanos por policiais que vêm gerando indignação por todo o país.

Os agentes policiais se depararam com o homem não identificado, de cerca de 30 anos, atrás de um restaurante depois de receber relatos de alguém que "agia fora de si" e caminhava em meio aos carros, disse a polícia de El Cajón em um comunicado. O homem, que balançava para frente e para trás, não acatou a ordem de tirar a mão do bolso, acrescentou.

De acordo com a versão da polícia, em determinado momento os agentes tentaram falar com o homem, e "rapidamente ele retirou um objeto do bolso dianteiro de sua calça, juntou suas mãos e as esticou rapidamente em direção ao oficial, no que pareceu ser uma posição para atirar".

O chefe da polícia, Jeff Davis, não descreveu o objeto, mas disse em uma coletiva de imprensa que não foi recuperada uma arma de fogo. O agente para quem o homem apontava atirou "várias vezes", enquanto um segundo policial disparou simultaneamente seu Taser, indicou a polícia, que divulgou uma imagem recuperada de um vídeo que mostrava um homem aparentemente apontando uma arma ao policial.

Rapidamente, cerca de uma centena de manifestantes se reuniram na cena, acusando a polícia de disparar sem advertência. "Três deles saíram, com as armas na mão, e atiraram cinco vezes", disse Rumbideai Mubaiwa, uma manifestante, à emissora local KUSI.

"Ninguém advertiu, ou disse para que ficasse quieto, que parasse, nada. Outro negro desarmado morto", acrescentou. 

A morte de homens negros por policiais provocou protestos em todos os Estados Unidos, os últimos deles em Charlotte, Carolina do Norte (sudeste do país), na semana passada. Ali, a morte de Keith Lamont Scott, de 43 anos, provocou vários dias de manifestações, obrigando o governador do estado a declarar estado de emergência e mobilizar a Guarda Nacional.

A população está convencida de que Scott, morto por um policial na semana passada, foi vítima de um erro flagrante. Segundo a polícia, Scott foi morto pelo agente Brentley Vinson porque se negava a abaixar uma arma de fogo. A família da vítima afirma que o homem carregava apenas um livro.

Um policial branco matou com dois disparos um homem negro desarmado, possivelmente com problemas mentais e que teria investido contra o agente, no estado americano da Geórgia (sudeste) - informaram autoridades locais, acrescentando que o episódio será investigado por uma agência independente.

De acordo com o chefe de polícia do condado de DeKalb, Cedric Alexander, um policial foi a um conjunto residencial na segunda à tarde, atendendo a uma chamada por telefone sobre um homem nu que estava batendo nas portas do prédio e se arrastava pelo chão.

No estacionamento, o agente encontrou o homem sem roupa, que se dirigiu contra ele, sem atender às ordens de "mãos ao alto". O policial sacou, então, sua pistola e atirou duas vezes. O indivíduo morreu no local, acrescentou Alexander, em entrevista coletiva.

Identificado por jornais americanos como Anthony Hill, de 27 anos, o homem morto estava desarmado. Por esse motivo, a polícia do condado de DeKalb pediu uma investigação independente ao Escritório de Investigação da Geórgia (GBI, na sigla em inglês).

"O que eu pedi aqui é resultado do que está acontecendo, atualmente, nesse país, no que diz respeito a tiroteios envolvendo policiais", explicou Alexander. "Queremos apenas ser o mais transparente e justo possível", frisou.

"O comportamento do homem morto pelo agente leva a assumir, de maneira razoável, que ele tinha problemas mentais", completou. Há sete anos na corporação, o policial envolvido neste episódio ficará afastado até o fim da investigação.

Esse incidente se soma a uma série de ataques de policiais contra jovens negros, que elevou a tensão racial nos Estados Unidos e deflagrou um debate nacional sobre o uso desproporcional da força em comunidades de minorias étnicas.

Na última semana, o Departamento americano de Justiça anunciou que não processará o policial branco Darren Wilson por atirar no adolescente negro Michael Brown, de 18, em Ferguson, no Missouri, em agosto passado. A morte de Michael provocou uma onda de protestos em várias cidades do país.

Na semana passada, outro jovem afro-americano foi morto pelo disparo de um policial, em Madison, no estado de Wisconsin (norte). O agente alegou ter reagido em legítima defesa, após ser atacado. O caso também gerou protestos nos últimos dias.

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