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Os hospitais de Beirute estão praticamente saturados com a chegada de pacientes de Covid-19, o que somado às consequências da explosão de 4 de agosto na capital leva o Líbano "à beira do abismo", afirmou o ex-ministro de Saúde Hamad Hassan, que renunciou ao cargo recentemente.

O número de casos positivos aumentou de maneira significativa nas últimas semanas e no domingo (16) o país registrou o recorde, com 439 contágios, o que eleva a 8.881 o total de diagnosticados com a Covid-19. O balanço registra ainda 103 mortes.

"Os hospitais públicos e privados da capital dispõem de uma capacidade de atendimento muito limitada, em número de leitos de UTI ou de respiradores", advertiu o ex-ministro Hassan.

"Estamos à beira do abismo, não podemos permitir o luxo de perder mais tempo", completou, antes de defender um novo confinamento de duas semanas.

"Na capital, as UTIs e os serviços responsáveis pela luta contra a epidemia nos hospitais públicos estão lotados", afirmou.

De acordo com o ex-ministro, quatro hospitais de Beirute que atendiam pacientes do novo coronavírus ficaram "fora de serviço" depois da gigantesca explosão no porto.

O governo libanês determinou um novo confinamento durante o verão, mas a medida foi revogada após a explosão.

O Líbano conseguiu conter com certa eficiência a propagação do coronavírus depois de adotar um confinamento estrito em março, mas os contágios voltaram a aumentar no início do verão, após a suspensão progressiva das restrições.

Mais da metade dos 55 hospitais avaliados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em Beirute, entre eles três dos mais importantes, não funcionam, alertou o diretor regional de emergências da instituição nesta quarta-feira (12), Richard Brennan, uma semana depois da violenta explosão que destruiu parte da capital libanesa.

Após avaliar o estado de 55 clínicas e centros de saúde na capital libanesa, "sabemos que pouco mais de 50% não funcionam", disse Brennan em uma coletiva de imprensa virtual no Cairo, onde destacou que três dos principais hospitais estão fora de serviço e outros três não funcionam em sua capacidade total. "Isso significa que perdemos 500 leitos", diz Brennan.

Brennan pediu às autoridades e a seus parceiros que "restabeleçam a capacidade desses centros o quanto antes possível" para responder às necessidades do país, afetado também pela pandemia de coronavírus.

A explosão de 4 de agosto deixou 171 mortos e mais de 650 mil feridos em um país já afetado por uma crise econômica sem precedentes e com os hospitais já saturados. Além dos hospitais que não funcionam, muitos foram seriamente atingidos pela explosão e perderam profissionais.

Segundo Iman Shankiti, representante da OMS para o Líbano, as unidades de terapia intensiva (UTI) e os leitos que se salvaram estão ocupados com pacientes feridos gravemente. A explosão, combinada com a pandemia, terá um "impacto na capacidade de hospitalização do Líbano", especialmente nos serviços de reanimação, disse a representante.

Nesta terça-feira, o Líbano registrou um recorde de casos diários por coronavírus com 309 casos e sete mortes. No total, o país registrou 7.121 casos e 87 mortos desde fevereiro, segundo o último balanço oficial.

Ao ver feridos ensanguentados caídos nas ruas e enchendo os hospitais de Beirute, o cirurgião Antoine Qurban, machucado na cabeça, teve a impressão de reviver as cenas apocalípticas de seus anos no Afeganistão.

O sexagenário tomava café com um amigo nesta terça-feira (4), quando foi lançado a 20 metros de distância pela onda expansiva das explosões que destruíram o porto de Beirute e arredores. Ao receberem mais de 100 mortos e 4 mil feridos, os hospitais da cidade ficaram rapidamente saturados.

Com a cabeça sangrando, Qurban buscou atendimento em vários locais, até que um desconhecido o transportou de moto até o hospital Geitawi, onde cenas "apocalípticas" o aguardavam. "Vi feridos ensanguentados na beira de estradas e caídos no chão no pátio do hospital. Um médico suturou minha ferida quando eu estava sentado na rua, e depois de horas de espera", contou.

"Lembrei do que me acostumei a ver anos atrás, durante minhas missões humanitárias no Afeganistão", descreveu o médico. Na manhã de hoje, quando ele realizou exames no Hôtel-Dieu de Beirute, presenciou uma situação caótica. Nos corredores, viam-se mães preocupadas com crianças feridas. Aparentando estar perdido, um idoso procurava a mulher, que havia sido transferida para outro centro médico.

Os celulares não param de tocar. A cada conversa, vozes anônimas em meio à multidão repetem a mesma história. "Sobreviveu por milagre", diz uma mulher. Angustiado com as chamadas incessantes, um ferido passa o telefone para a irmã: "Não consigo falar."

- Anunciar as mortes -

Apenas o Hôtel-Dieu recebeu durante a noite 300 feridos e 13 mortos, segundo seu diretor médico, George Dabar. "Durante a guerra civil, fazia minha residência aqui. Nunca vi cenas como a de ontem", contou à AFP o médico, instalado em frente ao seu computador. "É difícil dizer a um pai que tenta salvar a filha que ela já morreu."

Para os hospitais libaneses, já afetados pela crise econômica e a pandemia do novo coronavírus, o drama de ontem representa uma catástrofe. Em outros dois centros médicos, cinco enfermeiras morreram enquanto trabalhavam, com a queda do teto e o impacto de estilhaços.

"As equipes médicas estão esgotadas com tudo o que acontece no país e o coronavírus. Mas frente à crise de ontem, a solidariedade é excepcional", assinalou Dabar.

- 'Hospital ferido' -

Localizado próximo ao porto, o Hospital das irmãs do Rosário está fora de serviço, após ser devastado pelas explosões, assim como o hospital Saint-George, onde a noite foi infernal. O prédio, de vários andares, é apenas uma estrutura de cimento vazia, com tetos destruídos, que deixam à mostra a fiação elétrica.

Por todo lado, há vidros quebrados e escombros. As portas dos elevadores estão retorcidas. Quatro enfermeiras morreram no local. Até o amanhecer, funcionários trabalharam para transferir os pacientes, entre eles 20 com Covid-19. Hoje, os últimos instrumentos e equipamentos médicos eram removidos dos escombros.

"Não há nada mais difícil do que esvaziar um hospital cheio de pacientes quando, ao mesmo tempo, chegam feridos", disse à AFP o diretor Eid Azar. "Somos um hospital ferido."

Enfermeiras descreveram sua noite terrível, durante a qual o jardim e o pátio se tornaram um hospital de campanha para receber pacientes perdidos, obrigados a abandonar os leitos que ocupavam. Porque os elevadores não funcionavam, eles foram obrigados a descer vários andares de escada. "Temos que suturar os ferimentos dos pacientes e atendê-los com a lanterna dos nossos celulares", contou a enfermeira Lara Daher.

O governador Paulo Câmara e o secretário de Saúde, André Longo, foram ao sertão de Pernambuco, neste sábado (25), para inaugurar três novos equipamentos em Petrolina e Serra Talhada. Foram entregues dois hospitais de campanha e a primeira etapa do prometido Hospital Eduardo Campos (HEC). Com isso, serão disponibilizados 258 novos leitos, sendo 30 de UTI e os demais de enfermaria, todos para a rede estadual de saúde.

De acordo com o governo, as vagas serão abertas gradativamente, seguindo os fluxos administrativos e de assistência necessários ao pleno funcionamento dos equipamentos. Em Petrolina, Câmara conheceu a estrutura do hospital de campanha, montado com um investimento de mais de R$ 1,5 milhão, no terreno do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf). Nele, as atividades começam com o funcionamento de 20 leitos de enfermaria, chegando à capacidade máxima de 100 vagas, cinco delas sendo de estabilização com respiradores.

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“São 100 leitos que estão sendo disponibilizados e que vão se juntar à infraestrutura já existente. O intuito é justamente fortalecer a IV Macrorregião, que abrange o Sertão do São Francisco e do Araripe. As estruturas já estão prontas e os equipamentos, disponibilizados. Nós temos ainda 40 novos respiradores que vamos distribuir da melhor forma na região”, declarou o governador.

Um total de 175 profissionais atuarão no equipamento, que atenderá pacientes de Petrolina e das outras 53 cidades que integram a Rede Interestadual de Saúde Pernambuco-Bahia (Rede Peba), sendo 25 de Pernambuco e 28 da Bahia. “Petrolina é uma das nossas referências como polo de saúde no Sertão pernambucano, e também de parte de cidades da Bahia. O hospital de campanha vem se somar às estruturas que já estão funcionando na localidade, como a UPAE e os leitos contratualizados no Neurocárdio, neste momento em que os números ainda apontam uma tendência de aumento na demanda por atendimento. Estamos permanentemente dialogando com a população sobre as medidas de segurança e higiene, além da importância do isolamento social, por acreditarmos que a prevenção ainda é a melhor solução para enfrentarmos esse delicado momento e doenças graves como a provocada pelo novo coronavírus”, comentou André Longo.

Serra Talhada

Em Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, foi inaugurada a primeira etapa do Hospital Geral do Sertão Governador Eduardo Campos (HEC), em que  outro hospital de campanha focado no tratamento da Covid-19 foi montado. O governador e o secretário de Saúde entregaram os primeiros 10 leitos de UTI da unidade. O equipamento oferecerá 58 vagas, sendo 30 de UTI, voltadas para o tratamento de casos relacionados ao novo coronavírus, tendo demandado um investimento de R$ 1,3 milhão dos cofres estaduais. 

De acordo com o governo, o Hospital Eduardo Campos possui a estrutura mais moderna do Sertão de Pernambuco, construída com investimentos da ordem de R$ 32 milhões. Após a inauguração das próximas etapas, a expectativa é que os custos da edificação passem de R$ 47 milhões.

Até o final do ano, Câmara promete abertura da segunda fase de construção, com mais 14 leitos de internação, emergência geral com 39 leitos, ambulatório, além de outras estruturas administrativas e operacionais. A terceira etapa das obras é prevista para 2021, quando o hospital deverá contar com 200 leitos.

A Justiça do Rio proibiu o governo estadual de transferir pacientes internados nos hospitais de campanha do Maracanã e de São Gonçalo, e determinou ainda que as unidades continuem recebendo pacientes para tratamento da covid-19. Os dois hospitais, que somavam 34 pacientes internados, dos quais 23 em leitos de UTI, começaram a ser desativados nesta sexta, 17.

A proibição do fechamento foi determinada no início da noite pela juíza Aline Maria Gomes Massoni da Costa, da 14ª Vara da Fazenda Pública. Ela acatou ação civil pública proposta em conjunto pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) e pela Defensoria Pública do Estado (DPRJ).

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A suspensão das atividades das duas unidades de saúde foi anunciada de surpresa pelo governo do Estado. O argumento utilizado foi o fim do contrato com a organização social Iabas, que gere os dois hospitais. A Iabas é alvo de investigação por supostas irregularidades em contratos com o Estado. Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) afirmou que a transferência dos pacientes era "preventiva" e negou que as unidades seriam fechadas permanentemente - sem informar, contudo, quando voltariam a operar.

Na decisão, a juíza Aline Maria da Costa considerou que "a transferência de pacientes e o possível fechamento da unidade ocorreu não em virtude da desnecessidade dos leitos", mas sim em função do término do contrato com a Iabas. E lembrou que a segunda instância da Justiça do Rio já determinou que o Estado colocasse em operação todos os leitos previstos em seu plano de contingência. "Não incumbe ao Ente Federado dificultar o seu funcionamento ou mesmo fechá-lo em razão de sua desorganização."

O Estadão pediu posicionamento à SES, mas ainda não obteve retorno.

A Prefeitura de São Paulo vai desativar parte dos leitos do hospital de campanha do Anhembi, na zona norte, a partir do dia 1º de agosto. O anúncio foi feito pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), em entrevista coletiva nesta quinta-feira (16). De acordo com Covas, o hospital atualmente tem 807 leitos de enfermaria, 64 de estabilização e outros 929 de contingência, com capacidade para 1.800 atendimentos. "Vamos reduzir a área de 871 leitos e vamos passar a usar 310 leitos. Serão menos 561 leitos, o que vai gerar economia mensal de R$ 19 milhões de reais", disse Covas.

A Prefeitura afirma que, na mesma data, serão abertos leitos em outros dois hospitais. No hospital da Brasilândia, também na zona norte, serão abertos mais 132 leitos de enfermaria permanentes e dois terços dos funcionários do Anhembi serão reaproveitados nessa unidade. No hospital Sorocabana, na zona oeste; também em 1º de agosto, serão abertos 60 novos leitos de enfermaria.

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Ainda segundo a Prefeitura, desde junho a taxa de ocupação de leitos de UTI e também de enfermaria na cidade está abaixo de 60%.

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que criminaliza o registro fotográfico ou cinematográfico não autorizado em estabelecimento de saúde. A pena prevista é de detenção de um a oito meses ou multa, que será aplicada em dobro se o crime ocorrer durante período de emergência pública em saúde, pandemias e epidemias.

O texto acrescenta o crime ao Código Penal. Além disso, altera a Lei Orgânica da Saúde, para prever que a filmagem ou fotografia de pessoas em atendimento só será permitida se autorizada pela direção do serviço e pelo paciente.

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Autor da proposta, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) afirma que grupos políticos e algumas autoridades têm incentivado invasões em estabelecimentos de saúde e leitos de atendimento. Ele cita notícias da imprensa mostrando deputados estaduais do Espírito Santo invadindo hospital após pedido do presidente da República, Jair Bolsonaro, para que a população entrasse nos estabelecimentos para verificar se os leitos estão, de fato, ocupados.

Padilha explica que o objetivo do projeto é “reforçar a proteção daqueles que desempenham funções nos estabelecimentos de saúde, preservando a intimidade e o bom funcionamento de serviço tão relevante para a sociedade”.​

*Da Agência Câmara de Notícias

Postulante à Secretaria de Cultura, o apresentador Mario Frias também estimulou que hospitais sejam invadidos para que a própria população fiscalize os locais de combate ao novo coronavírus. Anteriormente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já havia questionado os números da pandemia no Brasil e sugeriu as invasões.

"Foi só o Pres. Bolsonaro pedir ao povo para filmar que os hospitais se esvaziaram. Filma mais meu povo", instigou o apresentador ao compartilhar uma matéria referente à queda na ocupação de hospitais do Rio de Janeiro, aponta a colunista da Folha de São Paulo, Mônica Bergamo.

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Frias endossou o discurso de Bolsonaro, que pôs em dúvida a taxa de ocupação da rede de saúde e compreende que o sistema não foi sobrecarregado e, com isso, não houve mortes por falta de leitos. O presidente ainda aponta que as vítimas da Covid-19 foram aumentadas para "ganho político" contra ele mesmo.

No último domingo (14), o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu que as tentativas de invasão fossem investigadas. Contudo, Aras não explicitou se a declaração de Bolsonaro também será investigada.

A Polícia Civil de São Paulo e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo realizam na manhã desta segunda-feira uma operação para investigar supostas fraudes em contrato de R$ 3,3 milhões para administração do hospital de campanha de Mauá, cidade da Grande São Paulo. Entre os alvos da operação estão o prefeito Átila Jacomussi e o secretário de Saúde Luis Casarin.

Agentes cumprem mandados de busca na residência de Átila e também na prefeitura de Mauá. Na casa do prefeito foram apreendidos um celular, um tablet e um computador.

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Átila Jacomussi já chegou a ser afastado da prefeitura após ser cassado pela Câmara Municipal, mas retornou ao cargo após liminar dada em setembro de 2019. Em maio do mesmo ano, o prefeito foi detido no âmbito da Operação Prato Feito, da Polícia Federal, que apura desvio de verbas públicas em contratos firmados com o município para fornecimento de merenda escolar.

Na operação realizada nesta manhã, policiais e promotores também estiveram na casa e no gabinete do secretario Luis Carlos Casarin, no setor de licitações do município de Mauá e em endereços ligados à organização social Atlantic e à empresa Ocean Serviços Médicos.

Realizadas em São Paulo, Barueri, Jundiaí e Mauá, as ordens de busca foram expedidas pelo desembargador Marcelo Gordo, da 13ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Segundo o Ministério Público de São Paulo, os investigadores encontraram indícios de ilegalidades na contratação emergencial pelo município de Mauá da organização social Atlantic para a gestão e operacionalização do hospital de campanha construído na cidade por conta da pandemia do novo coronavírus. O valor da contratação é de R$ 3,3 milhões, para o prazo de 90 dias.

A Promotoria indicou que a organização social tinha em seu quadro diretor e administrativo pessoas interpostas desvinculadas da área da saúde.

Defesas

A prefeitura de Mauá publicou nota sobre a operação. "Recebemos com indignação a notícia da ação do Ministério Público na Prefeitura de Mauá. O processo, que deu origem a mesma, foi remetido ao MP em sua integralidade, todas as informações foram esclarecidas e há conversas diárias por videoconferência com os promotores. Entendemos como excessiva e desnecessária a iniciativa do Ministério Público. Estamos tranquilos em relação ao desenrolar dos fatos e certos de que demonstraremos, nos autos, a lisura de todo o processo. Salientamos que Mauá está na vanguarda do combate ao Coronavírus, notoriamente com ações eficientes e reconhecidas pela população e pela imprensa"

O espaço está aberto para a manifestação de outros citados nesta matéria.

O pedido do presidente Jair Bolsonaro a seguidores para entrarem em hospitais públicos e filmarem os leitos de UTI provocou reação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O comentário foi feito por Bolsonaro em uma transmissão no Facebook na última quinta-feira, 11. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), por sua vez, defendeu a sugestão feita pelo pai.

Neste domingo, 14, Gilmar Mendes foi às redes sociais para criticar o pedido do chefe do Executivo. "Invadir hospitais é crime - estimular também. O Ministério Público (a PGR e os MPs Estaduais) devem atuar imediatamente. É vergonhoso - para não dizer ridículo - que agentes públicos se prestem a alimentar teorias da conspiração, colocando em risco a saúde pública", escreveu o ministro no Twitter.

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Em seguida, o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, defendeu o recado do pai na mesma rede social. "Só um bandido ou um doente mental para minimamente crer que o Presidente incentivou invasão a hospitais ao invés de entender que o citado foi para que cidadãos cumpram seu direito de fiscalizar os gastos públicos", afirmou o vereador.

Bolsonaro afirmou que seria necessário pessoas "na ponta da linha" para mostrar se os leitos estão ocupados ou não e se os gastos são compatíveis. Ele prometeu, inclusive, repassar os dados para a Polícia Federal e para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

O comentário também provocou reação negativa de governadores e do Conselho Nacional de Saúde. Na semana anterior, um grupo de cinco deputados estaduais de São Paulo invadiu o Hospital de Campanha do Anhembi, na zona norte da capital paulista, sob o argumento de fazer uma vistoria no local.

Entidades de saúde e governadores do Nordeste criticaram o presidente Jair Bolsonaro por incentivar a população a entrar em hospitais e filmar leitos de UTI. Eles chamaram o presidente de "negacionista" por minimizar a pandemia do coronavírus e desconsiderar evidências científicas.

O Conselho Nacional de Saúde (CNS) disse que o ataque "sistemático" do governo às instituições e servidores públicos e a "priorização escancarada dos interesses do mercado" é ainda mais cruel no contexto de pandemia. Segundo a nota, o governo continua assumindo sua atitude genocida e se coloca como adversário da ciência. "Isso demonstra total desprezo pela vida da população."

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E o Consórcio do Nordeste, composto pelos nove governadores da região, endereçaram uma carta a Bolsonaro, dizendo que "não é invadindo hospital e perseguindo gestores que o Brasil vencerá a pandemia".

Eles aproveitaram para reclamar das recentes operações da Polícia Federal, que já atingiram o governador do Rio, Wilson Witzel e do Pará, Helder Barbalho.

"Intensificaram- se as ações espetaculares, inclusive nas casas de governadores, sem haver sequer a prévia oitiva dos investigados e a requisição de documentos. É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados, e governadores de tudo saberiam, inclusive quanto a produtos que estão em outros países, gerando uma inexistente responsabilidade penal objetiva."

O governador do Maranhão, Flávio Dino, ainda postou em sua conta no Twitter que "Bolsonaro não pode mandar extraoficialmente nada para Polícia Federal. Se mandar, tem que ser por ofício assinado. E a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) não pode investigar".

Eles relembraram que a lei n.º 13.979 deste ano dispensa a licitação em processos de urgência e que não havia tempo a perder. "Estamos inteiramente à disposição para fornecer todos os processos administrativos para análise de qualquer órgão."

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A Diretoria da Festa de Nazaré listou 22 hospitais da Região Metropolitana de Belém com atuação destacada no combate à pandemia do novo coronavírus para receber imagens de Nossa Senhora de Nazaré. As imagens são integralmente brancas, em tinta de porcelana, para simbolizar a cura, a paz e a indumentária dos profissionais de saúde.

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Segundo a Diretoria da Festa, trata-se de um gesto simbólico de gratidão pelo esforço que tem sido feito em prol do povo do Pará. Ainda sem definição sobre a realização do Círio 2020, a arquidiocese procura formas de levar a santinha para mais perto dos paraenses.

Hospitais beneficiados

1 - Porto Dias

2 - HG Unimed

3 - Hospital Amazônia

4 - Beneficente Portuguesa

5 - Guadalupe

6 - HSM

7 - Hospital do Coração

8 - Hospital de Campanha do Hangar

9 - Ophir Loyola

10 - Policlínica

11 - Santa Casa

12 - Hospital das Clínicas

13 - Metropolitano

14 - PSM 14

15 - PSM Guamá

16 - Sta. Clara

17 - Saúde da Criança

18 - Santa Maria, de Ananindeua

19 - Barros Barreto

20 - Abelardo Santos

21 - Hospital Dom Zico

22 - Hospital da Polícia Militar  

Da assessoria da Diretoria da Festa de Nazaré.

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ministro interino da Saúde Eduardo Pazuello passou a quarta-feira (27) em Belém para conhecer as ações de combate à covid-19 no Pará. O Estado registrou neste dia, segundo a Secretaria de Saúde Pública (Sespa), 31.033 casos da doença causada pelo novo coronvírus, com 2.553 mortes. O detalhamento de casos e óbitos, com gênero, idade e cidade, está disponível aqui.

O governador do Estado, Helder Barbalho, e o secretário de Saúde Pública, Alberto Beltrame, receberam o ministro interino. Acompanhado da comitiva do Ministério da Saúde, Pazuello chegou a Belém em um voo da Força Aérea Brasileira, que pousou na Base Aérea de Belém, no final da manhã.

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O ministro interino visitou o Hospital de Campanha do Hangar, que funciona em regime de retaguarda exclusivo para pacientes com a covid-19, a Policlínica Metropolitana de Belém, unidade de atendimento ambulatorial, e o hospital de referência Ablelardo Santos, em Icoaraci. Em sgeuida, participou de reunião com o governador. As informações são da Agência Pará.  

O Ministério da Saúde divulgou nesta segunda-feira, 25, as regras de financiamento para a construção de novos hospitais de campanha para o tratamento de pacientes com o novo coronavírus. A pasta decidiu deixar de fazer a gestão compartilhada desses hospitais e passará a descentralizar os recursos para Estados e municípios, mas a orientação é de que os hospitais de campanha sejam utilizados em último caso, inclusive após o uso de leitos privados.

"Antes de partirmos para uma rede provisória, precisamos ver o que está disponível na rede privada.Temos que buscar estruturas provisórias só quando não tivermos mais estruturas alternativas", disse o secretário-executivo substituto, Élcio Franco, acrescentando que haverá o credenciamento de leitos privados para indenização posterior.

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O Sistema Único de Saúde repassa R$ 1.600 para os leitos de UTI para tratamento da covid-19. Hospitais privados têm queda de ocupação de leitos, porque procedimentos eletivos foram cancelados e há medo das pessoas de pegar a covid-19.

Para Franco, o ideal é que o hospital de campanha seja construído perto de um hospital de alta complexidade. Se não for possível, o hospital deve contar com o apoio de ambulância com suporte ventilatório para realizar a transferência dos pacientes que apresentarem agravamento do caso.

Segundo a diretora do Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e Urgência, Adriana Teixeira, a proporção recomendada é de que, a cada 40 leitos clínicos (para a internação de pacientes com sintomas respiratórios de baixa complexidade), sejam construídos 10 de suporte ventilatório invasivo e não invasivo (para tratamento dos casos de piora do quadro respiratório).

O ministério pagará R$ 43 mil por leito de ventilação não invasiva. Os leitos de suporte ventilatório pulmonar terão habilitação temporária por 90 dias.

As autoridades do Ministério da Saúde ainda reforçaram a importância de que os hospitais atualizem periodicamente a taxa de ocupação dos seus leitos de UTI para que a pasta consiga auxiliar os Estados e municípios. "Precisamos muito que os cadastros de s-SUS Notifica sejam alimentados. Temos 601 estabelecimentos que atualizaram seus dados hoje, e essa taxa varia a cada dia", disse Adriana.

Cloroquina

Na entrevista coletiva realizada nesta segunda-feira, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, disse que o governo não vai, por ora, recuar da decisão do uso da cloroquina no SUS, mesmo após a Organização Mundial da Saúde (OMS) suspender temporariamente o uso de hidroxicloroquina em ensaio clínico internacional. "Estamos tranquilos em relação a nossa orientação. Seguimos os conselho do Conselho Federal de Medicina (CFM) para que os médicos prescrevam para quem queria, a despeito de qualquer entidade internacional cancelar sua recomendação."

Ela também refutou o ensaio clínico Solidariedade (Solidarity). "Não se trata de um ensaio clínico, é um banco de dados. Nos estudos, não estava clara a forma de seleção dos pacientes nem dose padrão de cloroquina, o que nos faz refutar esse estudo", afirmou. "Estamos seguindo princípios bioéticos, no qual uma pessoa lúcida pode optar pelo uso da cloroquina. Estamos seguindo o princípio da justiça, o da equidade de oferecer o medicamento no SUS, além de orientar a dose na prescrição médica."

A Prefeitura do Recife ainda não divulgou a prestação de contas da construção de sete hospitais de campanha, erguidos para atender à demanda de pacientes acometidos pela Covid-19. O vereador Ivan Moraes (Psol) preparou uma nota técnica, em que expõe a situação das contratações e gastos, lacunas na transparência das informações, valores pagos e questionamentos a respeito da utilização dos recursos. 

De acordo com Moraes, falta transparência com os gastos públicos por parte da administração municipal. "Em alguns momentos, é preciso mais de dez passos, entrando em duas ou até três plataformas para se chegar numa informação. A maior parte da sociedade não dá conta de encontrar esses dados", afirma.

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Em sessão ordinária, realizada nesta segunda (25), o vereador abordou o tema. "Há também outras questões que precisam de pormenorização. Porque o contrato do Hospital da Imbiribeira é quase a metade do que havia sido previsto pela dispensa de licitação? Que itens de mobiliário e equipamentos estão inclusos no contrato das OS e quais são responsabilidade da prefeitura?", questiona.

Auditoria

Em 23 de abril, o Ministério Público de Contas do Estado de Pernambuco (MPCO), protocolou uma representação junto ao Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE/PE), com um pedido de instauração de auditoria especial na prefeitura. O objetivo de ação é apurar mais de 20 irregularidades nos contratos de aquisição de 500 respiradores para os hospitais de campanha, por cerca de R$ 11.550.000,00. No dia 19 de maio, Moraes já havia feito representações junto ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e ao Ministério Público de Contas (MPCO/TCE), denunciando a falta de transparência relativa aos gastos com a construção dos hospitais.

Na mesma data foi expedida- no âmbito do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da Capital e do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (Caop Patrimônio Público)- uma solicitação de informações à Prefeitura do Recife, a respeito da origem dos recursos que custearão as dispensas de licitação e procedimentos das dispensas onde não houver recursos federais.

Segundo os promotores de Justiça, uma parte dos procedimentos de dispensa de licitação publicados pela prefeitura no Portal da Transparência não mostram dados relevantes o objeto da licitação, justificativa da despesa, quantidade de produtos adquiridos, local da entrega dos bens ou prestação do serviço, prazo de entrega, razão da escolha ou justificativa do preço de aquisição dos itens.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo lamentou a morte de mais quatro pacientes por causa do coronavírus no Hospital de Campanha do Anhembi. Os óbitos foram de um homem de 44 anos, uma mulher de 81 anos e outra de 85 anos, no domingo, além de uma mulher de 59 anos nesta segunda-feira (11). De acordo com o comunicado, todos apresentavam comorbidades.

Com as novas mortes registradas, o Hospital de Campanha do Anhembi chega a 17 óbitos confirmados. Já o Hospital de Campanha do Pacaembu teve uma morte até esta segunda-feira.

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O Hospital de Campanha do Anhembi tem 521 pacientes internados, sendo que 24 estão em leito de estabilização. O Pacaembu tem 142 pacientes, com quatro em leito de estabilização.

O governo de Pernambuco comunicou nesta quinta (7) que registrou 943 novos casos de Covid-19 no Estado. Também foram confirmados laboratorialmente 42 óbitos, o que elevada o número de mortes para 845.

Entre os novos confirmados, 329 se enquadram como Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e 614 são casos leves. Agora, Pernambuco totaliza 10.824 casos já confirmados, sendo 6.302 graves e 4.522 leves.

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Eles têm medo de serem detidos e deportados, de receberem uma fatura exorbitante que não terão como pagar, ou de se tornarem um "peso público" para o Estado - algo que os impediria de legalizar seu status migratório no futuro.

Por estas razões, muitos imigrantes em condição ilegal nos Estados Unidos se negam a ir para o hospital até o último momento. O ex-marido de Victoria, uma babá do Brooklyn que perdeu o emprego há dois meses, contraiu Covid-19 e faleceu há uma semana. Estava com 69 anos.

Tinha problemas renais e diabetes. Vivia em Nova Jersey com outros 12 imigrantes, e todos se contaminaram, contou à AFP esta mexicana que pediu para não ter seu nome todo divulgado.

"Estava muito mal, mas ele não queria ir para o hospital. Depois de duas semanas, quando não podia mais nem caminhar, nem respirar, minha filha se arriscou, colocou ele no carro e o levou. Morreu três semanas depois", contou.

- "Peso público" -

Em Nova York, epicentro da pandemia nos Estados Unidos e onde morreram quase 20.000 pessoas, os latinos e os negros são as maiores vítimas do vírus, com taxas de mortalidade quase duas vezes maiores do que as da população branca.

Para os 11 milhões de imigrantes clandestinos no país, hispânicos em sua maioria, a situação é especialmente dura. Muitos são trabalhadores essenciais e estão mais expostos ao contágio. Apenas 16% podem trabalhar de casa, de acordo com o Departamento do Trabalho.

Eles também apresentam um alto percentual de doenças crônicas sem atendimento, como asma, diabetes e hipertensão. Às vezes vivem confinados em pequenos apartamentos, o que também explica sua maior mortalidade.

Não têm plano de saúde, muitos não falam inglês e têm um baixo nível educacional, o que dificulta a busca por informação.

Tampouco recebem seguro-desemprego, ou o bônus de 1.200 dólares aprovado pelo governo federal para amenizar a crise. Ainda assim, pagam seus impostos neste país onde vivem há décadas.

Alguns estados tentam ajudá-los.

A Califórnia vai oferecer a 150.000 imigrantes nesta condição um pagamento único de 500 dólares, e Nova York, graças a uma doação da Fundação Open Society de George Soros, pagará 400 dólares a outros 20.000. Isso não chega nem perto dos mais de 2,5 milhões de pessoas deste grupo em ambos os estados.

"Minha comunidade não tem o luxo de fugir para uma segunda casa no balneário dos Hamptons. Tem que ficar e trabalhar", disse à AFP o vereador pelo Queens Francisco Moya, que representa os bairros mais atingidos pela pandemia em Nova York: Jackson Heights, Corona e Elmhurst.

"Têm medo de ir para o hospital pelas políticas anti-imigração implementadas pelo governo Trump desde o primeiro dia", explicou.

Embora a polícia migratória (ICE) garanta que não está fazendo detenções em hospitais, salvo exceções, "definitivamente existe esse medo", disse à AFP Jae Young Kim, da associação Legal Services, que oferece assessoria legal gratuita a imigrantes no Bronx.

Kim explicou que os clientes estão preocupados, especificamente, com a nova política de "peso público" de Trump, que lhes nega vistos de trabalho, se tiverem acesso a recursos públicos como assistência médica de emergência pelo seguro Medicaid.

Para o coronavírus, no entanto, a norma prevê uma exceção, mas muitos imigrantes não sabem disso, ou simplesmente não confiam no governo.

- "Tenho pânico" -

No Vale de Coachella, na Califórnia, Rosa, de 26 anos, perdeu seu emprego na agricultura. Se contrair o vírus, garante que o último lugar para onde irá será o hospital.

"É difícil quando você não tem como pagar", desabafa. Ela também pediu para não ter seu nome divulgado. Quando seu pai levou uma facada há alguns anos e precisou de uma operação, recebeu uma conta de 40.000 dólares. Ela ainda paga as parcelas.

Já Carlos Buri, um equatoriano de 46 anos que vive em Corona, no Queens, foi levado para um hospital. Sua mulher, Blanca Vélez, contou à AFP que uma ambulância foi buscá-lo depois de vários dias de febre alta e diarreia. Carlos também não conseguia andar e mal respirava.

Ele deu positivo para o teste de coronavírus, recebeu a orientação de ficar em quarentena, assim como uma conta de 1.330 dólares pela ambulância. O casal não pode pagar, porque ambos estão desempregados.

"Agora, temos medo de voltar ao hospital. Vão dizer para a gente sacar um Medicaid de emergência e depois a gente vira um 'peso público'", afirmou Blanca, em uma fila em Corona para receber uma sacola gratuita de verduras.

No Brooklyn, a vendedora ambulante Guadalupe Galicia suspeita ter tido o vírus, mas também teve medo de ir ao hospital. "Tenho pânico de me contaminar. Não sei se tive o vírus, ou se foi uma simples gripe", disse esta mexicana de 40 anos que vive com quatro de seus filhos.

Há dois meses não sai às ruas para vender seus "tamales" e já avisou ao proprietário que não poderá pagar o aluguel.

Enquanto os números de casos e de mortes causadas pelo novo coronavírus não param de aumentar, hospitais particulares, laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem enfrentam um paradoxo: pacientes com outras doenças estão deixando de buscar atendimento por medo da Covid-19. A situação, segundo entidades que representam os estabelecimentos, ameaça o equilíbrio financeiro do setor de saúde suplementar.

Segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), o número de exames realizados caiu cerca de 80% desde que o novo coronavírus começou a se espalhar pelo país, entre o fim de fevereiro e o início de março. As cirurgias caíram pela metade. De acordo com o diretor executivo da entidade, Marco Aurélio Ferreira, a realização de procedimentos cirúrgicos corresponde a quase 50% do faturamento dos hospitais particulares.

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A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) informou que as clínicas de diagnóstico por imagem registraram queda na procura de 70%, em média. Nos laboratórios clínicos, o atendimento caiu, em média, 60% se comparado ao movimento do mesmo período de 2019.

“É uma queda expressiva e generalizada. Há laboratórios operando com apenas 20% de sua capacidade”, disse à Agência Brasil a diretora executiva da Abramed, Priscilla Franklin Martins. “A associação vem conversando com o Ministério da Economia, buscando alternativas como uma linha de crédito do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que possa aliviar os empresários que precisam encontrar meios para manter seu quadro de funcionários e arcar com os custos fixos. Até porque, na hora em que esta pandemia passar, a demanda represada virá e precisaremos de capacidade para atendê-la”, disse a executiva.

Além do apoio financeiro do banco público, a Anahp e a Abramed defendem que a população seja informada sobre a importância de não interromper tratamentos continuados, bem como da “segurança” de se submeter aos chamados procedimentos eletivos (considerados menos urgentes) e a exames clínicos. De acordo com Ferreira e com Priscilla, o objetivo é garantir não só a saúde financeira dos estabelecimentos particulares, mas também evitar que os pacientes interrompam ou adiem o início de tratamentos.

“Pedimos muito à ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] que flexibilizasse um pouco sua orientação inicial sobre as cirurgias eletivas porque os hospitais estavam se esvaziando. Na última semana, a agência divulgou nota estimulando as pessoas a cuidarem da saúde, recomendando que os pacientes não interrompam os tratamentos. Desde então, já pudemos sentir certo aquecimento no movimento”, comentou Ferreira, referindo-se a um comunicado que a autarquia divulgou.

Na nota, a ANS alerta sobre o risco da interrupção de tratamentos continuados e sobre a obrigatoriedade do pronto atendimento em casos urgentes. A agência também esclarece que, apesar da pandemia e das orientações de distanciamento social, jamais recomendou a suspensão ou proibiu a realização de internações e cirurgias eletivas.

“Acreditamos que chegamos a um bom ponto”, disse Ferreira. “Agora, estamos trabalhando nestas três frentes: a retomada dos procedimentos eletivos, a continuidade do diálogo com as operadoras de planos de saúde - às quais pedimos que mantenham seus pagamentos em dia - e a busca da abertura de linhas de crédito do BNDES”.

Medo

O diretor da Associação Médica Brasileira (AMB), José Bonamigo, disse que muitos pacientes adiaram não só os atendimentos mais simples, mas também os de maior complexidade – o que, segundo ele, deixou ociosos alguns serviços médicos não voltados ao atendimento de pessoas com síndromes respiratórias – inclusive em algumas unidades públicas.

“Há muitos hospitais e clínicas de medicina diagnóstica particulares querendo desesperadamente retomar suas atividades porque estão enfrentando dificuldades financeiras devido à redução expressiva do número de atendimentos. Temos notícias de que, em São Paulo, alguns hospitais reduziram a carga horária de alguns profissionais. E até mesmo de alguns casos de demissões – o que parece surpreendente considerando o momento”, afirmou Bonamigo.

Marco Aurélio Ferreira, da Anahp, diz não ter conhecimento de demissões em hospitais particulares. “Estamos vendo muitos hospitais privados contratando profissionais para o lugar daqueles que foram atingidos pelo novo coronavírus. Hoje, cerca de 3% dos nossos profissionais [que atendem a pessoas infectadas pelo novo coronavírus ou suspeitas de terem contraído a Covid-19] estão afastados por causa da doença ou da suspeita de estarem doentes. A respeito de demissões em outros setores [cujos médicos não atendem aos infectados], não tenho informação”.

O diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Gerson Salvador, confirma as demissões, embora afirme que a entidade não tem números. De acordo com Salvador, os maiores prejudicados foram os profissionais que atuam com procedimentos eletivos, entre eles anestesistas – informação mencionada também por Bonamigo, da AMB. “Um absurdo, pois ninguém tem tanta habilidade ao entubar um paciente quanto esses médicos, que podem vir a ser fundamentais na linha de frente do tratamento de pessoas com a Covid-19”, diz Salvador.

Interrupção

Vários dos entrevistados pela Agência Brasil mencionaram o receio de que, ao evitar hospitais e laboratórios clínicos, muitas pessoas interrompam tratamentos ou adiem o diagnósticos de doenças, retardando, desnecessariamente, o início da terapia.

“As pessoas estão com medo de ir aos laboratórios. O que é preocupante”, disse Priscilla. “Os pacientes estão receosos de buscar atendimento para outras doenças, o que pode resultar em agravos à saúde. Temos observado pessoas com quadros preocupantes, como dor torácica ou sintomas neurológicos, retardando a ida ao hospital por medo de se contaminar”, reforçou Bonamigo.

Para Daniel Knupp, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a situação é preocupante. “As pessoas não podem deixar de fazer algumas consultas e procedimentos, caso contrário as consequências podem ser piores. Mas é bom lembrar que em momento algum houve orientação para que esses atendimentos fossem interrompidos. A recomendação foi para que fossem adiadas as cirurgias eletivas, como, por exemplo, uma cirurgia plástica.

Quem tem uma insuficiência renal, disse Knupp, não pode ficar sem controlá-la. "Quem tem um câncer não pode deixar o tratamento de lado. Há pacientes com transtornos de ansiedade que vão precisar aumentar a dose de medicamentos por causa de toda esta situação; pacientes com hipertensão...enfim, a dificuldade, muitas vezes, está nos serviços conseguirem se organizar para atender às pessoas com síndromes respiratórias ou com suspeita de coronavírus, ao mesmo tempo em que oferecem assistência às demais”.

Para Salvador, do Simesp, compete ao Estado estabelecer diretrizes e “organizar” a oferta, levando em conta a demanda pelos serviços de saúde.

“Estamos vendo uma parte do sistema de saúde sobrecarregada e outra parte ociosa, o país precisando de leitos hospitalares e de mão de obra qualificada. Então, cabe ao Estado assumir a gestão e distribuir esses recursos de maneira igualitária para que um paciente que precise de um leito, por qualquer motivo, seja atendido, independentemente se no sistema público ou no privado. O que não podemos é ter gente morrendo por falta de leitos enquanto há setores ociosos em hospitais e médicos sendo demitidos”, disse Salvador, manifestando o receio de que, a título de socorrer hospitais e laboratórios privados, pessoas sejam incentivadas a procurar ajuda, mesmo em casos que podem ser adiados sem maiores riscos.

“É preciso cuidado para que um estímulo à retomada de procedimentos eletivos não represente apenas a preocupação com os lucros imediatos. Por isso, a meu ver, o melhor, por ora, é que os recursos privados estejam à disposição do SUS [Sistema Único de Saúde], com os estabelecimentos privados sendo devidamente remunerados por isso”, propôs Salvador.

A Anahp minimiza os riscos. “Há, nos hospitais, estruturas diferenciadas, preparadas para atender os casos da Covid-19 e outras estruturas separadas, nas quais são tomados todos os cuidados necessários ao atendimento dos outros pacientes. Os hospitais estão preparados e têm dado provas disso. É preciso levar em conta a realidade local. Se houver mais casos da Covid-19, é óbvio que todos os demais serviços devem ser paralisados. Caso contrário, vamos atender aos outros pacientes”.

Ministério da Saúde

Consultado, o Ministério da Saúde informou que, “devido ao momento de emergência em saúde pública, tem orientado os gestores, por meio de notas técnicas, a manter os atendimentos essenciais, suspendendo ou adiando aqueles procedimentos eletivos que não necessitam de urgência para realização”. O objetivo, segundo a pasta, “é desafogar os leitos para casos graves da Covid-19 e as demais situações emergenciais do sistema de saúde”.

“Além disso, o acompanhamento de pacientes de outras doenças pode ser mantido por meio de outras alternativas”, sustenta o ministério, sem fazer distinção entre serviços públicos e privados. “Os gestores locais podem optar por iniciativas como a telemedicina, visitas domiciliares, fazer busca ativa de pacientes que necessitam ter suas doenças controladas, atendimento em áreas separadas dos casos da Covid-19, entre outras, de acordo com a realidade local e com as medidas de precaução adequadas”.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou nesta terça-feira (28) que há 2.262 casos confirmados de covid-19 no Pará, com 1.118 pacientes recuperados e 129 mortes. Estão em análise 592 casos e 1.952 foram descartados. A atualização ocorreu às 13 horas.

O aumento do número de casos já provoca o caos na rede hospitalar de Belém. Faltam leitos em hospitais e unidades de atendimento públicos e privados.

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Inaugurado pelo governo do Estado, o Hospital de Campanha da capital paraense está atendendo neste momento 187 pacientes, sendo 21 em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). No total, 336 pacientes foram atendidos e 99 receberam alta.

Com o sistema à beira do colapso, o prefeito Zenaldo Coutinho baixou decreto com a ampliação das medidas de isolamento social. A prefeitura tenta conter o avanço do novo coronavírus com o controle da movimentação de pessoas nas ruas. Veja aqui o decreto.

A covid-19 está cada vez mais perto das famílias paraenses. As redes sociais registram relatos de pessoas que adoeceram ou perderam amigos, parentes ou conhecidos.

O sistema funerário tem dificuldades para atender às solicitações. O Instituto Médico Legal (IML) do Centro de Perícias Renato Chaves está sobrecarregado e um caminhão frigorífico guarda os corpos das vítimas da doença causada pelo novo coronavírus.

Dados da Sespa também informam, por outro lado, que são expressivos os casos de pacientes recuperados da doença. Entre eles está o professor de música da Fundação Carlos Gomes, Harley Bichara, 40 anos. “Eu só tenho a agradecer a Deus e ao sistema de saúde pública estadual pela minha recuperação. Precisamos valorizar os profissionais de saúde e de apoio do Hospital de Campanha de Belém, todos foram excelentes, atenciosos e dedicados comigo”, disse o servidor público, em entrevista à Agência Pará. 

O técnico em rastreamento veicular Michel Silva, de 40 anos, hipertenso e ex-fumante, também é um dos pacientes recuperados do novo coronavírus. Michel contou à Agência Pará que os primeiros sintomas, como febre e irritação na garganta, começaram no início do mês e persistiram, mesmo após fazer uso de medicação.

“Apresentei falta de ar e passei dois dias internado na UPA da Sacramenta, mas continuava com a respiração muito ruim e fui transferido para o Hospital Abelardo Santos. Fiquei internado em UTI, mas não precisei ser entubado”, conta. Michel teve alta no último sábado (25) .

Com informações da Agência Pará e da Agência Belém.

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