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É majoritária a parte da população brasileira que apoia o impeachment em caso de crime de responsabilidade comprovado: para 76% deles, a abertura deve ocorrer se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizer o prometido no seu discurso do 7 de Setembro, em São Paulo. À ocasião, o mandatário afirmou que não vai mais cumprir ordens judiciais do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, com quem teve conversa recente, mediada por Michel Temer (PSDB), e na qual se mostrou disposto a uma “trégua”. 

Os resultados são de uma pesquisa nacional do Datafolha, divulgada neste sábado (18), e feita em 190 cidades com 3.667 eleitores de 13 a 15 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. Acreditam que o presidente não deveria ser punido nessas circunstâncias 21% dos ouvidos, e 3% não souberam opinar. 

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No dia em que participou de dois grandes protestos golpistas contra o Supremo, em São Paulo e Brasília, o chefe do Executivo teceu ameaças sérias ao STF, em especial a Moraes. Primeiro, em Brasília, disse que o presidente do Supremo, Luiz Fux, deveria enquadrar Moraes, sob pena de ver uma intervenção em seu poder. Em São Paulo, à tarde, exortou a desobediência judicial. 

"Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou", afirmou Bolsonaro na avenida Paulista. 

São mais incisivos acerca do golpismo da fala os jovens de 16 a 24 anos (86% defendem o impeachment no caso), os mais pobres (82%) e, claro, aqueles que reprovam o presidente (94%). 

Já os mais tolerantes com o desrespeito legal são os mais ricos (32% não veem necessidade de um processo), empresários (39%) e, também de forma mais óbvia, os que aprovam o desempenho presidencial (59%). 

 

Após a unificação de 8 partidos da oposição na Câmara que repercutiu no anúncio de atos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nos próximos dias 2 de outubro e 15 de novembro, Guilherme Boulos (PSOL) disse que as mobilizações da esquerda não possuem grandes financiamentos, como os atos favoráveis ao Executivo.

"Uma coisa é usar dinheiro público, ter grandes entidades patronais, outra coisa é você alugar um caminhão de som", comparou o ex-presidenciável e pré-candidato ao Governo de São Paulo em entrevista ao Uol.

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“Não tem essa estrutura faraônica das manifestações do Bolsonaro. O que você tem para financiar uma manifestação? Eventualmente, um caminhão de som que precisa ser alugado e uma estrutura de deslocamento de pessoas que vem de uma região mais distante. Isso é financiado desde vaquinhas organizadas pelos próprios membros e entidades que organizam o ato até com apoio das centrais sindicais", descreveu Boulos.

Ao comentar sobre os protestos do último dia 12, convocados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), ele definiu que o movimento tem pouca expressão diante da baixa adesão de manifestantes.

 "O MBL teve seu papel naquela onda de impeachment da Dilma, mas hoje está na inanição. É um movimento com pouca expressão social. A esquerda precisa se focar numa ampliação que seja capaz de derrotar Bolsonaro", criticou.

O representante do PSOL acrescentou que, assim como o MBL, o movimento Vem Pra Rua também tem pouca autoridade na luta pela destituição do presidente, pois "aplicaram as mesmas táticas bolsonaristas, de fake News, de tentativas de desmoralização, de ataques rasteiros à esquerda".

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou nesta terça-feira, 14, que vai propor no seu relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid mudanças na lei da impeachment. O parlamentar pretende entregar o parecer até a semana que vem, no dia 23 ou 24.

A intenção da cúpula da comissão é possibilitar que as conclusões da investigação da CPI provoquem a abertura de um processo de afastamento do presidente Jair Bolsonaro na Câmara. A mudança na lei, no entanto, depende de aprovação no Congresso.

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"Essa Comissão Parlamentar de Inquérito é uma oportunidade única para que a gente possa fazer uma revisão nessa legislação como um todo e até mesmo na lei do impeachment, que é de 1950. Muitos artigos já foram revogados e, portanto, ela precisa ser atualizada na linha de estender a garantia jurídica e deixar absolutamente claro a sua tramitação", afirmou Renan antes do início da reunião da CPI de hoje. Ele não detalhou quais mudanças deve propor.

Hoje, há 131 pedidos de impeachment na mesa do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), mas o início do processo depende exclusivamente de uma decisão dele. Não existe condição ou prazo determinado para que o presidente da Casa dê andamento a processos de impedimento.

Aliado de Bolsonaro, Lira tem dito a interlocutores que não há clima para abertura de um processo e nem votos suficientes na Câmara para aprová-lo. A avaliação é de que, sem o apoio formal de partidos de centro, o pedido de impeachment não tem chance de prosperar. Hoje, as siglas de oposição reúnem 132 deputados. Mesmo que haja uma adesão de todas as legendas consideradas independentes e não ocorra dissidência nas bancadas - cenário considerado improvável -, o número não chegaria aos 342 votos necessários para que a cassação seja aprovada.

O Estadão apurou que a proposta de mudar a lei de impeachment foi incluída por Renan após ele consultar integrantes do grupo Prerrogativas, que reúne advogados, professores e juristas. A sugestão foi alterar a legislação para retirar o "poder absoluto" do presidente da Câmara, estabelecendo prazos para que ele se manifeste sobre os pedidos de impeachment e posteriormente, se mandar arquivar, apresente ao plenário, que poderia decidir pela continuidade.

Integrantes do grupo sugeriram também medida semelhante em relação ao procurador-geral da República. Caso a decisão do procurador-geral seja de não abrir uma denúncia após pedidos de indiciamento da CPI, a decisão teria de ser submetida a subprocuradores ou que ações de partidos sejam levadas adiante.

Após a aprovação do relatório final da CPI, prevista para os dias 29 ou 30, o documento deve ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) e até a tribunais internacionais, enquadrando Bolsonaro em uma série de crimes cometidos no enfrentamento da covid.

Em paralelo à consulta feita por Renan, um grupo de juristas coordenado pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior finalizou um parecer de mais de 200 páginas sobre os possíveis crimes cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia. A conclusão dos técnicos será avaliada pelo relator.

"A gente recebeu o relatório da primeira comissão de juristas, várias autoridades são enquadradas, dentre elas o presidente Bolsonaro em crimes comuns, de responsabilidade e crimes contra a humanidade. Eles (juristas) colaboram nessa construção, a adequação entre os fatos comprovados e o Direito", afirmou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente na comissão.

Os crimes comuns estão relacionados ao descumprimento de medidas de saúde pública com resultado morte). Dentre as autoridades que devem ser enquadradas em algum tipo de crime, além de Bolsonaro, estão o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello - general e atual secretário de Estudos Estratégicos na Presidência da República - e o ex-secretário-executivo da pasta Elcio Franco - coronel e atual assessor especial da Casa Civil.

Convocados por grupos de centro-direita, os atos em defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro reuniram cerca de 6 mil pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, o maior contingente entre as 15 capitais onde foram registrados protestos no domingo, 12. O Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem Pra Rua e o Livres até sinalizaram baixar o tom das críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atrair adesões da esquerda e do PT, mas o mote "nem Lula nem Bolsonaro" seguiu em destaque na maioria das manifestações.

Pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, ajuda a demonstrar os desafios para unir partidos e grupos de orientação diversa em torno da mobilização pelo impeachment do presidente. De acordo com o levantamento, realizado durante o ato na Paulista, 85% dos manifestantes são favoráveis à criação de uma frente ampla contra Bolsonaro, mas 38% dos entrevistados disseram que não iriam para rua com o PT. De todo o público ouvido, 37% dos manifestantes disseram ser de esquerda ou centro-esquerda e 34% de direita ou centro-direita.

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A divisão entre os partidos e movimentos de oposição ao governo levou a protestos esvaziados. O levantamento foi coordenado pelos professores da Universidade de São Paulo Pablo Ortellado e Márcio Moretto. Foram entrevistados 841 manifestantes, entre 13h e 17h30. A margem de erro é de 4 pontos porcentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Na avaliação de Ortellado, a pesquisa revela um "paradoxo" que só poderá ser resolvido com a superação de "ressentimentos" entre petistas e segmentos da direita, como o discurso de que Lula foi preso "injustamente". Para ele, a criação de uma frente ampla passa naturalmente pela inclusão do PT no grupo. "Trata-se de um partido hegemônico na esquerda, sem ele, nenhuma proposta de frente ampla é suficientemente ampla", disse.

"Embora a pesquisa tenha constatado esse nó na direita, ele também está acontecendo do lado da esquerda, que tem a mesma dificuldade de ir pra rua com lavajatistas", afirmou.

Apesar de contar com a participação de cinco potenciais candidatos à Presidência em 2022, a corrida eleitoral esteve no pano de fundo da manifestação na Paulista, cuja bandeira.

Eleições presidenciais

A pesquisa também questionou os eleitores sobre a intenção de voto para a eleição de 2022.

O pedetista Ciro Gomes, um dos presentes na Avenida Paulista, foi o mais citado pelos manifestantes (16%), seguido do ex-presidente Lula (14%) e do ex-juiz Sérgio Moro (11%). Na sequência, João Amoedo (Novo) e João Doria (PSDB), ambos presentes no ato em São Paulo, têm 8% e 7%, respectivamente. Outros 31% afirmaram não saber em quem votar.

Pesquisas nacionais de intenção de voto têm apontado que, se a eleição fosse hoje, Lula e Bolsonaro chegariam ao segundo turno, com vantagem do petista. Nesse cenário, 54% dos manifestantes disseram que votariam em Lula, enquanto 40% afirmaram que anulariam ou votariam em branco. A taxa é próxima a que afirma não aceitar ir às ruas ao lado do PT.

Perfil dos manifestantes

Nos atos de 7 de Setembro, os pesquisadores também foram às ruas para traçar o perfil dos manifestantes. Em comparação com os atos do dia 12, os resultados mostram que em um intervalo de cinco dias, o público que esteve na Avenida Paulista ficou, em média, mais jovem, mais escolarizado, com maior renda e mais branco do que os apoiadores de Bolsonaro.

Entre os manifestantes de 12 de setembro, 69% tinham até 44 anos; 79% tinham ensino superior (completo ou incompleto); e 56% tinham renda familiar acima de cinco salários mínimos. A maior parte dos entrevistados, 67% se declarou branca. Autodeclarados negros somaram 29%.

Entre os manifestantes bolsonaristas, a maioria, 53% tinham mais de 45 anos; 43% tinham renda familiar maior que 5 salários mínimos; e 60% tinham curso superior (completo ou incompleto). Autodeclarados brancos somaram 60% e negros, 33%.

A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffman, afirmou em entrevista ao UOL, que o partido e seus deputados não deverão participar das manifestações organizadas em defesa da democracia e a favor do impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), caso as movimentações fizerem ataques ao ex-presidente Lula e à própria legenda.

Hoffman salientou que esses atos precisam de tempo para serem organizados em conjunto com os partidos e movimentos sociais. Segundo Gleisi, o PT não foi convidado para a organização das ações e, por isso, os seus apoiadores não se mobilizaram para aderir aos atos desse domingo (12).

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Os protestos aconteceram contra Bolsonaro, mas não da forma como o MBL e o Vem Pra Rua, responsáveis pelas articulações das manifestações, esperavam. A deputada explicou, porém, que o PT e outros dez partidos se reuniram na semana passada para a construção de protestos contra o governo Bolsonaro e em defesa da democracia. Os atos deverão ocorrer no primeiro final de semana de outubro e no dia 15 de novembro. 

Depois de 40 anos de amizade, a morte da esposa em decorrência da Covid-19 fez com que o ex-deputado Alberto Fraga bloqueasse Jair Bolsonaro do WhatsApp. Ele diz não compreender “essa falta de sensibilidade” do presidente

Após 40 anos de amizade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) declarou ter se afastado do mandatário depois da morte prematura da esposa, Mirta, em decorrência de complicações ocasionadas pela Covid-19.

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Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Fraga disse que chegou a bloquear Bolsonaro no aplicativo de mensagens WhatsApp e que não consegue compreender “essa falta de sensibilidade do presidente com relação à morte das pessoas”.

O ex-aliado conheceu o chefe do Executivo em 1980, durante a Escola de Educação Física do Exército no Rio de Janeiro (RJ). Nos anos que sucederam, continuaram juntos quando foram deputados e, posteriormente, se encontravam com frequência no Palácio da Alvorada (DF).

Durante a pandemia, no entanto, Fraga e a esposa pegaram o novo coronavírus. “Ela teve pneumonia viral. Ficou 73 dias internada e veio a óbito em virtude do pulmão não ter se recuperado. O sentimento mais comum de todos nós que passamos uma situação dessa é que gostaríamos de ter tido a vacina o mais rápido possível”. Para ele, “enquanto se disputava politicamente quem era ‘o pai da criança’, a população ficou sem vacina”.

Coronel da reserva da PM do Distrito Federal e expoente da chamada “bancada da bala” durante o mandato na Câmara, o ex-parlamentar acusa Jair Bolsonaro de ter “politizado” a vacina. Segundo suas declarações, quando o presidente percebeu que havia necessidade de imunizantes contra a doença, “não quis dar o braço a torcer porque o mérito ficaria para o Doria [governador de São Paulo]”.

Na entrevista, Fraga disse ainda que esse era um dos principais pontos de inflexão com o ex-aliado, já que sempre considerou a vacina importante. “Eu disse algumas vezes que a economia se recuperava. As vidas não. Isso fez com que, em diversas situações, eu fosse me decepcionando com algumas posturas”.

Questionado se o rompimento era definitivo, o político disse que se afastou para não estragar a amizade. "Em hipótese alguma eu posso culpar o presidente pela morte da minha mulher. Nunca insinuei isso, mas achei por bem me afastar, não romper. Sempre fui amigo do Jair Messias Bolsonaro. Nunca fui amigo do presidente", afirmou.

Fraga relembrou também a morte do senador Major Olimpio, em março deste ano, que também foi vítima da Covid-19. Segundo o ex-parlamentar, a ausência de manifestação pública de Bolsonaro já mostrava sua "insensibilidade". “Deus foi tão bondoso com ele que ele não teve nenhuma perda. Os que tiveram têm uma visão diferenciada dessa questão”.

“Tem um general aí que está mais para puxar saco do que para ser conselheiro de governo”

Sobre o time de ministros e aliados que cercam o presidente, Fraga ressaltou que “Bolsonaro escolheu muito mal seus conselheiros”. Segundo ele, “tem um general aí que está mais para puxar saco do que para ser conselheiro de governo”, se referindo ao general Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Na avaliação do ex-deputado, a atuação de Ramos agrada o presidente pois o mesmo “não gosta de ser contrariado”.

No que se relaciona às manifestações do dia 7 de setembro, Fraga avaliou que o chefe do Executivo nacional “exagerou na dose”, pronunciando “coisas que era impossível de realizar”, a exemplo do pedido para que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) retirasse o ministro Alexandre de Moraes do cargo que ocupa. Ele também sugeriu que “não existe a menor chance de as polícias se insurgirem”, e completou declarando que o impeachment só seria possível caso houvesse “algum tipo de esgarçamento na relação entre Centrão e Bolsonaro”.

 

 

No protesto convocado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidenciável Ciro Gomes (PDT) disse aos manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo, que o ato pró impeachment deste domingo (12) "é só o começo". Com baixa adesão em outras capitais, as mobilizações denunciaram os líderes das intenções de voto para reforçar a necessidade de um candidato da 'terceira via' para 2022.

A presença do pedetista confirmou a aliança com entidades de centro-direita após reiterados ataques contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. O PT se recusou a participar das movimentações e foi criticado mais uma vez por Ciro. "Haverá tempo para o PT amadurecer", declarou.

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Na contramão da orientação da esquerda, o ex-ministro do Esporte dos governos petistas, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) alfinetou o partido, mas não escondeu certo desconforto em dividir o palanque com siglas de correntes ideológicas opostas, como o Novo e o DEM.

"É um processo e no processo atrás dessa frente ampla há um misto de acomodação. Eu compreendo a situação do PT, mas as redes sociais estão polarizadas hoje. Temos que fazer um degelo. Eu nunca imaginei que estaria no carro do MBL. Mas estarei onde tiver de estar. Não existirá 2022 sem 2021. E a luta em 2021 é para tirar Bolsonaro. Nós temos que juntar gente. Só a esquerda isolada não derruba Bolsonaro, não ganha a eleição presidencial", assegurou.

Também ventilado para disputar à Presidência, o primeiro ministro da Saúde da gestão Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta (DEM), comentou sobre os prejuízos da polarização política que se fortaleceu desde a última eleição.

"Tem mais de 50% da população que não quer esses dois polos. Está muito fragmentado, espero que quando comece a definir o rosto. Nós vamos passar por muitas análises, a posição é coletiva. Quem quer apoio tem que se expor", apontou o ortopedista que iniciou o enfrentamento à pandemia no Brasil.

O pré-candidato João Amoêdo (Novo) e a ex-líder do Governo na Câmara, a deputada Joice Hasselman (PSL-SP), também se uniram aos líderes do MBL, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), o vereador Fernando Holiday (Novo-SP) e o deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP) na concentração da Paulista.

Os manifestantes que foram na tarde deste domingo (12) à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tinham como principal bandeira o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, o ato não teve um grande número de participantes, mas conseguiu reunir algumas centenas de pessoas próximo ao Congresso Nacional.

Com faixas pedindo o impeachment de Bolsonaro, o movimento defende uma terceira via, nem Lula e nem Bolsonaro. Os atos também são realizados em outros Estados e teve uma maior adesão em São Paulo, onde manifestantes se reúnem na Avenida Paulista.

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Nas redes sociais, parlamentares governistas e ministros ironizaram o número de manifestantes que foram às ruas no primeiro ato em resposta aos eventos de 7 setembro, organizados por apoiadores de Jair Bolsonaro, mas não comentaram o fato de o ato no início da manhã em Brasília, favorável ao governo, ter tido poucos apoiadores.

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) fez publicações no Twitter sobre o baixo comparecimento na Esplanada dos Ministérios e em Copacabana, no Rio de Janeiro, em vista do horário definido pelos organizadores para início dos protestos, às 14h.

"A manifestação do MBL pelo impeachment do Presidente Jair Bolsonaro na praia de Copacabana conseguiu um fato inédito: que a praia ficasse mais vazia do que em um domingo qualquer de sol", escreveu a deputada.

O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou um vídeo no Twitter, aos risos, com críticas à imprensa por noticiar os atos. Ele também compartilhou montagens de supostas fotos tiradas hoje com os registros das manifestações bolsonaristas recentes. O mesmo fez o ministro da Comunicação, Fábio Faria, que citou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) ao dizer que "o distanciamento social está sendo 'totalmente respeitado' em todas as manifestações de hoje", em alusão ao baixo comparecimento.

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) montou um esquema de reforço à segurança na Esplanada, pois a manifestação convocada pelos movimentos de oposição ocorreu poucas horas depois de atos que seriam realizados a favor de Bolsonaro. Os dois protestos tiveram baixa adesão e não foram registradas ocorrências junto a Polícia Militar do DF. O protesto terminou por volta das 17h. As vias da Esplanada dos Ministérios só serão liberadas após a dispersão dos manifestantes.

Atos pró-governo

Mais cedo, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se reuniram na Esplanada dos Ministérios para um ato pró-governo. A manifestação, no entanto, teve baixa adesão. Pelas redes sociais, o presidente chegou a debochar e questionar se o ato estava, de fato, previsto. "Alguém sabia desse 'ato'?", escreveu Bolsonaro em seu perfil no Twitter, ao compartilhar imagem de reportagem publicada pelo Estadão.

Em nota ao Broadcast/Estadão, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) confirmou que dois atos estavam previstos para serem realizados em Brasília neste domingo. A previsão era que os apoiadores do governo se concentrassem na área central da Capital a partir das 9h.

"Dois grupos - um contrário e um a favor do governo - realizaram cadastro junto à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF) para realização de manifestação no próximo domingo (12). Eles irão se manifestar entre o Museu da República e a Avenida José Sarney, paralela à Avenida das Bandeiras, porém em horários distintos", informou a secretaria.

Após falas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a maioria dos petistas abandonou o ato pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Centro do Recife. Neste domingo (12), mobilizações espalhadas pelo Brasil defendem também uma candidatura de 'terceira via' para confrontar os dois principais concorrentes à Presidência em 2022.

O uso de camisas brancas foi um dos pedidos da organização. A intenção era desvencilhar de agentes políticos tradicionalmente identificados nas cores vermelha e verde e amarela, vestidas por petistas e apoiadores do atual governo, respectivamente.

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Mesmo com a recusa do PT em aderir às manifestações, seus eleitores participaram da concentração no Recife, marcada às 13h. Entretanto, a maioria abandonou o protesto após críticas ao ex-presidente antes mesmo da curta caminhada do Marco Zero até o fim da boulevard da Avenida Rio Branco, por volta das 14h30.

Filiado ao PT, o advogado Eustáquio Tavares, fez questão de levar a família para acompanhar o ato. Sem desconforto por vestir as cores do partido, ele cruzou a Rio Branco com os dedos sinalizando a inicial de Lula. "Eu não fico desconfortável, porque eu sei que se tiver um segundo turno vai todo mundo [apoiar Lula]", indicou.

Sem atritos entre manifestantes, o advogado explica que o PT não participou do protesto devido à transmissão do coronavírus. Porém, o avanço da vacinação cria a expectativa de que a sigla logo vai convocar uma manifestação contra Bolsonaro. "O PT está doido para ir para rua, mas hoje não vai por conta da Covid", comentou.

Com o sentimento de unidade entre partidos historicamente contrários, o petista entende que é importante criar uma oposição ampla e concreta, apesar das diferentes visões ideológicas. "Estamos contra o presidente que não pensa no pobre, na opção de gênero, na raça. A gente sempre lutou por esse país, onde o amor sobressai", concluiu.

 O ápice das ameaças golpistas e ataques do presidente Jair Bolsonaro à democracia, no 7 de Setembro, inspira a mobilização de partidos de diferentes matizes ideológicos na criação de uma frente ampla pelo impedimento de Bolsonaro, avalia o cientista político e professor da Universidade de São Paulo André Singer. "O que falta é tempo para que amadureça e resulte em um grande movimento popular a favor do impeachment e da democracia", afirma o cientista político.

Nem a sinalização de recuo do presidente, na quinta-feira passada, deve bastar para conter esse processo.

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Segundo Singer, que foi porta-voz da Presidência no governo Lula de 2005 a 2007, a situação atual pode ganhar contornos de um movimento unificado similar às Diretas Já, que atraiu forças antagônicas em torno da defesa de eleições nos anos 1980.

Foi o pesquisador quem cunhou o termo "lulismo" para explicar o realinhamento eleitoral que decorreu do governo petista. Ele introduz uma nova definição para nomear a marcha do governo Bolsonaro corrosiva à democracia: um "autocratismo de viés fascista". A seguir, os principais trechos da entrevista ao Estadão:

O que significa o recuo de Bolsonaro após os ataques ao STF?

A nota publicada pelo presidente faz parte de uma estratégia adotada desde o começo do mandato de ora avançar, ora recuar. Ele tem uma capacidade que não se previa de jogar em diversas dimensões: na institucional, na mobilização de massa, que demonstrou na terça-feira, e com alianças partidárias com uma liberdade inesperada. Por exemplo, substituiu a aliança com o ex-ministro Sérgio Moro por uma com o Centrão de uma forma que não se imaginava possível. É provável que volte a fazer ameaças e ter o mesmo comportamento agressivo e golpista que construiu no mandato.

Qual o impacto das atitudes recentes do presidente?

Bolsonaro faz parte de um fenômeno novo no Brasil e no mundo, associado a Donald Trump e ao Brexit, de total descompromisso com os fatos, uma "pós-verdade" que não se coaduna com a política normal. Ambiguidades são próprias da política normal, mas ela tem compromisso com fatos, diferente de Bolsonaro. No 7 de Setembro, ele diz que defende a liberdade e a Constituição, quando, de fato, defende golpe contra a Constituição, democracia e liberdade. E as pessoas que vão à rua estão envolvidas por esse ambiente no qual não há nexo com a realidade. Não entenderemos Bolsonaro se não o colocarmos no fenômeno que chamo de autocratismo de viés fascista - não fascista no sentido histórico, mas com elementos fascistas. Essa ambiência ideológica em que se puxa pessoas a uma crença sem conexão com fatos foi própria do fascismo, em que havia elementos delirantes. Por isso, não acho que devemos interpretar a nota como recuo. É uma tática diversionista, que confunde a sociedade, as forças políticas e atrapalha uma ação que precisa ser clara. As idas e vindas de Bolsonaro fazem propositalmente tudo parecer uma brincadeira. O fascismo e o nazismo agiam assim.

Se não foi um recuo, qual foi o objetivo da nota?

O primeiro é causar confusão, desorganizar adversários e a sociedade, que estão entendendo que este processo precisa ser parado. O segundo é dar uma resposta a setores da economia, à população e ao presidente da Câmara, o único que pode dar andamento ao impeachment. Bolsonaro tem demonstrado uma capacidade de ação que, em circunstâncias parecidas, o ex-presidente Collor não teve. No entanto, vem perdendo popularidade, tem rejeição grande e está relativamente isolado. Nada disso vai ser alterado por esse movimento, mas ele segue demonstrando capacidade de ação.

Qual é o impacto dos acontecimentos do 7 de Setembro na articulação de impeachment?

Aumenta o número de forças políticas que percebem que o único recurso disponível na Constituição para parar este processo autoritário é o impeachment. Crime de responsabilidade está nítido que foi cometido. No entanto, depende também do presidente da Câmara e de votos no Congresso. Neste momento nenhuma das duas condições são satisfeitas. Até aqui a Câmara mostra conivência implícita com o que está ocorrendo.

Há manifestações convocadas neste domingo por grupos à direita. Representantes próximos ao centro e à esquerda anunciaram presença, mas não o PT. Como o senhor vê a possível união dos espectros políticos distintos?

A frente democrática é possível, necessária e tendo a achar que vai acabar ocorrendo. Já está em curso. Um exemplo é o fato de que, depois de longo tempo, Fernando Henrique Cardoso se encontrou com Lula e declarou voto nele se houver disputa com Bolsonaro. No entanto, a manifestação deste domingo talvez não conte com todas as forças possíveis dada a maneira como foi convocada, em certo momento sob o lema "nem Bolsonaro nem Lula". Nesses termos, o PT e outros setores da esquerda não podem comparecer. Os dirigentes devem perceber que é preciso compromisso com aquilo que unifica as forças: a defesa da democracia, que no caso específico é o impeachment, eleições com urna eletrônica e respeito ao resultado. Guardadas as bandeiras que unificam, as demais devem ser livres. Só assim poderá haver uma frente ampla em que as pessoas sabem porque estão unificadas e o que as dividirá no momento seguinte, que é o eleitoral.

A união em torno da frente ampla pode ser atropelada pela disputa eleitoral?

A esta altura, considerações de natureza estritamente eleitoral deveriam ficar em segundo plano diante de um processo autoritário que não devemos subestimar. Como essa frente demorou e não está ainda constituída, está se confundindo com a situação eleitoral, o que a atrapalha. É fundamental não cobrar das forças políticas o que fizeram antes, porque estiveram divididas no impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff. Embora historicamente isso tenha de ser discutido, o fato é que agora há um objetivo maior que pode unificar, de defesa da democracia.

O PT e outras forças estão maduras para uma frente democrática?

Acredito que sim. O "superpedido" de impeachment, por exemplo, juntou num mesmo palanque a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, um dos pilares do impeachment de Dilma, com respeito e harmonia dentro de forças que são em outros sentidos opostas, mas dispostas a disputar democraticamente e aceitar os resultados. Talvez, neste domingo, ainda não seja possível.

O que falta para essa frente existir de fato?

O que falta é tempo para que isso amadureça e resulte em um grande movimento popular a favor do impeachment e da democracia. O setor que apoia Bolsonaro existe e demonstrou que está disposto a se mobilizar, mas é minoritário; 75% dos brasileiros querem democracia e precisam demonstrar isso em manifestações pacíficas com o tamanho que essa vontade tem. Cabe às forças políticas e movimentos sociais permitirem essa manifestação por meio da sua própria organização.

Seria necessária uma nova etapa de manifestações?

Exatamente. Mas não se pode esperar que seja tão rápida. Esse processo guarda alguma semelhança com a situação das Diretas, muito importante para a história política brasileira, pois ali se deu o exemplo de uma frente que unificou forças antagônicas, porém não foi vitoriosa no Congresso Nacional naquele momento. Por mais que estejamos cada dia mais perto da eleição, dada a excepcionalidade do que está ocorrendo, deve-se continuar insistindo no impeachment.

Que outras ações faltam para que esse processo amadureça?

O PSDB e o PSD se deslocaram a partir do 7 de Setembro. Há outros partidos, como é o caso do Democratas, que poderiam se posicionar a favor do impeachment, para não falar do próprio Progressistas, que hoje é o principal esteio do governo e articula siglas menores que também sustentam o presidente.

O senhor se refere ao Centrão. É possível imaginar uma mudança de postura desse grupo?

Sim. Estão no governo e há grande vantagem nisso, mas fazem cálculos, são pragmáticos. O problema é que esta não é a política normal, como foi da redemocratização até 2014. Acredito na sagacidade da classe política e acho que perceberam que não é normal, mas decidiram agir como se fosse, o que é um risco que nenhuma sociedade democrática deveria correr. O Centrão é uma força importante no Congresso e tem peso histórico, inclusive porque foram essas forças que impediram as Diretas de avançar, não vamos esquecer que o PP veio da Arena. Dada a atuação do ex-presidente Temer, menciono também o MDB, que entrou em cena para fazer aparentar uma normalidade que não existe. São atores importantes agindo em benefício de que este processo continue. Bolsonaro demonstrou capacidade de mobilização, apesar de ser minoritário, o que indica maiores chances de ir ao segundo turno do que se o supuséssemos mais isolado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após ficar cinco dias bloqueada por conta das manifestações bolsonaristas de 7 de Setembro, a Esplanada dos Ministérios será palco de protestos pró e contra o governo neste domingo (12). Segundo anunciou a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, irão os favoráveis ao governo, que poderão ficar até às 14h. Uma hora depois será a vez dos contrários a Jair Bolsonaro.

"Eles irão se manifestar entre o Museu da República e a Avenida José Sarney, paralela à Avenida das Bandeiras, porém em horários distintos", informou a pasta.

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Após ficar cinco dias bloqueada por conta das manifestações bolsonaristas de 7 de Setembro e ser liberada somente nesta sexta, a área central de Brasília terá o acesso interrompido novamente por conta de manifestações dos dois grupos.

De acordo com a nota divulgada pela secretaria, a manifestação a favor do governo vai acontecer das 9h às 14h na Esplanada. Já os que vão protestar contra o presidente Jair Bolsonaro ocuparão a área de 15h às 19h. "Os atos serão acompanhados pela Polícia Militar do Distrito Federal", informou.

Segundo o governo do DF, a segurança será reforçada durante os dois eventos. "A área central de Brasília permanece sob monitoramento da SSP e forças de segurança locais, por meio do Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob) e equipes em campo. O objetivo é garantir a segurança de todos que circulam na região. O policiamento na região será reforçado."

Com uma mobilização maior, os atos contra o governo são organizados pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e têm como principal reivindicação o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. As manifestações também vão acontecer em outras capitais, como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG).

É prevista a participação de políticos de variados espectros ideológicos. Na principal manifestação, que vai acontecer em São Paulo, na Avenida Paulista, estão confirmadas as presenças de militantes do PSDB, das centrais sindicais e do presidenciável Ciro Gomes (PDT).

O PT, principal partido de oposição ao governo Bolsonaro, não estará presente. O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), um dos líderes do MBL, afirmou que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, negou participar. "A Gleisi negou participação antes de convidarmos as esquerdas", disse ao Estadão.

O julgamento sobre fixação de prazo para que o presidente da Câmara dos Deputados analise pedidos de impeachment do chefe do Executivo foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira, 10, após pedido de destaque do ministro Ricardo Lewandowski. A solicitação do ministro - que leva o caso para discussão em sessão plenária da corte - se deu logo após a ministra Cármen Lúcia, relatora, votar contra a imposição de prazo, pelo Judiciário, para análise das denúncias sobre crimes de responsabilidade do presidente da República, evocando o princípio de separação dos Poderes.

O gabinete de Lewandowski indicou que o ministro optou por enviar o caso ao plenário físico da corte por considerar que a importância do tema demanda uma análise mais aprofundada em sessão presencial e não em julgamento virtual'. O plenário virtual do STF, onde o caso em questão estava sendo analisado, é uma ferramenta que permite que os ministros depositem seus votos a distância, sem discussões e fora dos holofotes da TV Justiça, em sessões que costumam durar uma semana. Com o envio do processo para a sessão presencial do STF, o julgamento acaba sendo 'resetado'. Caberá ao ministro Luiz Fux, presidente da corte máxima marcar a data para que a ação seja analisada.

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O processo em questão invocava princípios da celeridade e da eficiência, além de dispositivo da Constituição que prevê 'razoável duração do processo e meios que garantam a celeridade de sua tramitação', para sustentar a necessidade de fixação de 'um prazo razoável para análise dos pedidos de impeachment do Presidente da República'.

No entanto, em seu voto, a ministra Cármen Lúcia ressaltou que as normas de processo e julgamento para apuração de crimes de responsabilidade do Presidente da República estão regulamentadas pela Lei n. 1.079/50, apontando para a ausência de estipulação de prazo, na lei específica, para que os pedidos apresentados sejam apreciados. Segundo a magistrada, não há 'inércia legislativa nem carência normativa' na regulamentação do impeachment.

"A inexistência de fixação de prazo específico para análise da denúncia na Lei n. 1.079/50 e no § 2º do art. 218 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados demonstra caber à Casa Legislativa a avaliação de petições que ali chegam. O Presidente daquela Casa exerce juízo específico de plausibilidade da peça , dos argumentos nela apresentados e da oportunidade e conveniência, em juízo qualificado como político por este Supremo Tribunal, no julgamento mencionado. Compete a ele analisar, nos termos da legislação vigente, os dados jurídicos e políticos que propiciam ou não, início de processamento válido do pleito apresentado", registrou Cármen em seu voto.

Nessa linha, a magistrada argumentou que, a imposição de prazo, pelo Judiciário, para a análise das denúncias sobre crimes de responsabilidade do chefe do Executivo 'macularia' o princípio de separação dos Poderes.

O Movimento Brasil Livre (MBL) em Pernambuco aderiu às manifestações nacionais do grupo e anunciou ação, às 13h deste domingo (12), na praça do Marco Zero, no Recife Antigo. O teor dos protestos, segundo informa o movimento, é anticorrupção, pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contra os atentados às instituições democráticas do país. Fazendo alusão à Nova República, o MBL tem comparado sua atuação com a dos atores políticos no período de redemocratização do país.

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"Cumpre lembrar: o pacto que erigiu os fundamentos da Nova República foi construído pelas manifestações das Diretas Já, nas quais os mais variados segmentos sociais, deixando de lado suas divergências ideológicas, se uniram em prol de uma construção política democrática", escreveu a direção nacional em orientação aos núcleos estaduais.

O MBL-PE convoca todos os partidos, lideranças civis e agremiações, desde que estes não façam propaganda política antecipada e nem vinculem a imagem do movimento a políticos da oposição. Para se diferenciar do vermelho lulopetista e do verde e amarelo nos protestos a favor de Bolsonaro, o grupo escolheu representação na cor branca, que deve simbolizar a democracia e a paz.

"Respeitem a necessidade de deixarem suas pautas particulares e suas preferências eleitorais fora do ato para nos unirmos pelo impeachment de um presidente golpista e autoritário que ameaça os próprios fundamentos da democracia nacional", argumentam os liberais.

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"Nossa pauta é o impeachment dos ministros”: afirmação foi parte da declaração feita em vídeo pelo caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, na manhã desta quinta-feira (9). Nas imagens, o bolsonarista e espécie de liderança entre a categoria, pede para a população ir às ruas para apoiar a greve dos caminhoneiros. “Eu não sei o que vai ter que acontecer aí, não, mas o pau vai continuar torando", continuou o grevista.

Depois de uma semana foragido, Zé Trovão foi localizado pela Polícia Federal escondido em um hotel no México e deve ser preso ainda nesta quinta-feira (9), para então ser transportado de volta ao Brasil. O caminhoneiro deixou o país antes da ordem de prisão, expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, após o bolsonarista incitar um ato antidemocrático no dia 7 de setembro.

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“Eu quero deixar um recado aqui para a população brasileira. Cadê a parte de vocês? Vocês estão em cima das pistas hoje ajudando os caminhoneiros? Porque a Polícia Federal está tentando a todo custo desmobilizar o movimento. Se vocês não estiverem nas pistas juntos, não forem pra cima juntos e não ajudarem esse movimento, fica difícil. Fica muito difícil”, disse Zé Trovão em vídeo.

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Zé Trovão se popularizou como um suposto líder dos caminhoneiros ao insuflar atos contra os ministros do STF. Segundo uma de suas postagens em redes sociais, os manifestantes só deixariam Brasília após todos os ministros do Supremo serem retirados. Até o início dessa tarde, o agitador mostrava ter ciência da sua prisão e dizia ter interesse em se apresentar à embaixada.

"Não tem moleque aqui, não. Nós não estamos brincando aqui, não. Não arredem o pé. Nós temos que segurar isso daí (...) Eu estou pedindo pelo amor de Deus, não abaixem a cabeça. Vamos para cima. Cadê o povo brasileiro? Ninguém foi às ruas para defender o presidente Bolsonaro, fomos às ruas para defender nossa bandeira verde e amarela. Nós não vamos cumprir ordem que não venha do presidente da República", disse.

O presidente Jair Bolsonaro gravou um áudio pedindo aos caminhoneiros que liberem as estradas do país, segundo o G1. Na gravação, Bolsonaro diz que a ação “atrapalha a economia” e “prejudica todo mundo, em especial, os mais pobres”.

Após as ameaças do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações do 7 de setembro, centrais sindicais decidiram, ness quarta-feira (8), aderir ao protesto pró-impeachment marcado por grupos de centro-direita, como o Vem Pra Rua, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Livres. Em São Paulo, o ato será realizado no domingo, às 14h, na Avenida Paulista.

A Força Sindical, a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST) divulgaram nota conjunta classificando como "deplorável" a participação do presidente na manifestação de 7 de Setembro e seus ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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"É inquestionável que o objetivo do presidente e de seus apoiadores é dividir a Nação, empurrar o País para a insegurança, o caos e a anarquia, resultado da reiterada incitação ao rompimento da legalidade institucional, do descumprimento dos preceitos contidos na nossa Constituição democrática", afirma a nota.

O PDT de São Paulo também anunciou que participará da manifestação. "Com ataques diários à democracia, às instituições e à Constituição, Bolsonaro segue cometendo dúzias de crimes de responsabilidade", diz o texto assinado por Antonio Neto, presidente do PDT em São Paulo e presidente da central CSB.

O protesto de domingo está sendo organizado desde julho e deve ocorrer em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Brasília. Os organizadores dos protestos avaliam que as falas do presidente serviram para estimular reações contrárias às ameaças de ruptura feitas por Bolsonaro, e dessa forma esperam mais adesões aos protestos de domingo.

A presença de grupos de esquerda vinha sendo uma das dúvidas com relação a esses atos. Até o momento, os partidos desse campo do espectro político não manifestaram apoio aos atos. Mas o discurso de radicalização proferido por Bolsonaro pode ter mudado esse quadro.

"As ações de ontem repercutiram e acabaram reverberando na população que não compactua com esse governo, uma aderência à manifestação do 12", disse a advogada Luciana Alberto, do Vem Pra Rua.

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), do MBL, destaca que a fala do presidente fortalece a necessidade de impeachment. "O presidente foi explícito em suas intenções: não sair do poder exceto 'morto ou preso', e descumprir as determinações judiciais do STF. Isso é gravíssimo e soma mais razões ao pedido de impeachment", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) afirmou nesta quarta-feira (8) que não “há clima” para o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), não por parte da população, nem por interesse do Congresso Nacional. A fala do vice acontece após as manifestações de 7 de Setembro, que ocorreram em diversas capitais e no Distrito Federal, e que foram convocadas pelo mandatário em um tom predominantemente antidemocrático.

Mourão, no entanto, não comentou as falas de Bolsonaro em Brasília e em São Paulo durante os atos. Para Mourão, o governo federal ainda tem “maioria confortável” entre os parlamentares e isso o garante permanência. “Não é a maioria pra aprovar grandes projetos, mas suficiente pra impedir algum processo prospere”, continuou. Nesse Dia da Independência, Bolsonaro teceu ameaças ao Supremo Tribunal Federal e ao ministro Alexandre de Moraes, e criticou o Tribunal Superior Eleitoral.

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Sobre as manifestações do 7 de Setembro, o vice-presidente afirmou que foram “expressivas” e que há tensão entre Judiciário e Executivo. “Manifestação expressiva, deixo de comentar discursos que foram feitos, porque é uma questão ética do vice-presidente. Na minha visão, existe um tensionamento entre o judiciário e o executivo”, justificou o militar.

Mourão ainda avaliou que um juiz não pode conduzir inquéritos, se referindo ao inquérito das Fake News que é conduzido pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes

“Tenho uma ideia muito clara sobre o inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes: não está correto. Juiz não pode conduzir inquérito. Acho que tudo se resolveria se o inquérito passasse para a PGR e acabou. Isso distensionaria os problemas”, disse.

Durante os atos de 7 de Setembro, Mourão postou uma mensagem nas redes sociais ressaltando a liberdade e o respeito na data. Na postagem, ele não comentou sobre as manifestações.

Em seu discurso, o chefe do Executivo chegou a dizer que convocaria o Conselho da República para esta quarta-feira (8), mas a convocação não aconteceu. Para Mourão, entretanto, existem integrantes na Praça dos Três Poderes que acreditam que a crise se estendeu de forma exagerada. “A gente precisa distensionar, existem cabeças ali dentro que entendem que isso foi além do que era necessário e conversando a gente se entende”, concluiu.

Em sessão nesta quarta-feira (8), o STF deve se pronunciar conjuntamente em repúdio aos discursos do 7 de Setembro.

Diante da pressão pela abertura do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a deputada estadual Janaína Paschoal (PSL-SP) saiu em defesa do ex-colega de partido nesta quarta-feira (8).

Mesmo com ataques diretos à democracia, crimes de responsabilidade e o endosso de um novo regime militar nos atos de 7 de setembro, na opinião da advogada, não há motivos para a destituir a chapa composta com Hamilton Mourão (PRTB), diferente do houve com a ex-presidente Dilma Roussef (PT) do Planalto.

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Paschoal, que foi uma das advogadas de acusação contra a petista, considerou que o presidente exagera em seu discurso "de péssimo efeito". Tal falta de decoro acaba reverberando de forma negativa em postagens enfurecidas dos seus apoiadores. Como um presságio, a jurista sugere que a a postura controversa é a única condição que dá corpo à "falsa narrativa golpista". 

Em tom de "achismo", para proteger o mandatário, ela não pontuou sobre os fortes indícios de corrupção na aquisição de vacinas contra a Covid-19 expostos pela CPI da Covid.

Contudo, mesmo com a prisão de lideranças conservadoras responsáveis por disseminar noticías falsas e o debandada do financiamento online da iniciativa privada a blogs bolsonaristas, considerou que a CPI das fake news é 'fictícia'.

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Os ataques do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações de 7 de Setembro mobilizaram PSDB, PSD, Solidariedade e MDB a discutirem um apoio ao impeachment do chefe do Executivo. Os tucanos marcaram uma reunião já para esta quarta-feira (8). O movimento chama atenção porque é a primeira vez que a executiva tucana é convocada para discutir o tema. Integrantes do partido dizem que é preciso interditar os avanços antidemocráticos de Bolsonaro antes que seja tarde demais. Além disso, os atos de Bolsonaro fizeram a discussão ganhar força para além das legendas de oposição.

Até a próxima semana, a possibilidade de engrossarem a defesa pelo impedimento de Bolsonaro antes do fim do mandato será discutida internamente em cada sigla. Dirigentes partidários ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam ainda não haver consenso e nem decisão consolidada nas bancadas do Congresso. O aumento do tom de Bolsonaro, no entanto, provocou pressão por uma resposta mais dura no Legislativo.

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A possibilidade de as cúpulas das legendas apoiarem o afastamento, mesmo sem apresentar um pedido formalmente, no entanto, cresceu após as manifestações de ontem. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), único que tem o poder de pautar pedidos de impeachment, afirmou à interlocutores que iria ouvir os partidos. Na gaveta dele tem 124 pedidos de cassação do mandato de Bolsonaro. Aliado de Bolsonaro, suas declarações tem sido de que não há clima para abertura de um processo.

O Solidariedade deve encaminhar na próxima semana uma decisão para assinar um pedido de impeachment contra Bolsonaro na Câmara. Ao Estadão/Broadcast, o presidente da sigla, deputado Paulinho da Força (SP), revelou que a estratégia é "aumentar a pressão para cima do Arthur Lira".

Entre líderes ouvidos pela reportagem, há um certo consenso sobre os atos pró-Bolsonaro: o número de apoiadores nas ruas não foi pequeno, mas é menor do que aliados de Bolsonaro esperavam; e qualquer decisão agora passará pelo filtro do processo eleitoral.

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, anunciou ontem mesmo a convocação de uma reunião extraordinária para tratar da posição do partido em relação ao possível processo de impeachment de Bolsonaro. Os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), concorrentes entre si pela vaga de presidenciável do partido em 2022, declararam-se favoráveis ao processo de impedimento.

"Defendo a abertura do processo de impeachment por entender que até as eleições estão ameaçadas. Ontem foi o 7 de Setembro, amanhã é o Conselho da República e depois?", disse o ex-ministro de Relações Institucionais do governo Michel Temer e ex-deputado Antonio Imbassahy. "O PSDB finalmente resolveu mostrar a cara. Precisa começar a discutir os temas que importam", complementou o deputado Danilo Forte (PSDB-CE).

MDB

O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), se manifestou nas redes sociais e também sugeriu uma resposta mais dura contra Bolsonaro, sem citar diretamente um pedido de impeachment. "São inaceitáveis os ataques a qualquer um dos poderes constituídos. Sempre defendo a harmonia e o diálogo. Contudo, não podemos fechar os olhos para quem afronta a Constituição. E ela própria tem os remédios contra tais ataques", escreveu o dirigente da sigla. A nota foi submetida ao ex-presidente Michel Temer e ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

Ao Estadão/Broadcast, Baleia confirmou que o impeachment será discutido. "A marca do MDB é o diálogo. Por isso sempre discutimos e consultamos os temas nacionais com as bancadas, o que não será diferente neste caso", afirmou.

"Não podemos simplesmente avançar em um pedido de impeachment para jogar para a torcida. Deveríamos estabelecer desde já uma coalizão, um grupo de partidos para estar junto em uma terceira via. Estamos perdendo o momento de fazer essa definição", afirmou o ex-ministro Carlos Marun, que integra a Executiva do MDB.

O presidente do Cidadania, Roberto Freire, reforçou em mensagem ao grupo de WhatsApp do partido que a sigla já aprovou a defesa do impeachment. "Outros partidos e atores políticos estão começando a enxergar igual caminho, mesmo os que sempre tiveram dificuldades de entender o processo em momentos como esse. Sabemos qual é o desenlace que queremos para o país. É preciso que a bancada na Câmara dos Deputados se integre a esse esforço", escreveu.

Crime

Para o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade ao afrontar instituições durante as manifestações. "No final dessa história, o maior prejuízo foi dele. Ele unificou todo o campo democrático contra ele e empurrou para o impeachment partidos como MDB, PSDB, Solidariedade e Cidadania. Sob a lógica autoritária, ele não demonstrou a força necessária para dar um golpe e, sob a lógica democrática, só perdeu."

Um dos fatores que pode colocar deputados contra Bolsonaro, na avaliação de caciques partidários, é a manifestação do próximo dia 12, que tem o impeachment na pauta.

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, convocou reunião extraordinária da Executiva do partido para discutir a posição em relação à abertura de processo de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro. O encontro deve ocorrer nesta quarta-feira, 8, segundo o partido.

"O Presidente do PSDB, Bruno Araújo, convoca reunião Extraordinária da Executiva para esta quarta-feira, para diante das gravíssimas declarações do presidente da República no dia de hoje, discutir a posição do partido sobre abertura de Impeachment e eventuais medidas legais", informou o partido, em sua conta oficial no Twitter.

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Nesta terça-feira, 7, dia em que convocou manifestações favoráveis a seu próprio governo, o presidente Jair Bolsonaro repetiu ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou que o Conselho da República - órgão superior que se pronuncia sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio ou "questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas" - se reuniria na quarta-feira.

O descontentamento com o atual governo federal virou música nas mãos da banda paulista Expressão Natural. Para engrossar o coro, o grupo convidou os amigos da  El Kaboing, e do Bloco do Caos, além do cantor Rafa Thor e assim nasceu Impeachment Já. Nesta sexta (3), os artistas lançam o videoclipe da canção, gravado durante manifestação popular realizada em São Paulo, no último mês de julho. 

Em Impeachment Já, os artistas fazem um passeio sobre alguns dos últimos acontecimentos do cenário político do país. Entre eles, problemas na economia, o modo como o atual presidente vem conduzindo a pandemia e a importância da educação e  cultura na vida do povo.Tudo isso embalado a uma levada de reggae com pitadas de rap e rock. 

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Para o videoclipe, os artistas aproveitaram a manifestação realizada na Avenida Paulista, em 24 de julho, como locação. Em meio aos manifestantes, eles surgem entoando os versos da canção enquanto reforçam sua mensagem pedindo “vacina no braço, comida no prato” e "impeachment já. A produção fica disponível no YouTube da banda Expressão Natural às 12h, nesta sexta (3). 

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