Tópicos | Meyer Joseph Nigri

A Polícia Federal (PF) coletou diversas mensagens trocadas entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o empresário Meyer Joseph Nigri e, durante a investigação, constatou que Nigri compartilhava as tais conversas em grupos com outros empresários e abas privadas. A informação foi divulgada pelo colunista Aguirre Talento, do UOL, que teve acesso ao conteúdo da apuração policial.

--> Bolsonaro admite disparo de fake news: 'Qual o problema?'

##RECOMENDA##

De acordo com a reportagem, as mensagens eram fake news, além de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e tratando sobre a instalação de uma guerra civil com a vitória do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado.

As conversas teriam acontecido entre fevereiro e agosto de 2022. Uma das que descredibilizava o processo eleitoral e incentivava a guerra civil defendida nas conversas diz: "O STF será o responsável por uma guerra civil no Brasil", acompanhado de informações falsas sobre o STF e as eleições.

Já outra, pontuava: "Hackers impediram Bolsonaro de ganhar as eleições de 2018 no 1º turno. Mas não agiram da mesma forma no 2º turno porque o PT não lhes pagou a metade do prometido logo após o 1º turno". A informação é falsa.

Disseminador de fake news

O relatório da PF divulgado pela matéria aponta Jair Bolsonaro como “difusor de mensagens com conteúdo de notícias não lastreadas ou conhecidamente falsas”.

“O terminal identificado como utilizado pelo presidente da República Jair Bolsonaro encaminhou diversas mensagens contendo ataques às instituições, especialmente o Supremo Tribunal Federal, ao sistema eletrônico de votação e às vacinas desenvolvidas para combate à covid-19. Após receber o conteúdo, Meyer Nigri realizou a disseminação de tais mensagens para diversos grupos e chats privados de WhatsApp. Resumidamente, os fatos apontam para a atuação do presidente da República Jair Bolsonaro como difusor inicial das mensagens”.

Na última segunda-feira (21), o ministro do STF, Alexandre de Moraes, prorrogou por mais 60 dias as investigações contra Meyer Joseph Nigri. Ele é um dos empresários que integrava um grupo no WhastApp nutrindo ações golpistas caso o ex-presidente Jair Bolsonaro perdesse a disputa em 2022.

A PF também flagrou Bolsonaro mandando o empresário e outros aliados do ramo divulgarem uma mensagem falsa em aplicativo de conversas. Nessa terça (22), a PF intimou Bolsonaro a depor e esclarecer o pedido de disparo do texto. O ex-presidente, inclusive, já chegou a admitir o envio do conteúdo. 

Sobre as novas mensagens descobertas, a defesa de Bolsonaro se negou a comentar. Já a defesa de Nigri negou, em nota, a classificação de disseminador de fake news.

O texto da defesa aponta que Nigri "jamais foi disseminador de notícias falsas, mas apenas, de forma eventual e particular, encaminhou mensagens de terceiros no aplicativo WhatsApp para fomentar o legítimo debate de ideias. Inclusive, sequer possui contas em redes sociais como Twitter, Facebook, Instagram, nem em qualquer outra plataforma de disseminação em massa. Por fim, com serenidade e respeito, reforça confiar na Justiça e ter plena certeza de que ficará devidamente demonstrado que não praticou crime algum".

O registro de uma conversa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com empresários no WhatsApp mostra o momento em que ele atua no disparo de informações falsas contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o ministro Luís Roberto Barroso. 

O print do diálogo foi divulgado pela colunista Daniela Lima, do g1, e faz parte de uma investigação que apura articulações de golpe caso o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva vencesse o pleito.

##RECOMENDA##

Segundo registro, a troca de mensagens teria acontecido no dia 26 de junho de 2022. Um contato que aparece como "PR Bolsonaro - 8" envia um texto sobre a atuação de Barroso diante do processo eleitoral, atacando a lisura do pleito e das urnas eletrônicas, além de mencionar que o Instituto de Pesquisa Datafolha estaria inflando os números em favor do atual presidente Lula, para que o TSE não precise justificar os resultados fraudados. 

No final do texto, o contato denominado como de Jair Bolsonaro pede: "REPASSE AO MÁXIMO [sic]". Quem responde imediatamente o ex-presidente é o empresário Meyer Joseph Nigri. "Já repassei para vários grupos!", escreve, para logo em seguida perguntar como o então presidente está e, ao se despedir, o empresário envia "abraços de Veneza".

Meyer Joseph Nigri é um dos empresários que seguem sendo investigados por conversas golpistas através do aplicativo de mensagens. A PF seguirá apurando o envolvimento dele nos próximos 60 dias, após decisão dessa segunda-feira (21) do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Em relatório enviado a Moraes, a PF sustentou necessidade de continuar a apuração contra Nigri destacando ter sido constatado vínculo entre o empresário e o ex-presidente Jair Bolsonaro, 'inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à democracia e ao Estado Democrático de Direito'.

Em defesa de Meyer Nigri, o criminalista Alberto Zacharias Toron disse o seguinte: "a decisão do ministro Alexandre de Moraes é surpreendente porque o Ministério Público Federal já havia pedido o arquivamento dessa investigação. Soa estranho que ele tenha feito isso agora, num controle da falta de justa causa, nos exatos termos do que disse, ou de forma assemelhada, o procurador-geral da República. Em relação ao sr. Meyer Nigri, vamos aguardar o desenvolvimento das investigações. Temos absoluta certeza de que ele não praticou crime algum contra o estado democrático de direito. Ele recebeu uma ou outra mensagem do presidente República e repassou para pouquíssimos grupos. Ele não tem Facebook, não tem Instagram, não tem nenhuma plataforma de disseminação em massa de notícias ou mensagens, não é uma pessoa que tinha envolvimento com disseminação de fake news. Eu tinha a impressão de que a investigação já havia deixado isso claro, mas agora percebo que o ministro quer aprofundar essas investigações e é bem-vindo esse aprofundamento. Não temos nada a esconder, ele colaborou amplamente com as investigações, se deslocou até Brasília para ser ouvido novamente e continua à disposição das autoridades."

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando