Tópicos | orçamento secreto

O grupo de transição que prepara ações na área de transparência tem em mãos uma lista de sugestões ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva que vão da revisão de decisões do governo Jair Bolsonaro, que impuseram sigilo de cem anos, à possibilidade de abertura de arquivos cujo segredo já prescreveu e até a criação de um novo mecanismo de fiscalização pela Controladoria-Geral da União (CGU) dos recursos repassados a Estados e municípios por meio do orçamento secreto.

Na última semana, a equipe analisou dados da atual gestão, mapeou os pontos mais críticos e compilou propostas de auditores, de dois ex-ministros da CGU, Jorge Hage e Valdir Simão, e também de entidades da sociedade civil.

##RECOMENDA##

Uma das prioridades é propor uma resposta à promessa de campanha de revogar os sigilos de cem anos impostos na gestão de Bolsonaro, quando foi negado acesso a informações como a carteira de vacinação do presidente da República e o processo administrativo aberto pelo Exército para apurar a participação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, em um ato político, sem autorização do comando militar.

A equipe técnica sabe que não basta um decreto de Lula para revogar tudo, como chegou a ser mencionado pelo presidente eleito durante a campanha. Os casos de sigilos impostos sob alegação de "informação pessoal" usam um dispositivo da Lei de Acesso à Informação (LAI) que permite essa proteção, mas o abuso do dispositivo na gestão Bolsonaro fez com que dados de agentes políticos fossem mantidos em segredo apenas para não expor as autoridades.

Decreto

Partiu do ex-ministro Jorge Hage a sugestão de que o futuro governo revise o decreto 7.224, que regula o processamento dos pedidos de acesso à informação, para estabelecer uma regra que barre daqui para frente a alegação de sigilo por "informação pessoal" protegido por cem anos nos casos que envolvam autoridades públicas.

"A proteção do direito à privacidade não pode ser usada para blindar agentes políticos e autoridades", disse Hage ao Estadão. A proposta foi bem-recebida no grupo de transição. Integrantes dizem acreditar que será inevitável editar um novo decreto deixando mais claro o que é de fato um dado pessoal.

Em relação aos casos de pedidos de informação já negados, os caminhos cogitados para revogar o sigilo são uma revisão automática da própria CGU com base em precedentes anteriores ao governo Bolsonaro que asseguravam o acesso à informação, mas que foram ignorados pela atual gestão; aguardar que novos pedidos sejam feitos por qualquer cidadão para mudar o entendimento já com a CGU sob novo comando; orientar os próprios ministérios a revisarem os atos que levaram à imposição de sigilo nos casos considerados abusivos.

Prescritos

A equipe técnica analisou todos os pedidos de informação negados pela CGU durante a gestão Bolsonaro. Levantamentos analisados pelo Estadão indicam que, no atual governo, foram negados 3,7 mil pedidos pelos mais variados motivos. Se quiser, a CGU, sob nova direção, pode rever todas as decisões do governo anterior.

O grupo de transição recebeu da agência Fiquem Sabendo, que atua na área de acesso à informação, uma relação de todos os documentos classificados pelo governo cujo prazo já estaria prescrito. A LAI prevê que, além do sigilo de cem anos para informações pessoais, documentos da administração pública podem ser classificados como reservados, secretos ou ultrassecretos, ficando, respectivamente, protegidos pelo prazo de cinco, 15 e 25 anos. Uma das propostas discutidas é a possibilidade de assegurar o acesso aos casos em que esse sigilo já caducou.

A atual direção da CGU tem contestado a acusação de que o governo Bolsonaro abusa do sigilo e disse que há um "evidente equívoco nas narrativas que mencionam decretação de sigilo de cem anos no Poder Executivo federal". O argumento é que há previsão legal para proteção de informações que dizem respeito à intimidade e à vida privada.

O ex-ministro Valdir Simão sugeriu ao grupo de transição que a CGU passe a fazer monitoramento dos recursos que são liberados por meio do chamado orçamento secreto, mecanismo de distribuição de recursos sem transparência revelado por uma série de reportagens do Estadão.

Para ele, os auditores podem contactar governos estaduais e prefeitos para onde os recursos são destinados pelos parlamentares, assegurando preventivamente que o dinheiro público seja aplicado corretamente. "É preciso ter um monitoramento. A CGU pode ligar para o governo ou prefeitura como quem diz: 'Estamos de olho'", disse Simão.

Ele disse acreditar que o mesmo mecanismo possa ser adotado no caso das chamadas emendas Pix, modalidade de repasse direto de recursos da União indicados por parlamentares a prefeituras em que o chefe do Executivo local pode aplicar os recursos diretamente, sem necessidade de seguir uma orientação federal.

Ajustes

Os ex-ministros Valdir Simão e Jorge Hage sugeriram que o grupo de transição também discutisse os acordos de leniência que envolvem órgãos do Estado, como a própria CGU, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF).

Simão e Hage concordam que é preciso ajustes na legislação para evitar que órgãos públicos atuem de forma isolada nas negociações com empresas envolvidas em casos de corrupção, como ocorreu durante a Operação Lava Jato. "É urgente encontrarmos uma forma de os órgãos atuarem de forma mais unificada ainda que cada um deles tenha um prisma diferente", disse Hage.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na coletiva que anunciou os primeiros nomes do governo federal a partir de 2023, nesta sexta-feira (9), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que as emendas distribuídas ao Congresso são um importante instrumento se alinhadas aos projetos da Presidência. Contudo, defendeu que o envio desses recursos precisam de mais transparência. 

Durante o evento no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, Lula revelou que teve duas conversas sobre o assunto com os presidentes Arthur Lira (PP), da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD), do Senado, e se mostrou disposto a conversar 10 vezes "para fazer aquilo que for melhor para o povo brasileiro no começo do governo".

##RECOMENDA##

“Fui deputado constituinte e eu sempre achei que a emenda de deputado é uma coisa importante. O que não precisa é ser secreta", afirmou. A pauta foi o tema central da polêmica em torno do apoio de deputados e senadores a Jair Bolsonaro (PL), o Orçamento Secreto foi duramente criticado pelo petista ao longo das eleições.

LeiaJá também:

---> Lula confirma os nomes dos primeiros ministros do Governo

---> Lula promete 1º escalão com mulher, negro, homem e índio

A menos de um mês da posse, o petista considerou que as emendas são benéficas quando estão alinhadas às políticas públicas defendidas pela Presidência.

“A emenda do deputado pode ser muito importante se estiver acoplada ao orçamento do governo e às obras preferenciais do governo, e quem decide liberar a emenda e o Poder Executivo. Todo mundo sabe que penso isso, o presidente Lira sabe que penso isso e se tiver qualquer problema, nós vamos conversar”, declarou.

Em seminário promovido pelo jornal em parceria com Instituto Não Aceito Corrupção, especialistas criticam captura dos recursos públicos por interesses da classe política

A persistente captura de recursos públicos por interesses parlamentares - o orçamento secreto - revela a necessidade de o novo governo promover uma ruptura deste tipo de mecanismo, apontam especialistas que participaram do sétimo seminário "Caminhos contra a corrupção", realizado pelo Estadão em parceria com o Instituto Não Aceito Corrupção.

##RECOMENDA##

A procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziano, o pesquisador da Universidade de Lugano, na Suíça, Fabiano Angélico, e o chefe de reportagem do Estadão em Brasília, Leonêncio Nossa, defenderam que as emendas de relator prejudicam a execução de políticas públicas.

Segundo os analistas, o resgate orçamentário deve passar por planejamento, obediência às instituições e máxima transparência. Eles participaram de um painel mediado pela jornalista Kátia Brembatti, editoria do Estadão Verifica e presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Para Élida Graziano, a origem da corrupção vem de uma fragilidade do planejamento. "Sociedade que não planeja aceita qualquer resultado", disse. Ela acredita que a lei orçamentária deveria ser tomada como a lei mais importante do País.

"O núcleo do desafio é ordenação legítima de prioridades. A gente tem um diagnóstico consensual dos nossos problemas, tem um bom quadro de prognósticos. O problema é a identificação do que vem primeiro, porque os parlamentares se habituaram a criar dificuldade para vender facilidade", afirmou.

Como mostrou o Estadão, ao mesmo tempo em que a constitucionalidade do orçamento secreto é analisada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) parlamentares estudam mudar as regras orçamentárias para evitar que o mecanismo seja barrado pela Corte.

O projeto de Orçamento do próximo ano reserva R$ 19,4 bilhões para essas emendas. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negocia a formação de uma base no Congresso e já foi avisado de que, sem o orçamento secreto, dificilmente conseguirá passar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição para pagar as despesas do Bolsa Família.

"O custo de barganha agora é em PEC, por isso estão cobrando tão mais caro", disse Graziano. "O custo de transação do Congresso se tornou mais caro que o teto (de gastos), porque o teto agora tem que abrir uma margem de formas cada vez mais episódicas. São atravessadores do debate orçamentário", completou.

Já Fabiano Angélico citou três grupos de atores cuja articulação e demanda por recursos podem facilitar mecanismos como o orçamento secreto: os municípios, o Legislativo e os partidos políticos.

No âmbito municipal, Angélico acredita que o pacto federativo precisa ser revisto, de modo a impedir gastos sem controle dos municípios, cuja autonomia sem transparência pode levar à corrupção e ineficiência. Ele cita, por exemplo, a necessidade das prefeituras por recursos. Como revelou o Estadão, grande parte do montante do orçamento secreto é distribuído a prefeituras locais para fortalecer colégios eleitorais dos parlamentares.

Já no caso do Legislativo, Angélico cita o aumento do poder discricionário da mesa diretora do Congresso Nacional que, segundo ele, se fortaleceu de maneira exacerbada. "Para a gente eleger o presidente da Câmara e do Senado é preciso ter mais transparência. Sendo dessa forma (sem fiscalização), há elementos que depois vão negociar com os prefeitos às escuras", disse.

Sobre o orçamento secreto, o pesquisador aponta que o repasse sem transparência das emendas de relator se tornou um símbolo de corrupção e compra de votos institucionalizada que leva à ineficiência das políticas públicas.

Leonêncio Nossa concorda e aponta o mecanismo como um "dano grave para o sistema democrático". "Quando você repasse esse dinheiro sem critério, você tira do Executivo o papel de repassar ou distribuir o dinheiro, você está tornando obsoleta políticas públicas sociais que garantiram a melhoria dos indicativos socioeconômicos", disse.

Fiscalização

Em outro painel do seminário, o auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, Ismar Viana, o deputado federal Israel Batista e o professor associado de Direito da USP, José Maurício Conti, debateram o PLP79/2022, que estabelece uma simetria na forma de fiscalizar dos Tribunais de Contas da União, dos Estados e dos municípios.

A regulamentação também abrange regras de controle interno, do sistema nacional de auditoria do SUS e controle social, quando a sociedade monitora a administração dos recursos públicos.

De relatoria de Batista, o projeto prevê padronizar a organização e a fiscalização dos tribunais, estabelecendo, por exemplo, um prazo máximo de 90 dias para que as contas anuais dos governantes sejam julgadas.

"Isso significa que vai dar rastreabilidade para as auditorias e fiscalizações que acontecem nos Estados. Vamos garantir compatibilidade. O PLP define que o Tribunal de Contas vai dar um padrão para a exposição desses dados, e aí você passa a conseguir operar em conjunto porque falam a mesma língua", disse. Atualmente os tribunais seguem as leis estaduais, o que resulta em formas diferentes de atuação.

Sem essas regras padronizadas, para o deputado, os Estados conseguem burlar o limite de gastos com pessoal, maquiar dados de endividamento, e até gastos de investimento obrigatório.

"Não se concebe, hoje, um processo em que o juiz diga ao promotor como ele deve agir ou ao investigador como ele deve investigar", comparou Ismar Batista. Ele reforça que o PLP não cria subordinação dos tribunais regionais ao TCU. "Os tribunais permanecem autônomos. O que se quer é afastar essa preocupação. Há uma crise de legitimidade por um mau funcionamento. O que se quer é que funcionem dentro de um modelo simétrico ao TCU, isso não vai implicar em quebra de autonomia federativa", completou.

Os especialistas defendem que, com simetria definida, a sociedade pode auditar de maneira mais efetiva. O projeto também prevê que somente servidores concursados possam assumir cargos de auditoria, hoje nomeados por meio de indicação de conselheiros e, muitas vezes, indicados por políticos.

José Conti acredita que o atual modelo isolou os tribunais e criou organizações separadas por regras próprias, o que seria incompatível com a realidade do Brasil, em que uma mesma empresa participa de licitações em diversos estados.

"É preciso que tenham regras mínimas, e essa possibilidade discricionária tem que estar diminuída para não gerar excessos e que não tenha atuação isolada, que resulta na falta de possibilidade de comunicação", completou.

Os debates seguem nesta quinta-feira no auditório do Estadão e também são transmitidos pela TV Estadão. Na sexta, o seminário ocorre de maneira virtual. O evento ocorre em comemoração ao dia internacional de combate à corrupção, que é celebrado nesta sexta-feira, 9.

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu o julgamento sobre a constitucionalidade do orçamento secreto nesta quarta, 7. A sessão foi encerrada há pouco pela presidente Rosa Weber e será retomada na próxima quarta-feira (14). Na sessão de hoje, a única da semana, Rosa Weber fez uma apresentação do caso e os magistrados ouviram advogados dos partidos que ingressaram com ação para pedir a inconstitucionalidade das emendas de relator (RP9), assim como os do Congresso, o advogado-geral da União, Bruno Bianco, e amigos da corte neste caso. Nenhum dos membros do Supremo chegou a revelar o seu voto no processo.

O STF começou a apreciar hoje quatro ações (Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental 850, 851, 854, 1014) que contestam as chamadas emendas de relator ao orçamento, origem do escândalo do orçamento secreto revelado pelo Estadão. As ações foram protocoladas por três partidos de oposição ao governo Jair Bolsonaro (PL) - PSOL, Cidadania e PSB - e pedem que o orçamento secreto seja declarado inconstitucional.

##RECOMENDA##

Segundo essas ações, as emendas incluídas pelo relator a partir de sugestões dos parlamentares ferem diversos princípios da Constituição: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência na destinação dos gastos públicos.

Orçamento secreto e Lula

Durante a campanha, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva criticou inúmeras vezes as RP9, chamando-as de "excrescência" e prometeu acabar com o orçamento secreto. Depois de eleito, contudo, Lula baixou o tom e passou a usar apenas o termo "emendas do relator". Antes da vitória nas urnas, ele também criticou a defesa das RP9 pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Segundo Lula, Lira passou a agir como se fosse o "imperador do Japão" por ter tantos recursos em mãos.

O presidente da Casa e candidato à reeleição continua a defender o orçamento secreto e chegou a contar com um "provisionamento" de um terço desses recursos para serem usados neste último trimestre do ano, como uma forma de impulsionar sua permanência no comando da Câmara. O governo de Jair Bolsonaro, no entanto, vetou os recursos depois de reuniões realizadas entre Lula e Lira para tratar da votação da PEC da Transição. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) sempre foi contra a PEC, alegando que o novo governo estaria nas mãos do presidente da Câmara.

Durante a campanha, Lula contava com o STF para colocar um basta no orçamento secreto. Articuladores do Centrão, no entanto, criticaram a antecipação das negociações em torno do tema ainda em setembro, quando o cenário político estava altamente indefinido. Nesta terça, 7, o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, registrou que o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), incluiu um dispositivo no texto que amplia o poder do Congresso sobre a alocação de recursos do orçamento de 2023. Além disso, o relatório abre uma brecha para liberar o orçamento secreto. Esta é a sessão única da semana no STF, já que amanhã é Dia da Justiça, e não haverá apreciação de processos.

Horas antes da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal que deve dar início ao julgamento sobre a constitucionalidade do orçamento secreto, as Advocacias da Câmara e do Senado alegaram à Corte máxima que adotaram 'sucessivas medidas para ampliar a publicidade, a transparência e os mecanismos de controle institucional e social' na indicação das emendas de relator-geral do orçamento (RP-9) - dispositivo principal do esquema montado pelo governo Jair Bolsonaro, em 2020, em troca de apoio no Congresso.

Em memorial de 10 páginas, as Casas legislativas informaram que o foco das ações tomadas para dar publicidade ao orçamento secreto foi a 'obrigatoriedade de identificação do parlamentar solicitante ou apoiador'. O Congresso diz ter previsto, de forma expressa e clara, na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2023, 'diversas balizas para a indicação e a execução das emendas de relator-geral'.

##RECOMENDA##

Segundo o parlamento, o Sistema de indicação orçamentária RP 9 vai exigir, a partir de 2023, 'a identificação do parlamentar solicitante, ainda que em apoiamento a demanda de agente público ou representante da sociedade civil'.

Documento

MEMORIAIS DO CONGRESSO PARA O JULGAMENTO NO STF

O mecanismo, no entanto, foi implantado para blindar a identidade dos deputados e senadores que indicam as verbas. Como mostrou o Estadão, desde 2020, o governo Bolsonaro já liberou mais de R$ 50 bilhões por meio das emendas de relator, beneficiando em especial caciques do Centrão.

Ao Supremo, o Congresso sustenta que o esquema não viola qualquer preceito fundamental, na contramão do que alegam os partidos de oposição que acionaram o a Corte máxima. A Advocacia da Câmara e do Senado diz que as indicações das emendas de relator 'representam a síntese de decisões de política orçamentária no âmbito do Congresso Nacional que observam os pressupostos constitucionais, legais e regimentais.'

"Resta inegável o esforço empreendido pelo Congresso Nacional, por inúmeras providências adotadas durante a tramitação destas arguições, para implementar sucessivas medidas que ampliam a publicidade, a transparência, a impessoalidade e o controle institucional e social na execução das emendas de resultado primário RP 9, do que resulta a constitucionalidade dos atos normativos e das práticas institucionais impugnadas e, em consequência, a improcedência dos pedidos iniciais", sustenta o Congresso.

O documento ainda defende as emendas de relator sob o argumento que trata-se de uma 'ampliação da influência do Poder Legislativo na alocação de recursos orçamentários e na descentralização de políticas públicas a pequenos e médios municípios, atendendo o interesse público'.

"É uma escolha democrática, aprovada pelas Casas do Congresso Nacional e referendada pelo Chefe do Poder Executivo, e que está em total consonância com as competências legislativas asseguradas à União, por meio desses Poderes, de legislar sobre o orçamento federal (art. 24, inc. II, da CF), e, em especial, às Casas do Congresso Nacional de oferecer emendas aos projetos de lei em matéria orçamentária", registra a manifestação levada ao STF.

O texto é assinado por Gabriela Tatith Pereira, coordenadora do núcleo de assessoramento e estudos técnicos, Jules Michele P. Queiroz e Silva, advogado da Câmara dos Deputados, e Fernando Cesar Souza, advogado-geral adjunto de contencioso do Senado.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, suspendeu, para intervalo de uma hora, a sessão que julga a constitucionalidade do orçamento secreto.

Antes da pausa no julgamento, Weber fez uma breve leitura do relatório sobre as quatro ações que devem começar a ser apreciadas nesta quarta-feira, 7. A ministra citou a versão dos partidos que ingressaram com ações no STF contra o orçamento secreto.

##RECOMENDA##

Relatora do caso, Weber sintetizou que, de acordo com os requerentes, as emendas do relator funcionariam como um "verdadeiro balcão de negócios" entre o Executivo e o Legislativo e que se tornaram instrumentos para a base parlamentar da Presidência da República. Os partidos que entraram com as ações pedem ampla publicização do destino das emendas.

Rosa Weber leu que esclarecimentos prestados pela Câmara e Senado há um ano enfatizavam que não havia como cumprir solicitações de prefeitos e cidadãos comuns, entre outros. "Não havia e não há determinação legal de que as solicitações dirigidas ao relator geral seja para alocação de recursos."

A ministra lembrou que suspendeu a execução das emendas em novembro do ano passado e que o Congresso Nacional, ao pedir a retomada dos pagamentos, citou "risco iminente de concretização de prejuízos irreparáveis à sociedade".

Após o intervalo, o STF ouvirá oito advogados que foram arrolados no processo sobre o orçamento secreto. As sustentações orais devem durar 1h40. Antes da discussão sobre as emendas de relator, o STF fez na sessão de hoje a proclamação do resultado de quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADI), julgadas em plenário virtual, sobre eleições para Mesa Diretora de Assembleias Legislativas.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, é a protagonista das discussões sobre o orçamento secreto no Poder Judiciário. Foi a ministra quem concedeu a primeira liminar suspendendo a liberação de recursos federais envolvidos no esquema que beneficia redutos eleitorais de deputados e senadores. Na votação definitiva sobre o tema marcada para esta quarta-feira (7), Rosa Weber será novamente uma das principais formadoras da tese que será julgada pelo STF. Entre os auxiliares próximos à ministra já é dito que ela defenderá em seu voto que a falta de transparência do orçamento secreto é inconstitucional.

A ministra ainda terá de avaliar uma segunda questão e submeter aos colegas da Corte: a legalidade da forma com que os recursos públicos são distribuídos entre os parlamentares por meio do relator do orçamento. No modelo montado no orçamento secreto, um grupo de deputados e senadores ligados aos presidentes da Câmara e do Senado ganha direito de destinar mais verbas para suas bases eleitorais, sem qualquer critério técnico.

##RECOMENDA##

Como mostrou o Estadão, o Congresso começou a articular na véspera da votação um projeto para mudar as regras do orçamento secreto, que passaria a distribuir os recursos entre bancadas e parlamentares proporcionalmente ao tamanho dos partidos na Câmara e no Senado, em vez de concentrar o dinheiro nas mãos da cúpula do Congresso. Além disso, uma fatia das verbas seria obrigatoriamente destinada às áreas de saúde e assistência social. O movimento busca se precaver à possibilidade de o STF impor um fim ao esquema.

O orçamento secreto começou a ser discutido pelo STF em junho do ano passado, quando o PSOL apresentou a ação em que cobra que as emendas de relator sejam declaradas inconstitucionais por ferir preceitos fundamentais, como a isonomia entre os parlamentares.

O partido recorreu à Justiça após a série de reportagens do Estadão revelar que o dispositivo funcionava como uma moeda de troca entre o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Congresso. Os ministros e imediatos de Bolsonaro ordenavam o pagamento das emendas indicadas pelos parlamentares em troca de seus votos nas pautas de interesse do Planalto, num modelo de compra de apoio político, que transferiu prerrogativas do Executivo para os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD- MG).

Após quase cinco meses de tramitação do processo no STF, a relatora do caso, Rosa Weber, proferiu a primeira decisão liminar que determinou a suspensão dos pagamentos feitos por meio do esquema. Ela determinou ainda que fossem identificados os nomes dos parlamentares que fizeram as indicações dos recursos do orçamento. Na ocasião, ela afirmou que o orçamento secreto "causa perplexidade" ao se constatar que uma parcela de parlamentares ligados às cúpulas da Câmara e do Senado têm acesso a recursos bilionários do Executivo, sem a adoção de critérios técnicos e de forma "obscura".

Os argumentos de Rosa na liminar foram seguidos integralmente por outros sete ministros no julgamento que referendou o despacho da ministra. Por oito votos a dois, a maioria do STF decidiu manter a suspensão do orçamento secreto e dar ampla publicidade às indicações feitas pelos parlamentares por meio do esquema.

Em dezembro daquele mesmo ano, porém, Rosa recuou da própria decisão em meio às pressões de Lira e Pacheco para manter o esquema de pé. A ministra concedeu uma nova liminar com a ordem de que fosse liberado o pagamento das verbas indicadas no orçamento secreto de 2021, sob a condição de que fosse mantida a transparência dos nomes dos parlamentares responsáveis pela destinação dos recursos. Esse entendimento de que é possível manter as emendas, desde que com a devida publicidade, havia sido defendido pelo ministro Gilmar Mendes. Com isso, todos os parlamentares beneficiados do esquema deveriam expor o destino das emendas indicadas nos dois últimos anos.

Rosa era vice-presidente do STF naquele momento e determinou o encaminhamento imediato da liminar para um novo julgamento no plenário virtual. Assim como da primeira vez, o voto da ministra ditou os rumos do resultado. Novamente pelo resultado de oito votos a dois, a Corte decidiu restabelecer a execução do orçamento secreto, desde que de forma transparente e com controle público.

Na ocasião, o voto de Rosa que ditou o julgamento acabou incorporando a interpretação de Gilmar, Lira e Pacheco, que defendiam ser necessário manter o pagamento das emendas diante do suposto risco de interrupção dos "serviços públicos essenciais à população".

Em setembro deste ano, Rosa assumiu a presidência da Corte e decidiu manter consigo a relatoria deste processo. Quando um ministro se torna presidente, as ações sob sua relatoria são distribuídas entre os colegas, mas alguns casos-chave ainda podem ser mantidos em sua alçada, num indicativo de que será um caso julgado pela nova presidência.

A presidente do STF esperou que fosse definido o cenário eleitoral e os novos acordos políticos começassem a ser traçados para, só então, retomar as discussões sobre o orçamento secreto. Após a eleição de Lula para presidente, Rosa teve um encontro com o petista, que prometeu durante a campanha dar fim ao esquema. Desde então, a ministra adotou o discurso de que era necessário dar tempo para a política encontrar uma solução própria para o dispositivo, antes que a Justiça tivesse de decidir sobre o caso. Passados dois meses do fim das eleições, Rosa decidiu liquidar ainda este ano as discussões sobre a manutenção ou o fim definitivo desse mecanismo de corrupção.

O Supremo Tribunal Federal (STF) começa a julgar hoje a constitucionalidade do orçamento secreto, instrumento usado pelo governo para obter apoio político e montar uma base de sustentação no Congresso. Os ministros da Corte têm nas mãos um conjunto de ações que pode derrubar o pagamento bilionário de emendas parlamentares, sem critérios definidos para a aplicação dos recursos. Nos moldes atuais, a prática foi inaugurada pelo presidente Jair Bolsonaro.

No Congresso, líderes do Centrão montaram uma operação de emergência para salvar o orçamento secreto e uma minuta de projeto de resolução foi preparada para tentar convencer ministros do STF a aceitar a manutenção desse mecanismo sob novas regras. Na tentativa de evitar que a prática seja derrubada pela Corte, a proposta distribui os recursos entre bancadas e parlamentares proporcionalmente ao tamanho dos partidos na Câmara e no Senado. Além disso, carimba a metade das verbas para saúde e assistência social.

##RECOMENDA##

Revelado pelo Estadão em uma série de reportagens, a partir de maio do ano passado, o orçamento secreto consiste na liberação de emendas para atender deputados e senadores em troca de respaldo ao governo no Legislativo. Sem equidade entre parlamentares, o repasse supera casos de desvio do dinheiro federal, como o dos Anões do Orçamento (1994) e a Máfia das Ambulâncias (2006).

Desde 2020, as emendas desse tipo somaram R$ 53,5 bilhões. Já o projeto de Orçamento para 2023 reserva a elas R$ 19,4 bilhões. Nos últimos anos, essa modalidade bancou a compra superfaturada de tratores, a licitação de ônibus escolares acima do preço, a construção de "escolas fake", deixando esqueletos de obras inacabadas, e a distribuição de caminhões de lixo fora dos padrões e sem planejamento, em cidades pequenas, como mostrou o Estadão. Os escândalos já provocaram três levas de prisões neste ano, no Maranhão e em Alagoas.

O repasse de verbas ocorre sem que os nomes dos verdadeiros padrinhos sejam revelados. Além disso, não há qualquer critério de distribuição entre parlamentares e regiões. Na prática, a liberação é feita de forma desigual entre congressistas e não atende às exigências da Constituição para o orçamento público, como transparência, moralidade e redução das desigualdades regionais.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu acabar com o orçamento secreto durante a campanha. Ele chegou a chamar a prática de "excrescência" e disse que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), agia como se fosse o "imperador do Japão". Líder do Centrão, Lira é hoje o principal operador do orçamento secreto. Não demorou muito para Lula dar um passo atrás.

O julgamento que começa hoje no Supremo tem desfecho imprevisível. O Estadão apurou que a presidente do STF, Rosa Weber - relatora das ações sobre o assunto - vai considerar inconstitucional a falta de transparência das emendas. Há consenso entre os ministros da Corte para acabar com esse sigilo, mas a discussão é se a divisão desigual dos recursos do Orçamento entre os parlamentares fere a Constituição.

Integrantes da equipe de transição avaliam que o Supremo vai derrubar essa prática. Políticos disseram a Lula, porém, que uma decisão assim tornará o clima no Congresso desfavorável a ele. O plano B dos parlamentares é usar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, apresentada pelo presidente eleito para aumentar as despesas em 2023, para incluir esse mecanismo na Carta.

O Centrão ameaça tornar a liberação impositiva, obrigando o governo a pagar os recursos sem cortes, como acontece hoje com as emendas individuais e de bancada. Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), são candidatos à reeleição, em fevereiro de 2023, e as articulações dos dois contam com a liberação do orçamento secreto.

‘ACHADO’

"Se o Supremo derrubar (o orçamento secreto), para o Lula é um achado", disse ao Estadão o relator do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI). "Como eu não vou mais poder fazer emendas de relator, se o Supremo proibir, vou utilizar esse valor em algum lugar e, muito provavelmente, será em emenda de comissão", completou ele, ao revelar uma das estratégias para manter os valores.

Juristas apontam várias inconstitucionalidades no orçamento secreto: falta de transparência, afronta ao princípio da moralidade pública, ausência de planejamento e alinhamento com programas estratégicos nacionais, aumento de desigualdades regionais, corte de despesas obrigatórias para bancar as emendas e ilegalidade na contratação de obras, além de desvios constatados na ponta.

"O Centrão ocupou um espaço no Orçamento com uma força tão bruta quanto uma barragem que rachou. Essa água escoada não volta", afirmou a procuradora Élida Graziane, do Ministério Público de Contas de São Paulo. "O ideal é declarar a inconstitucionalidade e devolver a atribuição de alocação de despesas ao Executivo, de forma planejada, no território nacional."

Se não declarar a prática inconstitucional, o Supremo pode dar uma decisão que mantenha as emendas, exigindo transparência e critérios para sua distribuição. O risco, porém, é o governo e o Congresso driblarem a decisão, como ocorreu no ano passado. Em 2021, a ministra Rosa Weber chegou a suspender a liberação das emendas, mas autorizou os pagamentos após o compromisso da cúpula do Congresso de anunciar quem estava destinando os recursos. Mas nem todos os padrinhos políticos foram divulgados.

Para o jurista Wallace Corbo, professor na Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas Rio, o Supremo precisa impor regras de transparência e punições para suspender os pagamentos, caso a decisão não seja respeitada após o julgamento. "Não basta latir e mostrar os dentes. Tem de morder. Hoje, só o Supremo derruba o orçamento secreto", disse.

VISTA

Existe, ainda, a possibilidade de um ministro do STF pedir vista (mais tempo para análise) durante o julgamento, adiando a decisão final. Caso isso ocorra, deputados e senadores ficariam liberados para manter as emendas intactas no Orçamento de 2022 e articular a aprovação dos recursos em uma PEC até o fim deste ano. Outra tentativa em curso é convencer os ministros do Supremo a aceitar o modelo, sob o argumento de que serão estabelecidas novas regras de transparência e equilíbrio na distribuição da verba.

"O Supremo tem que acabar com o orçamento secreto na raiz, porque a raiz nada tem a ver com a necessidade de políticas públicas e do respeito ao planejamento do governo federal", afirmou Alessandra Cardoso, assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Ela participou da elaboração de uma petição online pelo fim do orçamento secreto. O documento foi entregue ao STF com 200 mil assinaturas.

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do Governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, alegou que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), de julgar ações que questionam a legitimidade de parte das emendas de relator (orçamento secreto), não deve afetar a continuidade do orçamento. A iniciativa da Corte será julgada nesta quarta-feira (7) e preocupou a ala governista. 

"Eles [ministros] sabem que isso vai ser feito e ficam querendo fazer graça", disse. "Tanto faz o que o STF decidir", opinou Ricardo Barros. A declaração foi feita ao Estadão. Barros também foi firme ao afirmar que, caso os ministros do Supremo julguem as emendas de relator como inconstitucionais, o Congresso irá dar um verniz legal a elas: colocá-las como um dos pontos da PEC de Transição do governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

##RECOMENDA##

Conhecida como “emendas de relator”, a situação se trata exatamente da distribuição de verba ou orçamento a parlamentares, através de uma decisão do relator do orçamento. Para Lula, que enfrenta um Congresso formado majoritariamente pela oposição, lidar com as emendas, que foram alvo de críticas durante sua campanha, tem sido complicado. 

O petista já acenou que irá apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL) ao cargo de Presidente da Câmara e poderá ter que negociar o orçamento secreto em troca de governabilidade. Lira é um defensor das emendas de relator e rejeita o nome de "orçamento secreto”, o que o aproximou do presidente Jair Bolsonaro (PL). As emendas facilitaram a relação de Bolsonaro com o Congresso, o que levantou muitas suspeitas de corrupção por parte da oposição. 

 

A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, da área de desenvolvimento regional, afirmou nesta quinta-feira, 1º, que o orçamento secreto "desvirtuou" as ações do ministério responsável pelo setor. O time do petista, no entanto, não propõe o fim da prática.

Como revelou o Estadão, o mecanismo gestado pelo governo Jair Bolsonaro criou uma moeda de troca com o Congresso baseada em repasses para bases eleitorais de parlamentares aliados, sem a adoção de critérios técnicos e sem transparência. Nesta quinta, 1º, o Estadão mostrou que o presidente mandou suspender o orçamento secreto após Lula fechar apoio a Arthur Lira (PP-AL), que tenta se reeleger presidente da Câmara.

##RECOMENDA##

A equipe do presidente eleito disse que o Brasil precisa "discutir" o orçamento secreto e criar um "pacto" para usá-lo em ações prioritárias. "O País precisa debater isso. Nós não estamos aqui questionando que tem emendas parlamentares. Mas tem de ter um pacto, para que as emendas sejam direcionadas, especialmente em condições críticas, àquilo que é prioridade absoluta de cada ministério. Não pode pulverizar em asfalto quando não tem Defesa Civil", afirmou Aloizio Mercadante, coordenador técnico da transição.

Líder do grupo temático, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse que a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) também sofreu com o "desvirtuamento". Ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, a Codevasf é a "estatal do Centrão", usada para desovar o orçamento secreto - tecnicamente chamado de emenda de relator.

Somente neste ano foram destinados R$ 4,4 bilhões para o orçamento secreto executado na pasta. Segundo Randolfe, a maior parte dos investimentos da Codevasf vem das emendas pulverizadas, o que não permite o direcionamento para ações de impacto nacional.

Os integrantes da transição passaram a criticar os investimentos pulverizados realizados por meio do orçamento secreto e alegar que a iniciativa compromete obras estruturais.

"Vivemos no MDR uma situação paradoxal. Não se tem recursos para as obras discricionárias do objetivo fim do ministério e tem recurso demais para pavimentação sem critérios, distribuição de trator e caixas d'água sem água. E o objetivo fim do ministério não é alcançado. O ministério é um verdadeiro cemitério de obras paradas", disse o senador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) mandou suspender o pagamento das emendas do orçamento secreto após seus aliados no Congresso fecharem alianças com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A ordem no Palácio do Planalto é não pagar mais nada neste ano. Na prática, a medida deixa o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sem capacidade de honrar os acordos feitos para bancar sua reeleição ao comando da Casa. Além empurrar para Lula o ônus de ter que manter o esquema de toma lá, dá cá que condenou na campanha se quiser o apoio do Congresso para aprovar suas propostas.

A canetada de Bolsonaro ocorre um dia depois de o PT se aproximar de Lira anunciando apoio à sua recondução no comando da Câmara. O partido do presidente eleito também deve apoiar a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado. Os dois foram eleitos para o comando das Casas legislativas com o apoio de Bolsonaro e operam a distribuição do orçamento secreto.

##RECOMENDA##

Revelado pelo Estadão, o esquema foi criado no governo Bolsonaro e repassou ao relator do orçamento a decisão sobre qual deputado ou senador poderia decidir o que fazer com bilhões do orçamento da União (dinheiro dos impostos). Até mesmo pessoas sem mandato foram contempladas. O relator do orçamento é indicado pelos presidentes da Câmara e do Senado, que, na prática, coloca na mão de três políticos a operação do dinheiro público. Só recebe quem votar de acordo com eles. E, como revelou o jornal, recursos foram distribuídos sem critérios técnicos e abasteceram prefeituras de aliados que compraram de tratores a caminhões de lixo sem necessidade e a preços superfaturados.

Dos R$ 16,5 bilhões reservados para o orçamento secreto neste ano, R$ 7,8 bilhões não foram liberados e estão bloqueados pelo governo federal. Líderes do Congresso agiam para destravar os recursos e pressionavam o Palácio do Planalto, mas foram pegos de surpresa por dois atos assinados por Bolsonaro nesta quarta-feira, 30, aos quais o Estadão teve acesso.

O presidente mandou suspender o pagamento do orçamento secreto com o argumento que faltam recursos para outras áreas com os sucessivos bloqueios que o governo precisou fazer para cumprir o teto de gastos, a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação.

Bolsonaro assinou duas medidas nesta quarta-feira (30), para efetivar a decisão. Primeiro, enviou uma proposta ao Congresso para secar a fonte do orçamento secreto ao remanejar as verbas para outras áreas. Depois, editou um decreto autorizando a equipe do governo a fazer os cancelamentos em uma área e acrescentar em outra.

O projeto de lei tira os recursos do orçamento secreto e coloca a verba em despesas obrigatórias, entre elas o pagamento do salário de servidores públicos. Essa proposta depende de aprovação do Congresso e deixaria os parlamentares sem as emendas. O governo não divulgou os valores da movimentação, mas pode "secar" toda a fonte das emendas.

O Congresso quer agora usar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição apresentada pela equipe de Lula para liberar recursos do Orçamento neste ano e forçar o governo Bolsonaro a bancar o orçamento secreto no fechamento do ano. As verbas são tratadas como prioritárias para abastecer as campanhas de Lira e Pacheco no comando do Legislativo. Além disso, o Centrão articula alterar a PEC para incluir uma regra que tornam as emendas secretas impositivas, o que obrigaria o Executivo a fazer os pagamentos e blindaria os repasses de cortes.

Lira

O controle do orçamento secreto garantiu a Arthur Lira apoio para se reeleger ao comando da Câmara no biênio 2023-2024. Ele conseguiu o apoio de dez partidos políticos, algo inédito na disputa por essa cadeira, das mais variadas correntes do Congresso. A defesa da manutenção do orçamento secreto é a principal plataforma de campanha de Lira para seguir no cargo. Nos dois anos de orçamento secreto, o Congresso pode decidir o destino de R$ 33 bilhões.

Na campanha, Lula condenou a prática que classificou de "usurpação do poder" e prometeu revê-la. A candidata do MDB, Simone Tebet, que se aliou ao petista disse na ocasião que o orçamento secreto é "o maior processo de institucionalização da corrupção no Brasil". Após a eleição, Lula não comentou mais sobre o esquema e os petistas aceitaram apoiar Lira que tem o orçamento secreto como sua principal promessa.

Com poder sobre o destino do orçamento secreto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), é hoje favorito à reeleição, a partir de fevereiro de 2023. Dono de um discurso corporativista, Lira tenta construir uma aliança que vá do Centrão ao PT para ser reconduzido ao comando da Casa e obrigar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a tê-lo como aliado preferencial, se não quiser dor de cabeça. Até agora, o deputado já reúne apoios que extrapolam o núcleo duro do Centrão, formado por PP, PL e Republicanos, e podem chegar à casa dos 400 votos.

Os últimos dias foram marcados por reuniões políticas que deixaram a candidatura de Lira ainda mais forte. Sem a participação do deputado Luciano Bivar (PE), presidente do União Brasil, a bancada do partido aprovou ontem apoio ao líder do Centrão, somando-se assim ao Republicanos e ao Podemos, que no dia anterior tinham seguido o mesmo caminho. Bivar era um dos nomes que pretendiam concorrer ao comando da Câmara, mas foi convencido a desistir. À noite, ele apareceu para o anúncio da parceria.

##RECOMENDA##

"Nós confiamos na sua imparcialidade, na sua defesa do Poder Legislativo, das nossas instituições e, por consequência, do estado de direito", disse Bivar, ao lado de Lira. "Eu agradeço, com muita emoção. Os partidos que vêm reunindo as suas bancadas e antecipando (o apoio) é porque sabem que nós precisamos fortalecer o movimento do Parlamento", afirmou o presidente da Câmara.

Como mostrou o Estadão, Lula pediu ao PT que não lance candidato próprio para enfrentar Lira, até agora um aliado do presidente Jair Bolsonaro. Não quer repetir o que houve em 2015, quando o partido decidiu brigar com o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, à época no MDB, e fez campanha para o petista Arlindo Chinaglia. No fim daquele ano, Cunha aceitou o pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), cassada em 2016.

Na avaliação de Lula, não é prudente desafiar um presidente da Câmara que tem domínio sobre os seus pares. Até mesmo a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que fura o teto de gastos para pagar o novo Bolsa Família de R$ 600 e o aumento do salário mínimo têm entrado nas negociações de Lira com o futuro governo, em busca de votos.

Com o PT

A expectativa do deputado é obter o apoio de pelo menos dez partidos, incluindo na lista o PT de Lula. As eleições que vão escolher os presidentes da Câmara e do Senado ocorrerão em fevereiro de 2023 e, até o momento, o deputado não tem um desafiante de peso. Embora não conte com um bloco tão robusto quanto o de Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também é hoje o mais cotado para permanecer à frente da Casa.

Lira arregimenta cada vez mais adesões, embalado pela distribuição do orçamento secreto - com previsão de R$ 19,4 bilhões para 2023 - e por um discurso de defesa das prerrogativas da Câmara. Na segunda-feira, por exemplo, o deputado mandou recados a Lula e ao Supremo Tribunal Federal (STF) ao dizer que "é errado retroceder". Foi uma referência ao orçamento secreto, chamado por ele de "municipalista", que deve passar pelo crivo do STF ainda neste ano.

As tratativas de Lira com os partidos para formar um "blocão" envolvem, ainda, a divisão de espaços estratégicos nas comissões e na Mesa Diretora. Com 68 deputados eleitos, o PT é a segunda maior bancada, atrás do PL de Bolsonaro (99), mas, se ficar isolado e não participar de blocos, perderá a prioridade nos assentos.

Atualmente, a maior resistência ao poder de Lira está numa ala do MDB. "Por que o MDB não pode ter um candidato?", perguntou o deputado eleito Eunício Oliveira (MDB-CE), que avalia a possibilidade de entrar no páreo. "Tem de ter calma com isso."

Inimigo

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), inimigo do presidente da Câmara, é um dos que tentam articular a base política de Lula para enfrentar o líder do Centrão. Renan e Eunício chegaram a procurar Bivar para formar um bloco contra Lira, mas o União Brasil preferiu apoiar a reeleição.

O partido também pode se aliar a Lula, dependendo dos cargos que conquistar no novo governo. "O PT tem de dizer qual é o espaço que a gente vai ter", afirmou Bivar ao Estadão. Filiado ao União Brasil, o senador eleito Sérgio Moro (PR) rejeita esse acordo.

O líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), disse que é preciso ter cautela antes do fechamento de alianças. "O MDB não colocou candidatura até o momento. Estamos na fase de discutir possíveis blocos."

Lideranças do Centrão se movimentaram nessa quinta-feira (10) no Congresso para incluir na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição uma flexibilização para liberar até o fim do ano R$ 7,9 bilhões de emendas do orçamento secreto que estão hoje bloqueadas.

Segundo apurou o Estadão, a articulação da proposta saiu da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro (PL), comandada por Ciro Nogueira. Ele é aliado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que busca a sua reeleição para o comando da Casa e conta com a liberação dessas emendas como moeda de troca. Revelado pelo Estadão, o orçamento secreto consiste em um esquema de transferência de verbas a parlamentares sem critérios de transparência em troca de apoio político.

##RECOMENDA##

A própria PEC liberaria as emendas de relator, que sustentam o orçamento secreto - não de forma direta, mas abrindo espaço no limite do teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação) em 2022.

As emendas foram bloqueadas pelo governo para o cumprimento do teto de gastos. A expectativa dos aliados do presidente Bolsonaro era de que elas fossem liberadas até o fim do ano para servir de apoio às negociações para as mesas da próxima legislatura tanto do Senado quanto da Câmara.

A chamada PEC da Transição foi proposta pelo governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para permitir aumento de gastos em 2023 e cumprir as promessas de campanha. No Congresso, porém, o tamanho da "licença" de gastos chegou a R$ 175 bilhões, com despesas que passam a ser permanentes não só em 2023, mas nos próximos anos.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a dizer, nesta sexta-feira (28), que não tem controle sobre o orçamento secreto. Em entrevista ao canal "O Primo Rico", de Thiago Nigro, o chefe do Executivo afirmou que, se tivesse "nas mãos" os R$ 19 bilhões previstos para as emendas de relator-geral no ano que vem, seria o "presidente mais feliz do mundo".

No começo desta semana, o chefe do Executivo chegou a dizer que, se reeleito, poderia negociar o fim do orçamento secreto. Por meio do esquema, revelado pelo Estadão, o Palácio do Planalto negocia apoio no Congresso com a destinação de emendas, sem critérios e transparência, a parlamentares principalmente da base governista.

##RECOMENDA##

"Se eu tivesse R$ 19 bilhões nas mãos, eu seria o presidente mais feliz do mundo e saberia onde melhor aplicar esses recursos. Não quero generalizar", afirmou o presidente, ao dizer que a decisão sobre a alocação das verbas do orçamento secreto é do relator-geral. "Nós não temos controle disso", emendou.

Adversário de Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já prometeu acabar com o esquema, se eleito. Na entrevista, contudo, o presidente afirmou que os petistas foram favoráveis ao orçamento secreto.

O chefe do Executivo ainda sugeriu que as emendas de relator-geral foram uma reação ao fato de ele ter supostamente negado em 2019 ao então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a recriação do Ministério das Cidades. Segundo Bolsonaro, Maia queria "acomodar seu pessoal" na pasta.

O presidente disse também que vetou o orçamento secreto, sem mencionar que, depois disso, recuou e enviou um projeto próprio ao Congresso para criar o esquema, gestado no gabinete do então ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, no Palácio do Planalto.

Na segunda-feira, 24, em entrevista ao site Metrópoles, Bolsonaro disse que pretende negociar o fim do orçamento secreto em um eventual segundo mandato. "O novo Parlamento ficou muito mais para a centro-direita e pretendo negociar no ano que vem, se eu for reeleito, obviamente, a extinção desse dito orçamento secreto", declarou o presidente.

No segundo bloco do confronto entre os candidatos ao governo de São Paulo na TV Globo, a nacionalização do debate se manteve no foco. Ao atacar o adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Fernando Haddad (PT) criticou o corte de verbas em programas sociais promovido pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que "vocês entendem é de orçamento secreto".

"Para onde vai o dinheiro ninguém sabe, mas para remédio, para casa e para merenda, não vai", provocou. "O mundo do Bolsonaro não existe nem em São Paulo e nem no Brasil, as pessoas estão passando necessidade, temos que falar sério com elas", disse Haddad a Tarcísio.

##RECOMENDA##

Em crítica ao adversário, Haddad afirmou que o ex-ministro não abordou, durante a campanha, pautas como salário mínimo e redução do ICMS sobre alimentos. "Agora quer colar nas minhas propostas para aparecer que você conhece São Paulo? Você não conhece São Paulo", reforçou. Tarcísio voltou a repetir que Haddad ganhou o título de "pior prefeito de São Paulo".

   O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB) alfinetou o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a criação do orçamento secreto, em publicação nas redes sociais, nesta terça-feira (25). “É bom que ele defenda agora o fim do orçamento secreto que ele criou”, afirmou sobre o pagamento de emendas parlamentares como forma de barganhar apoio ao governo federal no Legislativo.   

“Bolsonaro tenta transferir para terceiros a responsabilidade pela existência do orçamento secreto que ele mesmo criou e sancionou. Já foi desmentido várias vezes. O tema é muito desgastante, porque de fato, com a restrição fiscal é muito complicado você ter esse recursos livres, enquanto faltavam verbas para áreas fundamentais. É bom que ele defenda agora o fim do orçamento secreto que ele criou”, escreveu o deputado em seu Instagram. 

##RECOMENDA##

 Vale lembrar, que o chefe do executivo já declarou que o dispositivo foi criado por Maia para “tirar poderes” do Executivo e afirmar, sem citar nomes, que 13 congressistas do PT estariam se beneficiando das verbas.   

O candidato à reeleição à Presidência da República pelo PL, Jair Bolsonaro, afirmou que pretende negociar a extinção do chamado orçamento secreto em um próximo mandato. Ele foi entrevistado, na tarde desta segunda-feira (24), pelo portal Metrópoles. 

“Esse tal orçamento, que alguns chamam de secreto, tirou poder de mim. No passado, eu liberava emendas. Agora passou a ser impositivo. E o dono da caneta, dono de R$ 16 bilhões, é o relator. O verdadeiro dono desse orçamento não sou eu, é o parlamento brasileiro. Com um novo parlamento, muito mais para o centro-direita, eu pretendo negociar, o ano que vem, se eu for reeleito, a extinção desse dito orçamento secreto. É um desgaste para todo mundo e quem está pagando a conta sou eu”, disse o presidente. 

##RECOMENDA##

Perguntado sobre como seria essa negociação com o Congresso, para reduzir ou extinguir o orçamento secreto, Bolsonaro disse que vai dialogar com as lideranças políticas. 

“Vamos negociar com o parlamento até que ponto nós podemos discutir quem vai liberar esse recurso. No momento é uma pessoa, um deputado federal num ano, um senador no outro, que tem mais poder do que eu. O meu orçamento é completamente engessado. Hoje em dia, um deputado federal ou um senador passou a ser o dono da função mais importante do Brasil. Isto não é justo. Se procurar, através da LAI [Lei de Acesso da Informação], vocês vão ver certos nomes enviando R$ 200, R$ 300, R$ 400, R$ 500 milhões para o seu estado. Não sabemos ao certo para onde vai esse recurso. A CGU [Controladoria Geral da União] faz esse acompanhamento”, explicou. 

O presidente admitiu que a atual sistemática orçamentária retirou poderes do Executivo e que ele vai negociar ou, se não for possível, vetar a destinação de verbas, contando para isso com uma composição política mais favorável. 

“Eu não posso continuar perdendo poderes. Os parlamentares já têm, aproximadamente, R$ 15 milhões por ano pelas emendas impositivas. Tem muito recurso bem direcionado, mas eu não quero continuar perdendo poder, como perdi. Buscando alteração na feitura do orçamento no ano que vem. Vamos tentar negociar, reduzir esse valor, passar uma parte para mim. Se não for possível, eu vou para o veto. A derrubada do veto vai ser mais difícil pelo perfil do novo parlamento”, disse. 

Bolsonaro considerou que poderá conquistar a votação perdida no primeiro turno, quando ficou cerca de 6 milhões de votos atrás de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, com a possível desmobilização de eleitores que votaram na esquerda mas não vão voltar às urnas e também com o reforço junto ao eleitorado religioso. Segundo o presidente, seus eleitores são bastante fiéis e devem dar uma forte resposta no domingo (2).

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (PSDB), rebateu Jair Bolsonaro (PL) e disse que o próprio presidente é o "pai do Orçamento Secreto". O deputado publicou um vídeo na noite desse domingo (16), após ser citado por Bolsonaro como o criador da proposta de emendas do relator que, na prática, diminuiu transparência na distribuição de recursos federais aos parlamentares.

Maia chamou Bolsonaro de mentiroso e apontou que o Orçamento Secreto foi assinado pelo presidente e pelo ex-ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

##RECOMENDA##

"Mais uma mentira do presidente Bolsonaro [...] Pelo jeito nem é tão secreto, ele tem a lista de quem recebe. Não diz os nomes, mas diz o número que os deputados de esquerda teriam recebido. Quer dizer, está secreto para a gente, está secreto para a imprensa. Para ele, claro que não, ele que executa o orçamento", apontou no conteúdo publicado nas redes sociais.

A criação desse mecanismo, batizado como RP-9, foi proposta pela Presidência através do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 51/2019 para Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020. O ex-presidente da Câmara ressaltou que a LDO foi aprovada em sessão unicameral, presidida pelo presidente do Senado.

“O Congresso tentou. Sessão do Congresso, o LDO não passa pela Câmara. Sessão do Congresso presidida pelo presidente do Congresso, senador, não tem nada a ver com a Câmara. Ele vetou, o veto foi mantido, e ele criou o RP9 por uma mensagem assinada por ele e pelo ministro Ramos. Essa é a verdade. Infelizmente, de verdade, eles conhecem pouco", criticou Rodrigo Maia.

As emendas do Orçamento Secreto foram aprovadas para as LDOs de 2020, 2021 e 2022. Bolsonaro chegou a vetá-las apenas para 2021, mas o Congresso derrubou o veto e seguiu com o texto original.

[@#video#@]

 

A senadora e ex-candidata à presidência no primeiro turno, Simone Tebet (MDB), disse há pouco que a corrupção por meio do chamado orçamento secreto está institucionalizada. Ela responsabilizou o governo federal por isso ao dizer que o Planalto é artífice do esquema.

"Eu não tenho dúvida que o esquema de corrupção está institucionalizado. Sem dúvida nenhuma. Eu fui vítima do Orçamento Secreto. Eu sei exatamente como ele foi criado, por quem ele foi criado e para quem ele foi criado. O governo federal está envolvido, é o artífice de todo esse esquema lamentável", disse durante caminhada com apoiadores no Rio na qual pediu votos no ex-presidente Lula.

##RECOMENDA##

Tebet voltou a dizer que os desvios por meio do repasse do controle de parte importante do orçamento ao Congresso Nacional, de forma pouco transparente, pode ser o maior escândalo da história do País.

"Nós podemos estar sim diante do maior esquema de corrupção da história do Brasil. Só num único ano são R$ 19 bilhões que foram tirados da Educação, da Saúde, de obras públicas e serviços públicos que fazem tanta falta para o povo brasileiro", completou.

Terceira colocada na eleição presidencial, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) analisou que o orçamento secreto - mecanismo utilizado pelo Executivo para angariar apoio no Congresso - deve se igualar ao esquema do Petrolão, mas que irá deixar o escândalo do Mensalão "no chinelo". Após classificá-lo como um dos "maiores esquemas de corrupção da história do Brasil", ela justifica tal avaliação ao dizer que houve uma tentativa de se institucionalizar a corrupção nos Poderes.

Em conversa com jornalistas após palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), nesta sexta-feira, 14, a senadora declarou: "O orçamento secreto vai se mostrar um dos maiores esquemas de corrupção da história do Brasil. Se igualando ao Petrolão e deixando no chinelo o Mensalão."

##RECOMENDA##

Para ela, a tentativa de institucionalização da corrupção através do orçamento secreto se evidencia a partir do envolvimento de mais de uma esfera do Poder. Nesta manhã, a senadora havia comemorado, via redes sociais, as primeiras prisões ligadas ao esquema. As prisões foram feitas pela Polícia Federal (PF) no Maranhão, em que o escândalo de corrupção, supostamente, atinge o Sistema Único de Saúde (SUS). "É a ponta do iceberg; vai virar uma anedota em livro de histórias", disse Tebet.

Na palestra realizada nesta tarde na FGV, a senadora reforçou sua postura a favor das instituições e declarou que seu apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem como foco a defesa da democracia. Segundo ela, o discurso de combate à corrupção não deve ser tão decisivo na escolha entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL). "Corrupção por corrupção, sim, aconteceu no Mensalão e está acontecendo nesse governo", disse.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando