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Apontado como o maior esquema de desvio de dinheiro da história do Brasil pela ex-presidenciável Simone Tebet, o chamado orçamento secreto teve suas primeiras prisões de suspeitos nesta sexta-feira (14). A investigação aponta que uma pequena cidade do Interior do Maranhão recebeu R$ 591 por habitante em 2021, enquanto a média nacional é de R$ 15. Os registros do município com cerca de 12 mil habitantes também mostram que, só em 2020, 12.700 radiografias de dedo foram feitas.

A operação Quebra Ossos, da Polícia Federal (PF), prendeu os irmãos Roberto e Renato Rodrigues Lima por suspeita de participar de um grupo criminoso que desviava os repasses do Orçamento Secreto para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Maranhão. Diversas Prefeituras informaram que as unidades de saúde prestaram atendimentos e consultas que não existiram. Enquanto isso, recebiam a verba das emendas parlamentares sem transparência, publicou a Piauí.

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Os irmãos são donos da RR de Lima, uma empresa com contratos em várias cidades maranhenses que também são investigadas pela mesma prática. “Há prova robusta, em especial ancorada em análise técnica realizada pela CGU, de que a estrutura da pessoa jurídica, embora módica, tem sido utilizada pelo investigado Roberto Rodrigues para promover a inserção falsa de dados no SIA não apenas do município de Igarapé Grande, mas em dezenas de outras urbes do Estado do Maranhão, causando prejuízo de larga monta à União”, diz a decisão da Justiça Federal no Maranhão.

O Congresso descumpriu determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) pela ampla publicidade das indicações das verbas do Orçamento Secreto e manteve o Sistema de Indicações Orçamentárias (Sindorc). Nesse formato, pessoas que não são deputados ou senadores são definidas como "usuários externos" e atuam como laranjas solicitações das emendas para resguardar os parlamentares de uma investigação.

Roberto é credenciado como um desses "usuários externos" e teria pedido R$ 69 milhões em emendas do relator só neste ano. Entre a solicitação de R$ 9,2 milhões aprovada pelo relator-geral, Hugo Leal (PSD-RJ), R$ 44 já foi encaminhada às Prefeituras.

A Justiça Federal expediu mandados para a PF cumprir na Secretaria de Saúde de Igarapé Grande, que tem em torno de 12 mil habitantes e teria desviado ao menos R$ 7 milhões por meio do Orçamento Secreto. A secretária municipal de Saúde, Raquel Inácia Evangelista, foi afastada e virou alvo de uma ordem de busca e apreensão junto com seu antecessor, Domingos Vinícius de Araújo Santos. O prefeito Erlânio Xavier é o atual presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (Famem) e aliado do senador Weverton Rocha.

O nome da operação faz referência às 12,7 mil radiografias de dedo de mão feitas em 2020. Em todo o Brasil, o índice só perde para o das capitais São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. No ano passado, Igarapé Grande foi contemplada com a média de R$ 591 na saúde para cada morador. A média nacional é de R$ 15 por habitante.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta segunda-feira (10), que desconhece ter "desvetado" o orçamento secreto. Revelado em série de reportagens do Estadão, o orçamento secreto foi gestado dentro do Palácio do Planalto, no gabinete do então ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.

A primeira tentativa de viabilizar o orçamento secreto foi realmente do Congresso e Bolsonaro a vetou. O presidente, porém, recuou do próprio veto logo depois e encaminhou para análise dos parlamentares, em dezembro de 2019, o texto que criou o orçamento secreto. O projeto é assinado por Bolsonaro e a exposição de motivos que o justifica leva a assinatura do general Ramos. Todo esse processo está documentado.

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Bolsonaro esteve em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília na manhã desta segunda. Ao ser questionado pelo Estadão sobre ter recuado do veto, Bolsonaro respondeu: "Por favor, você não aprendeu orçamento secreto ainda, que não é meu?", disse. "Pelo amor de Deus, para com isso. Orçamento secreto é uma decisão do Legislativo que eu vetei, depois derrubaram o veto. Quem recuou do veto? Ah, eu desvetei? Desconheço desvetar".

Na época, Ramos era o responsável por fazer a ponte entre o governo e o Congresso. Na prática, Bolsonaro abriu mão de decidir o que fazer com o dinheiro público em troca de apoio no Legislativo e de preservar seu mandato de pedidos de impeachment.

Apesar de o presidente jogar a responsabilidade para o Congresso, todo o pagamento é controlado pelo governo, que escolhe quando pagar e qual parlamentar será beneficiado naquele momento. O congressista, nesse caso, indica para onde vai o dinheiro e, até mesmo, o que deve ser comprado com o montante. Como revelou o Estadão, deputados chegaram a definir inclusive o valor que o governo deveria pagar por um bem público, como tratores, e com preços superfaturados.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a defender as emendas de relator e afirmou que esse instrumento orçamentário acabou com o chamado “toma lá dá cá” na relação entre Executivo e Legislativo.

Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta terça-feira (4), o presidente disse que o Congresso aprovou uma nova rubrica orçamentária que identifica e rastreia para onde os recursos foram encaminhados. Para Lira, é um erro chamar o orçamento de secreto, trata-se de um orçamento municipalista que atende às necessidades mais urgentes da população. 

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“Usar isso como bandeira de campanha é um erro vai prejudicar muitas pessoas que tiveram melhorias em suas vidas. É melhor o parlamentar fazer as indicações porque sabe mais das necessidades do povo, do que um ministro que não teve um voto e não conhece o Brasil. Essa prática libertou o Congresso do toma lá dá cá”, disse. 

Pesquisas eleitorais

Arthur Lira voltou a criticar os institutos de pesquisa e propôs uma legislação mais dura para punir erros e metodologias das empresas. Segundo ele, a divulgação parcial prejudica e induz o eleitor ao erro. 

O presidente destacou, no entanto, que é contra uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar eventuais erros de conduta nos institutos. Para ele, o ideal é uma regulamentação legislativa sobre as empresas de pesquisa. “Tenho sido procurado para instalação de CPIs, penso que CPI é um instrumento forte e nesse caso não seria adequado, mas uma alteração dura na legislação para que a gente possa reprimir, punir, banir do sistema essas empresas que erram”, afirmou. 

“Não podemos ter pesquisas que dão a vitória ou empate técnico e [com o resultado das urnas] dão vitória a outro; se errar mais de uma ou duas vezes a margem de erro, isso não é erro, ou a empresa não sabe fazer ou está direcionando a vontade do eleitor e está trabalhando para alguém”, criticou Lira. 

Liberal e reformador

Em relação ao presidente que será eleito no final do mês, Lira afirmou que, mesmo que liderem projetos e modelos econômicos distintos, o Congresso continuará liberal e reformador. 

Ele defendeu a votação da reforma tributária já nos primeiros meses do novo governo. “Temos que votar a tributária qual seja o governo se não, se não acontecer nos quatro primeiros meses, é difícil ela continuar. O nosso sistema é capenga, aprovamos a [reforma da] previdência, a trabalhista e precisamos terminar a administrativa e a tributária. E com isso vamos para outras discussões como desvinculação e desindexação para que o Congresso tenha mais liberdade e de tratar de questões que ficam engessadas”, propôs Arthur Lira. 

*Da Agência Câmara de Notícias

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou fazer uma dobradinha com Luiz Felipe d’Avila no debate realizado nesta quinta-feira, 29, pela TV Globo, mas o candidato do Novo citou o orçamento secreto, esquema pelo qual o governo destina emendas parlamentares, sem critérios e transparência, para garantir apoio de parlamentares no Congresso. No começo do evento, o chefe do Executivo havia feito uma dobradinha com Padre Kelmon (PTB).

Bolsonaro disse que colocou um ponto final no "toma lá dá cá" ao assumir o governo, sem mencionar sua aliança com o Centrão, afirmou que colocou quadros técnicos nos ministérios e perguntou a D’Avila se esse estilo de governar deveria continuar. O candidato do Novo, então, disse que o orçamento secreto está "acabando" com a política e "corroendo" a credibilidade do Congresso e da própria democracia.

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"O orçamento secreto não é meu, eu vetei", respondeu Bolsonaro. "Não existe da minha parte nenhuma conivência com esse Orçamento", emendou. O presidente, contudo, voltou atrás no veto e acabou sancionando o esquema das emendas de relator para este ano. No enfrentamento, D’Avila também disse que nos últimos anos houve irresponsabilidade fiscal e descumprimento do teto de gastos.

Responsável por coordenar o programa de governo para a área da saúde do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Humberto Costa disse que espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue como inconstitucional o chamado orçamento secreto. Na avaliação de Costa, o mecanismo que libera recursos de pastas para emendas parlamentares não só compromete a política de saúde como outras áreas do governo.

Supondo a vitória de Lula nestas eleições, Costa disse que no primeiro ano de governo será preciso fazer "um trabalho para que os recursos do RP9 da saúde vão para a saúde".

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Segundo Costa, caso Lula vença, ele terá capital político para negociar, inclusive a tomada de recursos para a área da saúde fora do teto de gastos. "Vai ter que reduzir as filas da pandemia no SUS, pagar o piso da enfermagem e retomar as coberturas vacinais. Como fazer isso sem mais recurso?", questionou durante debate na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A adoção do orçamento secreto - revelado pelo Estadão -, a aprovação com apoio geral do Congresso do fundo eleitoral bilionário e o cenário de polarização têm sido desfavoráveis aos movimentos de renovação política. As emendas (impositivas, individuais e de bancadas, além das de relator) viraram cobiça e propósito dos partidos, o que dificulta o surgimento de novos quadros. A montanha de dinheiro público e a forma com que os recursos são distribuídos na eleição impedem mudanças, avaliam analistas.

Organizações como RenovaBR, Agora e Livres, além da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), dizem ter dificuldades de competir com esses meios que favorecem a manutenção dos atuais integrantes no Congresso. Neste ano, o índice de tentativa de reeleição na Câmara é de 87%, um recorde. De um total de 513 deputados, 448 tentam seguir na Casa responsável pela representação do povo brasileiro.

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Conforme mostrou a Coluna do Estadão, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), candidatos a deputado federal que disputam a reeleição ganharam quase dez vezes mais recursos nesta campanha do que concorrentes que tentam ingressar na Câmara. O levantamento mostra que os candidatos com mandato receberam, em média, R$ 1,8 milhão até o momento, enquanto os demais tiveram receita, em média, de R$ 195 mil.

Segundo o TSE, são 10.629 candidatos à Câmara em todo o País - dos quais 2.867 disputam uma vaga para deputado federal pela primeira vez, segundo dados do RenovaBR. Eduardo Mufarej, do movimento, criticou a disputa "desigual" no País. Anteontem, ele alertou sobre a importância do voto para o Legislativo.

"Está muito clara a relevância do Congresso nos próximos anos, e, para isso, realizarmos boas escolhas é fundamental. Dentro de uma escolha desigual, com orçamento secreto e fundo eleitoral, mas, ao mesmo tempo, contrapondo essa desigualdade com muita dedicação e muito empenho, conto com vocês. Realizem seu papel de cidadãos e façam boas escolhas", afirmou em vídeo nas redes sociais.

Diferença

Até agora, do fundão de R$ 4,9 bilhões, R$ 4,5 bilhões foram repassados aos candidatos, sobretudo os que já estão no poder. Dados da plataforma 72 Horas mostram que ao menos 35% dos postulantes não receberam nenhuma fatia desse valor.

O cenário é ainda mais concentrado no caso do Fundo Partidário, cujos valores podem ser usados para bancar impulsionamento de conteúdos na internet, compra de passagens aéreas, advogados e contadores para as campanhas. Desse total, apenas 10,5% dos postulantes foram beneficiados com R$ 362,4 milhões já distribuídos pelos partidos. O valor total do Fundo Partidário deve chegar a R$ 1 bilhão até o fim do ano.

Esses recursos também privilegiam candidatos à reeleição. Políticos que já possuem mandato receberam proporcionalmente cinco vezes mais recursos públicos do Fundo Partidário do que os novatos quando considerados todos os cargos em disputa.

Esses candidatos não apenas recebem mais dinheiro, como recebem primeiro. O pico de distribuição dos recursos a postulantes que tentam reeleição ocorreu em 19 de agosto, enquanto os novatos esperaram uma semana a mais para a maior fatia dos valores cair na conta, mostra a plataforma.

Candidatos à reeleição também ganham com o fortalecimento dos redutos eleitorais com o uso de emendas parlamentares. De 2019 a 2022, são mais de R$ 117 bilhões empenhados - dos quais mais de R$ 52 bilhões correspondem às emendas de relator - o chamado "orçamento secreto", distribuído no governo Jair Bolsonaro (PL) para garantir o apoio no Congresso sem transparência. No caso do Senado, dois terços dos candidatos à reeleição foram padrinhos com esse tipo de repasse.

Índice

Historicamente, mais da metade dos deputados federais se reelege. Nas últimas três eleições, o índice de renovação na Câmara oscilou entre 43,5% (2014) e 47,3% (2018), sendo 46,4% em 2010. Neste ano, a expectativa é de que esse porcentual seja maior, ou seja, mais deputados renovarão seus mandatos, segundo o cientista político e diretor executivo do Livres, Magno Karl, por fatores econômicos e políticos. "O fundão não tem democratizado a política, mas tem concentrado o poder, colocando vastas quantidades de dinheiro na mão daqueles que comandam hoje os partidos, como também desequilibrando a competição", afirmou.

Além disso, o discurso dos políticos que estão no poder hoje é voltado para "segurança", "estabilidade" e "ponderação". Para Karl, além de haver uma renovação nos representantes do povo, é preciso mudar a forma de se fazer política. "A mudança por si só não traz resultado. A gente precisa qualificar a renovação política não só removendo políticos que não têm muito a oferecer ao País, mas também com conteúdo programático relevante."

Para o cientista político Leandro Machado, cofundador do movimento Agora, a má distribuição de recursos pelos partidos leva a uma Casa com ainda mais nomes conhecidos na política. "As cláusulas de barreira e a origem dos recursos atrelada ao número de assentos (na Câmara) fazem com que, agora, os partidos tenham de fazer deputados. Como fazem isso? Lançam nomes já conhecidos que atuam como puxadores de votos e que já foram mandatários."

Machado também entende que a forma com que as legendas distribuem os valores contribui para a manutenção do poder dos caciques partidários e a existência de candidaturas laranjas. "Isso está expresso em como o financiamento é destinado, como é distribuído, como as contas são prestadas. Se (as cotas para mulheres) fossem 40% dos assentos (no Congresso), e não 40% das candidaturas, o jogo mudava de figura."

Diversidade

Dados da plataforma 72 Horas também mostram que a distribuição dos recursos derruba a possibilidade de renovação da diversidade no Congresso. "Quando o tema é renovação, descobrimos que candidaturas do eixo diversidade, que são mulheres, negros e indígenas, esperam mais tempo pelo recurso. Além de receber menos proporcionalmente, eles recebem depois. Isso é crucial", afirmou Fernanda Costa, uma das organizadoras da plataforma.

Na prática, os partidos não só não distribuem os valores de maneira equânime, como também levam mais tempo para bancar as candidaturas. "O dinheiro público não promove diversidade", disse Fernanda.

O apresentador Luciano Huck, um dos principais incentivadores desses movimentos de renovação, fez um alerta durante seu programa dominical, na TV Globo, para as eleições proporcionais. "Dia 2, 156 milhões de brasileiros vão às urnas escolher seus representantes. Neste período de campanha, a gente costuma falar muito sobre os candidatos a presidente e a governador. Mas hoje eu gostaria de encerrar o Domingão falando da importância do seu voto na eleição para os membros do Legislativo - deputados e senadores", afirmou o apresentador, que já teve a candidatura para o Palácio do Planalto aventada.

Como mostrou o Estadão, esse tipo de candidatura é o que representa a maior incidência da alienação (abstenção passiva e ativa) dos eleitores nas urnas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O corte de despesas promovido pelo governo Jair Bolsonaro para acomodar os R$ 19,4 bilhões reservados ao orçamento secreto, usado para acordos políticos, atingiu os recursos destinados a investimentos para prevenção e controle do câncer, historicamente a segunda doença que mais mata no País. A verba foi reduzida em 45%, passando de R$ 175 milhões para R$ 97 milhões, em 2023.

Os recursos fazem parte de um dos programas considerados como "estratégicos" pelo Ministério da Saúde, a Rede de Atenção à Pessoa com Doenças Crônicas - Oncologia. Anualmente, a própria pasta costuma recorrer a deputados e senadores para turbinar as verbas do programa, agora à míngua, por meio das emendas parlamentares individuais ou de bancada.

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Com a rubrica "estruturação de unidades de atenção especializada", atingida pela tesourada, o Ministério da Saúde repassa dinheiro a governos estaduais, prefeituras e entidades sem fins lucrativos para implementar, aparelhar e expandir os serviços de saúde hospitalares e ambulatoriais. A verba pode bancar a construção, ampliação, reforma e aquisição de equipamentos e materiais permanentes.

O governo reservou para este ano R$ 520 milhões para todas as ações, que foram reforçadas por emendas e chegaram a R$ 1,9 bilhão. Em 2023, o governo reservou apenas R$ 202 milhões, somados todos os planos de aplicação, uma queda de R$ 318 milhões.

Além do controle do câncer, o governo Bolsonaro reduziu a reserva de dinheiro público para incrementar a estrutura de hospitais e ambulatórios especializados que fazem parte de redes focadas em outros três grupos: a gestantes e bebês, a Rede Cegonha; a dependentes de drogas e portadores de transtornos mentais, Rede de Atenção Psicossocial - Raps; e a Rede de Cuidados a Pessoas com Deficiência, voltado para reabilitação. As três são consideradas "estratégicas".

Entre os equipamentos que costumam ser adquiridos com recursos do programa estão tomógrafos, aparelhos de raio-X, de ressonância magnética, de megavoltagem para radioterapia, macas, cadeiras de rodas, incubadoras, oxímetros, ventiladores pulmonares, desfibriladores, entre outros.

O corte pode prejudicar, por exemplo, a reforma e a compra de equipamentos para centros de parto normal, maternidades, bancos de leite humano, UTIs neonatais, hospitais psiquiátricos, centros de reabilitação, oficinas ortopédicas, centros de referência de alta complexidade em oncologia, laboratórios e serviços de referência para diagnóstico do câncer de mama e do colo de útero.

Entre as mulheres, o câncer de mama é o que tem mais incidência no Brasil, com 30% dos casos. Entre os homens, o de próstata responde por 29%, conforme dados de 2020 do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O governo não cortou a verba do Inca: serão R$ 430 milhões para 2023, R$ 5 milhões a mais do que dispõe atualmente. Porém, o impacto vai além.

No caso da Rede de Atenção a Pessoas com Deficiência a queda foi de 56%, passando de R$ 133 milhões para R$ 58 milhões previstos pelo governo. A Rede Cegonha e a Rede de Atenção Psicossocial (Raps) tiveram redução de 61%, com orçamento caindo, respectivamente, de R$ 44 milhões para R$ 17 milhões e de R$ 18 milhões para R$ 7 milhões. Despesas diversas caíram de R$ 150 milhões para R$ 23 milhões.

O acesso a médicos em áreas remotas da Amazônia também foi prejudicado. Os atendimentos e consultas feitos por militares do Exército e da Marinha a ribeirinhos e moradores de regiões de fronteira ou difícil acesso serão limitados, por causa da queda orçamentária. O repasse do Fundo Nacional de Saúde aos comandos militares cairá para R$ 8,1 milhões, ante os R$ 21 milhões transferidos atualmente.

De um total de R$ 1,64 bilhão atualmente, a saúde indígena terá em 2023 somente R$ 664 milhões, com as maiores perdas nas ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde nas tribos e saneamento básico em aldeias.

O Brasil Sorridente, programa com foco na saúde bucal, também perdeu 61% das verbas destinadas a compra de equipamentos odontológicos, reforma e construção de centros de especialidades e laboratórios de próteses dentárias. Antes com R$ 27 milhões, o programa agora terá R$ 10,5 milhões.

Para reservar R$ 19,4 bilhões ao orçamento secreto, o governo Bolsonaro determinou um corte linear de 60% nas verbas da saúde. Como revelou Estadão, a decisão comprometeu, além das verbas para investimento, programas de atendimento direto, como o Farmácia Popular, que distribui medicamentos gratuitamente ou com desconto, e os atendimentos do programa Mais Médicos e Médicos pelo Brasil, cujo objetivo é suprir a carência por atendimentos e minimizar a disparidade regional na distribuição dos profissionais pelo território.

No caso do Farmácia Popular, a verba caiu de R$ 2,4 bilhões para R$ 1 bilhão, um corte de 59%. O programa fornece medicamentos para asma, hipertensão e diabetes, entre outros, assim como fraldas geriátricas. Mais Médicos e Médicos pelo Brasil perderão metade dos recursos: de R$ 2,96 bilhões para R$ 1,46 bilhão.

Depois da repercussão eleitoral negativa, o presidente Bolsonaro e ministros se apressaram em dizer que os programas poderão ter orçamento revisto durante negociação no Congresso. A recomposição, entretanto, depende de acordo político e não tem garantias de que ocorrerá. "O Ministério da Saúde está atento às necessidades orçamentárias e buscará, em diálogo com o Congresso Nacional, as adequações necessárias na proposta orçamentária para 2023", disse a pasta, em nota à reportagem.

"No Brasil pós-pandemia, mais uma vez perde a população e os investimentos estratégicos para estruturar a rede, que serão reduzidos em prol de gastos de baixa qualidade, que atendem muitas vezes interesses particulares em detrimento da alocação a partir da gestão tripartite do SUS (Sistema Único de Saúde)", diz o economista Carlos Ocké, doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e pós-doutor pela Yale School of Management.

A candidata ao Senado pelo Psol, Eugênia Lima, participou, nesta quinta (15), de debate realizado pela Rádio Cultura Caruaru, em Caruaru, no Agreste. A principal pauta defendida por Eugênia Lima foi a revogação do Orçamento Secreto, criado no Governo Bolsonaro, e da PEC do Teto dos Gastos 

“Não existirá desenvolvimento em Pernambuco e no Brasil enquanto não houver a revogação do Orçamento Secreto. A população desconhece, mas é importante alertá-la. Os recursos que seriam destinados para a educação do seu filho, para a saúde do seu avô e para a comida na sua mesa foram distribuídos com parlamentares em arranjos políticos para serem usados de forma aleatória e sem transparência”, disse.

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  Eugênia colocou como necessidade prioritária para a volta de investimentos no país a taxação das grandes fortunas e o fim da PEC do Teto dos Gastos, que limita o investimento do Governo Federal em áreas prioritárias. Em momento de resposta ao candidato André de Paula (PSD) sobre o tema da educação, Eugênia lembrou que André votou a favor da PEC do Teto dos Gastos, na Câmara de Deputados, e perguntou como ele agiria se eleito para o Senado, se revogaria a PEC. André se esquivou da pergunta. 

 Já para o candidato Carlos Andrade Lima, do União Brasil, partido que mais recebeu dinheiro do Orçamento Secreto, Eugênia indagou sobre a sua posição quanto à prática. 

“Tudo que for secreto, eu sou contra”, disse ele. E, ao complementar, se contradisse, admitindo que pegaria os recursos do Orçamento Secreto caso fosse gestor. “Eu, como legislador, serei contra. Como gestor, tem que receber e aplicar esse dinheiro em educação, saúde e lazer, que é o que se faz!”, falou, tentando se explicar.   

Eugênia Lima frisou que Pernambuco não merece eleger um senador que corrobore com os desmandos do Governo Federal e seja cúmplice de arbitrariedades. “É preciso conhecer a trajetória de cada candidato e não se deixar levar por palavras. O povo passa fome e tem pressa de comida e cuidado. Os candidatos que, hoje, disputam a vaga, demonstram não ter compromisso com o povo pernambucano”, disparou.

*Da assessoria 

Nove dos 13 senadores que concorrem à reeleição neste ano indicaram verbas do orçamento secreto. As informações foram declaradas pelos congressistas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por determinação da ministra Rosa Weber. O teor dos documentos varia entre si. Há senadores que fazem menção às emendas e apresentam detalhes dos gastos públicos e há aqueles que se limitam a confirmar o recebimento do dinheiro sem especificar a destinação.

A falta de transparência na indicação das chamadas emendas de relator, nome técnico do orçamento secreto - esquema revelado pelo Estadão -, faz com que os recursos sejam remanejados por meio de escolhas políticas, em vez de critérios técnicos. Além disso, não há publicidade dos atos.

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Dos senadores beneficiados pelas emendas de relator, sete não especificaram valores ou destinação: Omar Aziz (PSD-AM), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Otto Alencar (PSD-BA), Wellington Fagundes (PL-MT), Romário (PL-RJ), Telmário Mota (PROS-RR) e Rose de Freitas (MDB-ES). Procurados, os senadores não apresentaram informações à reportagem, com exceção de Alcolumbre, que foi presidente do Senado.

Já Kátia Abreu (Progressistas-TO) e Acir Gurgacz (PDT-RO) entregaram ao STF detalhes do uso dos recursos públicos. Eles apadrinharam R$ 29,3 milhões e R$ 35,6 milhões, respectivamente, para redutos eleitorais, em 2020 e 2021. Roberto Rocha (PTB-MA) e Alexandre Silveira (PSD-MG), por sua vez, não responderam à solicitação de Pacheco após a ordem judicial de Rosa Weber. Outros dois senadores que disputam a reeleição - Dário Berger (PSB-SC) e Alvaro Dias (Podemos-PR) - declararam não ter feito nenhuma indicação no orçamento secreto.

Nas redes sociais, senadores exploram a aplicação desses recursos em redutos eleitorais. Para o professor de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV) Gustavo Fernandes, essas emendas favorecem interesses particulares dos políticos, "de curto prazo, relacionados à sustentação do governo". "É o orçamento de acerto de contas e acertos políticos", afirmou.

INFRAESTRUTURA

Kátia e Gurgacz, por exemplo, priorizaram a alocação de quase a totalidade dos recursos em infraestrutura e maquinários. No caso da senadora, todas as 22 indicações foram para equipamentos e reformas.

Imagens de Kátia durante a entrega de obras foram compartilhadas em redes sociais. "A senadora fez questão de ajudar os prefeitos de forma completa. Duas perfuratrizes que poderão fazer centenas de poços por ano", afirma ela mesma, em um vídeo postado em outubro de 2021.

A parlamentar aparece na entrega do maquinário para municípios da região do Bico do Papagaio (TO). Ela indicou, em 2020, R$ 4,92 milhões em máquinas para o Consórcio Público Intermunicipal para Desenvolvimento Sustentável da Região do Bico do Papagaio (Coinbipa), que ela própria ajudou a criar. Além disso, a senadora repassou mais R$ 3,85 milhões para o Consórcio Intermunicipal Vale Serra Dourada, quantia que está estampada em um cartaz durante a entrega do maquinário.

Em nota, a assessoria de Kátia afirma que todas as indicações de emendas "são feitas de forma transparente e dentro do Orçamento da União, com a devida publicidade e atendendo a todas as regras". Diz ainda que os valores enviados para a região do Bico do Papagaio permitiram a perfuração de "30 poços artesianos, levando água para a população".

PAVIMENTAÇÃO

Gurgacz também fez 22 indicações. Uma delas foi destinada para a área da saúde. Em Rondônia, prefeitos agradecem em vídeo pelas emendas viabilizadas por ele. Um dos aliados é o prefeito de Butiris, Roni Irmãozinho (PDT), colega de partido.

Em postagem compartilhada no Facebook, Irmãozinho diz que vai construir duas pontes na cidade, além de pavimentar ruas. Ao todo, foram destinados R$ 8,8 milhões ao município, em dois anos - quase o triplo do total destinado à população de Buritis pelo Auxílio Brasil em 2022, de acordo com o Portal da Transparência. Procurado, Gurgacz não respondeu à reportagem.

REELEIÇÃO

A assessoria de imprensa de Alcolumbre afirma, em nota, que Macapá e Santana (AP) receberam, cada uma, aproximadamente R$ 100 milhões em emendas do orçamento secreto, em 2020 e 2021. Outros R$ 120 milhões foram destinados para o Hospital de Emergência do Estado.

As obras são destacadas na campanha de reeleição do ex-presidente do Senado. "Um sonho, uma realidade. Um trabalho do Davi, uma conquista para todos os amapaenses", diz vídeo com imagens das futuras instalações do novo equipamento de saúde.

A assessoria de Alcolumbre diz, ainda, que o senador "sempre apoiou pedidos de emendas destinados a beneficiar todos os municípios do Estado do Amapá, para execução das três esferas de governo".

SEM RESPOSTA

Em nota, Alexandre Silveira afirma que, por ter assumido o mandato em fevereiro deste ano, não indicou verbas em 2020 ou 2021. O orçamento de 2023 ainda será fechado. Ele assumiu o cargo após renúncia do titular, Antonio Anastasia, que passou a integrar o Tribunal de Contas da União (TCU) como ministro.

Já o senador Telmário Mota diz, em nota, que só se manifestará sobre o uso de recursos do orçamento secreto após a realização da eleição, no dia de 2 de outubro, em virtude de o pagamento dos recursos do orçamento estar suspenso até novembro conforme "determina a lei eleitoral, o que impossibilita sua discriminação".

Omar Aziz, Otto Alencar, Roberto Rocha, Romário, Rose de Freitas e Wellington Fagundes não se manifestaram até a conclusão desta edição.

O governo federal liberou o pagamento de R$ 1,7 bilhão em emendas do orçamento secreto dois dias após o presidente Jair Bolsonaro assinar um decreto na véspera do feriado de 7 de Setembro destravando as verbas de interesse dos parlamentares. Bolsonaro adiou repasses da cultura e da ciência e tecnologia para abrir o espaço para as emendas.

As verbas estavam bloqueadas desde o início de agosto. De lá para cá, o presidente assinou duas medidas provisórias prorrogando repasses que estava obrigado por lei a fazer ainda em 2022, relativos ao setor cultural e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). A manobra libera R$ 5,6 bilhões ainda neste ano para irrigar o orçamento secreto, conforme o Estadão revelou em 31 de agosto.

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Com o decreto assinado e publicado no dia 6 de setembro, em edição extra do Diário Oficial da União, os órgãos do governo ficaram livres para destravar as emendas que estavam bloqueadas. É uma demanda do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), e de outros líderes do Centrão, que pressionam o Executivo para liberar os pagamentos até a data das eleições.

Tecnicamente, o valor de R$ 1,7 bilhão diz respeito à verba desbloqueada nos ministérios carimbada com as emendas de relator, que alimentam o orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão. Com o desbloqueio, o governo está pronto para empenhar os recursos, ou seja, garantir o pagamento aos redutos eleitorais dos parlamentares. Na prática, os padrinhos das emendas poderão fazer propaganda com os recursos liberados. O governo usa os repasses em troca de apoio político no Congresso.

O Ministério do Desenvolvimento Regional, uma das pastas mais estratégicas para o orçamento secreto, aquela que usa o dinheiro para doar tratores e asfaltar ruas a pedido dos parlamentares, foi priorizada no desbloqueio, com R$ 1,1 bilhão liberado. O Ministério do Meio Ambiente, por outro lado, ficou atrás e só conseguiu R$ 8,5 milhões na manobra. As informações foram levantadas pela Consultoria de Orçamento da Câmara com dados do governo federal.

Disputa

O decreto de Bolsonaro provocou críticas no Congresso, especialmente da oposição. Parlamentares querem votar um projeto para reverter a decisão do governo e ameaçam derrubar o decreto no Supremo Tribunal Federal (STF). As duas medidas provisórias assinadas por Bolsonaro que permitiram a manobra também estão no alvo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é pressionado a devolver as medidas provisórias, o que obrigaria o governo a pagar os recursos para o setor cultural e para o fundo de ciência e tecnologia. Em uma reunião na terça-feira, 6, com um grupo de congressistas, Pacheco disse que deixaria para resolver o assunto depois do 7 de Setembro. Bolsonaro, porém, assinou o decreto antes.

Pacheco defendeu os repasses da cultura e da ciência e tecnologia, independentemente da decisão sobre as medidas provisórias. Na quarta-feira, 6, ele afirmou que pediria à equipe econômica para encontrar o espaço necessário para bancar o socorro ao setor cultural. Nos bastidores, cresce a possibilidade de uma nova flexibilização no teto de gastos ainda neste ano para viabilizar os pagamentos.
 

Enquanto as atenções em Brasília estavam voltadas para os atos políticos do 7 de Setembro, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou para editar decreto que abre caminho para desbloquear antes das eleições R$ 5,6 bilhões em emendas que sustentam o orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão.

A edição do decreto dribla as negociações no Congresso, capitaneadas pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para devolver MPs que adiaram o pagamento de despesas vinculadas à cultura, ciência e tecnologia, já que usa o espaço aberto no Orçamento para incrementar as emendas do orçamento secreto. Como as MPs têm efeito de lei, o governo já pode usar o espaço aberto por elas para liberar as emendas de relator com base no decreto. Sob pressão para devolver as MPs, Pacheco decidiu segurar a tramitação das medidas e cobrar a solução do Ministério da Economia.

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Ao Estadão, a Secretaria Especial de Tesouro e Orçamento do ministério confirmou que o decreto permite a liberação das emendas de relator, bloqueadas no mais recente relatório bimestral de receitas e despesas com base nas duas MPs.

O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, senador Jean Prates (PT-RN), afirmou ao Estadão que o decreto é mais uma afronta à decisão do Congresso que aprovou as despesas de cultura e ciência e tecnologia. Segundo ele, o decreto será contestado com a apresentação de um decreto legislativo e de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF). "O governo faz um movimento serial de quem não aceita derrotas legítimas no Parlamento", disse. "Eles se aproveitam do momento de feriado nacional e da questão eleitoral e que não se consegue deliberar."

O decreto, publicado em edição extra do Diário Oficial da União na noite de terça-feira (6), altera as normas orçamentárias e dá liberdade ao governo para fazer bloqueio e desbloqueio de dotação orçamentária antes mesmo da apuração do próximo e último relatório do ano de avaliação bimestral.

Pelos cálculos do especialista em Orçamento e assessor legislativo do Senado Bruno Moretti, as duas MPs permitem o desbloqueio de R$ 5,6 bilhões de emendas do orçamento secreto. Ele preparou um relatório na semana passada apontando esses valores com impacto imediato na "pedalada" das despesas da cultura e de ciência e tecnologia.

"Mesmo sem a tramitação das MPs para a Câmara, elas estarão em vigor e darão o suporte para o Ministério da Economia liberar os limites para as emendas de relator sem aguardar o relatório de avaliação, tendo em vista o decreto", alerta Moretti, que acompanhou a aprovação pelo Congresso das medidas que destinavam recursos para a cultura e o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia, postergados pelas duas Mps.

Moeda política

A edição das duas MPs foi uma demanda do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL). O orçamento secreto é usado como moeda de troca das negociações políticas em curso não só das eleições deste ano, mas também para as presidências da Câmara e do Senado em 2023.

Autora da Lei Aldir Blanc 2, que previa R$ 3 bilhões no ano que vem e teve o repasse adiado para 2024, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), afirmou: "Estamos lutando pela devolução sumária das medidas provisórias, a começar pela da cultura. Se for de fato devolvida, o governo vai ter de repor o recurso. Se ele tentou passar a gente para trás, ele é que vai ser passado para trás porque vai ter de repor imediatamente o dinheiro". A mesma medida provisória adiou para 2023 outros R$ 3,8 bilhões da Lei Paulo Gustavo, que deveriam ser pagos até outubro deste ano.

A candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB) saiu em defesa da vice Mara Gabrilli (PSDB-SP), após reportagem do Estadão revelar que a senadora destinou R$ 19,2 milhões em emendas do orçamento secreto em 2020. A candidata afirmou que nunca criticou todos que utilizam as emendas, mas sim aqueles que omitem sua destinação.

"Parabéns Mara Gabrilli por ter sido a primeira a abrir as contas. É isso que nós queremos do homem público. O dinheiro é do povo e nós temos que dar transparência", afirmou a jornalistas. De acordo com documentos enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), Gabrilli enviou verbas para 19 municípios com recursos para postos de saúde e hospitais.

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Encontro com observadores internacionais

A declaração ocorreu após encontro com membros do Observatório da Democracia do Parlamento do Mercosul, que participarão da fiscalização das eleições de outubro. O encontro, que foi parcialmente aberto à imprensa, teve a presença de sete parlamentas de Argentina, Uruguai e Paraguai. Eles trataram sobre o processo eleitoral brasileiro e o respeito ao resultado do pleito deste ano. Além disso, fizeram menção à preocupação com uma maior participação das mulheres na política.

"A presença do observatório só fortalece a democracia brasileira", afirmou Tebet mencionando que a sua candidatura foi a primeira a protocolar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um manifesto em que reiterava a confiança no processo eleitoral. A candidata ainda falou sobre a necessidade de se manter boas relações com países vizinhos e defendeu uma "integração regional" entre nações da região.

"Se nos elegermos, queremos governar junto com a América do Sul, com a América Latina, abraçando nossos países irmãos", afirmou. A declaração ocorre dias após o Chile convocar seu embaixador em protesto às falas do Presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) contra o presidente Gabriel Boric. Bolsonaro acusou o presidente chileno de "queimar o metrô" durante protestos que ocorreram no país em 2019.

A comitiva do Parlamento do Mercosul chegou ao Brasil no último domingo e permanece no País somente até esta quarta-feira. Os parlamentares já se reuniram com os candidatos Felipe D’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União). Segundo assessores, os parlamentares tentarão se reunir com o restante dos candidatos no final de setembro, antes do primeiro turno das eleições.

A candidata à Presidência Soraya Thronicke (União Brasil) e a candidata a vice-presidente na chapa de Simone Tebet (MDB), Mara Gabrilli (PSDB), indicaram quase R$ 115 mi do chamado orçamento secreto. As duas são senadoras. A informação é do jornal Estadão.

De acordo com a reportagem, a presidenciável recebeu R$ 95 milhões e Mara R$ 19 milhões em emendas parlamentares destinadas sem os devidos critérios técnicos.

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A matéria aponta que Soraya teve direito a 53 repasses, a maior parte destinada ao setor de saúde e à administração de municípios, já os de Mara não aparecem nos documentos enviados pelo Congresso Nacional ao Supremo Tribunal Federal (STF), e que tornaram públicos os gastos.

A companheira de chapa de Tebet, já definiu a divisão de verbas como “o maior esquema de corrupção do mundo”.

Soraya chegou a publicar, em abril, no Twitter: “Como eu não tenho absolutamente nada secreto, já prestei as minhas informações pormenorizadamente. Espero que os colegas façam o mesmo, pois caso contrário a população sofrerá com o bloqueio dos recursos”.

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Posicionamentos

Ao jornal, Soraya afirmou: "o que fiz foi dar transparência. Nenhuma das indicações que faço são secretas, dou publicidade a todos os recursos que destino para as políticas públicas do meu estado. Defendo que haja transparência em todos os atos públicos, principalmente no que tange dinheiro público".

Já Mara Gabrilli pontuou defender "a transparência de todos os recursos para que não sejam ‘secretos’ e que os recursos foram destinados para saúde, educação e inclusão social em 2020, no auge da pandemia de Covid-19”.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, em ato em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, o Orçamento Secreto, esquema revelado pelo Estadão de compra de apoio legislativo por parte do Executivo. De acordo com o ex-presidente, essa é "a maior bandidagem feita em 200 anos de república".

Lula também voltou a reclamar da ingerência do Executivo em cima do Orçamento. Para o petista, que pontuou a importância de se eleger um Congresso favorável ao seu projeto, será necessário sentar com o legislativo para "colocar ordem na casa" e para que cada Poder fique responsável pela sua própria tarefa.

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Na sua crítica à atual conjuntura dos Poderes, Lula afirmou que quem administra o Orçamento é o governo, e não o Congresso.

O Podemos, partido do senador Marcos do Val (ES), repreendeu o parlamentar após ele admitir ao Estadão que recebeu R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto por ter apoiado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na eleição para presidência do Senado, em fevereiro do ano passado. Os outros seis senadores do partido, incluindo o líder da bancada, Alvaro Dias (PR), assinaram uma nota condenando o esquema, que envolve a distribuição de verbas públicas para favorecer aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) e da cúpula do Congresso.

"Nós, senadores pelo partido Podemos, declaramos que somos contrários ao recebimento de verbas ou recursos provenientes das emendas RP-9 (orçamento secreto). Não compactuamos com essa forma de se fazer política", diz a nota.

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Na entrevista, Marcos do Val afirmou que teve o direito de indicar R$ 50 milhões em emendas para o Espírito Santo como forma de "gratidão" ao apoio dado a Pacheco. O valor foi informado pelo ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP), articulador da eleição, de acordo com ele. Depois da publicação, o senador divulgou uma nota afirmando que foi mal interpretado e pediu desculpas.

No ano passado, o Podemos declarou apoio à eleição de Simone Tebet (MDB-MS) para a presidência do Senado. Marcos do Val e o senador Romário (RJ), que mudou para o PL, apoiaram Pacheco, na contramão da bancada. Conforme o Estadão publicou na ocasião, o Planalto liberou verbas do orçamento secreto para favorecer Pacheco na eleição do Senado e Arthur Lira (Progressistas-AL) na disputa pela presidência da Câmara.

"Entendemos que as emendas individuais e de bancada são suficientes. Sempre defendemos o fim das emendas RP-9?, diz a nota do Podemos.

Integrantes do partido demonstraram contrariedade com a postura do colega, mas não houve nenhuma decisão em relação ao parlamentar. "Sempre fui contra o orçamento secreto, a começar que tudo que é secreto é reprovável e censurável. Em segundo lugar, o orçamento secreto foi discriminatório e correspondeu à compra de votos", disse o senador Lasier Martins na noite de quinta-feira, 7, após as declarações de Marcos do Val.

Na véspera da proibição do pagamento de verbas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), montou uma "salinha" para fazer repasses de verbas de emendas voltadas a redutos eleitorais dos parlamentares. O orçamento secreto prioriza a base do governo e já soma R$ 16,5 bilhões neste ano. 

Segundo o Estadão, seis servidores da presidência da Casa estão despachando na "salinha do orçamento secreto", que ocupa o número 135 da ala B do Anexo II, conhecido como "Corredor das Comissões". 

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A reportagem aponta que o local começou a funcionar em abril deste ano, mas a movimentação se intensificou nos últimos dias que antecedem a proibição de novos repasses em ano eleitoral, principalmente após a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro. 

Ao longo do último mês, mais de R$ 5,79 bilhões foram empenhados do orçamento para os parlamentares. Só nos dias 23 e 24 de junho, foram mais de R$ 3,2 bilhões empenhados das emendas do relator Hugo Leal (PSD), que aloca os recursos a partir de uma negociação juntamente com o Arthur Lira e líderes partidários. 

Os deputados federais Otacci Nascimento (Solidariedade) e Nelho Bezerra (União Brasil) foram encontrados no local realizando barganhas por mais repasses para os seus redutos eleitorais.

O orçamento secreto já foi alvo do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Supremo Tribunal Federal (STF) por falta de transparência nos repasses. 

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), articula uma manobra para manter o controle do orçamento secreto em 2023, independentemente do resultado da eleição para o Palácio do Planalto.

A estratégia envolve o manejo de uma cifra estimada em R$ 19 bilhões para verbas de emendas parlamentares, no ano que vem, e foi planejada pelo Centrão para garantir o poder sobre os recursos orçamentários no caso de eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de outubro.

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A cúpula da Câmara se movimenta para embutir na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 ou em resolução do Congresso uma regra que obriga o presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e o relator da LDO a assinarem as indicações das emendas do orçamento secreto. Hoje, apenas o relator-geral do Orçamento tem essa função.

Os dois políticos que devem entrar agora no processo são aliados do atual governo e podem garantir a Lira a administração dos recursos. A ideia é que esse sistema continue em operação mesmo se o presidente Jair Bolsonaro (PL) for derrotado nas urnas e ainda que Lira não seja reeleito para comandar a Câmara. O deputado está em campanha para ser reconduzido ao cargo, em fevereiro, e oferece aos aliados justamente a liberação desse dinheiro.

O perfil de quem estará à frente do Orçamento do próximo ano explica o movimento de Lira. O relator-geral é o senador Marcelo Castro (MDB-PI). Aliado de Lula, Castro será o responsável por carimbar as emendas de 2023. Já o presidente da CMO, deputado Celso Sabino (UniãoPA), é próximo ao Palácio do Planalto e foi escolhido a dedo por Lira. O senador Marcos Do Val (Podemos-ES), relator da LDO, tem perfil governista e foi convencido de que as novas regras darão transparência ao processo, alvo do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU).

MOEDA DE TROCA. O governo Bolsonaro usa o orçamento secreto para destinar recursos a redutos eleitorais de deputados e senadores em troca de apoio político no Congresso, como mostrou o Estadão. Desde 2020, a fatura das chamadas emendas RP-9 totalizou R$ 53,5 bilhões. Para o Orçamento do próximo ano, que será executado por quem for eleito presidente da República, os parlamentares querem um montante de R$ 19 bilhões.

A LDO serve para regulamentar as regras do Orçamento da União. Foi nessa lei que o Congresso incluiu, em 2019, a autorização para as emendas do orçamento secreto. O projeto encaminhado pelo governo para a distribuição dos recursos de 2023 não contempla o pagamento dessas verbas, mas, como aconteceu em outras ocasiões, o Congresso deve acrescentar o dispositivo no relatório, que tem votação prevista para a próxima quarta-feira. A intenção é deixar a LDO pronta antes das eleições, incluindo a análise dos vetos presidenciais.

Os parlamentares à frente das negociações discutem novos mecanismos que serão incluídos no texto para manter o orçamento secreto sob o controle da cúpula do Legislativo. Marcos Do Val argumentou que o objetivo é definir critérios de transparência, já que a responsabilidade pela indicação das emendas passará a ser dividida com mais de um parlamentar. Essa intenção, porém, pode ir por água abaixo, uma vez que, mesmo divulgando os padrinhos dos recursos, como determinou o Supremo, a negociação ainda ficaria submetida ao "toma lá, dá cá". Nos bastidores, a medida foi apontada por técnicos como sorrateira: garantiria o poder de Lira sob o discurso da transparência.

"A emenda de relator não vai ser secreta, não vai ter nada obscuro e eu não vou fazer disso uma ferramenta política", afirmou Do Val. A justificativa do senador para submeter as emendas à assinatura do presidente da CMO e dele próprio é tirar poder do relator-geral.

Do Val admitiu, no entanto, que ainda não tem uma solução para resolver o problema provocado pelo presidente da Câmara, que hoje escolhe quem entra na fila e quem será beneficiado. "Eu não posso deixar o Lira ter essa moeda de barganha", afirmou o relator da LDO. "Essa não é uma moeda. Esse dinheiro não é dele, esse dinheiro não é meu."

Procurado pelo Estadão, Lira não quis se manifestar. Já o presidente da CMO afirmou que espera o relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias para se posicionar. Na sua avaliação, regras específicas sobre as indicações de recursos podem não entrar na lei, mas ficar para uma resolução do Congresso. "Estamos trabalhando na presidência da CMO para dar toda a luminosidade possível às emendas RP-9", disse Celso Sabino. "O Congresso está maduro para definir a peça orçamentária na direção do bem comum, independentemente de quem seja o governo, do Bolsonaro ou do Lula. Nosso desafio é elaborar um orçamento para o próximo ano, não para o próximo governo."

BLINDAGEM. Líderes do Congresso também agem para tornar as emendas do orçamento secreto impositivas, ou seja, blindadas de cortes e interferências do governo. Quando um recurso é impositivo, o Executivo é obrigado a reservar uma parcela da arrecadação para essas programações e liberar o pagamento até o fim do ano, exceto se a situação fiscal das contas federais impuser bloqueio nos recursos.

A garantia existe atualmente apenas para as emendas individuais e de bancada. A alteração, porém, não pode ser feita na LDO, e depende da aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que exige quórum qualificado e votação em dois turnos na Câmara dos Deputados e no Senado.

Do Val defendeu o mecanismo para as emendas de relator e pretende incluir no relatório esse "jabuti" - jargão político usado para definir uma proposta encaixada de última hora, sem relação com o texto original. Caso não consiga, ele apresentará uma PEC.

Entre as providências que incluiu na lista de compromissos caso seja eleito, o ex-presidente Lula (PT) deve mobilizar uma Reforma Política. Nesta sexta-feira (29), o pré-candidato à Presidência da República resumiu os repasses do 'orçamento secreto' da Câmara dos Deputados como "a vergonha do século XXI".

Com movimentação em torno de R$ 20 bilhões, distribuídos sem transparência aos deputados federais através de emendas, a metodologia do 'orçamento secreto' foi criticada pelo petista.

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"O Presidente da Câmara distribui para quem quer, para que Deputados saiam tentando fazer acordo com Prefeitos. É uma vergonha é nacional", afirmou em entrevista à Rádio Jornal.

Fundão incentiva o aprimoramento da democracia

Lula ainda disse que os R$ 5 bilhões gastos com o Fundo Eleitoral e o custo anual destinado aos partidos pelo Fundo Partidário não interferem na alta da inflação, mas que é importante motivar uma Reforma Política.

Na sua visão, o investimento é o preço do aprimoramento em que se encontra a democracia. "O Fundo é um jeito da Justiça Eleitoral controlar os partidos e saber que não vai ter corrupção, que não vai ter empresário comprando partido, comprando deputado, comprando mandato", concluiu. 

O ex-presidente acrescentou que o financiamento público de campanha foi um passo importante para o fim da corrupção, pois acabou com os acordos das empresas junto aos partidos.

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), afirmou, nesta terça-feira (26), durante a 23ª Marcha a Brasília em defesa dos municípios, que o orçamento secreto ajuda a financiar a saúde no Brasil.

Por meio do esquema, revelado pelo Estadão no ano passado, o governo Bolsonaro destina verbas a parlamentares aliados sem critérios definidos e transparência em troca de apoio no Congresso.

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"Sobre o orçamento dito como secreto, os custeios para a saúde que entram direto na conta dos municípios. O que seria da atenção básica do Brasil se não tivesse esses recursos para a saúde, que não tem placa de inauguração, que não tem festa de inauguração, mas que todos os prefeitos e prefeitas sabem o quanto é importante para pagamento de folha, compra de medicamentos, de equipamentos, de reformas", declarou Lira, ao lado do presidente Jair Bolsonaro e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O relator do Orçamento no Congresso Nacional, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), expôs a reação dos parlamentares com o bloqueio nas verbas do orçamento secreto. Questionado sobre o decreto do presidente Jair Bolsonaro, o deputado disse ao Estadão/Broadcast que o corte "não irá prosperar".

A equipe econômica anunciou na semana passada um bloqueio de R$ 1,7 bilhão nas despesas do Executivo. No decreto publicado nesta quinta-feira, 31, todo o bloqueio ficou concentrado nas emendas de relator.

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O decreto provocou reação nos bastidores do Congresso, que aumenta a pressão pela liberação de recursos antes do período eleitoral. Parlamentares avisam que vão buscar garantir o pagamento de recursos prioritários ainda no primeiro semestre e vão "correr atrás" do restante até o fim do ano.

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