Tópicos | Padre Júlio Lancellotti

A Arquidiocese de São Paulo arquivou a investigação sobre o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral de Rua da capital paulista. Segundo a entidade, o vídeo de conteúdo sexual foi divulgado em 2020 e já era investigado pela Cúria Metropolitana paulista.

“A Arquidiocese de São Paulo, não chegando à convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia e considerando as conclusões do MPSP [Ministério Público de São Paulo], bem como da Justiça Paulista, também decidiu pelo arquivamento e informou a Santa Sé”, diz nota da organização. 

De acordo com o advogado de Lancellotti, Luiz Eduardo Greenhalgh, trata-se de uma montagem, um vídeo fake (falso). 

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No início de janeiro, o material havia sido entregue ao presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil), pelo vereador Rubinho Nunes, do mesmo partido. Nunes é o autor do requerimento de comissão parlamentar de inquérito (CPI) que pretende investigar o padre Lancellotti e organizações sociais que apoiam pessoas em situação de rua no centro de São Paulo. 

O vídeo foi entregue à Cúria Metropolitana na segunda-feira passada (22). Também fora levado ao Ministério Público. O material contém uma suposta videochamada entre um homem que alegaram ser o padre e um rapaz menor de idade. O conteúdo passou por procedimento investigativo. O MPSP também investigou o caso, concluindo que não há materialidade na denúncia e arquivou o inquérito. 

A Arquidiocese informa ainda que permanece atenta a elementos verdadeiros sobre os fatos denunciados, mantendo distância de interesses ideológicos e políticos. 

Sete vereadores paulistanos que assinaram o documento para a instauração da CPI já retiraram o apoio. Os parlamentares se disseram enganados pelo autor da CPI, uma vez que o texto não mencionava o padre. 

Íntegra do posicionamento da Arquidiocese de São Paulo: 

"A Arquidiocese de São Paulo, mediante ofício enviado por e-mail ao vereador Milton Leite, presidente da Câmara Municipal de São Paulo, no dia 6 de janeiro, protocolado na Câmara Municipal no dia 8 sucessivo, solicitou-lhe que fosse enviado o material referente à suposta denúncia contra o Padre Júlio Renato Lancellotti. 

Finalmente, na tarde do dia 22 de janeiro, o material foi entregue na Cúria Metropolitana de São Paulo. Tomado conhecimento do material recebido, constatou-se que se trata do mesmo conteúdo divulgado em 2020. Naquela ocasião, a Cúria Metropolitana de São Paulo, conforme prescrevem as normas da Igreja para esses casos, realizou um procedimento investigativo para apurar a denúncia recebida. 

Concomitantemente, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) passou a investigar a dita denúncia, conforme inquérito aberto junto ao Setor de Atendimento de Crimes da Violência contra Infante, Idoso, Pessoa com deficiência e Vítima de tráfico interno de pessoas. 

O MPSP, considerando ausência de materialidade, a seu tempo, emitiu parecer contrário à instauração de uma ação penal, acompanhado pelo D. Juiz que decidiu pelo arquivamento do inquérito. 

A Arquidiocese de São Paulo, não chegando à convicção suficiente sobre a materialidade da denúncia e considerando as conclusões do MPSP, bem como da Justiça Paulista, também decidiu pelo arquivamento e informou a Santa Sé. 

Distante de interesses ideológicos e políticos, com serenidade e objetividade, a Cúria Metropolitana de São Paulo permanece atenta a ulteriores elementos de verdade sobre os fatos denunciados." 

 

O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, afirmou ontem em entrevista ao Estadão que a iniciativa da Câmara Municipal de instalar uma CPI para investigar a atuação de organizações não governamentais (ONGs) na Cracolândia é legítima, mas disse que, se os vereadores querem buscar uma solução para o problema, é preciso apresentar e discutir políticas públicas para a área.

"Eles podem investigar. Acho que isso não é um problema. Eles podem investigar as ONGs para saber qual o programa de cada uma, o que elas estão fazendo com os recursos que têm, se os recursos são suficientes. (Mas) Eles têm que discutir políticas públicas, métodos, e elaborar uma política de Estado, não de governo", declarou o religioso, acrescentando que não tem partido e não é "cabo eleitoral" de ninguém (mais informações nesta página).

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Autor da proposta de criação da CPI, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) afirmou que o padre Júlio - conhecido por seu trabalho social com a população de rua da cidade de São Paulo - seria um dos principais alvos do colegiado, e criticou o que chamou de "máfia da miséria".

O pedido de abertura da CPI das ONGs teve o apoio inicial de 22 vereadores. Anteontem, porém, quatro deles anunciaram a retirada de suas assinaturas e a comissão pode não sair do papel. Sidney Cruz (Solidariedade), Thammy Miranda (PL), Sandra Tadeu (União Brasil) e Xexéu Tripoli (PSDB) alegaram que foram enganados, pois o requerimento não fala em investigar o padre Júlio. Rubinho Nunes não respondeu aos contatos da reportagem para comentar as declarações do religioso.

Apoios

Em manifestação ontem nas redes sociais, o arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, criticou a intenção de alguns vereadores de investigar o padre Júlio por meio de uma CPI e disse não querer "abafar" nada. "Querem fazer a 'CPI das ONGs'? Pois façam!", escreveu d. Odilo no X (antigo Twitter).

A resposta do arcebispo, segundo a assessoria da arquidiocese, foi à acusação de que teria feito uma ligação para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) solicitando que a CPI não fosse instalada. A entidade informou que o contato realmente ocorreu, mas não houve qualquer pedido nesse sentido.

"Por que mirar no trabalho do padre Júlio, que não é ONG, não tem ONG e não recebe dinheiro público para seu trabalho? Padre Júlio faz seu trabalho em nome da Arquidiocese de SP, que também não é ONG e não recebe $ (dinheiro) público", postou d. Odilo.

Em entrevista à CNN Brasil, ainda ontem, o padre Júlio disse que recebeu uma ligação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes também para prestar "apoio e solidariedade". "Fiquei muito sensibilizado", afirmou o religioso.

Embate

A proposta de abertura da CPI das ONGs antecipou o confronto eleitoral na Câmara Municipal entre apoiadores do prefeito Ricardo Nunes - que busca a reeleição - e aliados do pré-candidato do PSOL à Prefeitura, deputado federal Guilherme Boulos.

Em resposta à possível instalação da CPI das ONGs, a Bancada Feminista, mandato coletivo do PSOL na Câmara, trabalha para reunir as 19 assinaturas necessárias a fim de apresentar um pedido de abertura de uma CPI contra a gestão Nunes. O objetivo seria investigar o aumento da população em situação de rua e as ações da administração municipal voltadas a essa questão. Procurada, a Prefeitura informou que as redes de saúde e assistência social da capital têm 1.486 vagas destinadas ao tratamento de dependentes químicos.

Aliado do prefeito, Rubinho Nunes, por sua vez, tem explorado a proximidade entre Boulos e padre Júlio para atacar o pré-candidato do PSOL. "Não é porque é ano eleitoral, porque pode ou não prejudicar o Guilherme Boulos, que eu vou fazer ou deixar de fazer alguma coisa", disse o vereador.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O padre Júlio Lancellotti, que coordena a Pastoral Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo e atende a população em situação de rua na cidade, disse nesta sexta-feira, 5, que recebeu uma ligação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para prestar "apoio e solidariedade" em meio à proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigá-lo na Câmara Municipal de São Paulo.

"Ontem (quinta, 4), à noite, o ministro Alexandre de Moraes me ligou, e fiquei muito sensibilizado", declarou o padre em entrevista ao canal de televisão CNN Brasil. Segundo ele, o magistrado estaria se inteirando do caso. "Ele diz que está juntando todas as informações e, para isso, também ia conversar com o presidente da Câmara (vereador Milton Leite, do União Brasil). Disse que manifestava apoio e solidariedade e, naquilo que fosse necessário, que nós o acionássemos."

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Ele reiterou a informação em conversa com o Estadão. "Ele me ligou dizendo que estava se apropriando de todas as informações, que manifestava apoio e que qualquer situação que fosse necessária era para acioná-lo", declarou o religioso.

A reportagem entrou em contato com o gabinete de Moraes para confirmar a ligação e entender como se daria essa atuação, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. Em junho de 2022, o ministro visitou a Paróquia de São Miguel Arcanjo, onde atua o padre, e recebeu uma escultura de presente que representava "Jesus morador de rua". Moraes também foi o responsável por exigir um plano para a Política Nacional para a População em Situação de Rua no ano passado, decisão considerada "histórica" pelo padre.

Em dezembro, Lancellotti e Moraes fizeram parte do lançamento do Plano Nacional Ruas Visíveis, no Palácio do Planalto. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a regulamentação da Lei que leva o nome do padre e proíbe as prefeituras de instalarem pedras, pinos, estacas e grades em áreas públicas para impedir que pessoas em situações de rua se abriguem em pontes, viadutos ou praças. Moraes foi saudado pelo público do evento com gritos de "Xandão" e "sem anistia".

O Arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, postou em seu perfil no X (antigo Twitter) que não quer "'abafar coisa nenhuma" CPI, referindo-se à possível instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Municipal. "Querem fazer a 'CPI das ONGs'? Pois façam!", escreveu em seu perfil na manhã desta sexta-feira (5).

A resposta do religioso, segundo assessoria da arquidiocese, foi à acusação de ter feito uma ligação ao prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), solicitando que a CPI não fosse instalada. A entidade disse ao Estadão que a ligação realmente aconteceu, mas que o arcebispo não pediu para que investigação não ocorra. A conversa teria girado em torno de preocupações do religioso com possíveis prejuízos à imagem de São Paulo e da Câmara Municipal com a polêmica envolvendo a CPI.

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A assessoria não soube informar quem teria ligado a quem, se dom Odilo a Ricardo Nunes, ou o contrário. O arcebispo está em viagem, durante recesso.

Na publicação desta sexta-feira, Dom Odilo questiona as motivações da CPI em "mirar" no trabalho do padre Júlio Lancellotti. Segundo o arcebispo, o padre faz seu trabalho em nome da arquidiocese, que não é uma organização não governamental (ONG) e não recebe dinheiro público.

A assessoria de Nunes disse não confirmar a ligação, mas reforçou nota anterior, em que diz que o prefeito não interfere em decisões da Câmara, "procurando manter de forma transparente a independência entre o Executivo e o Legislativo".

A CPI que pretende investigar a atuação de ONGs na Cracolândia, no centro de São Paulo, é proposta do vereador Rubinho Nunes (União). O documento, entretanto, não cita o nome de padre Júlio, o que causou a retirada do apoio de vereadores que assinaram pela abertura da CPI e se dizem enganados e surpresos com o direcionamento que o caso tomou.

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra A Craco Resiste", declarou a entidade em nota divulgada nas redes sociais.

A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, também mencionada por Rubinho.

O vereador Thammy Miranda (PL) e o padre Júlio Lancellotti apareceram juntos em uma live nas redes sociais após a polêmica da tentativa de criação de uma CPI que mira o religioso na Câmara Municipal de São Paulo. Thammy havia assinado o requerimento feito pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil). Contudo, anunciou nesta quinta-feira, 4, que estava retirando o apoio. O documento assinado por Thammy e outros vereadores não citava investigações contra o padre, o que foi depois verbalizado por Rubinho Nunes em entrevistas e nas redes sociais.

"Muito obrigado pelo apoio nesse momento tão difícil", disse o vereador ao sacerdote no vídeo divulgado nas redes. "Quando eu assinei a CPI, em nenhum momento foi citado o nome do senhor", disse Thammy, reforçando que "jamais teria assinado" algo nesse sentido.

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Thammy disse que o trabalho que o religioso faz, de ajudar as pessoas, é também o que ele faz. Na transmissão, o vereador aproveitou para pedir que seus seguidores ajudem em uma vaquinha que o padre está fazendo para ampliar os serviços de ajuda à população de rua e ofereceu também, ele próprio, ajuda financeira. "As pessoas que me seguem vão ajudar o senhor a fazer esse trabalho tão bonito que o senhor faz", completou.

Padre Júlio agradeceu pelo que chamou de "gentileza e transparência" de Thammy Miranda. "Importante que mesmo que nos joguem em posições falsas, antagônicas, nós somos capazes de romper essas barreiras’.

Retirada de nomes CPI

Além de Thammy, ao menos mais três vereadores anunciaram que retiraram o apoio à iniciativa, após a divulgação do nome dos vereadores que assinaram o documento. A mudança de posição coloca em dúvida a viabilidade da proposta. A CPI precisa ser pautada pelos líderes e aprovada pela maioria em plenário para sair do papel. O autor do pedido não atendeu a reportagem para comentar o caso.

A CPI articulada na Câmara de São Paulo tem por objetivo investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, região central de São Paulo. O autor da proposta, vereador Rubinho Nunes (União), prevê que a comissão será instaurada em fevereiro, após o recesso parlamentar. Segundo ele, o padre Júlio Lancellotti será um dos principais alvos da CPI das ONGs.

Rubinho acusa as organizações de promoverem uma "máfia da miséria", que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Segundo ele, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.

O sacerdote diz que seus trabalhos estão vinculados à Ação Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que, por sua vez, "não se encontra vinculada, de nenhuma forma, às atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão."

O padre Júlio Lancellotti afirma que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescenta que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.

O coordenador Nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos, publicou, nesta quinta-feira (4), em suas redes sociais que o grupo não faz parte do pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) protocolado na Câmara dos Vereadores de São Paulo que tem por objetivo investigar a atuação do padre Júlio Lancelotti junto aos moradores de rua. "Essa briga com esse padre não é nossa", enfatiza a mensagem, que faz ataques ao religioso.

A postagem afirma que "haverá o momento de confronto com ele e com a indústria da miséria que destrói o centro de SP. Mas não é agora". Renan Santos ainda escreveu que este ano o MBL já tem "causas, lutas e objetivos" acertados e convida os militantes a não serem "vítimas de circunstâncias alheias".

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Apesar de não se envolver diretamente com a possível CPI que pretende investigar Lancellotti, e que foi capitaneada pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), Renan Santos critica a atuação do sacerdote católico. "Conhecemos bem a índole e os contatos desse bizarro. É a figura mais blindada da esquerda - quiçá da política brasileira", escreve ele na publicação que foi repostada também pelo deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.

CPI das ONGs

A CPI articulada na Câmara de São Paulo tem por objetivo investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, região central de São Paulo. As assinaturas necessárias já foram recolhidas. O autor da proposta prevê que a comissão será instaurada em fevereiro, após o recesso parlamentar. Segundo ele, o padre Júlio Lancellotti será um dos principais alvos da CPI das ONGs.

Rubinho Nunes acusa as organizações de promoverem uma "máfia da miséria", que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Segundo ele, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.

Em sua defesa, o padre Júlio Lancellotti afirma que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescenta que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.

O sacerdote diz ainda que seus trabalhos estão vinculados à Ação Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que, por sua vez, "não se encontra vinculada, de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão".

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra A Craco Resiste", diz a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, também mencionada por Rubinho.

Apoiadores de Lancellotti

A Arquidiocese de São Paulo afirmou acompanhar com "perplexidade" as notícias sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que "coloca em dúvida a conduta do padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua".

Em nota divulgada nesta quarta-feira, 3, a instituição afirma que o sacerdote "exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade".

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou seu apoio ao padre Júlio Lancellotti diante da possível criação da CPI. Em uma postagem nesta quinta-feira, 4, o petista afirmou que Lancellotti "dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus", e, ainda, que seu trabalho é "essencial para dar algum amparo a quem mais precisa."

O pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que pretendia investigar o padre Júlio Lancelotti na Câmara Municipal de São Paulo sofreu um revés nesta quinta-feira, 4, com a divulgação do nome dos vereadores que assinaram o documento. Ao menos quatro já anunciaram a intenção de retirar o apoio ao requerimento do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), o que coloca em dúvida a viabilidade da proposta. A CPI precisa ser pautada pelos líderes e aprovada pela maioria em plenário para sair do papel. O autor do pedido não atendeu a reportagem para comentar o caso.

Os parlamentares se dizem enganados e surpresos com o direcionamento da CPI que mira em organizações não governamentais (ONGs) que recebem financiamento público para atuar na Cracolândia. "Assinei uma CPI que em momento algum falava em investigar os trabalhos sérios do padre Júlio Lancelotti. Fui surpreendido ontem com essa enxurrada de notícias. Desvirtuou o objeto. Retiro minha assinatura e sinalizo que se a proposta for ao plenário eu votarei contra", afirmou o vereador Sidney Cruz (Solidariedade).

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O vereador Xexéu Tripoli (PSDB) disse ser "absolutamente revoltante" a abertura de investigação contra o padre. "Não defendo a perseguição política a líderes religiosos. Ainda mais nesses tempos de ódio e rancor nas redes sociais. A investigação de casos suspeitos de mau uso de recursos públicos não pode servir de pretexto para perseguição política", alegou em nota.

Outro a fazer elogios ao padre depois de sinalizar apoio à CPI foi o vereador Thammy Miranda (PL). "A comissão que assinei tem como intuito proteger os moradores do centro que enfrentam desafios relacionados à saúde e segurança pública na região da Cracolândia. Em nenhum momento o nome do padre Júlio Lancellotti foi mencionado, direta ou indiretamente, nesse apoio à CPI. Se o intuito desse projeto é atacá-lo, não tem meu apoio."

Além deles, a vereadora Sandra Tadeu (União Brasil), esta do mesmo partido de Rubinho Nunes, também está no time dos arrependidos. Ela disse não ser a favor de uma CPI "personalizada" com o nome do padre Júlio Lancelotti. "Sou a favor de uma CPI ampla que ouça as ONGs e o poder público municipal, estadual e federal, para que possamos entender onde estamos falhando", declarou ela.

Os políticos acionaram a equipe jurídica para tornar sem efeito as assinaturas, mas a situação pode gerar questionamentos na medida que o pedido já foi protocolado. De qualquer modo, a debandada sinaliza perda de apoio para uma eventual votação em plenário, condição necessária para a aprovação da CPI na Câmara Municipal de São Paulo.

Requerimento não cita o nome do padre

O requerimento do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), de fato, não cita diretamente o nome do padre Júlio Lancelotti, nem das ONGs que seriam objeto de investigação. Em entrevistas, no entanto, o político acusou organizações como a Craco Resiste e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, de executarem uma política de redução de danos com dinheiro público que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Ele também declarou que o padre seria um dos principais alvos.

O sacerdote disse não ter relação hoje com as entidades, e sim com a Paróquia São Miguel Arcanjo, e recebeu o apoio da Arquidiocese de São Paulo. Partidos de esquerda, como o PT e PSOL, apontam que ele sofre perseguição política. As duas entidades citadas atuam junto à população em situação de rua e dependentes químicos no centro de São Paulo, assim como o padre, que já foi conselheiro do Bompar. Nas redes sociais, a Craco Resiste chamou a ação de "ataque desonesto" contra o seu trabalho. O Bompar não se manifestou até o momento.

Abertura da CPI depende de líderes e aprovação em plenário

O pedido de abertura da CPI não é suficiente para garantir a sua instalação na Câmara Municipal de São Paulo. Mesmo obtendo as assinaturas necessárias para protocolar o requerimento, a proposta de CPI das ONGs precisa ser incluída na ordem do dia e passar por duas votações distintas antes de ser aprovada. A oposição promete atuar contra e tenta sensibilizar o presidente da Casa a não pautar o pedido.

Segundo a assessoria de comunicação da Câmara, o requerimento de abertura da CPI exige 19 assinaturas, o equivalente a um terço dos parlamentares, que somam 55 na capital. Essa etapa já foi cumprida no dia 6 de dezembro, conforme consta nos registros eletrônicos da Câmara. O documento recebeu 22 assinaturas; o Estadão identificou 19 parlamentares, de nove partidos diferentes, incluindo o líder do governo Ricardo Nunes, Fábio Riva (PSDB). Procurado, ele não esclareceu se o apoio representa uma opção individual ou uma posição de governo.

Já a instalação da CPI das ONGs dependerá de duas votações em plenário - a primeira para autorizar a abertura de uma nova CPI na legislatura e a segunda para decidir efetivamente pela criação da CPI das ONGs. Nas duas votações, é necessário maioria absoluta, ou seja, 28 votos, para a aprovação. O fato de o procedimento passar pelo plenário sugere que a ação depende ainda de articulação no Colégio de Líderes, responsável por definir a pauta das sessões. Outras 44 CPIs propostas nesta legislatura aguardam a vez.

Antes da debandada de assinaturas, o vereador Rubinho Nunes antecipou um suposto acordo entre as lideranças para dar prioridade ao seu pedido e disse que o pedido contava com cerca de 30 apoios para instalar a CPI das ONGs na volta do recesso, em fevereiro. Esse acordo não está confirmado. O presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), limitou-se a dizer por meio de nota que o tema ainda será tratado pelas lideranças. Membros da oposição, por outro lado, negam qualquer discussão ou acerto prévio nesse sentido e prometem obstruir o requerimento.

"Se de fato forem tocar isso para frente, nós vamos obstruir em todos os sentidos. Não achamos justo. Estão querendo fazer uma CPI das ONGs com o único objetivo de prejudicar o padre Júlio Lancelotti, que presta um serviço de grande qualidade há mais de 30, 40 anos e que tem conduta ilibada. Querem manchar a imagem do padre mais uma vez", disse o líder do PT, Senival Moura.

A exigência de voto em plenário ocorre quando mais de duas CPIs estão em andamento ao mesmo tempo. O regimento interno da Câmara Municipal de São Paulo permite o funcionamento simultâneo de até cinco investigações, desde que haja consenso entre a maioria dos parlamentares a partir da terceira. Atualmente, três estão em andamento na capital paulista: a CPI da Enel, que investiga o apagão de energia elétrica, a CPI do Furto de Fios e Cabos, que tenta mapear o furto e o comércio ilegal de cobre, e a CPI da Violência e do Assédio Sexual contra Mulheres.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou seu perfil no X, novo nome do Twitter, nesta quinta-feira, 4, para demonstrar apoio ao padre Júlio Lancellotti. O sacerdote, famoso por ações de assistência à população de rua em São Paulo, é alvo de vereadores de direita da capital paulista que querem abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra ele. Lula não citou o movimento dos vereadores.

"Graças a Deus a gente tem figuras como o padre Júlio, na capital de São Paulo, que há muitos e muitos anos dedica a sua vida para tentar dar um pouco de dignidade, respeito e cidadania as pessoas em situação de rua. Que dedica sua vida a seguir o exemplo de Jesus", declarou o presidente da República. "Seu trabalho e da Diocese de São Paulo são essenciais para dar algum amparo a quem mais precisa", disse Lula.

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Mais cedo nesta quinta, a arquidiocese de São Paulo disse em nota estar perplexa com a iniciativa dos vereadores. Na quarta, foi divulgada a notícia de que o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) havia conseguido assinaturas suficientes de colegas para criar o colegiado.

O pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia teve o apoio de 22 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo. Além do autor da proposta, Rubinho Nunes (União Brasil), parlamentares de nove partidos assinaram o requerimento no dia 6 de dezembro (veja a lista abaixo). O padre Júlio Lancelotti deve ser um dos principais alvos da CPI das ONGs caso ela seja instalada.

O documento mostra a assinatura do líder do governo, o vereador Fábio Riva (PSDB), responsável pela articulação do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Câmara. Ao todo, seis vereadores tucanos, de um total de oito, concordaram em apoiar o pedido. O PSDB é o maior fiador da empreitada, seguido por União Brasil e PL, com três cada; e Podemos e Republicanos, com duas. MDB, Solidariedade, PSD e Progressistas também cederam assinaturas. Confira abaixo os vereadores que apoiam a CPI das ONGs:

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- Adilson Amadeu (União Brasil)

- Beto do Social (PSDB)

- Danilo do Posto (Podemos)

- Fábio Riva (PSDB)

- Fernando Holiday (PL)

- Gilson Barreto (PSDB)

- Isac Félix (PL)

- João Jorge (PSDB)

- Jorge Wilson Filho (Republicanos)

- Major Palumbo (Progressistas)

- Milton Ferreira (Podemos)

- Nunes Peixeiro (MDB)

- Rodrigo Goulart (PSD)

- Rubinho Nunes (União Brasil), autor da proposta

- Rute Costa (PSDB)

- Sandra Tadeu (União Brasil)

- Sansão Pereira (Republicanos)

- Sidney Cruz (Solidariedade)

- Thammy Miranda (PL)

- Xexéu Tripoli (PSDB)

O Estadão obteve a lista de nomes por meio do requerimento de abertura da CPI, disponível publicamente no site da Câmara Municipal de São Paulo. As assinaturas contam com uma identificação informal, feita à mão, abaixo delas. Não foi possível identificar duas grafias. O documento não garante a instalação do grupo, que precisa ser aceito na pauta pelo Colégio de Líderes e aprovado por maioria simples, de 28 votos, em plenário.

O autor do pedido de CPI das ONGs, Rubinho Nunes, acusa organizações como Craco Resiste e Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, de promoverem uma "máfia da miséria", que recebe dinheiro público para "explorar os dependentes químicos do centro da capital". O padre já foi conselheiro do Bompar e desenvolve um dos principais trabalhos sociais na capital paulista.

Segundo o vereador, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício. Ele alega ter o apoio necessário para emplacar a ação em fevereiro.

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG, e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra a Craco Resiste", diz a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato o Bompar.

A Arquidiocese de São Paulo reagiu com indignação à proposta. Em nota divulgada nesta quarta-feira, 3, a instituição afirmou que o padre Júlio Lancelotti "exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade".

Já o padre declarou ao Estadão que a instalação de CPIs para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor é uma ação legítima do Poder Legislativo, mas que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, e sim da Paróquia São Miguel Arcanjo.

A oposição já manifestou a intenção de barrar a CPI das ONGs. Em nota, o PT, que conta com uma bancada de oito vereadores, afirmou que a iniciativa é uma perseguição ao padre "símbolo da luta pelos direitos humanos, que tem sido uma voz incansável na defesa dos mais vulneráveis" e promete obstruir a proposta.

A Arquidiocese de São Paulo afirmou, por meio de nota, acompanhar com "perplexidade" as notícias sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que "coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua".

De acordo com o documento divulgado nesta quarta-feira, 3, a instituição afirma que o sacerdote "exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade". Além disso, a Arquidiocese ainda reiterou o incentivo para a continuidade das "obras de misericórdia junto aos mais pobres e sofredores da sociedade" empreendidas por Lancellotti.

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A CPI articulada na Câmara de São Paulo tem por objetivo investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, região central de São Paulo. As assinaturas necessárias já foram recolhidas. O autor da proposta, vereador Rubinho Nunes (União), prevê que a comissão será instaurada em fevereiro, após o recesso parlamentar. Segundo ele, o padre Júlio Lancellotti será um dos principais alvos da CPI das ONGs.

Rubinho acusa as organizações de promoverem uma "máfia da miséria", que "explora os dependentes químicos do centro da capital". Segundo ele, essas organizações recebem dinheiro público para distribuir alimentos, kit de higiene e itens para o uso de drogas, prática conhecida como política de redução de danos, à população em situação de rua, o que, argumenta ele, gera um "ciclo vicioso" no qual o usuário de crack não consegue largar o vício.

Em sua defesa, Padre Júlio Lancellotti afirmou que se trata de uma ação legítima quando se instala uma CPI para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor. Ele acrescentou que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, mas, sim, da Paróquia São Miguel Arcanjo.

Por fim, ele acrescenta que seus trabalhos estão vinculados à Ação Pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que, por sua vez, "não se encontra vinculada, de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão."

A Craco Resiste, um dos alvos do vereador, informou que não é uma ONG e sim um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. "Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque desonesto contra A Craco Resiste", declarou a entidade em nota divulgada nas redes sociais. A reportagem não conseguiu contato com o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecida como Bompar, também mencionada por Rubinho.

Veja a íntegra da nota da Arquidiocese de São Paulo:

"Acompanhamos com perplexidade as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre a possível abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que coloca em dúvida a conduta do Padre Júlio Lancellotti no serviço pastoral à população em situação de rua.

Na qualidade de Vigário Episcopal para a Pastoral do Povo da Rua, Padre Júlio exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade.

Reiteramos a importância de que, em nome da Igreja, continuem a ser realizadas as obras de misericórdia junto aos mais pobres e sofredores da sociedade."

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou, nesta quarta-feira (3), a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o trabalho filantrópico realizado pelo padre Júlio Lancellotti com pessoas em situação de rua que vivem na Cracolândia, no centro da cidade. A CPI, que reuniu 25 assinaturas, foi requerida pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil-SP), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL).

Em trecho da justificativa, o parlamentar afirma que, através da CPI, os vereadores da capital paulista buscarão “examinar as atividades desempenhadas e se elas estão sendo executadas de maneira satisfatória” pelas ONGs que promovem projetos sociais na Cracolândia. Inicialmente, o requerimento mira a entidade Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e o coletivo Craco Resiste.

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O padre Júlio Lancellotti disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, que não tem vínculo com nenhuma das duas entidades citadas e que se desvinculou da Bompar há 17 anos. "São autônomas, têm diretorias, técnicos, funcionários. A Câmara tem direito de fazer uma CPI, mas vai investigar e não vai me encontrar em nenhuma das duas", pontuou o líder religioso.

A CPI das ONGs deve ser instalada em fevereiro, com a retomada das atividades na Câmara Municipal da capital paulista.

Repercussão

A iniciativa de Rubinho Nunes foi criticada por vereadores da oposição, como Luna Zarattini (PT-SP) e Hélio Rodrigues (PT-SP). Alegando “perseguição” contra o padre Júlio Lancellotti, os petistas apresentaram uma denúncia contra Rubinho Nunes na Corregedoria da Câmara.

Através das suas redes sociais, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) definiu o requerimento de Rubinho como algo “obsceno” e “absurdo”. “Tinha que ser obra dos mimados e criados a danoninho do MBL. Investigar o desperdício de comida? A inação da prefeitura para criar políticas públicas de moradia, emprego e segurança alimentar? Não. Os politiqueiros não ligam para isso. Querem desestimular a solidariedade com uma caça às bruxas que vai desperdiçar dinheiro público”, escreveu.

 

O aniversário de 75 anos do padre Júlio Lancellotti, famoso por organizar ações de assistência a pessoas em situação de rua em São Paulo, mobilizou nas redes sociais o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alguns de seus aliados nesta quarta-feira, 27.

O sacerdote é próximo do atual governo. Em 11 de dezembro, ele discursou no Palácio do Planalto em cerimônia de lançamento do Plano Ruas Visíveis - voltada à população sem casa. Antes, em setembro, recebeu a medalha de Ordem do Mérito do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

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"Hoje é aniversário do querido amigo padre Júlio. Um homem que representa em seus atos os valores humanistas do cristianismo. Desejo muita saúde e disposição para seguir lutando pelos que mais precisam. Um abraço", escreveu Lula em seu perfil no X, novo nome do Twitter.

"Esse dia é seu, companheiro. A sua luta pelos direitos humanos é algo que nos enche de orgulho. Andamos juntos na luta!", escreveu o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), depois de dizer que conhece o sacerdote há décadas. "São 75 anos de muita luta, heroísmo e vontade de transformar o Brasil em um mundo melhor", afirmou o ministro.

"Hoje celebramos a vida deste ser humano excepcional, que nos serve de inspiração ao colocar o verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo em prática com suas ações diárias", escreveu o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues. A ministra Sonia Guajajara (Povos Indígenas), chamou o padre de "grande homem, inspiração na defesa dos mais pobres".

O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, recebeu neste domingo (24) a medalha da Ordem do Mérito, no Grau Grã-Cruz. A condecoração, concedida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, homenageia pessoas que tenham prestado serviços relevantes ao país e aos brasileiros na área da Justiça.

"Esse trabalho social é um trabalho de justiça e um trabalho de segurança pública, porque só existe segurança pública quando há plenitude de direitos para todos. Não há possibilidade de nós termos segurança na sociedade apenas com a ideia de que a polícia vai resolver tudo. Não vai. Não há paz sem justiça", destacou o ministro da Justiça, Flávio Dino, durante a cerimônia, realizada em uma capela na zona leste da capital paulista.

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Lancellotti é pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, também na zona leste, e atua em defesa de populações desprotegidas socialmente há 40 anos. Ao fazer seu sermão na missa celebrada neste domingo, o padre lembrou que “a população em situação de rua não tem acesso à água potável em muitos lugares do Brasil”.

O padre também defendeu justiça social, que garanta o necessário para a vida de todas as pessoas. “A justiça de Deus é equitativa. Essa é a questão que o Brasil também precisa entender, uma justiça equitativa. Não a cada um o que é dele, mas a cada um o que ele necessita”, enfatizou.

A decisão de homenagear o padre veio, segundo o ministro da Justiça, após a notícia de que ele vinha sendo ameaçado, em agosto. De acordo com Dino, o pedido para a condecoração partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Padre Júlio tem um trabalho social que é fundamental para São Paulo e para o Brasil. É um trabalho inspirador em que ele pratica atos de justiça, de misericórdia. É uma inspiração para a cidadania, para as pessoas todas. Especialmente aqueles que estão no governo, em tarefas governamentais, pratiquem esses sentimentos, esses princípios positivos que o Padre Júlio emana”, disse o ministro.

O autor do bilhete com ameaças e ofensas deixado na porta da igreja São Miguel Arcanjo foi identificado após análise das imagens das câmeras de vigilância.

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida, que também participou da celebração, disse que atuação de Lancellotti é um “farol” para as ações da sua pasta. “Toda vez que a gente no ministério acha que vai perder o rumo, a gente pensa ‘o que o padre Júlio Lancellotti faria nesse caso’”, destacou em breve discurso.

O bilhete que o padre Julio Lancellotti recebeu com ameaças no domingo (27) expressa o ódio às pessoas em situação de rua, segmento historicamente defendido pelo religioso de 72 anos. A interpretação foi feita pelo próprio padre nesta terça-feira ao Estadão.

"É um sintoma de um ódio contra a população de rua, como diz o próprio bilhete. Eles olham para mim e veem isso. Não é o ódio por ser um padre. É o ódio por ser um padre comprometido com a população de rua. Eles sempre citam isso, falam dos direitos humanos, para me ofender", disse. "O que me causa impacto é alguém fazer deliberadamente maldade para o outro e tentar ferir o outro".

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A mensagem, deixada na porta da Paróquia São Miguel Arcanjo, na zona leste, no domingo de manhã, dizia "seu dia de reinado vai acabar, pode esperar". O texto diz ainda que o padre é um "defensor dos direitos dos bandidos" e que ele "usa o povo" para se "favorecer", além de chamá-lo de "petista vagabundo".

De acordo com a polícia, um idoso de 72 anos confessou ser o autor do bilhete e foi encaminhado ao 8º Distrito Policial, no Brás. Durante depoimento, ele alegou que conhecia o padre e que "não pretendia fazer, efetivamente, mal a ele". O caso foi registrado na delegacia como injúria e ameaça.

O religioso conta que apenas se entristeceu ao ler o bilhete. "Eu li, dobrei e não falei nada para ninguém. Meu primeiro sentimento foi de tristeza de ver alguém que senta, pega um papel, uma caneta, escreve, dobra, caminha até a igreja e deixa lá. Não é uma coisa impulsiva. É algo do qual você se arrepender e voltar para trás. Você pode escrever e rasgar. Pode desistir".

Depois da mensagem, o domingo foi difícil. Mas o padre conseguiu rezar todas as missas. Foi apenas nas cerimônias de batismo das 16h que ele se emocionou.

"Às quatro da tarde, eu tinha de batizar algumas crianças. E a polícia já estava lá. Eu estava muito emocionado. Tive dificuldades. Foi o carinho das pessoas que me fez ir para a frente. Na última missa, eu já sabia quem era. Nós rezamos por ele para amainar a cultura de ódio".

Julio Lancellotti é conhecido há décadas por seu trabalho de assistência a pessoas em situação de rua. Nas redes sociais, ele denuncia casos de violência policial e de construções que restringem o uso do espaço público. A lei que proíbe esse tipo de estrutura hostil leva seu nome.

Esta não é a primeira vez que o padre é ameaçado. Em 2018, entidades de Direitos Humanos entraram com uma representação no Ministério Público depois que o padre recebeu ameaças de morte.

Homenagem

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu a Ordem do Mérito do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no grau de Grã-Cruz, ao padre Julio Lancellotti. Essa homenagem é agraciada a pessoas que tiveram atuações de destaque que envolvem a pasta. A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira, 29, e carrega a assinatura do presidente e do ministro da Justiça, Flávio Dino.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu a Ordem do Mérito do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no grau de Grã-Cruz, ao padre Júlio Lancellotti. Essa homenagem é agraciada a pessoas que tiveram atuações de destaque que envolvem a pasta. A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), desta terça-feira (29), e carrega a assinatura do presidente e do ministro da Justiça, Flávio Dino.

Padre Júlio Lancellotti atua diretamente na defesa dos direitos humanos e das pessoas em situação de rua e em vulnerabilidade na cidade de São Paulo. O trabalho do padre contra construções com arquitetura hostil inspirou a criação da Lei Padre Júlio Lancellotti, que proíbe construções feitas com o objetivo de inibir a presença de pessoas em situação de rua em locais públicos. A norma foi promulgada pelo próprio Legislativo em dezembro de 2022 após o então presidente Jair Bolsonaro vetar o texto.

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Aos 74 anos, ele é o atual coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo e ainda exerce a função de padre na paróquia de São Miguel Arcanjo, na Mooca, bairro da zona leste de São Paulo. Ele também é responsável pelas missas da capela da Universidade São Judas Tadeu.

Ameaça

No domingo (27), o padre Júlio Lancellotti foi alvo de ameaça ao chegar na igreja que lidera e encontrar um bilhete anônimo na porta. "Seu dia de reinado vai acabar, pode esperar", ameaça o autor do bilhete. O texto dizia ainda que o padre é um "defensor dos direitos dos bandidos" e que ele "usa o povo" para se "favorecer", além de chamá-lo de "petista vagabundo".

Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), no mesmo dia que o bilhete foi encontrado, um idoso de 72 anos confessou a autoria e foi encaminhado ao 8º Distrito Policial (Brás). O caso foi registrado como injúria e ameaça. A identidade do autor não foi revelada.

Um idoso, de 72 anos, confessou ter escrito um bilhete com ofensas e ameaças ao padre Júlio Lancellotti. Conforme a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP), no domingo (27), no mesmo dia em que a mensagem foi encontrada, o indivíduo foi encaminhado ao 8º Distrito Policial (Brás) após ter confessado ser autor do bilhete.

O caso foi registrado como injúria e ameaça. A identidade do autor não foi revelada.

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Conhecido pelo trabalho que realiza com a população em situação de rua em São Paulo e por ser um defensor dos direitos humanos, Lancellotti disse no Twitter que encontrou um bilhete com uma ameaça na porta da igreja que lidera na manhã de domingo.

"Seu dia de reinado vai acabar, pode esperar", ameaça o autor do bilhete.

O texto diz ainda que o padre é um "defensor dos direitos dos bandidos" e que ele "usa o povo" para se "favorecer", além de chamá-lo de "petista vagabundo".

Lancellotti faz parte de um conselho do governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não tem envolvimento direto com o partido.

"O autor é conhecido da vítima denunciante e disse em depoimento que não pretendia fazer, efetivamente, mal à ela", disse ainda a SSP.

Ainda de acordo com a SSP, o padre foi orientado quanto ao prazo de seis meses para representar criminalmente contra o autor.

O jornal O Estado de S. Paulo tentou entrar em contato com o padre para saber mais detalhes, mas ele não foi localizado.

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--> Lula exalta papel do padre Julio e pede 'menos ódio'

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enalteceu, na noite desse domingo (27), o trabalho do padre Julio Lancellotti em São Paulo. O religioso foi alvo de ameaças e diversas ofensas no fim de semana, através de uma carta deixada na porta de igreja.

Ao falar sobre o assunto, Lula disse que o padre é uma “referência no acolhimento e no cuidado de quem mais precisa, sobretudo das pessoas em situação de rua da capital”.

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“Tenho dito que não podemos tolerar a cultura do ódio no nosso país. Precisamos virar esta triste página da nossa história. Mais amor e solidariedade. Menos ódio e egoísmo. É disso que precisamos no Brasil e no mundo”, escreveu o presidente no X, antigo Twitter.

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Na carta deixada na porta da igreja em São Paulo, sem assinatura, o religioso é chamado de 'padreco de merda' e 'petista vagabundo'. O texto escrito à mão também ameaça: “Seu dia de reinado aqui vai acabar. Pode esperar".

Um homem foi encontrado morto nesta terça-feira (13) no Ipiranga, na zona sul de São Paulo, informou o padre Julio Lancellotti, que desenvolve trabalho de atendimento e cuidado com pessoas em situação de rua na capital paulista. Segundo o padre, o homem pode ter morrido por hipotermia, em decorrência do frio. 

“Mais um caso de hipotermia na cidade de São Paulo, de uma pessoa que foi para um abrigo emergencial e dormiu no colchão, sem coberta. Ele foi posta para fora [do abrigo] às 7h da manhã, sem cobertor, e entrou em hipotermia”, denunciou o padre em um vídeo postado hoje em suas redes sociais. 

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Segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) de São Paulo, a terça-feira começou com uma madrugada de céu encoberto, chuviscos isolados e ligeira sensação de frio na capital paulista, com termômetros em média na casa de 15°C. 

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo confirmou que um homem, ainda não identificado, foi encontrado morto por volta das 8h da manhã de hoje na Avenida Nazaré, no Ipiranga. Segundo a SSP, o caso foi registrado como morte suspeita no 16º Distrito Policial, na Vila Clementino. A secretaria informou que, como a pessoa ainda não foi identificada, não foi possível confirmar que estava em situação de rua. A causa da morte está sendo investigada. 

No dia 30 de maio, o padre Julio havia denunciado a morte de duas pessoas em situação de rua por causa do frio. De acordo com o padre, no dia 5 deste mês, houve mais uma morte que pode ter sido causada pelo frio na cidade de São Paulo. 

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Social informou que a morte do homem está sob investigação policial. Com a impossibilidade de obter dados pessoais, não há como apurar se a pessoa encontrada morta tem, ou não, histórico de acolhimento na rede socioassistencial da prefeitura de São Paulo. “É importante ressaltar que a causa da morte é determinada pelos serviços competentes, ou seja, Instituto Médico Legal e Serviço de Verificação de Óbito”, diz nota enviada pela secretaria. 

Inspeção

No dia 5 de maio, a Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados fez uma inspeção em equipamentos públicos da prefeitura de São Paulo voltados à população em situação de rua. Os deputados foram averiguar a situação dos centros de acolhida da capital paulista, principalmente após reportagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, que denunciaram as péssimas condições de higiene e de infraestrutura em alguns equipamentos da prefeitura, com falta de privadas e chuveiros, colchões infestados de percevejos e banheiros entupidos. 

A inspeção ocorreu após a prefeitura paulistana ter intensificado as ações de recolhimento de barracas de pessoas em situação de rua, mesmo tendo conhecimento de que não há vagas suficientes em abrigos públicos para atendimento de toda essa população, estimada atualmente em 52 mil pessoas.

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Padre Júlio Lancellotti, de 74 anos, referência no trabalho social com pessoas em situação de vulnerabilidade em São Paulo, foi alvo de mais um episódio de ameaças e perseguição, desta vez no bairro da Mooca, Zona Leste paulistana. O religioso publicou, nas redes sociais, um vídeo que mostra um homem alterado, gritando em direção ao padre e sua equipe. O agressor acusou Lancellotti de invadir a sua casa e ameaçou o projeto de rua da arquidiocese.

"Este morador da Mooca, hoje, invadiu a igreja, interrompeu a missa aos gritos e me insultou por causa da pastoral de rua. Jogou o celular contra nós e proferiu ameaças", escreveu padre Julio em uma rede social.

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A Pastoral do Povo de Rua pertence à Arquidiocese de São Paulo, da qual Lancellotti faz parte. O projeto cuida e reduz danos entre a população em situação de rua, com atenção prioritária às pessoas expostas a infecções sexualmente transmissíveis, usuários de drogas e mães solo. De acordo com o relato do padre, o homem já havia interrompido a missa desta sexta-feira (10), o que está registrado em vídeo, e também jogado um celular na intenção de machucar o sacerdote.

Em um outro registro, é possível ver o homem filmado chamando padre Julio e as pessoas assessoradas de "vagabundos" e insinuando que o trabalho do religioso corrobora com a violência e o uso de drogas.

Às 10h50 desta sexta-feira (10), Lancellotti, acompanhado do amigo e ativista Lucas Louback, caminhou até a Delegacia de Polícia Civil no bairro, levando o suposto agressor ao local. O momento foi transmitido ao vivo, mas interrompido no momento em que o atendimento foi iniciado. Não há informações sobre a identidade do invasor e nem se um boletim de ocorrência chegou a ser registrado.

Situação é recorrente

Ativista cristão, Padre Julio Lancellotti frequentemente precisa lidar com o discurso de ódio, especialmente por não seguir uma agenda conservadora e lidar com os mais pobres. Em outubro e dezembro, o religioso publicou capturas de tela de mensagens falando coisas como “vou passar por cima de você”, “padre vagabundo”, dentre outras ameaças de morte. 

Em 2020, ele chegou a registrar um boletim de ocorrência por ameaça após ter sido xingado por um motoqueiro enquanto fazia trabalho de atendimento a moradores de rua no Centro da cidade. À época, ele foi alvo de uma campanha de ódio alimentada pelo deputado Arthur do Val, o “Mamãefalei”.  

 

A juíza Eliana Adorno de Toledo Tavares, da 1ª Vara Do Juizado Especial Cível de Vergueiro, condenou o empresário bolsonarista Luciano Hang indenizar em R$ 8 mil o padre Júlio Lancellotti após o aliado do chefe do Executivo ofender o líder religioso em um grupo de WhatsApp. A magistrada entendeu que houve ofensa à honra quando Hang afirmou "Quem defende bandido, bandido é" ao se referir ao Padre Júlio Lancellotti, que é conhecido pela atuação na Pastoral Povo da Rua junto a pessoas em vulnerabilidade social em São Paulo.

A decisão foi proferida na tarde desta terça-feira, 24, no âmbito de uma ação movida pelo padre após o jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, tornar públicas as declarações de Luciano Hang. O grupo no qual o bolsonarista enviou as mensagens é o mesmo no qual empresários aliados do presidente teriam defendido um golpe de Estado em caso de vitória do ex-presidente Lula nas eleições 2022.

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Hang e outros sete empresários foram alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal nesta terça-feira, 23, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O relator do inquérito das milícias digitais atendeu um pedido da própria PF.

No bojo da ação movida pelo Padre Júlio na Justiça, Hang sustentou que ‘ilegalidade da prova’, argumentando que os diálogos foram obtidos ‘de forma ilícita, com violação à sua privacidade’. Além disso, o empresário defendeu a ‘licitude de suas manifestações, argumentando que correspondem à verdade, e que exerceu seu direito de crítica’.

Ao analisar o caso, a juíza Eliana Adorno de Toledo Tavares entendeu que Hang ‘agiu com abuso ao exercício do direito’. A magistrada considerou que a declaração do bolsonarista em referência ao padre - "Quem defende bandido, bandido é" - é ilícita e foi lançada em grupo do qual participam outros empresários, resultando em ofensa à honra’ a Júlio Lancellotti.

"Se, por um lado, as afirmações "É da turma do Lula. Hipocrisia pura. Temos que ensinar a pescar, e não dar o peixe. Cada dia que passa é mais malandro vivendo nas costas de quem trabalha" e "A Igreja Católica é cúmplice das mazelas do PT. Foram os fiadores de tudo o que aconteceu. Não podemos generalizar, mas ajudaram bastante o PT a chegar ao poder" representam crítica, ainda que ácida, ao autor, seu trabalho e à Igreja Católica, e possível ofensa sem destinatário determinado, a afirmação "Quem defende bandido, bandido é" constitui claro abuso ao exercício da liberdade de expressão, atingindo a honra do autor", registrou.

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