A Arábia Saudita recebeu nesta sexta-feira (31) um apoio quase unânime de seus aliados do Golfo e de seus vizinhos árabes em duas reuniões de cúpula realizadas na cidade santa de Meca, após uma série de ataques que reaqueceram as tensões na região.
O rei Salman da Arábia Saudita, uma potência sunita, aproveitou a ocasião para fazer acusações dontra o Irã, potência xiita e rival de Riad.
Após os encontros da madrugada desta sexta-feira do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e da Liga Árabe, no sábado será realizada a reunião da Oraganização para a Cooperação Islâmica (OCI).
Os três encontros buscam uma mobilização contra o Irã, que só recebeu o apoio do Iraque, país no qual o regime da República Islâmica exerce uma grande influência política, além de manter estreitas relações com os grupos xiitas.
O rei saudita reprovou Teerã de sabotagem de navios na entrada do Golfo, ataques contra instalações petrolíferas sauditas, ingerência nos assuntos de seus vizinhos e ameaças contra o fornecimento de petróleo para o mercado mundial.
E pediu aos parceiros do CCG para trabalharem juntos, apesar de suas divisões, contra os "atos criminosos" do Irã.
Os "recentes atos criminosos do Irã (...) requerem que todos nós trabalhemos seriamente para preservar a segurança (...) dos países do CCG (Conselho de Cooperação do Golfo)", disse o rei, referindo-se aos recentes ataques a instalações petrolíferas do Golfo.
Também acusou o Irã de não ter deixado de apoiar durante quatro décadas "o terrorismo, de danificar a estabilidade da região e de desenvolver uma política de expansão".
Em um comunicado ao fim do encontro, a cúpula do CCG expressou solidaridade à Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos após os recentes ataques.
- Apoio à estratégia dos EUA
Os países membros do CCG renovaram seu "apoio à estratégia americana em relação ao Irã, inclusive no que referente a seus programas nuclear e balístico, suas atividades de desestabilização, seu apoio ao terrorismo e às atividades hostis do Hezbolah, dos Guardiões da Revolução e da milícia dos hutis" no Iêmen
No início da reunião da Liga Árabe, após o primeiro encontro, o rei Salmán repitiu seu argumento e convocou os países de todo o mundo a "empregar todos os meios" para dissuadir o Irã.
Até agora, Riad evitava acusar diretamente o Irã pelos recentes ataques, ao contrário dos Estados Unidos.
Para o conselheiro americano de Segurança Nacional, John Bolton, o Irã estaria por trás dos atos de sabotagem de 12 de maio contra quatro navios na entrada do Golfo.
As embarcações, entre eles dois petroleiros sauditas, foram alvo de "minas navais, que teriam sido lançadas pelo Irã", informou Bolton ao chegar aos Emirados Árabes Unidos.
O Irã criticou "com firmeza" as acusações americanas, e as considerou "ridículas". "Não são surpreendentes umas acusações tão ridículas", disse o porta-voz de Relações Exteriores, Abbas Musavi.
O comunicado final do encontro da Liga Árabe dedicou 10 de seus 11 pontos para denunciar "ingerências" do Irtã, seu apoio aos hutis e suas ameaças ao tráfego marítimo. O Iraque foi contrário a este conteúdo.
- Presença do Catar -
O primeiro-ministro do Catar esteve no encontro do CCG, naquela que é a primeira visita à Arábia Saudita de um representante de alto escalão do país desde o início da crise em 2017, segundo informações oficiais.
O xeque Abdulah bin Naser bin Khalifa al Thani foi recebido por dirigentes sauditas, anunciou a agência oficial do Catar (QNA). O xeque também ocupa o cargo de ministro do Interior.
Em junho de 2017, os sauditas e seus aliados árabes romperam relações com o Catar, que é acusado de apoiar grupos islamitas extremistas assim como o Irã, acusações negadas por Doha.
Os encontros de cúpula ocorrem nos últimos dias de jejum do ramadã.