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Em janeiro de 2022, a professora universitária Michelle Murta defendeu a tese de doutorado usando a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Na ocasião, a docente contou com três intérpretes que traduziram as falas para a plateia virtual, que não dominam a linguagem, e pessoas com deficiência auditiva.

Após a defesa, em que foi aprovada, Michelle se tornou a primeira pessoa surda com o título de doutora na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). À Folha de São Paulo, a professora falou sobre a conquista. "Parece que estou num filme quando lembro a trajetória de vida que tive, escolar e pessoal. Penso como consegui chegar até aqui [...]o significado, para a minha vida, é gratidão", disse.

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Ao veículo, ele relembrou a trajetória escolar marcada por instituições em intérpretes ou acompanhamento especializado e, por isso, as reprovações no ensino fundamental. "Esses dias, eu conversei com uma professora que me deu aula e ela falou que nunca percebeu que eu era surda. Só fui ter atendimento em Libras na faculdade", relatou.

A finalização dos estudos só foi possível através da Educação de Jovens e Adultos (EJA), aos 23 anos. Após isso, Michelle foi aprovada no vestibular de Letras/Libras da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e, em 2016, tornou-se professora da UFMG, a primeira da instituição.

"Tomei posse como professora efetiva na UFMG. Sabe aquele sonho de criança? O meu foi realizado. Eu sempre desejei estudar ali e, quem sabe, trabalhar. E veja que realizei os dois. Ai que maravilha tudo isso", contou à Folha de São Paulo.

A tese de Diego Borges, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Linguagens e Cultura (PPGCLC) da UNAMA - Universidade da Amazônia, foi selecionada no programa “Aceleração de Comunidades” do Facebook, que financia líderes de grupos e comunidades para iniciativas socioculturais. Ele concorreu com mais de 14 mil projetos, de 77 países, e em esteve entre os 131 classificados, sendo apenas 11 do Brasil.

A tese de Diego foi a única da Amazônia escolhida e vai receber U$ 50 mil para concretizar as ações do projeto, que envolvem oficinas, produção de livros e outras ações culturais. Bacharel em Publicidade e Propaganda, Diego tem pós-graduação em Markting e mestrado pelo PPGCLC.

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O impacto do mundo digital no mundo real sempre fascinou Diego, que decidiu estudar e entender como isso acontece. Quando ele entrou no mestrado pelo PPGCLC, encontrou o mesmo interesse na orientadora dele, professora doutora Ivana Oliveira. “Eu posso marcar como o início da tese essa inquietação que a gente teve de entender os impactos no mundo virtual no mundo de hoje, como as comunidades on-line conseguem interagir e unir as pessoas no mundo afora”, explica.

Diego Borges afirma que o foco da tese é justamente dar respostas a essa inquietação. “A nossa ideia é estudar o grupo Nerds Paraenses, que é o maior grupo virtual de compartilhamento de cultura do Estado do Pará, e entender de que forma uma comunidade virtual pode usar a cultura como ferramenta de inclusão digital na sociedade”, acrescenta.

O doutorando diz que ser selecionado pelo Facebook foi uma honra, e significa o reconhecimento do trabalho deles e do impacto que ele causa. “É relevante e merece ser discutido. Principalmente quando a gente analisa que o nosso trabalho foi o primeiro da Amazônia escolhido para esse programa, e um dos poucos do Brasil, já que são escolhidos apenas 10 daqui por ano”, complementa.

Diego Borges ressalta que ainda há muito a ser mostrado. Para provar a hipótese de que uma comunidade virtual pode influenciar o mundo real e a cultura como ferramenta de inclusão, os pesquisadores estão ministrando oficinas e workshops para servir de incubadora. “A ideia é de que essa comunidade virtual consiga revelar novos talentos na cultura”, afirma. 

O doutorando espera poder localizar novos agentes culturais nas oficinas. “A gente montou uma editora, para publicar esses novos autores, para capacitá-los e trazer o jovem paraense, que vive no mundo virtual, como foco de debate. A gente quer fazer essas pessoas acreditarem que eles podem viver de cultura”, destaca.

Diego diz que, apesar de serem os primeiros da Amazônia a serem escolhidos, espera que não sejam os últimos. O doutorando também fala sobre as expectativas a partir do treinamento, sendo uma delas o reconhecimento de pesquisas. Ou seja, assevera: “Saber que as pessoas lá fora estão olhando para a gente, estão vendo o que a gente está fazendo, e acreditando no potencial que nós temos para produzir cultura e conteúdo virtual, e entregar pesquisas relevantes para a sociedade”.

Formação

A pesquisa também pretende formar pessoas e mostrar que uma comunidade virtual pode ter impactos reais no mundo off-line. “Pode produzir formadores de cultura novos, pode produzir expoentes na sociedade, pode deixar algum legado de produção cultural inclusivo através do mundo virtual”, complementa.

A professora e pesquisadora Ivana Oliveira reforça que, durante a pandemia, foi incluído um novo foco e que o objetivo principal da tese é entender como são desenvolvidos os processos de inclusão digital na plataforma do Facebook, a partir dos projetos de financiamento da cultura regional.

A professora falou sobre o ambiente da pesquisa, a escola Augusto Meira, em Belém, onde o trabalho é feito desde 2019. “A gente teve uma parada por causa da pandemia, mas fazemos várias oficinas. Temos uma parceria entre o PPGCLC e a escola, justamente para avaliar essa questão da inclusão e a exclusão digital”, explica.

A professora também fala sobre o desafio de estar entre 131 projetos, em que apenas 11 foram selecionados no Brasil. “É o único da Amazônia. O projeto de tese dele, então, é o desenvolvimento de um estudo para analisar esse impacto da produção cultural do Estado, com oficinas de capacitação de produtores culturais, mensuração de resultados a partir desse projeto do Facebook”, complementa.

A professora fala da sensação que teve ao descobrir sobre a classificação da tese, destacando a grandeza do trabalho do doutorando. “O Diego é uma pessoa muito especial, como aluno e como pessoa, porque ele tem uma história nessa comunidade do Facebook. Então, é importante que nós ressaltemos isso. Ele tem uma história que teve um grande peso junto com a inclusão dessa ação social”, afirma.

Ivana acredita ainda que, com o estudo de Diego, nasce um grande pesquisador. Além disso, a professora celebra o estímulo aos estudos na região amazônica. “Na área digital, em qualquer área, incentivos a estudos, ciência, e pesquisa científica na Amazônia é sempre motivo de comemorar”, afirma. Ivana diz que se orgulha com o fato de o Diego estar à frente do projeto, e de ele ter sido classificado. “É muito especial que a Amazônia tenha essa representatividade dentro dessa seleção”, conclui.

Por Isabella Cordeiro.

Lucio Chiquito é um engenheiro colombiano que aos 104 anos de idade concluiu sua tese de doutorado para a Universidade de Manchester, no Reino Unido, chamando atenção de diversas pessoas ao redor do mundo pela sua persistência. Sua pesquisa sobre o caudal dos rios durou 30 anos.

Em entrevista a CNN, ele revelou que a conclusão da sua tese foi fruto de uma problemática da qual ele dedicou 30 anos da sua vida estudando. "Dediquei-me a buscar uma metodologia que dê a resposta exata de qual é o caudal máximo de um rio que produza o rendimento máximo", disse. 

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O contato para que pudesse defender uma tese aconteceu aos 74 anos de idade e, segundo ele, foi bem aceito pela instituição de ensino e a persistência durante os 30 anos de pesquisa resultou em um fato que está correndo o mundo. 

Na sua carreira como engenheiro participou da fundação da Empresas Públicas de Medellín (EPM). Lucio Chiquito nasceu em Cali, no dia 22 de maio de 1916. Atualmente vive em Medellín, próximo aos filhos e aos netos. Sua esposa faleceu há cinco anos. 

Nesta segunda-feira (9), o estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação do Centro de Informática (CIn) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcelo Amorim fez a defesa de sua tese denominada “Acessibilidade de Ambientes Virtuais de Aprendizagem: Uma Abordagem pela Comunicabilidade para Pessoas Surdas”, no auditório do centro. Esta foi a primeira vez na história da instituição que um aluno com deficiência auditiva defendeu um trabalho de doutorado.

Marcelo notou, diante de suas vivências como pessoa com deficiência auditiva, que não só ele, mas também outros alunos com a mesma experiência tinham dificuldades para desenvolver atividades acadêmicas no decorrer de sua formação. Como foi o primeiro aluno surdo a ter acesso aos espaços acadêmicos da pós graduação, Marcelo diz que, em sua caminhada, precisou ultrapassar várias barreiras para que conseguisse aprender em sala de aula e expandir sua linha de pesquisa. “Eu fui o primeiro aluno surdo a ingressar no programa de pós-graduação do Centro de Informática e não foi tão fácil. No começo, faltou acessibilidade e também foi um processo que precisou envolver outras instâncias para que eu pudesse conseguir um intérprete aqui na Universidade. Foi um momento que envolveu vários passos, até que eu pudesse de fato ser um aluno da pós-graduação”, conta, segundo a assessoria da UFPE.

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À época em que Marcelo entrou na Universidade, o Núcleo de Acessibilidade (Nace) da UFPE ainda não existia. Ele diz que, por esse motivo, foi elaborando métodos para resolver tanto a área burocrática do procedimento de apoio e acessibilidade quanto a área social de convivência com alunos e professores.

Marcelo criou o aplicativo ProDeaf junto a um grupo de alunos do CIn, no decorrer de sua formação de mestrado, de 2010 a 2012, que tem como intuito auxiliar a comunicação e acessibilidade dos surdos. “A ProDeaf nasceu da necessidade de romper a barreira de comunicação entre alunos ouvintes e surdos, já que eu também tinha dificuldade de me comunicar com meus colegas em sala de aula, e foi desenvolvido para um projeto em uma disciplina do curso. Porém, a plataforma não se configura como uma ferramenta de tradução automática, já que acaba não seguindo a questão linguística cultural do público-alvo, mas o avatar serviu como um auxílio e deu conta da comunicação”, diz, de acordo com a assessoria da Universidade. Depois, o aplicativo foi vendido para a HandTalk, podendo ser acessado por meio do site da organização.

Marcelo, que também é atualmente professor do curso de Letras Libras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na caminhada de descomplicar sua relação no campo acadêmico, decidiu também criar/produzir para o projeto de formato EAD do CIn, chamado Amadeus, um aperfeiçoamento na interface para estudantes com deficiência auditiva.

Com a EAD para surdos em destaque na sua linha de pesquisa, Marcelo criou no seu trabalho de doutorado a união de três temas: Design Science Research, Educação a Distância e Línga Brasileira de Sinais (Libras).

O trabalho denominado “Acessibilidade de Ambientes Virtuais de Aprendizagem: Uma Abordagem pela Comunicabilidade para Pessoas Surdas” tem o objetivo de averiguar a usabilidade, a acessibilidade e a comunicabilidade destinadas às pessoas surdas usuárias de libras em um formato de ensino, com o intuito de diminuir limitações na inclusão de pessoas surdas no cenário de EaD para orientá-las, pretendendo uma melhor usabilidade, comunicabilidade e acessibilidade do sistema.

Marcelo conta que, à época da produção do mestrado, havia poucas pesquisas que apresentavam usuários surdos no campo virtual e EAD, e que era preciso um atendimento e orientação específicos para esses usuários. Durante seu doutorado foi quando ele pôde desenvolver e mostrar esses dados científicos para corroborar a tese.

“Após meu mestrado, onde realizei uma análise de dados, pude comprovar que as interfaces visuais para surdos seriam mais confortáveis e que esse número daria uma garantia para as próximas interfaces que seriam pensadas nesse público específico. No doutorado, já temos os dados que falam da educação a distância para surdos e agora a ênfase principal é ver quais são os problemas e as limitações que esses ambientes virtuais tem provocado nos usuários das plataformas, e foi o que eu me dediquei a pesquisar ao tentar amenizar essas falhas para que os ambientes melhorem. Desta forma, como produto da minha tese, criei um guia visual bilíngue em línguas de sinais e português”, conta ele.

Marcelo publicou um livro em 2016, que faz parte da sua dissertação de mestrado, acerca da criação de formas de interação para tornar mais eficazes os trabalhos de navegação e a interpretação de ajuda contextual para usuários com deficiência auditiva em programas de gestão de aprendizagem. Marcelo divide a autoria do livro com Fernando Fonseca de Sousa, que foi seu orientador no mestrado e doutorado, e Alex Sandro Gomes, também coorientador dos projetos. O livro pode ser adquirido na loja virtual da Amazon.

Marcelo garante que o CIn foi de extrema importância para sua formação como cientista. “A gente sabe que os Centros universitários têm como perfil alunos com características bem específicas, e apesar disto, posso afirmar que fui muito bem recebido aqui no CIn. Então, creio que meu agradecimento é de extrema importância, já que se refere a um trabalho em conjunto, por isso quero agradecer a todos os professores, ao Centro de Informática como um todo, aos meus colegas e intérpretes e todos que estiveram envolvidos nesse meu longo período na universidade”, disse.

Foto: Hugo Boner/CIn

Com informações da assessoria de imprensa

Uma tese realizada pela advogada Gina Gouveia Pires de Castro, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), alega que cotas raciais ferem o princípio de igualdade previsto na Constituição Federal. O trabalho "A inconstitucionalidade material do objeto racial da Lei de Cotas nº 12.711/2012: uma violação à ideologia da Constituição Federal do Brasil de 1988” foi aprovada em fevereiro de 2018 e deu o título de doutora em direito constitucional à Gina.

De acordo com a jurista, a maneira como o procedimento acontece dentro do processo seletivo do concurso público viola o princípio da igualdade. O estudo salienta que as cotas despertam um sentimento de segregação e discriminação na sociedade. "Uma pessoa [de ampla concorrência] que vai fazer uma prova de concurso, por exemplo, se sente discriminada porque uma outra [inclusa nas cotas raciais] vai fazer a mesma avaliação e precisa de uma média diferenciada para passar", alega a doutora.

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A pesquisadora, orientada pelo professor doutor Ivo Dantas, ressalta, ainda, que não é contra as cotas sociais. "Acredito que as cotas sociais trouxeram inúmeros avanços e de forma alguma sou contra elas, mas, sim, sou contra a forma como o procedimento delas é feito", disse Gina, em entrevista ao LeiaJá.

A pesquisadora se refere ao processo de avaliação de bancas avaliadoras. "Os critérios são totalmente subjetivos. Já aconteceu um caso de dois irmãos, filhos de pai negro e mãe branca, um ser aprovado no concurso e o outro não. Ambos são negros, mas um tem a pele mais clara", complementou. 

Por outro lado, a doutora alega a necessidade de existirem formas mais concretas de aplicação da avaliação. "Outras cotas, por exemplo, como a que contempla renda, avalia critérios mais objetivos", sugere. Para ela, as cotas têm causado um descontrole na reserva de vagas. "Hoje há a multiplicação desefreada de cotas pela justificativa de que eu tenho que reparar um dano histórico causado. Já temos cotas para mulhres no Congresso, o que causa uma sensação de discriminação", declarou.

Gina ainda alegou que não existe mais de uma raça. "O que existe é a raça humana, isso é comprovado. O que está comprovado também é que a maior parte da genética dos brasileiros é indígena", argumentou. Segundo ela, os métodos de aplicação do processo seletivo exibem um "Estado estremamente preconceituoso e discriminatório". 

Na disputa por influência em torno do presidente Jair Bolsonaro, é a pauta conservadora nos costumes que tem mais simpatizantes na base mais fiel do novo governo. A conclusão é da pesquisadora Camila Rocha, de 34 anos, que passou os últimos quatro anos estudando a formação do grupo político que convergiu nas eleições de 2018 e assumiu o poder. A tensão entre "anti-progressistas", ultraliberais no Ministério da Economia e militares, segundo ela, deve continuar.

Em sua tese de doutorado em Ciência Política, apresentada na última terça-feira (5) na Universidade de São Paulo (USP), Camila mostra que o processo de formação da nova direita ocorre há mais de dez anos, na maior parte do tempo ignorado pelas instituições tradicionais. "Menos Marx, mais Mises": Uma gênese da nova direita brasileira deve virar livro pela editora Todavia ainda no primeiro semestre deste ano.

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"Do ponto de vista ideológico, o conservadorismo com certeza fala mais alto porque a maior parte da população ainda é refratária a um discurso 'ultraliberal'", diz Camila. Para ela, a "pressa" de ministros afinados com o discurso antiesquerdista do presidente deve "atropelar" as premissas da política tradicional.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

O que chamou atenção nesse primeiro mês de governo?

Entre avanços e recuos, eles (governo) realmente estão tentando implementar as pautas que prometeram durante a campanha. Em relação à (reforma da) Previdência, há uma articulação forte para votação ocorrer logo, e eles também conseguiram entregar o decreto que facilitou o acesso a armas de fogo. O Ministério do Meio Ambiente também cortou vínculo com órgão com quem se relacionavam antes.

Houve também várias declarações polêmicas da Damares (Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos), sinalizando qual deve ser o tom do governo em questões ideológicas, e a denúncia contra o Flávio Bolsonaro - mas em relação a isso é difícil prever quais serão os desenvolvimentos

A despeito desses incidentes todos, a impressão que eu tenho é que, de fato, eles estão tentando se acomodar na estrutura governamental e tentando já anunciar os movimentos que devem ocorrer no governo.

Há uma preocupação maior do governo em entregar resultados à base eleitoral, em comparação com outras gestões?

Com certeza há uma preocupação maior nesse sentido. Isso até pode parecer um pouco desastrado para uma parcela da população. Por exemplo, o anúncio de que iriam 'despetizar' o governo, tirando todas as pessoas identificadas com a esquerda. Essa é uma das preocupações principais (em relação à base eleitoral).

Há uma certa pressa dos membros do governo que se pautam mais por questões mais ideológicas, que acaba atropelando algumas prerrogativas da política tradicional.

Como essa disputa entre diferentes alas do governo pode se desenvolver daqui para frente?

Eles estão fazendo um esforço de tentar, na medida possível, acomodar algumas dessas tensões. Por exemplo: Bolsonaro dá uma declaração sobre a instalação de uma base (militar) americana. Os militares reagiram e o governo recuou. A questão da Previdência valer para os militares ou não, também, apesar de isso não estar completamente definido.

Muito provavelmente essas tensões vão permear, ao menos, o primeiro ano de governo até se chegar a acordos mínimos. Eu acho que é possível eles chegarem a esse tipo de acordo, mas tudo vai depender da aprovação inicial do governo nesse primeiro ano. É nisso que eles vão prestar muita atenção, com certeza. Se a população começar a rejeitar a maior parte dos anúncios, vai ter de haver algum tipo de mudança.

A avaliação que ficou da eleição presidencial é de que o Bolsonaro foi eleito por uma "onda" de direita. Foi isso que ocorreu?

Não gosto muito desse termo "onda" porque acho que é muito pouco explicativo. Porque "onda" parece que é uma coisa que veio do nada e que você não sabe exatamente para onde vai, o que aconteceu.

E eu acho que na verdade o que aconteceu foi um processo paulatino de construção de uma nova direita e que Jair Bolsonaro e as pessoas que os acompanharam fazem parte desse processo que começou há mais de 10 anos, a partir da internet, de fóruns, debate, comunidades na internet e foi ganhando capilaridade na sociedade civil. No mundo "fora da internet", com o tempo, também. E foi um processo que foi sendo construído de forma bastante enraizada na sociedade civil, eu diria.

Isso aconteceu também em concomitância com tudo que estava ocorrendo nos governos do PT, na Lava Jato e tudo mais. Esses processos foram se encontrando. Mesma coisa em relação a junho de 2013. As pessoas pensavam: 'meu Deus, aconteceu junho de 2013'. Não. Desde de 2011 começaram a acontecer várias manifestações no Brasil inteiro e as (mesmas) pessoas participaram depois da campanha pró-impeachment, em 2015, 2016.

Você diz que essa construção paulatina começa no auge do lulismo. Escândalos de corrupção favoreceram esse agrupamento?

Enormemente. Acho que o mais importante foi o mensalão. Ali acelerou um processo. Quando o (ex-presidente) Lula foi eleito era um clima muito de desconfiança e teve a "carta aos brasileiros" justamente para tentar quebrar essa desconfiança, de que não seria um governo extremista.

Estava todo mundo em stand-by, o pessoal de centro e da direita. O governo estava com uma abordagem bastante ortodoxa em relação à economia, mas quando vem o mensalão as pessoas ficam muito impactadas.

Alguns que eu entrevistei, militantes de direita falaram: 'eu votei no Lula, confiei que eles iam fazer uma gestão ética'. Quando aconteceu o mensalão foi aquele choque. Uma das primeiras organizações disso que eu chamo de nova direita, que é o Endireita Brasil, surgiu justamente na esteira do mensalão. A ideia deles era, em 2006, fazer uma coisa parecida com o que o MBL fez na campanha pró-impeachment, ou seja, pedir o impeachment do Lula por conta do mensalão.

Só que não tinha clima. O Lula foi reeleito. O governo estava explodindo de popularidade e as pessoas que não encontravam como se expressar, expressar essa raiva, essa indignação contra o que tinha acontecido, começaram a se organizar na internet.

Boa parte de anúncios de ministros e políticas públicas foram feitos via Twitter. É o reflexo de um grupo que se consolidou no meio digital?

Eu acho que sim. Para os políticos, ideólogos, é um canal de comunicação direta, sem nenhum tipo de interferência. Você fala diretamente. O que num certo sentido seria mais crível. Inclusive foi assim que esse processo todo ele se construiu muito também em cima de uma espécie de "aqui a gente vai falar a verdade", 'aqui a gente não vai ter nenhum tipo de mediação'.

Até que ponto a pauta liberal ou ultraliberal foi influente na eleição do Bolsonaro?

Diria que ele foi eleito com uma série de fatores mas, do ponto de vista ideológico, o conservadorismo com certeza fala mais alto porque a maior parte da população ainda é refratária a um discurso "ultraliberal". Estou usando um termo que eles mesmo usam para se denominar. Para essa militância ultraliberal, eles são diferentes dos neoliberais.

Os neoliberais entendendo principalmente os economistas que trabalharam durante as gestões do FHC e até durante a primeira gestão do ex-presidente Lula. Basicamente eles (ultraliberais) são muito mais radicais.

Para os neoliberais, é 'vamos ver o que a gente vai privatizar, o que a gente não vai'. Para os ultraliberais é simples: privatiza tudo. Tudo que você puder, você privatiza porque o mercado é sempre a melhor solução para qualquer problema social e econômico. Eles estavam muito coesos em torno disso.

Quando o Bolsonaro foi para o Partido Social Cristão no começo de 2016, já com essa intenção de se eleger presidente, tinha um militante ultraliberal, o Bernardo Santoro. O Santoro foi presidente de uma tentativa de formação de um partido ultraliberal no Brasil, o Líber. Também era militante da internet, mas na época ele estava no Instituto Liberal do Rio de Janeiro. E ele foi conselheiro econômico do Pastor Everaldo.

Quando a família do Bolsonaro chega no partido, o Bernardo está lá. Em 2016, o Eduardo Bolsonaro se inscreve na 1ª turma de pós-graduação em economia austríaca do Instituto Mises. O Flávio Bolsonaro sai para prefeito do Rio de Janeiro em 2016 e o Bernardo é o coordenador de campanha. Então uma coisa começou a se formar.

O Jair saiu do PSC, foi para o Patriota, o Bernardo foi junto e se tornou secretário-geral do Patriota. Já no final de 2017 o Rodrigo Constantino sugere para o Bolsonaro que o Paulo Guedes seria um nome interessante para o Ministério da Fazenda. Então o Bolsonaro começa a frequentar esses circuitos, interagir com essas pessoas, esses ideólogos, se aproximar. Porque tinha muita desconfiança (em relação a) um militar, uma visão desenvolvimentista, nacionalista.

A crítica ao globalismo não é uma contradição à própria proposta liberal?

Existem essas tensões importantes e esse, por exemplo, é um ponto de tensão importante.

Olavo de Carvalho tem uma influência clara e já conhecida sobre o que se poderia chamar de "bolsonarismo". Como avalia o papel dele na formação desta nova direita e do novo governo?

Muito grande. Tem várias denominações, como o 'parteiro da nova direita', o 'guru da nova direita', que acho que se aplicam com certeza porque o Olavo de Carvalho atuou, de certa forma, em uma espécie de vanguarda para as pessoas principalmente em relação ao discurso do que chamam de hegemonia esquerdista.

Como os militares se inserem no contexto da nova direita?

Esse é outro elemento que também foi fonte de tensão nesse processo de consolidação da nova direita por dois motivos: o principal acho que é econômico, porque no Brasil depois do governo Castelo Branco, que foi um governo liberal do ponto de vista econômico, o regime começou a tomar essa direção desenvolvimentista. Claro, um desenvolvimentismo conservador, de direita, e que para uma pessoa que se diz liberal na economia foi uma catástrofe completa.

Dado que Jair Bolsonaro teve uma trajetória militar, veio desse tipo de pensamento nacionalista, desenvolvimentista. Isso sempre foi um motivo de desconfiança para os ultraliberais.

Não saberia falar, em termos ideológicos, como hoje as Forças Armadas no Brasil estão organizadas, como estão pensando isso. Mas, ao que parece, por enquanto eles estão aderindo a esse projeto 'ultraliberalismo para dentro e para fora a gente se alinha com Estados Unidos e pode se dizer nacionalista'.

Na sua tese você cita o que o Timothy Power classificou a direita como "envergonhada".Em que momento essa direita perdeu a vergonha?

Começou a perder a vergonha de se dizer de direita quando as manifestações pró-impeachment ganharam expressão.

Até que ponto a questão religiosa tem a ver na formação dessa nova direita e no sucesso eleitoral do Bolsonaro?

O pastor é conservador, mas não quer dizer que ele vai ser assim na política, que ele vai ter uma agenda coerentemente de direita. Então acho que essa coerência também foi se montando à medida que esses grupos foram estabelecendo laços e criando uma agenda.

Houve um esforço de coordenação de forças. Mas isso foi importante não só do ponto de vista das alianças políticas, mas principalmente do ponto de vista eleitoral, com certeza. É só lembrar a Marina, por exemplo, que derreteu. Teve menos de 1% dos votos

A doutora Natalia Oliveira encontrou um jeito diferente e criativo para apresentar o resultado da tese de doutorado. A pernambucana utilizou a dança para sintetizar o trabalho, intitulado "Desenvolvimento de Biossensores para as Ciências Forenses", e mostrou como um crime pode ser solucionado através da tecnologia portátil.

No vídeo, gravado no laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da UFPE e em pontos turísticos da cidade, dançarinos da Companhia de Dança Vogue 4 Recife constroem uma narrativa de um crime, bem aos moldes da série CSI. Além de viralizar nas redes sociais, a produção é finalista na competição mundial “Dance Your PhD”, que é promovida pela revista Science. 

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Na disputa, dividida nas categorias Química, Física, Biologia e Ciências Sociais, todos os candidatos apresentam teses em formato de dança. Natalia concorre na categoria Química. A escolha do vencedor é feita por voto popular, pela internet, até o dia 30 de outubro. Confira o vídeo:

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Em tese de doutorado apresentada na Faculdade de Direito da USP, em julho de 2000, o hoje ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, defendeu que, na indicação ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, fossem vedados os que exercem cargos de confiança "durante o mandato do presidente da República em exercício" para que se evitasse "demonstração de gratidão política". Por esse critério, ele próprio, um dos cotados para a sucessão do ministro Teori Zavascki, estaria impedido de ser indicado pelo presidente Michel Temer.

O veto sugerido por Moraes está no ponto 103 da conclusão da tese. Ele diz: "É vedado (para o cargo de ministro do STF) o acesso daqueles que estiverem no exercício ou tiveram exercido cargo de confiança no Poder Executivo, mandatos eletivos, ou o cargo de procurador-geral da República, durante o mandato do presidente da República em exercício no momento da escolha, de maneira a evitar-se demonstração de gratidão política ou compromissos que comprometam a independência de nossa Corte Constitucional".

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O ministro não quis dar entrevista sobre sua tese de doutorado. Um sumário da mesma está no banco de dados bibliográficos da USP (dedalus.usp.br). Seu título é Jurisdição constitucional e tribunais constitucionais: garantia suprema da Constituição. Além do veto já citado, Moraes defende que os ministros do Supremo tenham mandato por tempo determinado, e não a vitaliciedade prevista na Constituição de 1988.

Defende, também, mudança expressiva na forma da escolha dos 11 ministros: quatro pelo presidente da República ("mediante prévio parecer opinativo do Conselho Federal da OAB"), quatro eleitos pelo Congresso e três escolhidos pelo próprio STF. Pela Constituição, hoje os onze ministros são escolhidos pelo presidente da República - como Michel Temer fará ao indicar o substituto de Teori Zavascki, morto mês passado - e, depois, sabatinados pelo Senado, que tem a palavra final.

A tese - um "tijolo" de 416 páginas, originais disponíveis na biblioteca da USP do Largo de São Francisco - foi orientada pelo jurista e professor Dalmo Dallari. "Como estudioso do direito, ele é melhor do que nos cargos executivos, inclusive o de ministro", disse Dallari ao Estado. O professor emérito lembrou do doutorando, mas não quis fazer mais comentários. Os demais integrantes da banca foram o hoje ministro do STF Ricardo Lewandowski e os professores Paulo de Barros Carvalho, Celso Fernandes Campilongo e Mônica Garcia. Aprovaram a tese, mas sem o "com louvor" que costuma brindar trabalhos mais elaborados e/ou originais.

Já naquele 2000 - quase 12 anos passados depois da Constituinte, que neste fevereiro completa três décadas -, Alexandre de Moraes era fã do hoje presidente Michel Temer. Não só o citou na bibliografia do cartapácio - Temer, Michel - Constituição e política, 1994; Elementos de Direito Constitucional, 1995 - como, mais relevante, defendeu, na tese, quase as mesmas posições do constituinte Temer, também favorável a mandatos e a uma nova forma de composição e de escolha dos ministros do Supremo Tribunal Federal, propostas (não só dele) derrotadas nas votações.

A ideia central da tese é, em juridiquês repetitivo, "identificar a necessidade de uma atuação efetiva e eficiente da justiça constitucional, por meio de seu órgão máximo, o Tribunal Constitucional, como meio de garantir a supremacia constitucional".

Atribuições e mudanças

Na primeira parte, Moraes teoriza sobre o direito constitucional. Na segunda, detalha, relatorialmente, como funciona a justiça constitucional em alguns países (modelos americano, alemão, austríaco e francês). Na última parte, menos árida, debulha a jurisdição constitucional brasileira, e o Supremo Tribunal Federal.

"Após a análise detalhada da evolução histórica do STF e de suas competências constitucionais, concluiu-se pela necessidade de sua transformação em exclusiva (grifo no original) Corte de Constitucionalidade, dirigindo seus trabalhos para a finalidade básica de preservação de supremacia constitucional e defesa intransigente dos direitos fundamentais", escreveu o agora ministro e também autor de outras obras jurídicas.

Nos 110 pontos em que dividiu a conclusão de sua tese, Moraes fez inúmeras sugestões de mudanças - como a do mandato e da nova forma de escolha dos ministros do STF. Uma outra diz que a Constituição "deverá exigir maiores requisitos capacitários para o exercício do cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, além de maiores vedações e incompatibilidades".

Entre as condições "capacitárias", dez anos de efetivo exercício de cargos privativos de bacharel em Direito, ou a condição de jurista, com o título de doutor. Para os três a serem escolhidos pela própria Corte, dez anos de carreira no magistério ou no Ministério Público. Entre as vedações, aquela que hoje, se vigente, impediria a sua indicação para o cargo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Samanta é o que algumas travestis paraenses chamam de “barroca”: depois de trabalhar durante anos como prostituta em Belém, é considerada "idosa" para continuar no ramo. Como ela existem muitos travestis que, por volta dos 35 anos, podem ganhar o respeito de um grupo ou bairro e se tornar traficantes de drogas, usando as mais novas como "aviõezinhos", ou, se seguirem por outro caminho, muitas vezes vagueiam solitariamente pelos canais do bairro do Reduto, na região central da capital paraense, procurando companhias.

Foi o que aconteceu com Samanta. Depois de morar na Europa, se envolveu com homens que, segundo ela, não souberam lhe dar valor e nada mais fizeram do que gastar seu dinheiro. Toda sua passagem como Samanta parece ter se perdido em meio à identidade que tanto procurou afastar de si. "Se você quiser me chamar de Alfredo, fique à vontade”, disse ela a Osvaldo Vasconcelos, que se fez perguntar: quem é Samanta?, Ela ainda existe ou deu lugar a Alfredo?

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Essa é uma das histórias que foram compartilhadas com Osvaldo Vasconcelos, geógrafo que também se formou em Letras e Saúde Pública. Em sua tese de mestrado em comunicação "Trajetórias (re)vividas", ele procura estudar o universo moldado pela realidade de prostituição de travestis que frequentam o bairro do Reduto, em Belém, sua luta por reconhecimento e suas histórias em busca de identidade. De 48 travestis da região, o pesquisador conversou com 12, algumas delas com os nomes trocados por questões de segurança. Deste número, a maioria delas é negra e parda, e apenas uma entrevistada era declarada branca. Esta é a terceira monografia que ele faz acerca do tema. "Meu estudo começou em 2005 por motivos pessoais, pois tive uma babá travesti que morreu quando eu tinha 10 anos", admite o geógrafo.

Identidade - O bairro do Reduto, explica Osvaldo, há cerca de 20 anos era dominado por michês, travestis e mulheres. Por conta disso, aconteciam muitas brigas entre os grupos. Hoje, travestis são as prostitutas mais presentes, graças a um grupo deixou o trecho da avenida Assis de Vasconcelos com a rua Oswaldo Cruz e desceu para dominar as esquinas do bairro.

O geógrafo ressalta que nesse bairro se formam grupos, em que se desenvolve uma hierarquia de liderança. “As travestis não são homogêneas, não são iguais. As hierarquias são pautadas nas modificações corporais. O silicone é o marcador social da diferença entre elas. Há as mais velhas, as barrocas, que já não trabalham no mesmo ofício; há as que possuem silicone industrial, que é um tipo que pode infeccionar pois adere facilmente ao corpo; e há também as mais respeitadas e que desfrutam do maior poder nos territórios, travestis que já passaram por intervenções estéticas em clínicas especializadas. As iniciantes, que ainda não possuem prótese, são maltratadas e geralmente vítimas de violência por parte de lideranças. Curiosamente, a maior parte delas já esteve nesse estágio. Este era meu objetivo na tese: contar estes papéis hierárquicos e falar da violência das iniciantes, muitas delas menores de idade", esclarece Osvaldo.

Uma situação chamou a atenção do pesquisador. Ao ser questionada sobre “o que é ser travesti”, a resposta de uma das entrevistadas atravessou muitas definições discutidas na área acadêmica. “Ser travesti é uma evolução do homem gay. Eu sou travesti o tempo todo, a sociedade me machuca o tempo todo. A sociedade não sabe que ele é gay, mas sabe que somos travestis o tempo todo”, disse ela.

O geógrafo conta que três das entrevistadas morreram durante a pesquisa de campo, todas vitimadas pela AIDS. Entre elas, ele lembra de Josy Kimberlly. Em 2006, quando começou a desenvolver sintomas da doença, Josy ficou internada no Hospital Universitário João de Barros Barreto, entrando acompanhada de Osvaldo. Depois de se recuperar, arranjou um emprego como doméstica na casa da médica que lhe atendeu. Ainda assim, não foi possível sobreviver ao desenvolvimento do vírus. O triste histórico de violência a qual Josy foi submetida ainda rendeu material para mais um artigo de Osvaldo, a biografia intitulada “Josy Kimberlly – jornada em travessia: gênero, corpo e prostituição”.

Em novembro de 2012, a transexualidade deixou de ser classificada como transtorno mental pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM). A diferença entre travestilidade e transexualidade se dá pelas cirurgias às quais se submetem; transexuais reconstroem os órgãos sexuais, e os travestis apenas performam o gênero oposto. A comunidade LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis) têm se mantido ativa nas últimas décadas em protestos pelo seu reconhecimento e aceitação na sociedade. Segundo uma pesquisa realizada em 2014 pela Organização Não Governamental (ONG) Transgender Europe (TGEU), o Brasil é o país que mais mata transexuais do mundo. No período de janeiro de 2008 a março de 2014 foram 604 mortes registradas como crime de homofobia e violência de gênero.

Desafios - A pesquisa de Osvaldo não se concentra no quantitativo, uma vez que o tema ultrapassa as barreiras das ciências categoricamente analisadas. "Minha primeira opção era trabalhar com um grupo focal, mas pensei nas rixas devido às hierarquias. Se tornou inviável", conta Osvaldo, que logo entendeu como de fato iria compreender a substância da complexa construção de identidades urbanas em Belém: se aproximando cada vez mais dessas composições feitas no vaivém cotidiano das travestis. Seja nas entrevistas ou ao acompanhar o trabalho delas nas frias madrugadas.

"Escolhi utilizar os métodos da etnografia (método utilizado pelos antropólogos baseada no trabalho de campo) com a observação participante, na qual eu interajo com a experiência destas travestis", frisa o geógrafo, que primeiro mapeou os locais com mais frequências do negócio de prostituição para depois entrar em contato com as profissionais. "É difícil entrar na convivência delas, é um ambiente regrado, mas acabamos criando laços", conta.

Esta abordagem é baseada no método do antropólogo Bronislaw Malinowski, autor de "Os argonautas do pacífico ocidental" (1922). No trabalho de campo do antropólogo, entre 1914 e 1918 nas Ilhas Trobriand, Malinowski inaugura uma nova forma de pesquisa etnográfica com comunidades tradicionais da Nova Guiné, onde o pesquisador tem uma participação mais efetiva nas investigações do estudo de grupos, em uma visão próxima do caminho romântico, mas não ao ponto de se deixar levar por ele.

Ainda que motivado por seus próprios pretextos, o estudo de Osvaldo Vasconcelos pode ser considerado uma compreensão de corpo, gênero e identidades, e uma expressão de como as minorias sociais gritam em busca de representatividade. A pesquisa, segundo Osvaldo, foi uma via de mão dupla e garantiu uma visibilidade não estereotipada da travestilidade. São pessoas donas de suas dimensões físicas e emocionais que, segundo ele, querem seus direitos garantidos e acesso a cirurgias e tratamentos hormonais pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A defesa da tese "Trajetórias (re)vividas: conflitos, tensões e hierarquias na luta por reconhecimento entre travestis que se prostituem no bairro do Reduto", de Osvaldo Vasconcelos, será feita no dia 24 de outubro, no campus Alcindo Cacela da Universidade da Amazônia (Unama).

Por Julia Klautau Guimarães.


O livro “Comunicação e Trabalho Infantil Doméstico: política, poder, resistências”, desenvolvido a partir da tese de doutorado da professora Danila Cal, será lançado na próxima quarta-feira (17), a partir das 19 horas, na Universidade da Amazônia (Unama), campus Alcindo Cacela. A tese foi defendida em 2014 e, no ano seguinte, ganhou o Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela, pela Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação.

“O prêmio consiste em um diploma de reconhecimento e também na produção do livro. Foi a partir disso que eu tive a oportunidade de transformar minha tese em um livro”, relatou Danila, doutora no Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora da Unama.

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A tese da professora paraense, que deu origem ao livro, foi a primeira do Norte a receber esse prêmio. “Eu me senti representando não só a UFMG, porque foi lá que eu fiz o doutorado, mas também a Amazônia como um todo”, afirmou. Mesmo sendo desenvolvida fora do Pará, a tese trata sobre o trabalho infantil doméstico no Estado.

De acordo com a professora Danila, o livro tem uma linguagem diferenciada em relação à tese e possui outros elementos como, por exemplo, o prefácio e posfácio, que foram escritos por professores referências na pesquisa em Comunicação, Política e Amazônia. “Foi uma oportunidade excelente, eu me senti muito honrada quando recebi esse prêmio, porque é muito difícil”, disse.

O livro interessa aos pesquisadores, professores e estudantes de diferentes áreas. Ele trabalha com Comunicação, Ciências Sociais, Ciência Política e Linguagens. A leitura é interessante também aos agentes do sistema de garantia de direitos, aos membros do Executivo, a quem formula políticas públicas e a organizações sociais que lutam na área do direito das crianças. “A obra mostra diferentes vieses e, com isso, contribui para formulação de ações”, informou.

“A minha ideia é que o lançamento do livro não fosse simplesmente um momento festivo. A ideia era que tivesse um momento de discussão em torno dele, e que fosse uma contribuição para dar visibilidade para a fala dessas meninas e mulheres, porque foi meu compromisso com elas”, concluiu. Segundo a professora, não houve dúvidas sobre o local do lançamento do livro, pela oportunidade de discutir o tema em uma Universidade.

No mesmo dia do lançamento, haverá um painel sobre o tema. Quem adquirir o livro, que vai estar com preço promocional no local, também receberá um autógrafo da professora Danila Cal, principal responsável pela obra. 

 

Tendo por base conversas informais com os policiais civis que investigam a morte do empresário Paulo César de Barros Morato, o gerente de Comunicação da Secretaria de Defesa Social do governo de Pernambuco, Otávio Toscano, disse nesse sábado (2) à Agência Brasil que “tudo leva a crer” que a morte do empresário investigado pela Operação Turbulência, da Polícia Federal, foi suicídio. “É absurdamente impossível o empresário ter sido assassinado”, acrescentou ele.

“Nas conversas informais, os investigadores têm dito que só pode ter sido suicídio. Acredito que nesta semana a delegada [Gleide Ângelo] vai confirmar isso. A hipótese do infarto já foi descartada após ter sido detectado um tipo de veneno de rato chamado chumbinho nas vísceras”, disse Toscano.

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Segundo ele, Morato foi visto sozinho – pelos funcionários do motel onde foi encontrado morto – ao chegar ao local. “Depois de entrar no quarto, a única coisa que ele fez foi mexer em um copo e em uma garrafa d'água. Inclusive, quando ele foi encontrado estava com a camisa por dentro da calça, exatamente como, imagina-se, ele tenha chegado”, acrescentou Toscano. “Mas tudo que estou falando, é muito importante deixar claro, é minha opinião pessoal, tendo por base o que tenho visto e ouvido por aqui”, acrescentou.

Ele explicou que a perícia feita hoje foi a pedido do perito responsável por analisar as imagens gravadas pelas câmeras do motel. “Ele precisava ter mais informações sobre o posicionamento das câmeras para embasar o laudo que está sendo preparado”, acrescentou.

O empresário Paulo César de Barros Morato foi encontrado morto no dia 22 de junho, em um motel localizado em Olinda (PE). Investigado pela Operação Turbulência, ele estava foragido. A PF suspeita que ele era testa de ferro de uma organização criminosa de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 600 milhões desde 2010.

A rede atuava como financiadora de campanhas políticas. Entre elas, a do ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República Eduardo Campos (PSB). Morato se identificava como dono da Câmara e Vasconcelos Locações e Terraplenagem, classificada pela Polícia Federal como empresa de fachada. A empresa foi uma das compradoras do avião que explodiu em Santos (SP), matando Eduardo Campos, assessores e tripulação. No mesmo ano da compra, a construtora OAS repassou ao estabelecimento o pagamento de R$ 18,8 milhões por serviços na transposição do Rio São Francisco.

Um comissário de bordo canadense designado em meados dos anos 1980 como tendo importado e difundido o vírus da aids para os Estados Unidos, chamado de "paciente zero", na verdade não teria desempenhado esse papel - determinou uma equipe americana de pesquisadores.

"Não há prova biológica, nem histórica, que o 'paciente zero' foi o primeiro caso dos Estados Unidos", segundo o resumo de um estudo conduzido pelos pesquisadores da universidade de Tucson (Arizona, sudoeste) e apresentado durante uma conferência em Boston. As conclusões detalhadas ainda não foram publicadas.

Esta equipe, liderada pelo professor de biologia Michael Worobey, analisou o genoma do vírus contudo em oito amostras sanguíneas de pacientes americanos, fazendo parte dos nove genomas mais antigos já recuperados no mundo até hoje, coletados em 1978-1979, assim como o do "paciente zero" recuperado em 1983.

O comissário de bordo canadense Gaétan Dugas, foi designado pelo jornalista Randy Shilts em seu livro "And the band played on" (1987) como sendo o homem que importou o hiv para os Estados Unidos, e que teria disseminado com suas múltiplas viagens e uma vida "desregrada", lembrou a revista Science.

Mas ao combinar análises moleculares, filogenéticas (relação entre os organismos vivos que permite formar uma árvore genética) e históricas, a equipe do professor Worobey estabeleceu que o vírus foi transferido da África para o Caribe entre 1964 e 1970 (provavelmente antes de 1967) antes de entrar nos Estados Unidos, por Nova York, entre 1969 e 1973 (provavelmente antes de 1971).

O vírus, cujo genoma se transforma a cada duplicação, permitindo criar uma história geográfica, foi então transportado para San Francisco (antes de 1975) "com um importante mix geográfico nos Estados Unidos e em outros lugares logo depois", segundo o resumo.

Com árvore genealógica realizada, os cientistas determinaram que o genoma do "paciente zero" não estava no início da árvore genética dos primeiros anos da epidemia nos Estados Unidos, mas "no meio do caminho", relatou a revista Science.

Isso mostra "claramente" que Gaétan Dugas, que morreu em 1984, não introduziu a aids nos Estados Unidos, concluiu a revisão.

Nesta segunda-feira (21), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou um estudo no qual aponta o impacto do Projeto Novo Recife na ventilação natural da cidade. O levantamento é parte da dissertação de mestrado da arquiteta e urbanista Joana Pack Melo Sousa. A estudante concluiu que as estruturas de edifícios-garagem formam uma grande barreira contínua, provocando o acúmulo de calor e desconforto nos pedestres.

Com o levantamento, a urbanista aponta que esse modelo de prédio reduz a taxa de renovação do ar e cria, com isso, um calor excessivo e acúmulo de fragmentos poluidores. Ainda segundo Joana, a grande barreira construída faz com que o vento seja canalizado para as ruas transversais e, nessas áreas, o pedestre deverá sentir desconforto por velocidades do ar muito elevadas.

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A metodologia da pesquisa pode ser utilizada também em outras áreas do Recife. "A pesquisa pode servir de exemplo e de consulta também para arquitetos quando eles forem projetar edificações e espaços urbanos, contribuindo para a qualidade ambiental e eficiência energética”, comentou Joana.

 

 

Um autorretrato ousado. Um presente cheio de paixão. Quase 90 anos após ter sido pintada, Abaporu, a tela brasileira mais valorizada da história, ganha uma nova interpretação. Deve sair nos próximos meses o livro Abaporu: Uma Obra de Amor, escrito por Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta e responsável pelos direitos da obra da pintora modernista.

O livro foi a maneira encontrada por Tarsilinha para tornar público o insight que a acompanha há alguns anos: que o quadro mais famoso de sua tia - e um dos mais importantes da arte brasileira - foi, na verdade, um autorretrato de Tarsila, possivelmente nua, em frente a um espelho, feito para impressionar sua grande paixão, na época, o escritor Oswald de Andrade.

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Foi por sugestão de uma amiga que Tarsilinha aventou essa hipótese pela primeira vez. Em 2011, resolveu fazer um inusitado teste - para "tirar a prova" de tal versão. Ela lançou a possibilidade de que o quadro fosse a reprodução de uma imagem refletida num espelho, um espelho que estivesse levemente inclinado, criando a deformação que caracteriza a obra.

Aproveitando-se da semelhança física com a tia-avó ilustre, Tarsilinha posou para um espelho inclinado - de forma similar à foto que aparece nesta página. "Ou seja, procurei imitar a provável pose que a artista teria assumido quando pensava no quadro que faria, naquele longínquo dia de 1928", diz ela, em trecho do livro. "A mágica se completou: a imagem que vi no espelho lembrava de maneira impressionante a figura do Abaporu, como se de repente tivéssemos nos deslocado no tempo e no espaço e, por um encantamento, encontrássemos a resposta de um enigma, uma chave nova para compreender uma obra por si tão cheia de mistério."

Tarsilinha recorreu a fotos e memórias de família para comprovar ainda mais fortemente sua interpretação. De acordo com uma sobrinha da pintora, Helena do Amaral Galvão Bueno, na casa onde Tarsila vivia com Oswald em 1928 havia um enorme espelho inclinado, apenas encostado na parede, justamente no corredor anexo ao quarto-ateliê que ela dividia com o escritor.

"Outra semelhança entre a pintura e a pintora está no pé. Assim como o Abaporu, familiares acreditam que Tarsila também tinha o segundo pododáctilo maior do que o primeiro, o hálux", conta Tarsilinha. "Este detalhe anatômico teria sido percebido, na infância, por uma das sobrinhas-netas da pintora, Marília Estanislau do Amaral Powers - ela própria também dotada dessa característica, o que, por ser hereditária, só reforça a tese. Irmão de Tarsila, Milton Estanislau do Amaral, era outro da família que tinha os dedos dos pés assim."

Ciente da importância de Abaporu para a arte brasileira, bem como da potência das interpretações consagradas acerca do significado do quadro, Tarsilinha não pretende que essa sua conclusão se sobreponha ao sentido mais amplo e metafórico que a tela atingiu. "Com este livro, não quero mudar a brilhante ideia que Oswald de Andrade teve ao achar que o Abaporu era o homem plantado na terra. O importante é que fique também clara a inspiração da obra, a perspicácia de Tarsila do Amaral - sua capacidade de transformar uma cena do cotidiano, do acaso, no mais famoso quadro brasileiro de todos os tempos." Ou seja: ela lança um novo olhar à obra da tia-avó e reconhece que, para artistas geniais, a simplicidade do cotidiano é o bastante para impulsionar a criação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A utilização do celular no ensino de idiomas é um aspecto positivo para alunos e professores. A afirmação é do estudo resultante da tese “Mobile Learning: explorando potencialidades com o uso do celular no ensino-aprendizagem de língua inglesa como língua estrangeira com alunos da escola pública”, da doutora Giselda dos Santos Costa, realizado pelo no Programa de Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Segundo a pesquisa, além de aumentar a aquisição de competências linguísticas e ajudar a administrar bem o tempo, os alunos podem acessar suas atividades a qualquer momento nos aparelhos.

A pesquisa contou com a participação de 94 estudantes do 3º ano dos cursos técnicos integrados ao nível médio do Instituto Federal do Piauí. Do total, 97% já possuíam celulares, porém, 20% dos dispositivos não suportavam formatos Bluetooth, mp3, gravador de voz e nem tinham memória suficiente para armazenar as informações. Com os aparelhos, os estudantes praticaram a pronúncia com o gravador de voz, enviaram perguntas sobre o conteúdo por mensagem, tiraram fotos de livros, usaram dicionários, entre outras ações.

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“Sabemos que a maioria das tecnologias utilizadas em sala de aula não foram originalmente projetada para o uso educacional. Mas podem ser reaproveitadas se o professor tiver consciência e competência em práticas pedagógicas com tecnologia”, explica Giselda, conforme informações da assessoria de comunicação da UFPE.

De acordo com o estudo, de casa foi onde a maioria dos entrevistados acessaram o celular para atividades educacionais (29%). Em seguida, aparecem a parada de ônibus (13%) e a rua (13%). A pesquisa foi realizada recentemente e divulgada pela UFPE nesta quinta-feira (31).

 

 

 

 

Um estudo divulgado recentemente apontou que a falta de mobilidade não é uma questão de escassez de soluções e sim, uma questão política. De acordo com a pesquisa de mestrado, do sociólogo e mestre em administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rafael dos Santos F. Sales, o intuito do projeto era analisar as capacidade dos atores sociais e sua interferência no processo de implementação de políticas públicas para melhorar a mobilidade urbana da Região Metropolitana do Recife (RMR).

Na primeira parte do projeto, foram identificados os envolvidos no processo de implementação da Política de Mobilidade Urbana da RMR. No decorrer da pesquisa, o mestrando observou que os grupos externos da esfera governamental também tiveram atuação significativa em torno desta política.

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De acordo com o pesquisador, já existem soluções possíveis para o problema da mobilidade. “Vários países e cidades já tem soluções para o problema da falta de mobilidade urbana. Como todas as políticas públicas, todas elas sempre dependem do interesse por trás dessa ideia”, explica Rafael Sales.

“Em termos práticos, ela elucida processos sociais relacionados à implementação da política de mobilidade urbana do Recife, identificando atores, evidenciando as principais estratégias e o cenário no qual o poder é exercido pelas instituições, através dos atores sociais. Além disso, identificamos os principais espaços de influências sobre a política pública, o que pode contribuir para seu desenvolvimento no contexto da gestão”, afirma o pesquisador.

Rafael acredita que com as novas propostas estabelecidas e com uma maior participação por parte da população, o Recife poderá chegar a uma solução específica para a cidade. “O problema da mobilidade esbarrou na classe média, que cada vez mais investe em automóveis. Essa questão de combater a falta de mobilidade é algo muito recente, mas eu acredito que estamos chegando perto de uma solução”.

Estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores contam com mais uma ferramenta online de apoio à produção de textos científicos. Trata-se do Escrita Científica, um site desenvolvido para disseminação de conhecimentos sobre monografias, dissertações e teses. 

O site foi criado pelo Professor Doutor Valtencir Zucolotto, autor de minicursos sobre Escrita Científica e diversos artigos e publicações. O curso é dividido em 8 módulos e conta com vídeoaulas (em português) que explicam cada etapa do trabalho acadêmico, além de apostilas (em inglês). Todo material está disponível para download gratuito no site do Escrita Científica. 

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Nesta segunda-feira (27), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) tornou público o edital do Prêmio Capes de Tese 2013. A ação é direcionada às melhores teses de doutorado selecionadas a cada uma das 48 áreas do conhecimento reconhecidas pela instituição, nos cursos de pós-graduação adimplentes e reconhecidos no Sistema Nacional de Pós-Graduação.

Segundo a Capes, participam da competição as teses defendidas no ano passado. Prêmio Capes de Tese; e Grande Prêmio Capes de Tese, integram a premiação, que concederá prêmios especiais para áreas pré-determinadas em parceria com a Fundação Carlos Chagas e com o Instituto Paulo Gontijo.

As teses que serão indicadas ao prêmio passarão por uma pré-seleção nos programas de pós- graduação das instituições de ensino superir que tinha tido, no mínimo, três teses de doutorado defendidas em 2012. De acordo com a Capes, depois da indicação da tese campeã, o coordenador do programa de pós-graduação será responsável pela inscrição da tese, exclusivamente, pelo site até às 18h do dia 30 de junho de 2013.

Ainda segundo a Capes, serão concedidos os seguintes prêmios adicionais por entidades parceiras: a) Fundação Carlos Chagas cobrindo as áreas de Educação e de Ensino, sendo um prêmio para o (a) autor(a) da tese vencedora no valor de R$ 15 mil em cada uma das duas áreas e quatro prêmios na categoria Menção Honrosa no valor de R$ 5 mil cada, sendo duas premiações de Menção Honrosa em cada uma das duas áreas; e b) Instituto Paulo Gontijo, no valor de R$ 15 mil para o (a) autor(a) da tese vencedora na subárea de Química. Outras informações podem ser obtidas pelo site do prêmio.

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O mestrando Marcelo Lúcio Correia de Amorim defenderá na próxima sexta-feira (31) às 10h no Centro de Informática (CIn) da UFPE, a tese "Estilos de Interação WEB de navegação e ajuda contextual para usuários surdos em plataformas de gestão da aprendizagem". A apresentação e o assunto é especial devido a condição do aluno, que é surdo e sente na pele a problemática envolvida em sua pesquisa.

Após quatro anos de estudos em sua segunda graduação na modalidade de Ensino à Distância (EAD) num turma formada apenas por surdos, Marcelo observou que todos os alunos apresentavam dificuldades em utilizar o ambiente virtual de aprendizagem.

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À partir daí, Marcelo resolveu desenvolver para o Amadeus (projeto de plataforma EAD do Centro de Informática da UFPE) uma melhor interface para alunos com deficiência auditiva. 

Em sua pesquisa, o jovem sugere melhorias envolvendo acessibilidade e usabilidade em ambientes virtuais para alunos surdos na modalidade EAD, com foco no projeto Amadeus do CIn/UFPE, cuja próxima versão (1.0) terá recurso de acessibilidade para alunos surdos, promovendo assim uma melhor inclusão dos mesmos no ensino superior. 

A experiência com Marcelo foi pioneira no CIn na inclusão de um estudante surdo em aulas com rotinas normais, rotina que Marcelo se adaptou bem. Para Fernando Fonseca, professor do Centro e orientador do trabalho, essa foi uma experiência diferente. “O CIn é um lugar de acessibilidade. Quando o aluno tem interesse e capacidade de se engajar nas atividades, a oportunidade chega”, explica Fonseca.  

Para Marcelo, a sua surdez não foi um obstáculo para o desenvolvimento de sua pesquisa. "os professores e alunos se mostraram disponíveis para ajudar no que fosse preciso, através do intérprete de Libras para Português e vice-versa, ou seja, fui aluno pesquisador como todos" afirma o mestrando.

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