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A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nesta segunda-feira, 21, o juiz Sérgio Humberto de Quadro Sampaio e a desembargadora Maria do Socorro Barreto Santigo, ambos do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), por participação em esquema de venda de sentenças. Ambos estão presos preventivamente desde novembro do ano passado e são alvos da Operação Faroeste, que mira em decisões favoráveis em disputas fundiárias no oeste da Bahia em troca de propinas.

Além deles, outras pessoas também foram denunciadas, acusadas de operarem e gerenciarem o pagamento das vantagens indevidas aos magistrados. A lista inclui o falso cônsul de Guiné-Bissau Adaílton Maturino e sua esposa, Geciane Maturino, os advogados Amanda Santiago e Márcio Duarte Miranda, a filha e genro da desembargadora Maria do Socorro, e Ricardo Augusto Três e Valdete Stresser, acusados de receber e repassar as propinas aos magistrados.

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De acordo com a PGR, Ricardo Augusto Três foi contratado como advogado para atuar em nome do grupo empresarial Castro Empreendimentos Imobiliários em uma ação para cancelar a matrícula de um imóvel no oeste da Bahia. O processo foi movido em 1995, mas só passou a andar em 2017 com a contratação do causídico.

"Poucas semanas depois, o magistrado Sérgio Humberto, titular na Comarca de Salvador e designado para a Comarca de Formosa do Rio Preto, determina o bloqueio da Matrícula nº 736, conforme havia sido requerido na inicial", apontou a subprocuradora-geral Lindôra Araújo. Em contrapartida, o juiz recebeu R$ 606 mil em propinas.

A decisão, porém, foi suspensa por outro magistrado, o que levou o grupo a ajuizar recurso ao Tribunal de Justiça da Bahia. O agravo caiu nas mãos da desembargadora Maria do Socorro, que manteve a decisão do juiz Sérgio Humberto. As investigações apontaram que, durante a tramitação do processo no gabinete da magistrada, ela fez 104 ligações entre investigados no esquema, sendo 24 deles para o genro, Márcio Duarte Miranda.

A apuração também descobriu que a filha de Maria do Socorro telefonou para Adailton Maturino, acusado de organizar o esquema de propinas, um dia depois da decisão favorável proferida pela mãe, que teria recebido R$ 400 mil em vantagens indevidas, segundo a PGR.

Menos de um mês após a decisão de Maria do Socorro, as partes do processo firmaram um acordo, que foi homologado por Sérgio Humberto e beneficiou a Castro Empreendimentos Imobiliários.

Segundo a PGR, as propinas para o juiz Sérgio Humberto foram pagas por Adailton Maturino e sua esposa, Geciane, por meio de um cunhado e um agricultor apontado como laranja do magistrado. A desembargadora Maria do Socorro teria recebido as vantagens indevidas por meio do pagamento de uma dívida que ela tinha em uma ação de reintegração de posse - o débito era de R$ 550 mil e os investigadores apontam que R$ 400 mil teriam sido quitadas por meio de um contrato de empréstimo forjado.

A operação

Deflagrada em novembro do ano passado, a Operação Faroeste investiga esquema de vendas de sentenças no oeste da Bahia coordenado por Adailton Maturino, que se apresentava como cônsul de Guiné-Bissau. As decisões tornaram um borracheiro, apontado como laranja de Adailton, um dos maiores latifundiários da região.

As vantagens eram entregues a juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça baiano em troca de atuação favorável em processos de recuperação judicial, inventários, execução de títulos extrajudiciais, cobranças de honorários e disputas fundiárias. Todos foram afastados dos cargos.

Na semana passada, as fases 6 e 7 da Faroeste ampliaram o escopo das apurações e miraram indícios de participação de outros dois órgãos públicos no esquema: a Secretaria de Segurança Pública e o Ministério Público estadual. O titular da pasta, Maurício Barbosa, e sua chefe de gabinete Gabriela Macedo foram exonerados após as investigações. A ex-procuradora-geral de Justiça da promotoria baiana, Ediene Lousado, também é investigada.

A operação também prendeu mais duas magistradas: as desembargadoras Lígia Maria Ramos Cunha Lima e Ilona Márcia Reis foram detidas temporariamente. Elas teriam movimentado mais de R$ 1,7 milhão em propinas com a venda de decisões judiciais, segundo a Procuradoria.

Defesas

A reportagem busca contato com os denunciados. O espaço está aberto a manifestações.

Na era do home office, diversas posturas inusitadas vêm chamando a atenção na internet. Nessa quinta-feira (30), um advogado participou de um julgamento deitado em uma rede. O jurista Marcus Albuquerque aparece expondo seus argumentos no item doméstico usado normalmente para momentos de descanso.

A transmissão ao vivo foi feita por meio do canal do Youtube do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA). A live foi referente a um julgamento da 4º Turma Recursal do TJ-BA. 

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O vídeo contou com 3 mil visualizações. “Se é pra ter home office e não trabalhar na rede, nem vale a pena”, publicou um internauta nos comentários do vídeo. Mais de cinco profissionais participaram remotamente da sessão.

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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou uma desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além da magistrada, outras quatro pessoas foram denunciadas suspeitas de participar de um esquema de venda de decisões judiciais para regularização de terras do Oeste Baiano, revelado pela Operação Faroeste.

Esta é a terceira denúncia apresentada pelo MPF no âmbito das investigações sobre negociação e venda de sentenças. A Procuradoria estima que os crimes tenham viabilizado a grilagem de cerca de 360 mil hectares de terra.

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Em maio último, a Corte, de forma unânime, deu início a um processo contra 15 pessoas - entre elas, cinco desembargadores do Tribunal de Justiça baiano e três juízes estaduais - por organização criminosa e lavagem de dinheiro. As investigações se iniciaram a partir da descoberta de indícios da existência de uma organização criminosa, que teria operado entre 2013 e 2019.

De acordo com os investigadores, o grupo era dividido em três núcleos: judicial, formado por desembargadores, juízes e servidores do Tribunal de Justiça da Bahia; causídico, composto por advogados responsáveis pela intermediação entre os julgadores e produtores rurais; e econômico, formado pelos produtores que pagavam pelas sentenças. Todos tinham a intenção de negociar decisões, em especial, para grilagem de terras no Oeste da Bahia.

Segundo o documento enviado na última sexta-feira (5) ao relator do caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Og Fernandes, entre julho e novembro de 2013, a desembargado denunciada, com auxílio de uma sobrinha, solicitou, aceitou promessa e recebeu vantagem indevida no valor de R$ 1,4 milhão para proferir decisão judicial em favor de um grupo de empresários interessados na legitimação de terras no município de Formosa do Rio Preto (BA), num litígio envolvendo área de 800 mil hectares e cifras bilionárias. Já os crimes de lavagem de dinheiro ocorreram entre 2013 e 2019, tendo como propósito distanciar o dinheiro, fruto de crimes praticados de sua origem ilícita e dissimular sua real origem.

O MPF pede o recebimento integral da denúncia e, em caso de condenação, a decretação da perda função pública para a desembargadora. Além disso, quer o confisco dos bens frutos de lavagem de dinheiro no valor mínimo de R$ 991 mil e pagamento de indenização por danos morais coletivos, no valor equivalente a R$ 1,4 milhão, correspondente ao montante de dinheiro envolvido na decisão negociada.

Uma semana após terem sido afastados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suspeita de envolvimento com irregularidades na administração de precatórios, os desembargadores Mário Hirs e Telma Britto tiveram nesta terça-feira, 12, um novo revés. O CNJ decidiu abrir mais um processo administrativo para apurar supostas omissões de Hirs e Telma, que presidiram o Tribunal de Justiça (TJ) da Bahia, para resolver questões no Judiciário baiano, como a demora para registro de nascimentos e mortes.

Durante o julgamento no qual o conselho resolveu instaurar o processo contra eles, o corregedor nacional de Justiça, Francisco Falcão, citou o drama vivido por Cleomar Cruz, de Vitória da Conquista, que teria dormido numa fila por seis vezes para tentar conseguir a certidão de óbito da filha, de 1 ano.

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Por causa da demora em obter o documento, o corpo da criança foi enterrado num cemitério clandestino, uma vez que o serviço funerário somente autoriza o sepultamento após o registro do cartório por um oficial. "Diante da falta de assento de óbito, (a família) não queria que o corpo ficasse insepulto e em decomposição", relatou Falcão.

Outra conflito detectado pela Corregedoria envolveu um acordo entre o tribunal e uma instituição financeira. O banco teria sido contratado sem licitação para construir prédio anexo ao tribunal em troca da exclusividade e centralização do processamento da folha de pagamento, dos pagamentos referentes a fornecedores, bens, serviços, insumos e outras movimentações de recursos financeiros.

A Corregedoria também encontrou indícios de má gestão de recursos humanos no tribunal. "A Bahia tem 15 milhões de habitantes (quarto Estado mais populoso do Brasil) e o Poder Judiciário local arregimenta a quarta força de trabalho do País, com cerca de dez mil servidores efetivos. Portanto, não há falta de servidores em termos absolutos", disse.

"O que existe é má gestão dos recursos humanos, deficiência de capacitação. Má gestão que ficou demonstrada nas visitas feitas nos gabinetes dos desembargadores em abril de 2013. Na oportunidade, verificou-se que os assessores trabalham em regime de plantão, frequentando a sede do tribunal apenas uma ou duas vezes por semana, em patente subutilização da força de trabalho humana, tão necessária na primeira instância", afirmou. Hirs presidiu o TJ da Bahia até a semana passada, quando foi afastado do cargo pelo CNJ. Telma ocupou o posto antes dele. A defesa dos desembargadores sustentou que eles trabalharam para resolver as demandas e que não foram omissos.

Um dia depois de o corregedor nacional de Justiça, ministro Francisco Falcão, abrir sindicâncias no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para investigar suspeitas de irregularidades no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o presidente da corte baiana, desembargador Mário Alberto Simões Hirs, negou nesta quarta-feira a existência de qualquer irregularidade. Ele ainda ameaçou instaurar ações contra a União pela divulgação das suspeitas.

"O que foi divulgado (pelo CNJ) ainda é o relatório preliminar, vamos aguardar o relatório final, mas se me sentir ofendido, vou ao Supremo Tribunal Federal, entro com uma ação contra a União", disse o magistrado. "Pode ser até uma ação coletiva do tribunal contra a União. Estamos estudando."

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Em nota, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) manifestou "solidariedade à magistratura baiana" e condenou o que chamou de "divulgação midiática" do relatório apresentado pela Corregedoria Nacional de Justiça (CNJ) que levanta uma série de suspeitas sobre a atuação do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

Ao lado da ex-presidente do TJ-BA, Telma Laura Silva Britto - que também foi citada no relatório -, e acompanhado por outros desembargadores do órgão, Hirs recebeu jornalistas na sede do tribunal e apresentou documentos. "Essa documentação foi enviada quatro vezes ao CNJ, mas não foi considerada", reclamou. "Todas as informações solicitadas pelo CNJ foram devidamente respondidas e em nenhum momento tivemos resposta do CNJ sobre os esclarecimentos."

O presidente do TJ baiano também disse ter achado "estranho" que o relatório preliminar tenha sido divulgado à imprensa antes de ser encaminhado ao órgão. "Até as 12 horas de hoje, não havíamos recebido o relatório", afirmou. "Só tomamos conhecimento dele e de seu teor por um colunista de São Paulo, que fez contato para repercutir as informações."

Entre as ações apontadas como suspeitas pelo CNJ estão erros em cálculos de precatórios judiciais, que teriam causado prejuízos de mais de R$ 448 milhões ao Estado e ao município de Salvador, um contrato sem licitação entre o TJ-BA e o Banco do Brasil para a administração de depósitos judiciais, problemas no processo de privatização de cartórios, casos de nepotismo, atrasos nas declarações de bens e rendas de cerca de mil servidores e um esquema de revezamento de funcionários, que trabalhariam um ou dois dias no órgão, sob a justificativa de trabalhar em casa nos outros dias.

Precatórios

Hirs chamou de "ofensiva" a suspeita levantada pelos pagamentos de precatórios. "Foi o que mais me chateou", disse. "A acusação foi ofensiva, quase leviana, porque passa a mensagem subliminar que eu ou a desembargadora Telma Britto temos interesse nesse processo, do qual nós nem sequer participamos. E dizer que pagamos esse valor, quase meio bilhão de reais a mais, é uma falácia."

De acordo com o magistrado, os cinco precatórios listados pelo CNJ, cujo montante somado seria de R$ 448,1 milhões, não foram pagos por estarem "em posições cronológicas remotas (com previsão de pagamentos em longo prazo)". Hirs, porém, admitiu que as dívidas existem e que estão com as ações "transitadas em julgado", sem direito a recurso.

Por Diogo de Oliveira

O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e o Tribunal de Justiça (TJ-BA) anunciaram, nesta terça-feira (17), que deixaram de mediar as negociações entre governo e professores em greve. Em nota, o MP e o TJ alertam que nas últimas três reuniões que participaram como mediadores não visualizaram uma proposta que trouxesse consenso entre as partes e que, já aos 100 dias de greve, seria impossível repor o calendário escolar. Inicialmente, foi a obrigação de velar pelo interesse público – as aulas – que os fez assumir a postura.

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A nota afirma que “persistindo o impasse, em razão da não obtenção de um acordo em tempo hábil e aproximando-se uma situação de dano irreversível ao calendário escolar, após empreendidos todos os esforços e ante a ausência de condições objetivas de resolução no âmbito da mediação, não resta outra alternativa às referidas instituições mediadoras senão considerar, nas atuais circunstâncias, concluídas as negociações”.

O MP e o TJ foram convocados pelo movimento grevista para mediar a negociação após 89 dias de greve, com ocupação da Assembleia Legislativa da Bahia. O governo aceitou a mediação. No entanto, na última sexta-feira (13), o movimento decidiu em assembleia geral por não acatar a proposta. O termo de impasse, alegado pelo Sindicato dos Professores e Letrados da Bahia (APLB), era a readmissão de 57 professores que sofreram processos administrativos por aderirem à greve, além de não atender aos 22% de aumento que a classe reivindica. Também nesta manhã, a APLB, protocolou uma moção solicitando que o MP e o TJ não se retirem do processo de mediação.

A situação se agrava

Antes da retirada do Ministério Público e do Tribunal de Justiça da negociação, a água, luz e telefone da Assembleia Legislativa (AL) foram cortadas pelo presidente, Marcelo Nilo (PDT). A ação do presidente tinha o objetivo de forçar a retirada dos professores do salão Nestor Duarte, contíguo ao plenário. Hoje (17), o procurador geral, Graciliano Bonfim, protocolou o pedido de reintegração de posse do salão.

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