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A nova primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, líder do partido pós-fascista 'Fratelli d'Italia' (Irmãos da Itália), negou nesta terça-feira (25) qualquer "simpatia ou proximidade" com o fascismo.

"Nunca tive qualquer simpatia ou proximidade com regimes antidemocráticos. Por nenhum regime, incluindo o fascismo", afirmou em seu primeiro discurso como chefe de Governo na Câmara dos Deputados.

Em seu governo, o Executivo mais à direita da Itália desde a Segunda Guerra Mundial, Meloni garante que "não se desviará um centímetro" dos valores democráticos e que "lutará contra qualquer forma de racismo, antissemitismo, violência política, discriminação".

Durante o discurso no Parlamento, que deve votar a moção de confiança a seu governo, Meloni tentou acabar com as dúvidas sobre sua militância desde a juventude nos movimentos fundados pelos herdeiros do fascismo.

"Venho de uma história política que foi relegada por anos", declarou, em tom pessoal.

A líder da extrema direita também mencionou as mulheres que marcaram a história da Itália, da jornalista Oriana Fallaci até a líder antifascita Tina Anselmi, e criticou com veemência a máfia, prometendo uma linha "inflexível".

Também disse que pretende "frear as saídas ilegais" de migrantes da África para a península.

"Este governo quer acabar com as saídas ilegais (a partir da África) e acabar com o tráfico de seres humanos no Mediterrâneo", destacou.

O magnata imobiliário Donald Trump, durante uma visita à Europa enquanto era presidente dos Estados Unidos, disse ao seu chefe de gabinete que "Hitler fez muitas coisas boas", informou nesta quarta-feira (7) o jornal britânico The Guardian, citando um próximo livro.

Segundo as informações, o então chefe de gabinete de Trump, John Kelly, ficou "atônito" com o comentário. Essa conversa é relatada no próximo livro, "Francamente, vencemos esta eleição" (tradução livre), de Michael Bender, do jornal americano The Wall Street Journal, disse o veículo britânico.

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O The Guardian afirmou que obteve uma cópia do livro antes de sua publicação na próxima semana.

Segundo as informações, Trump - que deixou o poder em janeiro passado - fez o comentário enquanto Kelly estava dando uma lição improvisada de história durante uma visita à Europa em 2018, para os atos de celebração do final da Primeira Guerra Mundial.

De acordo com o livro, Kelly "lembrou ao presidente quais países estavam de qual lado durante o conflito" e "ligou os pontos da Primeira Guerra Mundial até a Segunda Guerra Mundial e todas as atrocidades de Hitler".

"Bom, Hitler fez muitas coisas boas", teria dito Trump então.

Supostamente, Kelly "disse ao presidente que estava equivocado, mas Trump não se calou", enfatizando a recuperação econômica alemã sob o mandato de Hitler durante a década de 1930.

Kelly, um ex-general do Corpo de Fuzileiros Navais, que deixou a Casa Branca no início de 2019, "respondeu de novo", segundo o The Guardian citando Bender, para argumentar que "o povo alemão teria ficado melhor pobre do que submetido ao genocídio nazista" e sentenciou que "não podia" dizer "nada a favor" de Hitler.

O ministro chefe da Secretaria de Governo de Jair Bolsonaro (sem partido), general Luiz Eduardo Ramos, descartou a possibilidade de uma intervenção militar no país e criticou as acusações de que a gestão Bolsonaro seja fascista. Em entrevista a revista Veja, o general também deixou um alerta para a oposição: “não estica a corda”.

“Fui instrutor da academia por vários anos e vi várias turmas se formar lá, que me conhecem e eu os conheço até hoje. Esses ex-cadetes atualmente estão comandando unidades no Exército. Ou seja, eles têm tropas nas mãos. Para eles, é ultrajante e ofensivo dizer que as Forças Armadas, em particular o Exército, vão dar golpe, que as Forças Armadas vão quebrar o regime democrático”, declarou ao ser indagado se havia no país algum risco de golpe militar.

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“O próprio presidente nunca pregou o golpe. Agora o outro lado tem de entender também o seguinte: não estica a corda”, alertou logo em seguida. Apesar da afirmativa do ministro, Bolsonaro tem frequentado constantemente manifestações com o pedido antidemocrático e inconstitucional de intervenção.

Quando foi perguntado sobre o quê se referia exatamente com tal argumento, Ramos criticou as comparações de Bolsonaro ao líder nazista Adolf Hitler. 

“O Hitler exterminou 6 milhões de judeus. Fora as outras desgraças. Comparar o presidente a Hitler é passar do ponto, e muito. Não contribui com nada para serenar os ânimos. Também não é plausível achar que um julgamento casuístico pode tirar um presidente que foi eleito com 57 milhões de votos”, argumentou.

Ramos chamou de “julgamento casuístico” o processo que a chapa de Bolsonaro enfrenta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e pode levar a cassação do presidente e seu vice. O general foi perguntado sobre a possibilidade da destituição do mandato e se negou a considerar a hipótese. 

“Acho que não vai acontecer, porque não é pertinente para o momento que estamos vivendo. O Rodrigo Maia já disse que não tem nenhuma ideia de pôr para votar os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Se o Congresso, que historicamente já fez dois impeachments, da Dilma e do Collor, não cogita essa possibilidade, é o TSE que vai julgar a chapa irregular? Não é uma hipótese plausível”, observou.

Sem preocupação

O general Ramos também avaliou as manifestações contra o governo do presidente Jair Bolsonaro e disse que não se preocupa com tais atos. “A rua não tem dono. Também há manifestações em favor do Bolsonaro. Só há uma coisa que me incomoda e me desperta atenção. Um movimento democrático usando roupa preta. Isso me lembra muito autoritarismo e black blocs”, comparou. 

“Quando falo em democracia, a primeira coisa que me vem à mente é usar as cores da minha bandeira, verde e amarelo. No domingo, fiquei disfarçado no gramado em frente ao Congresso observando o pessoal. Eles não usavam vermelho para não pegar mal. Mas me pareceu que eram petistas”, emendou. 

O ministro também disse que não se sentiu bem ao receber críticas por ter ido ao protesto que atacava as instituições com Bolsonaro.

“Eu estava quietinho lá atrás, também apenas obser­vando. Aí o presidente perguntou: “Cadê o Ramos?”. Fui muito criticado no dia seguinte, inclusive pelos meus companheiros de farda. Não me sinto bem. Não tenho direito de estar aqui como ministro e haver qualquer leitura equivocada de que estou aqui como Exército ou como general. Por isso, já conversei com o ministro da Defesa e com o comandante do Exército. Devo pedir para ir para a reserva. Estou tomando essa decisão porque acredito que o governo deu certo e vai dar certo. O meu coração e o sentimento querem que eu esteja aqui com o presidente”, disse.

O massacre contra muçulmanos ocorrido nesta sexta-feira em duas mesquitas da Nova Zelândia mostra a ascensão do nacionalismo branco, que prega um ideal imaginário "europeu", rejeita a imigração e compartilha ameaças na internet.

É um movimento que carece de liderança, é fragmentado e atrai a atenção de lobos solitários, como o australiano de 28 anos que matou 49 pessoas nesta sexta-feira em Christchurch e explicou em um manifesto que pretendia "esmagar a imigração" e se vingar dos ataques jihadistas realizados na Europa.

Mas especialistas alertam que se trata de um movimento coeso, interligado através da internet e que se estende por toda a Europa até a Rússia, tem um grande número de seguidores nos Estados Unidos e Canadá e, como demonstrado pelo ataque de sexta-feira, está presente na Austrália e Nova Zelândia.

Eles dizem que representa uma ameaça internacional tão grande quanto o extremismo islâmico, mais ainda nos Estados Unidos, onde os ataques dos nacionalistas brancos ultrapassaram os dos jihadistas.

"O nacionalismo branco e o extremismo da ultradireita são a ameaça extremista mais proeminente que os Estados Unidos enfrentam atualmente, e, na verdade, são um fenômeno global", afirma Brian Levin, diretor do Centro para o Estudo do Ódio Extremista da Universidade Estadual da Califórnia. "Essa gente tem medo da mudança demográfica. Usa o termo genocídio branco", explica.

- Raízes na década de 1930 -

O movimento nacionalista branco tem suas raízes nos conceitos propostos há décadas pelos fascistas europeus e americanos e pelos neonazistas.

O historiador francês Nicolas Lebourg observou que o manifesto do atirador de Christchurch citou o fascista britânico Oswald Mosley, de 1930.

O uso da palavra "europeus" para se referir aos brancos foi promovido pelo neonazista americano Francis Parker Yockey.

"Genocídio Branco" é uma ideia que surgiu por volta de 1972 nos Estados Unidos, observou Lebourg, e foi popularizada na Europa pelo escritor francês Reanud Camus.

Na verdade, o título do suposto manifesto do atirador neozelandês é "The Great Replacement" (A Grande Substituição), o mesmo que um livro escrito por Camus em 2011, popular em círculos de nacionalismo branco e que argumenta que os imigrantes que não são brancos estão suplantando os europeus brancos.

Embora alguns nacionalistas brancos sejam antimuçulmanos, antijudeus, capitalistas ou socialistas, hoje eles estão unidos, segundo os analistas, por uma rejeição à imigração.

Sophie Bjork-James, professora da Universidade de Vanderbilt, diz que o medo comum é de que os cristãos brancos possam se tornar minoritários nas sociedades que dominam há séculos.

Isto deu asas a movimentos como os "Identitários", nascido na França, e o "Identity Evropa", nos Estados Unidos.

Nacionalistas brancos foram encorajados ainda mais pelo surgimento de políticos que apoiam uma linha dura com a imigração, de Marine Le Pen na França e Viktor Orban na Hungria ao presidente russo, Vladimir Putin, e o partido UKIP na Grã-Bretanha.

O mesmo acontece nos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump chegou à Casa Branca com um discurso anti-imigração, apoiado por uma base de eleitores predominantemente branca.

Trump pareceu legitimar a marcha dos supremacistas brancos e neonazistas em Charlottesville em 2017, e evitou condenar a violência da extrema direita.

"Eles vêem nele (Trump) uma incrível oportunidade de ampliar sua influência", explica Bjork-James.

O autor do ataque em Christchurch chamou Trump de "símbolo de identidade branca renovada e propósito comum".

Mesmo condenando o massacre de imediato, Trump gerou novamente polêmica dizendo que não acreditava que o nacionalismo branco fosse um problema crescente no mundo.

- Lobos solitários -

Bjork-James diz que a internet, especialmente sites como GAB e Stormfront, ajudou a construir uma comunidade global para nacionalistas brancos.

"O Stormfront é uma câmera de ponto focal global para o nacionalismo branco", afirmou.

O site está cheio de comentários sobre o ataque de Christchurch, alguns questionando o assassinato de mulheres e crianças.

Um comentário rejeita o debate: "Os invasores não são pessoas inocentes".

"O ataque de um lobo solitário é, na verdade, parte de uma estratégia global", explica Bjork-James.

O autor do atentado na Nova Zelândia escreveu que foi inspirado por outros nacionalistas brancos que perpetraram assassinatos em massa.

Ele mencionou Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em 2011; Dylann Roof, que matou nove paroquianos negros em uma igreja nos Estados Unidos em 2015; e Alexandre Bissonnette, que matou seis pessoas em um ataque em 2017 em uma mesquita no Canadá.

Lebourg diz que os últimos ataques parecem ter se tornado parte de um ciclo de vingança, especialmente porque a França foi alvo de jihadistas em 2015.

O manifesto do australiano menciona repetidamente uma vingança pelos ataques do extremismo islâmico.

"Os ataques de 2015 foram um ponto de virada para todos os supremacistas", diz Lebourg. "Agora, a vingança está na cabeça dessas pessoas", conclui.

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A cidade de Macerata, na Itália, foi palco de um cortejo antifascista e antinazista neste sábado (10), em solidariedade às três pessoas feridas pelo jovem Luca Traini há uma semana.

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Com apenas 41 mil habitantes, o município localizado na região de Marche, no centro do país, reuniu uma multidão de vários cantos da Itália. Para evitar confrontos, as autoridades blindaram toda a cidade, reforçando os esquemas de segurança, além de suspenderem aulas e interromperem os serviços de transporte público.

O prefeito de Macerata, Romano Carancini, autorizou a manifestação e demosntrou apoio, mas disse acreditar que "não era o momento certo", já que o clima de tensão está elevado na cidade desde o tiroteio.

"Com o coração, estarei nas ruas hoje. Mas, por coerência, reconheço que a cidade precisa respirar", comentou. No último dia 3 de fevereiro, o jovem italiano Luca Traini disparou aleatoriamente contra imigrantes negros em Macerata.

Ele justificou o ato como uma vingança pelo assassinato da também jovem Pamela Mastropietro, que foi encontrada morta e desmembrada em malas.

Os principais suspeitos do crime são nigerianos, o que inflamou os ânimos de Traini, que tem ligação com a extrema-direita italiana. As autoridades prenderam três suspeitos de envolvimento na morte de Pamela: Innocent Oseghale, Desmond Lucky e um outro jovem de 29 anos, detido na estação de Milão ontem.

O ministro do Interior da Itália, Marco Minniti, que é da legenda governista de centro-esquerda Partido Democrático (PD), fez apelos contra o fascismo e o nazismo. "Não tem nenhuma razão que possa justificar um ato criminal de um criminoso.

O único ponto de conexão entre as vítimas era a cor da pele, o que faz toda essa história ser inaceitável", disse. "O fascismo na Itália morreu para sempre e não deixou uma lembrança boa ao nosso povo", completou.

Da Ansa

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