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O Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia à 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro contra o ex-policial militar Ronnie Lessa e sua esposa Elaine Pereira Figueiredo Lessa pela importação ilegal de peças para fuzis AR-15.

Segundo a denúncia à qual a Sputnik Brasil teve acesso, o casal tentou encomendar 16 quebra-chamas novos para fuzis AR-15 de calibre 5,56x45mm ou similares. A carga foi apreendida em fevereiro de 2017 no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O armamento veio em uma carga de Hong Kong, na China, e é de uso controlado pelo Exército.

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Segundo o MPF, o casal usou uma empresa de fachada para receber as peças de armamento, mas não há dúvida de que foram eles os responsáveis pela entrada dos objetos no Brasil. A denúncia resulta de uma investigação da Polícia Federal (PF).

O armamento seria entregue em uma academia em Rio das Pedras da qual o casal era sócio, mas o destino era um apartamento do ex-PM em Jacarepaguá onde ele guardava e montava as armas. O MPF pede que os quebra-chamas apreendidos sejam enviados para o Exército Brasileiro.

Ronnie e Elaine Lessa estão atualmente presos e respondem por um processo de tráfico internacional de armas, acessórios e munição. Ronnie aguarda julgamento pela acusação de ter assassinado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018. Já Elaine está presa desde julho do ano passado, acusada de tráfico internacional de armas.

Da Sputnik Brasi

Durante uma força-tarefa de repressão à milícia, equipes da Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da equipe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), impediram a execução de uma vítima na comunidade Jesuítas, em Santa Cruz, na Zona Oeste fluminense. O flagrante ocorreu nessa terça-feira (16). Segundo a PC-RJ, a mulher estava amarrada e prestes a ser queimada viva por milicianos ligados a Danilo Dias Lima, o "Tandera", um dos mais perigosos do estado. Foram apreendidos galões de combustível que seriam utilizados no crime, mas o estado de saúde da vítima não foi revelado.

Naquela região, os agentes também localizaram a residência do líder da quadrilha. Na força-tarefa, 16 pessoas foram presas, incluindo o criminoso “Artilheiro”, responsável por realizar cobranças de dívidas e assassinatos. Contra ele foi cumprido um mandado de prisão pelo crime de homicídio. As investigações apontam "Artilheiro" como um dos matadores da milícia, responsável pelas execuções e ocultação dos cadáveres. Os policiais também interditaram estabelecimentos de venda irregular de gás e provedores clandestinos de internet.

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A operação tem como objetivo coibir crimes como exploração de atividades ilegais controladas pela milícia, cobranças irregulares de taxas de segurança e de moradia, instalações de centrais clandestinas de TV a cabo e de internet (gatonet/gatointernet), armazenamento e comércio irregular de botijões de gás e água, empresas de GNV ilegais, parcelamento irregular de solo urbano, exploração e construções irregulares, areais e outros crimes ambientais, comercialização de produtos falsificados, contrabando, descaminho, transporte alternativo irregular e estabelecimentos comerciais explorados pela milícia e utilizados para lavagem de dinheiro.

A ação é resultado de investigações e trabalho de inteligência da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), Delegacia do Consumidor (Decon), Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), Divisão de Capturas da Polícia Interestadual (DC-Polinter), Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), Delegacia Fazendária (Delfaz) e Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), com apoio de informações do Disque Denúncia.

Milícias, traficantes e quadrilhas impedem o acesso de técnicos da operadora de telecomunicações Oi à infraestrutura da empresa em 105 localidades da região metropolitana do Rio de Janeiro, além de municípios como Angra dos Reis, Búzios, Cabo Frio e Itaguaí. Os dados foram apresentados pelo gerente de Relações Institucionais da Oi, Alexander Castro, durante webinar sobre "segurança e integridade da infraestrutura de redes" no Painel Telebrasil 2021.

Segundo ele, as informações fazem parte de um mapeamento da própria companhia no Rio de Janeiro.

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O levantamento mostra que, em agosto de 2019, havia impedimento de acesso a 25 áreas na região metropolitana do Rio. O número avançou para 81 em fevereiro de 2021 e atingiu 105 localidades em 1º de setembro. "Não estamos fantasiando ou exagerando", disse Castro. "O problema é grave e vem crescendo."

Ele explicou que a empresa caracteriza o impedimento de acessar as localidades de diferentes formas, como através da área de segurança da companhia, por ocorrências registradas na polícia ou através de entrevistas feitas na comunidade, em visitas locais. Ou simplesmente quando quadrilhas impedem o acesso dos técnicos.

"Em visitas aos locais, percebe-se que as quadrilhas impedem que os nossos técnicos acessem a área para entrar na estação, fazer manutenção, substituir cabo roubado ou danificado. Isso também prejudica os assinantes. Os usuários ficam sem usufruto do serviço. E também afeta imagem da empresa", disse ele.

Além da impossibilidade de acessar áreas, a Oi apresentou dados sobre vandalismo, roubos e furtos sofridos pela empresa, neste caso em todo o País, em 2020. Foram 73 mil registros de roubo ou furto de cabos e equipamentos. São 3,5 milhões de metros de cabo de cobre roubados ou furtados, além de 1.000 equipamentos (como placas de transmissão, roteadores).

"A Polícia Civil, na medida do possível, busca fechar o cerco no caminho desse cobre. Não estamos mais falando de usuários de crack que roubam cobre para derreter e fazer dinheiro para comprar droga. Estamos falando de organização criminosa, quadrilha, que efetivamente fazem uso do material roubado, seja para vender como sucata ou para fornecer para entidades que fazem uso desse tipo de serviço clandestino", afirmou.

A viúva Júlia Emílio Mello Lotufo, ex-esposa do miliciano Adriano da Nóbrega, ligado ao senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), negocia há algumas semanas uma delação premiada com o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e o Ministério Público do Estado através de seu advogado, o ex-senador Demóstenes Torres. Segundo a coluna de Guilherme Amado do Metrópoles, a delação já foi aceita pelos procuradores e agora investiga uma série de homicídios cometidos no Rio de Janeiro por organizações criminosas.

Desde o assassinato de Nóbrega, em fevereiro de 2020, Júlia se tornou uma das figuras mais procuradas pelas autoridades policiais responsáveis pelo caso. Isso porque, além de estar com ele no dia do crime, durante uma viagem à Bahia, ela foi a companheira do miliciano nos últimos 10 anos e acompanhou a vida criminosa do capitão. Foragida, Lotufo teve a prisão preventiva decretada, mas, logo a seguir, sua punição foi reduzida para prisão domiciliar.

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Atualmente, ela responde a um processo da 1ª Vara Criminal Especializada da Capital do RJ, por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Com a morte do marido, segundo esse processo, coube a ela cuidar do espólio de atividades ilegais de Adriano.

A própria Júlia procurou a Polícia Civil. Após isto, foi encaminhada ao MP, na área que investiga a participação de milicianos em assassinatos de aluguel — mortes como as cometidas pela organização criminosa Escritório do Crime. Posteriormente, o Ministério Público Federal foi envolvido na negociação e tudo caminha para que na semana que vem haja a homologação.

Julia Mello Lotufo manteve um relacionamento amoroso com Adriano Magalhães da Nóbrega por uma década. No período, acompanhou a consagração dele como capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a sua expulsão da Polícia Militar e o seu ingresso no crime, no qual ele começou como segurança de figuras do crime, galgou postos e fez fortuna com atividades ilegais, como exploração de máquinas de caça-níquel e grilagem de terras.

Lotufo se tornou a responsável pela contabilidade e gestão financeira dos negócios criminosos, conforme descrição apresentada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro ao pedir a prisão de Julia, sob a alegação de que ela e outros comparsas de Adriano cometeram delitos como associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Após 27 anos, foi preso na tarde dessa segunda-feira (10) o ex-exterminador Francisco da Cunha Crespo, de 64 anos, acusado de envolvimento no homicídio do delegado Edilson Caetano, à época com 27 anos. O crime ocorreu em 3 de julho de 1994, em Vitória, no Espírito Santo. Segundo as autoridades policiais, Crespo era associado à Scuderie Detetive Le Cocq, esquadrão da morte criado na década de 60 e conhecido por dar origem às milícias da atualidade. O suspeito foi localizado e detido no bairro de Campo Grande, no Grande Rio.

Francisco foi capturado por agentes do 2º DPA (Departamento de Polícia de Área), coordenados pela Delegada Carolina Salomão Albuquerque, em conjunto com a Subsecretaria de Inteligência (SSINTE). De acordo com a Polícia Civil, contra o acusado foi cumprido um mandado de prisão expedido pela 4ª vara criminal de Vila Velha, município de Espírito Santo.

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Segundo a delegada, o crime estava prestes a prescrever, ou seja, por lei, o Estado perderia o direito de punir o acusado. Após a ação, o miliciano foi encaminhado para o sistema prisional e permanece à disposição da Justiça para determinação da pena.

A Scuderie Detetive Le Cocq ou Esquadrão Le Cocq foi fundada em 1965, no Rio de Janeiro do então Estado da Guanabara, e tomou corpo com o apoio extraoficial do governador do Estado na época, o mineiro Francisco Negrão de Lima. O núcleo do grupo de extermínio era composto pelos chamados Doze Homens de Ouro, um para cada signo do zodíaco, escolhidos a dedo pelo então secretário de Segurança do Rio, Luis França.

O nome do grupo pioneiro da milícia fluminense havia ressurgido em 2019, quando o ex-deputado federal e candidato derrotado ao governo do Espírito Santo, Carlos Humberto Mannato (PSC-ES), que integrou a Le Cocq, foi nomeado Secretário Especial para a Câmara dos Deputados da Casa Civil no governo Bolsonaro.

O objetivo do grupo, criado para vingar a morte do detetive Milton Le Cocq, era fazer uma “limpeza nas ruas”, tirando de cena ladrões, assassinos, bicheiros, realizando queimas de arquivo e vingando mortes de policiais. A Le Cocq é considerada responsável pelo modelo atual das milícias que disputam áreas com traficantes por todo o Brasil, principalmente no Rio de Janeiro. A instituição chegou a ter mais de sete mil associados e é responsável pela morte de 1,5 mil pessoas no ES.

Em agosto de 96, o Ministério Público Federal entrou com com uma ação na Justiça Federal pedindo a dissolução da sociedade civil da Scuderie, que só veio a acontecer definitivamente em 2006.

Três dias após a divulgação da morte suspeita do menino Henry Borel, de 4 anos, seu padrasto, o vereador Jairo Souza Santos Júnior (Solidariedade), mais conhecido como Dr. Jairinho, foi empossado no Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio. A posse em 11 de março, no início das investigações sobre o episódio chocante e sob apuração policial, ilustra a força do político.

O médico de 43 anos tem no nome de urna um sinal da linhagem que o elegeu. Seu pai é o suplente de deputado estadual Coronel Jairo, PM da reserva que foi parlamentar de 2003 a 2018 e é citado na CPI das Milícias da Alerj como supostamente ligado à Liga da Justiça. Dez anos depois, passou pela cadeia, levado pela Operação Furna da Onça. Repudia as acusações e nega os crimes.

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Dr. Jairinho está em seu 5º mandato como vereador. Começou em 2004, aos 27 anos, pelo PSC, numa típica carreira impulsionada por laços de família. Jairo, o Moço, elegeu-se na mesma base do pai, Jairo, o Velho, com centro em Bangu, Realengo e Padre Miguel. Depois disso, venceu duas eleições, em 2008 e 2012, pelo mesmo PSC. Depois, concorreu pelo MDB e obteve o último mandato pelo Solidariedade - partido que agora fala em examinar sua "expulsão sumária".

Em 2020, Dr. Jairinho foi o 28.º mais votado no Legislativo carioca, com 16.061 votos. Sem muita nitidez ideológica e com CRM ativo desde julho de 2004, foi líder dos governos de Eduardo Paes (DEM) e de Marcelo Crivella (Republicanos).

Ainda era líder de Crivella na Câmara quando, no 2º turno da eleição do ano passado, participou de um evento de apoio a Paes no Ginásio Jairo Souza Santos, batizado com o nome do pai, onde pediu que votassem no atual prefeito. Àquela altura, a eleição para a prefeitura do Rio era, para os políticos mais experientes, "jogo jogado". Pesquisas davam grande vantagem ao demista. O vereador rapidamente voltou ao velho aliado, que o aceitou sem restrições. Afinal, a proximidade do poder lhe garante a presença em inaugurações da prefeitura, que rendem votos.

Milicianos

Na mesma região onde Dr. Jairinho e o pai colhem votos, milicianos atuam. No Jardim Batam, em Realengo, em 2008, uma equipe do jornal O Dia, que se infiltrara na comunidade para uma reportagem sobre a milícia, foi capturada por criminosos.

Em seus 16 anos na Câmara, Dr. Jairinho ocupou postos de destaque, além de liderar os governos Paes e Crivella. Foi primeiro-secretário, presidiu a Comissão de Educação e a do Plano Diretor, foi vice da Comissão de Saúde.

Pessoalmente, destaca-se pelos cuidados pessoais. Veste ternos bem cortados. Polido e contido, não passa emoções a seus interlocutores. Nas últimas semanas, após a morte de Henry, surgiram contra ele denúncias de supostos atos de violência.

Ex-namoradas denunciaram agressões e ameaças contra elas e as crianças. A defesa do político rebateu as acusações. Os depoimentos sobre supostas agressões motivaram investigações na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima. Também lá o vereador, agora preso, terá de se explicar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Laudos feitos por peritos do Ministério Público (MP) da Bahia e do Rio questionam a versão de que o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, foi morto após reagir à bala à prisão, no interior baiano, em fevereiro de 2020. Segundo essa versão oficial, o ex-PM, que era suspeito de ligações com um "consórcio" de matadores de aluguel e uma milícia na zona oeste carioca, teria respondido com sete tiros à ordem para se render. Foi, então, abatido por dois disparos por policiais militares. Reportagem do Fantástico, da Rede Globo, exibida neste domingo, 28, põe em dúvida essas afirmações.

Baseado em duas necropsias, o resultado da análise diverge do inquérito da Polícia Civil da Bahia. A investigação concluiu que o acusado de chefiar o Escritório do Crime e também citado no caso das "rachadinhas" no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) morreu em confronto. A ex-mulher e a mãe de Adriano eram assessoras presumivelmente fantasmas do parlamentar, no suposto esquema para desviar salários para o próprio deputado, quando era deputado estadual. Por ele, Flávio foi denunciado à Justiça, com outras 16 pessoas, por peculato (desvio de dinheiro por servidor), organização criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação indébita.

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O inquérito policial concluído em agosto do ano passado também descartou qualquer hipótese de que Adriano tenha sido torturado antes de ser executado. Segundo a polícia baiana, um corte na cabeça usado para questionar se ele teria sofrido coronhadas de armas dos policiais seria, na verdade, um ferimento produzido após a queda dele já baleado. O ex-PM teria batido em algum objeto - que pode ser uma quina, por exemplo.

Em depoimento ao Fantástico, o perito e professor titular de Medicina Legal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Nelson Massini, disse que em três aspectos a versão dos policiais não bate com a da perícia. "Há um disparo que entra tangencialmente pela lateral do tórax do abdômen, segue o trajeto sai daqui e reentra no corpo e é um tiro que provavelmente a vítima já estava deitada. Isso tem que ser esclarecido. Esse tiro, deveria entrar e sair numa posição paralela ao solo", diz o perito Nelson Massini, destacando que o trajeto do projétil é incompatível com a posição declarada dos atiradores e da vítima.

O outro ponto diz respeito à ausência de vestígios de pólvora nas mãos de Adriano. Massini afirma que é muito pouco provável que ele tenha dado sete tiros e nada tenha sido encontrado. "Foi feito um exame não apropriado que é um exame químico para verificação do resíduo de pólvora e não se usa mais. Hoje o exame é apropriado é uma microscopia de varredura. Isso fala a favor de que ele não atirou a princípio, mas é preciso justificar o porquê dessa negatividade", diz.

O perito trata ainda das lesões que o ex-policial tinha na região da cabeça. Massini diz que elas geraram reação vital, e teriam ocorrido enquanto o miliciano estava vivo, o que não foi explicado. "Em que momento isso foi feito? Por que, se você teve a oportunidade de se aproximar dele e dar essas pancadas na cabeça, por que não prender?".

A Secretaria de Segurança da Bahia disse ao Fantástico em nota que não recebeu os novos questionamentos feitos pelo Ministério Público da Bahia. Já o MP afirmou que já enviou as perguntas sobre o laudo de necropsia. A Secretaria não comentou a ação dos policiais militares que resultou na morte de Adriano da Nóbrega.

Condecorado por Flávio Bolsonaro

Quando estava preso, em 2005, Adriano recebeu, por iniciativa de Flávio Bolsonaro, a Medalha Tiradentes, mais alta condecoração da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Na semana passada o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagrou a Operação Gárgula para desmantelar uma suposta organização criminosa responsável pela movimentação financeira e lavagem de dinheiro de Adriano. O objetivo era cumprir mandados de prisão preventiva contra a viúva de Adriano, Julia Emilia Mello Lotufo, o soldado da PM Rodrigo Bitencourt Fernandes Pereira do Rego e Daniel Haddad Bittencourt Fernandes Leal.

A Justiça do Rio também determinou o sequestro do Haras Fazenda Modelo e de automóveis, além do bloqueio de R$ 8,4 milhões, correspondentes ao valor constatado em movimentações dos investigados. De acordo com o Fantástico, a quadrilha do miliciano tinha lucro de cerca de R$ 2 milhões por mês.

Ao todo, nove pessoas foram denunciadas à 1ª Vara Criminal Especializada da Capital por crimes de associação criminosa, agiotagem e lavagem de dinheiro,. Os acusados são integrantes da rede de apoio de Capitão Adriano, responsáveis por lavar o dinheiro obtido pelo miliciano.

Apontada como chefe da organização que geria o dinheiro de Adriano, a mulher dele, Julia, segue foragida. "A gente não tem informação de onde ela está, nem se está morta ou viva", disse ao programa o promotor Bruno Gangoni, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco.

Flávio Bolsonaro nega que houvesse "rachadinha" em seu gabinete. A condecoração a Adriano teria sido concedida em homenagem à sua atuação como policial, em uma época em que supostas ligações do suspeito com atividades criminosas não eram conhecidas.

A força policial encarregada da segurança do Capitólio anunciou nesta quarta-feira (3) que reforçou a segurança em Washington depois que os serviços de inteligência descobriram uma "possível conspiração para invadir" o Congresso na quinta-feira (4).

"Recebemos informações [da inteligência] mostrando uma possível conspiração por uma milícia identificada para invadir o Capitólio na quinta-feira, 4 de março", informou a polícia do Capitólio em um comunicado no Twitter.

Este alerta ocorre quase dois meses após um ataque mortal por apoiadores do ex-presidente Donald Trump.

"Já realizamos grandes melhorias de segurança" após o ataque de 6 de janeiro, acrescentou a força.

Além disso, a segurança do Capitólio acrescentou que está "alerta e preparada para qualquer ameaça potencial para os membros do Congresso ou para o complexo do Capitólio".

E apontou que leva "muito a sério" os relatórios da inteligência e que está trabalhando com as forças locais, estaduais e federais para "impedir qualquer ameaça ao Capitólio", embora tenha evitado aprofundar os detalhes.

Na terça-feira à noite, a polícia do Capitólio informou que foi alertada sobre "preocupantes informações relacionadas ao dia 4 de março" e que tomou medidas "imediatas" para reforçar a segurança.

O chefe dos serviços de protocolo e segurança no Congresso, Timothy Blodgett (o Sargento de Armas interino), enviou uma mensagem aos congressistas na segunda-feira informando-os que estava trabalhando de perto com a polícia para monitorar a informação "relacionada ao 4 de março e às possíveis manifestações em torno do que alguns chamam de 'o verdadeiro dia da posse'".

No entanto, "a importância desta data aparentemente diminuiu entre diferentes grupos nos últimos dias", destacou em um e-mail publicado pela imprensa americana.

Até 1933, os presidentes americanos tomavam posse em 4 de março, e não em 20 de janeiro como ocorre atualmente.

Durante a presidência de Donald Trump, apoiadores da teoria conspiratória do grupo QAnon começaram a divulgar que o dia 4 de março seria a próxima oportunidade para o retorno de Trump.

Não há evidências de que isso vai acontecer.

Membros autoproclamados da organização QAnon estiveram entre os manifestantes do ataque de 6 de janeiro, que protestavam contra uma suposta fraude na eleição presidencial na qual Trump foi derrotado por Biden.

Treze homens, incluindo membros de uma milícia nos Estados Unidos, foram acusados de planejar o sequestro da governadora democrata do Michigan, Gretchen Whitmer, uma opositora ferrenha do presidente Donald Trump, segundo documentos judiciais publicados nesta quinta-feira (8).

Os homens, que foram presos, planejaram sequestrar Whitmer antes das eleições presidenciais de 3 de novembro e depois julgá-la por "traição", segundo a investigação da Polícia Federal no início do ano.

Em meados de março, Gretchen promulgou algumas das restrições mais rígidas do país para conter a pandemia de coronavírus em seu estado do norte do país, um dos mais afetados pela covid-19.

Os milicianos chamaram a governadora de "tirana" e consideraram vários cenários para sequestrá-la.

Em Lansing, capital do estado, em sua casa e na casa de férias no norte de Michigan. Para colocar seu plano em prática, os conspiradores tentaram comprar explosivos, segundo um agente disfarçado do FBI.

Trump critica frequentemente Whitmer por sua gestão da pandemia. Várias centenas de opositores ao confinamento, alguns fortemente armados, se manifestaram várias vezes em Lansing pedindo a reabertura da economia local.

No final de abril, manifestantes armados chegaram a entrar no Capitólio de Michigan para exigir uma flexibilização das medidas de saúde.

Civis carregando fuzis de assalto e revólveres foram vistos nas ruas de Kenosha durante os incidentes de terça-feira (25) que deixaram dois mortos e um ferido. Entre os civis armados estava o atirador, Kyle Rittenhouse, de 17 anos. Grupos de milicianos se tornaram presença constante nos EUA, aparecendo em eventos e enfrentando os manifestantes que reivindicam justiça racial.

"Quando você tem todos esses elementos presentes - momento político tenso, muita desinformação e grupos fortemente armados -, é apenas uma questão de tempo até que algo realmente perigoso aconteça", disse Lindsay Schubiner, diretora do Western States Center, que monitora milícias e outros grupos extremistas.

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Na quarta-feira, 26, o grupo que se denomina a Guarda de Kenosha, que convocou pelas redes sociais as pessoas a trazerem armas para o protesto de terça-feira, negou que tivesse qualquer ligação com Rittenhouse. Kevin Mathewson, um dos líderes do grupo, disse que nunca se encontrou nem se comunicou com ele.

Mathewson, de 36 anos, é ex-vereador de Kenosha e agora é detetive particular e trabalha como segurança. Na noite de terça-feira, ele levava uma pistola e um fuzil AR-15. Ele disse que seu objetivo era "alertar a população de que há outros cidadãos dispostos a proteger nossas vidas e propriedades, já que a polícia estava em menor número".

"Até concordo com o que os manifestantes estão dizendo, mas não gosto de ver meu bairro totalmente queimado", disse, acrescentando que a polícia local teve uma reação "positiva" à mobilização dos cidadãos. "Eles estavam distribuindo água para nós e nos cumprimentando calorosamente."

As armas ficaram bem visíveis durante o protesto na noite de terça-feira. Alguns homens brancos que se moviam em formações de estilo militar carregavam fuzis de assalto e vestiam equipamentos táticos.

Algumas pessoas que protestavam contra os tiros disparados contra Jacob Blake, negro de 29 anos que foi baleado à queima-roupa pela polícia no domingo, em Kenosha, também levavam armas. Blake está internado com a parte de baixo do corpo paralisada.

Rittenhouse, que foi preso e acusado de homicídio qualificado, era membro de um programa de cadetes do Corpo de Bombeiros de Antioch, no Estado vizinho de Illinois. Ele postou fotos com fuzis de assalto em sua página do Facebook, assim como mensagens de apoio à polícia.

"Esses autodeclarados vigilantes, geralmente, se organizam online em torno da crença vaga e compartilhada de que são necessários para ajudar a polícia", disse Oren Segal, vice-presidente do Centro de Extremismo da Liga Antidifamação. "Mas não existe necessariamente uma ideologia coerente que os vincule."

Enquanto algumas milícias têm décadas de história, outras vêm se formando recentemente em resposta às restrições do governo durante a pandemia do coronavírus e aos protestos contra a violência policial.

Suas aparições seguiram um padrão que soa familiar. Muitas vezes, espalhava-se um chamado às armas nas redes sociais, às vezes em resposta a rumores ou a boatos de internet, segundo os quais manifestantes antifascistas planejavam saquear ou causar danos em suas comunidades. Então, homens brancos, predominantemente, reuniam-se em dezenas de protestos do Black Lives Matter, à margem das manifestações, vestidos com roupas no estilo militar e com revólveres e fuzis de assalto.

Os membros desses grupos dizem que sua presença tem como objetivo manter a ordem e ajudar a polícia local. Os manifestantes os veem como uma presença perigosa e intimidadora que traz uma mensagem racista. Alguns desses civis armados usam insígnias dos supremacistas brancos e, em alguns casos, defendem abertamente posicionamentos neonazistas contra negros e imigrantes.

Policial

O procurador-geral de Wisconsin, Josh Kaul, identificou o policial branco que atirou em Blake como Rusten Sheskey, um veterano que trabalha há sete anos na força policial da cidade. Kaul também disse que Blake admitiu que tinha uma faca escondida no carro, quando foi atingido pelos policiais. A faca foi encontrada no meio dos bancos dianteiros do carro pelos policiais. O advogado de Blake, porém, afirmou que testemunhas confirmam que ele não tinha uma faca e não ameaçou os policiais de nenhuma forma.

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou ontem que abrirá uma investigação sobre violação de direitos civis pelo policial. Em maio, o departamento abriu um inquérito para investigar Derek Chauvin, policial de Minneapolis que foi filmado ajoelhado no pescoço de George Floyd durante uma abordagem. Floyd morreu asfixiado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Através de nota enviada à imprensa, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), deu detalhes sobre a decisão liminar do ministro João Otávio de Noronha, presidente do órgão, que converteu a prisão preventiva de Fabrício Queiroz para prisão domiciliar. Segundo ele, foram levadas em consideração as “condições pessoais de saúde” do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro em em face da “situação extraordinária da pandemia”.

No entanto, a decisão do STJ – que disse ter seguido recomendação nº 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - impõe condições para que Fabrício Queiroz fique em casa, entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica.

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Confira:

- Indicação do endereço onde cumprirá a prisão domiciliar ora deferida, franqueando acesso antecipado à autoridade policial para aferir suas condições e retirada de toda e qualquer forma de contato exterior

- Permissão de acesso, sempre que necessário, da autoridade policial, que deverá exercer vigilância permanente do local para impedir acesso de pessoas não expressamente autorizadas;

- Proibição de contato com terceiros, seja quem for, salvo familiares próximos, profissionais da saúde e advogados devida e previamente constituídos;

- Desligamento das linhas telefônicas fixas, entrega à autoridade policial de todos  telefones móveis,  bem como computadores, laptops e/ou tablets que possua;

- Proibição de saída sem prévia autorização e vedação a contatos telefônicos;

- Monitoração eletrônica

 

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Polícia Civil realizam operação na manhã desta terça-feira (30) para tentar prender quatro suspeitos de integrar o grupo miliciano Escritório do Crime, acusado de cometer homicídios por encomenda. A milícia é uma das investigadas no caso envolvendo as mortes da ex-vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes.

Batizada de Tânatos - o deus da morte na mitologia grega -, a operação desta terça prendeu dois acusados no início da manhã: Leonardo Gouvêa da Silva, conhecido como Mad, e Leandro Gouvêa da Silva, o Tonhão.

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Segundo o MP-RJ, o grupo investigado possui "estreita ligação" com Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano. Ex-integrante do Bope, ele foi apontado como um dos líderes da milícia Escritório do Crime e foi morto em operação da polícia em 9 de fevereiro, após ser encontrado em uma chácara no interior da Bahia.

Em três denúncias que embasam a ação desta terça, o MP-RJ sustenta que o grupo criminoso utiliza uso ostensivo de armas de fogo de grosso calibre e trajes que impedem identificação visual, como balaclava e roupas camufladas.

Morto em fevereiro, Capitão Adriano é apontado como mandante do homicídio de Marcelo Diotti da Mata, ocorrido no estacionamento de uma hamburgueria na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. Diotti, que já havia sido preso por homicídio e exploração de máquinas de caça-níqueis, era visto como desafeto por seus executores.

Preso nesta terça, Leonardo Gouvêa da Silva exerceria a chefia sobre os demais, segundo a denúncia do MP-RJ. Ele seria o responsável pela negociação, planejamento, operação e coordenação da divisão das tarefas criminosas. Também preso, Leandro Gouvêa da Silva, irmão e homem de confiança de Leonardo, seria o motorista do grupo e responsável pelo levantamento, vigilância e monitoramento das vítimas.

Também estão sendo procurados outros dois denunciados, João Luiz da Silva (o Gago) e Anderson de Souza Oliveira (o Mugão), ambos ex-policiais militares.

Policiais civis cumprem nesta terça-feira (2), com o apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro, 21 mandados de prisão contra suspeitos de integrar uma milícia que atua na zona oeste da cidade do Rio. Entre os alvos da operação de hoje estão quatro policiais militares.

Na operação, também estão sendo cumpridos 35 mandados de busca e apreensão. De acordo com a Polícia Civil, a organização criminosa atua no bairro de Jacarepaguá.

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Segundo investigação da Polícia Civil, o bando age extorquindo moradores da região. Os alvos da ação foram indiciados pelo crime de organização criminosa.

Sara Winter vem convocando, em suas redes sociais, bolsonaristas a ingressar em luta armada. (Twitter/reprodução)

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O Ministério Público do Distrito Federal ajuizou uma ação civil pública para transformar o grupo “300 do Brasil’ em alvo de uma operação de busca e apreensão de armas de fogo irregulares que estejam em posse do grupo. O movimento bolsonarista é liderado pela bolsonarista filiada ao Democratas Sara Winter, que chegou a publicar, em suas redes sociais, que o acampamento formado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, conta com Caçadores Atiradores e Colecionadores (CACs) portando armas de fogo. Os “300 do Brasil” afirmam ainda estarem promovendo treinamentos paramilitares.

O MP pediu ainda que o governo do Distrito Federal seja obrigado a utilizar "o poder de polícia para resguardar a segurança pública, e evitar a mobilização de milícias armadas no Distrito Federal". De acordo com a denúncia, o grupo solicitou que o grupo levasse ao acampamento, “itens que você levaria para uma guerra na selva! Te esperamos para a guerra!”.

O documento do MP coloca também que “milícias não se subordinam à normatividade jurídica do Estado; seguem paralelas a ela ou em contraposição ao poder estatal. Não é necessário haver uniforme, distintivo, continência ou sinais de respeito à hierarquia, símbolos ou protocolos de conduta visíveis ou explícitos. Importa, e muito, o emprego paramilitar dos associados para finalidade política nociva ou estranha à tutela do Estado Democrático de Direito”.

Aglomeração

O MP leva em consideração ainda o fato de o grupo se manter em permanente aglomeração, em contrariedade às recomendações da Organização Mundial de Saúde em prol das políticas de isolamento social. Assim, o órgão pede que o Distrito Federal proíba aglomerações de pessoas para a realização de manifestações populares, ou seja, a caracterização expressa de tais atividades como não essenciais à manutenção da vida e da saúde.

No dia 7 de maio, os presidentes de PT, PSB, PSOL, REDE e PV, no Distrito Federal, ofereceram representação junto à Procuradoria-Geral do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, pedindo que sejam impedidas manifestações que atentem contra a saúde pública, o regime democrático e o princípio da separação de poderes. Os partidos também solicitaram diretamente a desmobilização do acampamento dos “300 do Brasil”.

O Ministério Público do Rio e a Polícia Civil investigam a existência de uma "rede de amigos" que teria dado sustentação financeira e operacional ao ex-policial militar Adriano da Nóbrega, o capitão Adriano, e seus familiares. O objetivo é saber quem ajudou o miliciano a ocultar patrimônio, blindando negócios e crimes, e participou de sua fuga. Foragido da Justiça por um ano, Adriano foi morto pela polícia em fevereiro, durante uma operação em Esplanada, na Bahia.

Com prisão decretada desde janeiro de 2019, alvo da Operação Os Intocáveis, que mirou crimes da milícia que domina a comunidade de Rio das Pedras, no Rio, o miliciano virou alvo de outra apuração no ano passado: a de suposto esquema de "rachadinha" (apropriação de salários de assessores) no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Atualmente senador pelo Republicanos, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro ocupou cadeira na Assembleia de 2003 a 2018.

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Foram encontrados indícios, nas duas frentes de apuração, de que políticos, magistrados, policiais, agentes públicos e empresários podem ter integrado essa rede de proteção, que, segundo investigações, garantiu apoio logístico e financeiro para a fuga de Adriano e a defesa de aliados. Parte deles é apontada como "sócios ocultos" dos negócios da milícia. Investigadores buscam identificar quem custeou e ajudou nas defesas.

Há suspeita de tentativa de obstrução da Justiça. As apurações são concentradas no Rio, mas envolvem investigações de outros Estados, como Sergipe, Tocantins e Bahia. As investigações conduzidas pelos promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) foram retomadas no mês passado, após a terceira paralisação por ordem de tribunais superiores, em atendimento a questionamentos das defesas dos alvos. São apurados crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

Ex-capitão do Bope, Adriano empregou a mãe e a ex-mulher no gabinete de Flávio na Alerj. As duas foram indicadas pelo então chefe de gabinete de Flávio, Fabrício Queiroz, apontado pela Promotoria como responsável por comandar a rachadinha. Homem de confiança da família Bolsonaro, Queiroz trabalhou com Adriano no 18.º Batalhão da PM, no Rio.

'Elo'

De acordo com os investigadores, Queiroz era o principal elo de Adriano e seus familiares com essa "rede de amigos". Mensagens de um celular apreendido em 2019 na casa da ex-mulher do miliciano registram conversas entre Danielle, Adriano e Queiroz. Nelas, os três falam de "cargo fantasma" - uma referência, segundo a investigação, ao trabalho dela no gabinete de Flávio. Menciona, ainda, assuntos como defesa jurídica e "os amigos".

No dia 15 de janeiro de 2019, por exemplo, Adriano falou com Danielle sobre o depoimento que ela teria de prestar, dois dias depois, no MP do Rio, na investigação da rachadinha. Na semana seguinte, seria deflagrada a Operação Os Intocáveis e sua prisão seria decretada. Na conversa, o miliciano repassa à ex-mulher uma orientação do "amigo" para que ela evitasse a intimação. Para a Promotoria, esse "amigo" é Queiroz.

"Boa noite. O amigo pediu para você não ir a lugar nenhum e também para não assinar nada", escreve Capitão Adriano para Danielle. "Olá, acabei de sair do advogado indicado", responde ela. "Assinei semana passada o oficio que recebi", completa. Na sequência, envia ao miliciano cópia da intimação do Ministério Público. "Vou passar para ele", diz Adriano.

Em 16 de janeiro, Danielle trocou mensagens com Queiroz. O ex-assessor de Flávio é quem a procura. Queiroz apagou a maior parte das mensagens, mas as respostas, segundo os investigadores, indicam o teor da conversa. "Um policial veio aqui. Amanhã será o dia do depoimento", escreve Danielle. Ela envia a Queiroz a mesma intimação que havia mostrado a Adriano. Depois de mensagens enviadas por Queiroz, apagadas do aplicativo, Danielle afirma: "Eu já fui orientada. Ontem eu fui encontrar os amigos". Ele diz: "Eu sei". Ela termina: "Todos nós ficaremos bem". Danielle não foi prestar depoimento.

"Apesar das mensagens de Queiroz estarem apagadas, foi possível compreender, pelo contexto das respostas de Danielle, que Fabrício Queiroz queria saber se ela fora chamada a depor pelo Ministério Público e, diante da confirmação, determinou que faltasse, além de deixar claro ter ciência de que a organização criminosa ('os amigos') teria providenciado advogados para os envolvidos", afirmam os investigadores em documento do processo.

Flávio nega irregularidades

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) nega irregularidades em seu gabinete na Assembleia e diz ser alvo de investigação ilegal desde o início do caso, em 2019. Por meio de sua defesa, busca a anulação das apurações e de provas, como as quebras de sigilos fiscal, bancário e telefônico. O criminalista Frederick Wassef, que defende Flávio, afirmou que os investidores do Rio "quebraram ilegalmente" o sigilo fiscal e bancário do senador.

Sobre a contratação de familiares do miliciano Adriano da Nóbrega, a defesa de Flávio afirmou em nota que desconhecia o passado de crimes do ex-policial militar, considerado, até então, um ex-policial do Bope. Adriano chegou a ser homenageado por Flávio quando estava preso. "Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos", disse Flávio na ocasião.

A defesa de Fabrício Queiroz não foi localizada. Em nota divulgada anteriormente, o advogado que representava o ex-assessor no caso informou que ele "repudiava veementemente qualquer tentativa espúria de vincular seu nome à milícia". Queiroz confirmou que "solicitou a nomeação da esposa e mãe" de Adriano porque a família "passava por grande dificuldade". E desconhecia o suposto envolvimento dele com "eventuais atividades milicianas". A defesa de capitão Adriano e seus familiares não foi localizada pela reportagem. 

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) usou dinheiro público para investir em prédios ilegais associados a milícias. De acordo com documentos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), divulgados pelo The Intercept Brasil, o montante para o financiamento das construções é proveniente da coleta de 'rachadinha', no seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Em um esquema com o suposto envolvimento de 86 pessoas, o inquérito investiga os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e peculato. Sem laudo técnico ou permissão para a construção, os imóveis foram levantados na região Rio das Pedras e Muzema, localizada em Jacarepaguá, Zona Norte do município. Em abril do ano passado, dois prédios irregulares desabaram no local e deixaram 24 mortos.

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A investigação aponta que o filho 01 do presidente da República recebia sua fatia dos lucros por meio de repasses feitos pelo ex-assessor Fabrício Queiroz - identificado como autor de 438 transferências e depósitos nas contas de Flávio e na da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Outro responsável pelo pagamento era o ex-capitão do Bope Adriano Nóbrega, executado em fevereiro pela polícia baiana na cidade de Esplanada. Ele é considerado o chefe do 'Escritório do Crime', uma milícia que matava por encomenda.

Além da venda dos apartamentos, a organização criminosa cobrava taxas de segurança e acesso ao sinal clandestino de TV, bem como vendia botijões de gás e garrafões d'água. O dinheiro chegava para Adriano através das contas bancárias da mãe e da esposa. Ambas nomeadas por Queiroz para ocupar cargos comissionados no antigo gabinete de Flávio, entre 2016 e 2017.

Mesmo com nove pedidos de suspensão do processo por parte da defesa do senador, o MPRJ identificou que os repasses também eram feitos para dois restaurantes, uma loja de material de construção, e entre as construtoras São Felipe Construção Civil Eireli, São Jorge Construção Civil Eireli e ConstruRioMZ, que teriam sido registradas em nome de 'laranjas' da milícia.

Com apenas um carro popular, declarado por cerca de R$ 25 mil, Flávio Bolsonaro entrou na política em 2002. No entanto apresentou uma evolução patrimonial atípica e, conforme indicou na última declaração feita em 2018, possui um patrimônio de R$ 1,74 milhão.

Além de sócio de uma rede de franquia de chocolates, entre 2015 e 2017 ele adquiriu dois apartamentos na Zona Sul da cidade. O prosseguimento das investigações é um dos motivos que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro foi pressionado pela troca da direção da Polícia Federal do Rio de Janeiro.

O manguezal vizinho aos condomínios de luxo da Costa do Sauípe, a 100 km de Salvador, parece tranquilo. Famílias pobres tiram dos caranguejos seu sustento. Uma moradora, no entanto, alerta: "Vocês são doidos de ficar aqui, isso aqui é cheio de gente ruim", diz, em referência a ladrões que aproveitam a mata fechada para praticar pequenos furtos. Foi dessa região que, há duas semanas, o miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega teria protagonizado uma fuga para a cidade de Esplanada, no norte baiano, onde acabou morto por policiais.

Acusado de chefiar a milícia Escritório do Crime - citada em investigações da morte da vereadora do PSOL Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes -, Nóbrega estava na Costa do Sauípe desde dezembro do ano passado. Antes que a polícia chegasse ao "esconderijo", ele saiu pelo fundo da casa, cruzou a área de mangue, nadou e passou pela praia. Depois, chegou à área urbana e alugou um carro, de acordo com a reconstituição feita pela Polícia Civil.

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O jornal O Estado de São Paulo passou os últimos dias à procura de pistas deixadas na Bahia pelo "capitão Adriano", como era conhecido o ex-oficial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM fluminense. Nos três endereços por onde passou nos últimos dois meses, os relatos descrevem Nóbrega como um homem discreto, de pouca disposição para conversar.

Para uma funcionária do condomínio de luxo em que ele ficou por quase dois meses no Sauípe, o ex-policial militar chamava atenção pelas "costas fortes" e pela expressão fechada que carregava no rosto. "Ele vivia andando de bicicleta pelo condomínio, via sempre. Um homem bonito daqueles fazer uma coisa dessas", afirmou. Além de deixar para trás uma identidade falsa, Adriano abandonou uma quantidade grande de alimentos estocados.

O destino dele, a partir dali, foi uma fazenda no município de Esplanada, que tem menos de 30 mil habitantes. Ali vive o fazendeiro Leandro Guimarães, famoso pelas vaquejadas que promove em sua propriedade, chamada Parque Gilton Guimarães. O terreno, repleto de cabeças de gado, é conhecido como "entrada dos coqueiros".

O terreno principal da fazenda tem duas casas. Uma delas é mais discreta, reservada a um funcionário. A outra é pintada de amarelo claro e abriga a família Guimarães, que vive entre Esplanada e Pojuca, município a cerca de 80 quilômetros dali. Foi nesse espaço que Nóbrega se instalou e permaneceu durante uma semana, até ser morto em uma operação policial.

Guimarães disse à polícia que não sabia que Adriano era foragido e só percebeu que era um homem "perigoso" quando o ex-PM o ameaçou. O fazendeiro foi preso por porte ilegal de armas. Foi solto pela Justiça, que fixou fiança e ordenou que usasse tornozeleira eletrônica.

Em seus últimos dias de vida em Esplanada, o ex-capitão circulou armado pelo campo, andou a cavalo e fez caminhadas. Só conversava com o "patrão", segundo um funcionário da fazenda. Era misterioso e "dava medo", segundo ele. Guimarães relatou que Adriano disse que queria comprar uma propriedade na região e, em sua companhia, visitou algumas, mas não gostou de nenhuma.

O delegado Maurício Sansão, diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), disse que o miliciano visitava a Bahia havia quase três anos. Os investigadores baianos apuram, agora, se ele lavava dinheiro comprando gado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), rebateu em sua conta no Twitter as declarações proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), neste sábado (15), sobre a operação policial que resultou na morte do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega. “O governo do Estado da Bahia não mantém laços de amizade nem presta homenagens a bandidos nem procurados pela Justiça. A Bahia luta contra e não vai tolerar nunca milícias nem bandidagem”, disse Costa.

O petista fez referência ao fato de Adriano já ter recebido homenagens da família Bolsonaro no passado. Neste sábado, o presidente disse que o responsável pela morte do miliciano foi “a PM da Bahia, do PT”

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O governador também disse que a determinação é cumprir ordem judicial e prender criminosos com vida. “Mas se estes atiram contra Pais e Mães de família que representam a sociedade, os mesmos têm o direito de salvar suas próprias vidas, mesmo que os MARGINAIS mantenham laços de amizade com a Presidência”, escreveu Rui Costa no Twitter.

Adriano da Nóbrega foi homenageado duas vezes por Flávio Bolsonaro. No período da segunda homenagem, a mais alta honraria da Alerj, Adriano estava preso pelo homicídio de um guardador de carros que havia denunciado um grupo de milicianos. Jair Bolsonaro disse também neste sábado que foi ele quem orientou que o filho homenageasse o ex-policial militar em 2005. “Naquele ano, era herói da Polícia Militar”, disse. 

O miliciano Adriano da Nóbrega foi morto durante operação da Polícia Militar da Bahia, no último domingo (9), no sítio de um vereador do PSL. Ele era suspeito de integrar o grupo miliciano Escritório do Crime. O advogado do ex-policial acredita que seu cliente foi vítima de queima de arquivo, mas o governo da Bahia rebate a acusação.

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Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) prenderam, na noite de sábado (1), três homens ligados a um dos principais grupos de milicianos que atuam no Rio de Janeiro. Com eles, foram apreendidos três pistolas, dez carregadores, munições, rádio transmissor, colete balístico, uniformes camuflados, touca ninja, seis celulares e R$ 23 mil.

O flagrante aconteceu no município de Seropédica, área sob influência da milícia, na região metropolitana. Policiais do Grupo de Patrulhamento Tático da 1ª Delegacia (Duque de Caxias) abordaram o trio na BR-465, a antiga Rio-São Paulo. O motorista estava foragido desde fevereiro do ano passado e possuía um mandado de prisão por associação criminosa. Ele é suspeito de torturar uma pessoa na Favela do Aço, em Santa Cruz, em 2015. A vítima estava prestes a ser executada, mas foi salva por agentes da Polícia Civil.

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Os três homens presos na operação seriam integrantes da milícia conhecida como Bonde do Ecko, que atua explorando o controle de postos de combustíveis, transporte irregular, sinais clandestinos de internet e TV a cabo, venda de botijões de gás e extração de saibro. As informações são da assessoria de comunicação da PRF.

Policiais civis cumprem nesta quinta-feira (28) 35 mandados de prisão preventiva contra suspeitos de integrar milícia que atua na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A operação coordenada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense ainda inclui 93 mandados de busca e apreensão.

O grupo é suspeito da prática de dezenas de homicídios nos últimos anos, além da ocultação de cadáveres em cemitérios clandestinos.

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A milícia também é conhecida por explorar serviços como TV a cabo clandestina, venda de cigarros e exploração de transporte alternativo, como o serviço de mototáxi.

Cerca de 300 policiais cumprem mandados em Belford Roxo, Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, além das cidades de São Pedro da Aldeia (Região dos Lagos) e do Rio de Janeiro.

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