Tópicos | nazismo

Cerca de 17,5 toneladas de cinzas humanas foram descobertas e exumadas perto de um antigo campo de concentração nazista na Polônia, anunciou nesta quarta-feira (13) o Instituto da Memória Nacional (IPN), que faz investigações sobre os crimes nazistas e comunistas.

Os restos foram exumados em Ilowo Osada, no bosque Bialucki, perto do antigo campo de concentração de Dzialdowo (Soldau, em alemão, 150 km ao norte de Varsóvia), construído durante a ocupação da Polônia pela Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Desde a invasão da Polônia, em setembro de 1939, o campo de Soldau serviu como local de trânsito, internação e extermínio de opositores políticos, membros das elites polonesas e judeus.

Alguns cálculos indicam que 30.000 presos morreram em Soldau, mas até agora as fontes históricas não permitem certificá-lo.

A descoberta deste local "permite afirmar que pelo menos 8.000 pessoas morreram aqui", informou Tomasz Jankowski, procurador do IPN.

Este número é calculado pelo peso dos restos. Dois quilos de cinzas correspondem, aproximadamente, a um corpo.

"As vítimas enterradas nessa fossa provavelmente foram assassinadas por volta de 1939 e pertenciam, em sua maioria, às elites polonesas", segundo Jankowski.

Em 1944, ordenou-se que presos judeus exumassem os corpos e os incinerassem para apagar as marcas dos crimes de guerra nazistas.

Nem todo mundo se lembra, porém, Josef Mengele (1911-1979), um dos mais conhecidos e cruéis médicos do regime nazista passou seus últimos dias de vida no Brasil. Mengele foi responsável por diversos experimentos médicos insólitos realizados em judeus nos campos de concentração. No dia 06 de junho de 1979, ao exumar o corpo de “Wolfgang Gerhard”, foi confirmada a identidade de Josef Mengele.

Anos de pesquisa foram dedicados para descobrir a verdadeira identidade do médico. Mengele foi descoberto na época em que ainda usava seu nome falso, com o intuito de despistar as autoridades.  Os documentos de Wolfgang informavam que se tratava de um idoso viúvo, 54 anos de idade, mecânico e residente do Brooklin, São Paulo.

##RECOMENDA##

Josef Mengele foi um dos principais médicos de Auschwitz e capitão da SS (polícia secreta do regime nazista. Foi responsável por experimentos cruéis em seres humanos, principalmente em crianças (judias, ciganas, negras). Além disso, os campos de concentração também selecionavam os prisioneiros destinados ao trabalho escravo e os que iriam  morrer nas câmaras de gás.

O ex-cabo da PM que socorreu Mengele no dia da sua morte disse que ele estava acompanhado por um casal austríaco, Wolfram e Liselotte Bossert, os quais dividiam uma casa pela temporada de férias. Liselotte foi autuada em 1985 por falsidade ideológica e Wolfram foi posteriormente apontado como um ex-oficial do exército nazista. O militar disse ainda que antes da sua morte, Mengele havia passado por outros países da América Latina, como a Argentina e Chile.

Este é um caso repleto de particularidades e histórias alternativas. A dentista que atendia Mengele, por exemplo, disse ter atendido-o dois meses após sua data de falecimento. Maria Helena, outra ouvida no caso, foi considerada “lunática” em decisão judicial, não podendo depor no caso. Por mais que existam versões contraditórias deste caso, em 1992 um exame de DNA provou que os restos mortais encontrados em Embu eram mesmo de Mengele.

O “Anjo da Morte” passou seus últimos dias no Brasil e seu corpo foi enterrado no Cemitério do Rosário, na cidade de Embu, localizada na região metropolitana de São Paulo.

Por Matheus de Maio

Um aluno do Avenues, colégio de elite e um dos mais caros de São Paulo, incluiu uma citação de Adolf Hitler no anuário da Second Division, equivalente ao ensino fundamental 2 e ensino médio. A frase, que não foi vista durante a edição do projeto, chegou a ser impressa e apareceu nos exemplares que foram distribuídos aos estudantes e parte do corpo docente na última quinta-feira (2).

Impressa em inglês, a frase traduzida significa: "Qualquer um pode lidar com a vitória, mas só os poderosos podem suportar a derrota". No anuário, ela veio acima do nome de Adolf Hitler.

##RECOMENDA##

Em um comunicado enviado aos pais e responsáveis dos alunos na sexta-feira (3), o colégio se desculpou pelo ocorrido e condenou o uso da citação. "Embora a frase em si isoladamente não seja ofensiva, o fato de ser uma citação de Adolf Hitler é extremamente ofensivo e não tem lugar no nosso anuário, nem em nenhum lugar na nossa comunidade", diz a carta, assinada por John Ciallelo, diretor da Second Division.

"Infelizmente, a citação não foi identificada durante o processo de edição e revisão anterior à impressão e entrega do anuário aos nossos formandos ontem. Lamentamos muito que isso tenha acontecido e nos desculpamos, já que sabemos que ver uma citação de Adolf Hitler é extremamente ofensivo", continua o texto.

Segundo a administração do colégio, os protocolos de edição do anuário em questão serão revisados e os exemplares já distribuídos serão coletados. "Estou tratando desse assunto diretamente com o aluno envolvido e sua família. Sei que todos vocês compreendem que não compartilhamos detalhes de circunstâncias que envolvem alunos individualmente, incluindo consequências disciplinares", diz Ciallelo na carta.

O Avenues é original de Nova York e sua primeira turma foi lançada em 2012. A filial paulistana do colégio foi inaugurada em 2018, com vagas para crianças a partir dos dois anos de idade, que compõem a faixa etária com anuidade mais barata, em torno de R$ 101 mil.

O colégio ainda afirmou que está em contato com a Federação Israelita de São Paulo, após o aluno em questão ter sido denunciado à organização.

Leia abaixo a carta completa:

 

Caras famílias da Avenues São Paulo,

Gostaria de informar a todos de um incidente que veio ao nosso conhecimento ontem e o que estamos fazendo em resposta.

Ontem soubemos que um aluno incluiu uma citação de Adolf Hitler no recém impresso anuário da Secondary Division. Embora a frase em si isoladamente não seja ofensiva, o fato de ser uma citação de Adolf Hitler é extremamente ofensivo e não tem lugar no nosso anuário, nem em nenhum lugar na nossa comunidade.

Infelizmente, a citação não foi identificada durante o processo de edição e revisão anterior à impressão e entrega do anuário aos nossos formandos ontem. Lamentamos muito que isso tenha acontecido e nos desculpamos, já que sabemos que ver uma citação de Adolf Hitler é extremamente ofensivo. Estamos revisando nossos protocolos de edição do anuário para garantir isso não volte a acontecer no futuro. Também estamos conversando com nossos alunos para reforçar nossos valores de acolhimento, segurança e respeito, além das nossas expectativas de que esse valores sejam seguidos sempre.

Além disso, estamos coletando todos os anuários distribuídos para os formandos e imprimindo novamente a página que continha essa citação. Também vamos reimprimir essa página nos outros anuários antes de distribuí-los aos alunos dos Grades 6-11.

Estou tratando desse assunto diretamente com o aluno envolvido e sua família. Sei que todos vocês compreendem que não compartilhamos detalhes de circunstâncias que envolvem alunos individualmente, incluindo consequências disciplinares.

Também soubemos que esse assunto foi reportado à Federação Israelita de São Paulo. Estamos em contato com o presidente da Federação para nos desculparmos diretamente e informá-lo das ações corretivas que estamos tomando.

Mais uma vez, pedimos desculpas por esse grave descuido no processo de produção do nosso anuário e a ofensa causada. Se tiverem qualquer dúvidas, por favor entrem em contato comigo.

Atenciosamente,

John Ciallelo

Head of Secondary Division

Há 77 anos os soviéticos hastearam a bandeira vermelha na capital da Alemanha, Berlim. O ato foi realizado após a vitória das forças aliadas contra o eixo. Articulada nos escritórios dos comissários alemães, a Segunda Guerra Mundial teve seu início em 1939, mas logo tomou todo o continente europeu. O conflito se arrastou por seis longos anos até a batalha decisiva, em que os aliados marcharam em direção à capital do III Reich.

A guerra provocada pelo regime nazista já custara a vida de quase 55 milhões de pessoas e deixou a Europa arrasada. As perseguições sistemáticas a grupos sociais, religiões e etnias marcou na história o que ficou conhecido como holocausto. Ainda assim, o ministro da propaganda alemão, Joseph Goebbels, usou da propaganda para tornar as vítimas “culpadas”.

##RECOMENDA##

Em 21 de abril de 1945 os primeiros batalhões soviéticos chegaram à periferia de Berlim. As tropas abriram fogo pouco após contra os prédios do governo. Tropas adjacentes avançavam pela região sul. Em 23 de abril, os bondes da capital pararam de circular. No dia seguinte (24), a capital recebeu um novo comandante militar, Helmuth Weidling.

Segundo o comandante, a capital dispunha de munição e suprimentos para 30 dias de guerra. Mas, como os depósitos se localizavam na periferia, o abastecimento tornou-se cada vez mais difícil à medida que as tropas conquistaram o território. “Nos dois últimos dias de combate, não tínhamos mais alimentos nem munição”, confessou o general. Em 25 de abril de 1945, o cerco se fechou, a “guerra total” havia chegado aos portões de Berlim.

As tropas soviéticas avançavam rapidamente enquanto os nazistas realizavam execuções de suas próprias tropas, os supostos “desertores”. Crianças de dez anos foram colocadas na linha de frente do conflito para enfrentar os tanques do Exército Vermelho. Os tanques alemães deram espaço a caminhões civis, adaptados para estarem no conflito. No dia 25 de abril, os soldados soviéticos e americanos encontraram-se em Torgau, para mostrar ao mundo que o império de Hitler estava prestes a ruir.

Os russos realizaram o esforço de tomar Berlim rua a rua, casa a casa. No lado alemão, a batalha final causou mais baixas do que os bombardeios na cidade. Em registros, o general Bersarin compartilhou: “Os Aliados despejaram 65 mil toneladas de bombas e nós usamos 40 mil toneladas de granadas em Berlim”. Os números podem conter exageros, porém, é possível ter uma dimensão da destruição.

Após cinco dias do cerco ter sido fechado em Berlim, Hitler se suicidou na chancelaria imperial, em 30 de abril de 1945. Ainda assim, a guerra não havia terminado. Karl Dönitz, almirante do exército alemão (1891 - 1980) assumiu o comando das tropas.

Em 48 horas após o suicidio de Adolph Hitler, o comandante Weidling ordenou o fim dos combates na capital e o rendimento das tropas alemãs. O Exército Vermelho hasteou a bandeira soviética em Berlim no dia 02/05/1945 sobre o Reichstag, a sede do parlamento alemão. Seis dias após a tomada da capital, o regime nazista declarou a rendição incondicional diante dos aliados.

Por Matheus de Maio

 

O Ministério Público de São Paulo denunciou o ex-BBB e comentarista Adrilles Jorge à Justiça pela reprodução de um gesto considerado nazista na TV Jovem Pan News.

Em fevereiro, Adrilles participou de um programa sobre as declarações do youtuber Monark, que defendeu a criação de um partido nazista, e concluiu sua participação levantando a mão direita ao lado do rosto. O gesto foi considerado uma reprodução da saudação Sieg Heil, o que ele nega.

##RECOMENDA##

O MP concluiu que o comentarista "praticou, induziu e incitou a discriminação e preconceito de raça sob a forma de uma saudação nazista".

A denúncia cita como agravante a veiculação do gesto na televisão.

"O contexto evidencia que o gesto nazista ao final do programa de televisão foi a maneira não verbal do denunciado reafirmar os argumentos anteriores no sentido de que o nazismo foi menos ruim historicamente que o comunismo, relevando, pelo gesto, a própria preferência dentro os regimes", escreveu a promotora Maria Fernanda Balsalobre Pinto, do Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi), que cuidou da investigação.

Em vídeo publicado nas redes sociais após a repercussão do programa, Adrilles disse que o gesto era uma despedida e foi "deturpado".

A justificativa, no entanto, foi rebatida pelo Ministério Público. A promotoria analisou todos os programas com participação do ex-BBB e afirma que, em nenhum deles, o comentarista se despediu do público daquela maneira.

O MP também pediu o parecer técnico de uma antropóloga, que corroborou a identidade do gesto com a saudação nazista.

A denúncia foi enviada à Justiça, que agora vai decidir se recebe as acusações e torna o comentarista réu em um processo.

COM A PALAVRA, ADRILLES JORGE

A reportagem entrou em contato com o comentarista, por e-mail, e aguarda resposta, deixando espaço aberto para manifestação.

Abdessalem Martini, cidadão argelino residente no Brasil foi condenado após fazer apologia ao nazismo em postagens no Facebook. O Ministério Público Federal (MPF) detalhou as imagens veiculadas nas redes sociais pelo suspeito em abril de 2017. Nas postagens, o acusado enaltece símbolos e personagens do regime ditatorial alemão, entre eles Adolf Hitler. Em depoimento à Justiça, o suspeito confirmou ser o autor dos posts, mas argumentou "que não tinha conhecimento de que tais publicações seriam crimes no Brasil".

Sobre este ponto, a 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo considerou que a justificativa apresentada pela defesa deveria ser descartada. "O desconhecimento da lei é inescusável, e, no caso, o agente não conseguiu demonstrar que, no exato momento que desenvolvia a conduta típica, não tinha condições de compreender o caráter ilícito". Em uma das postagens investigadas pela Justiça, o homem compartilhou uma imagem com a seguinte legenda: "maior grande líder na história da humanidade", em referência a Hitler.

##RECOMENDA##

Na rede, ele utilizava um nome falso. Por isso, a identificação do acusado foi confirmada por meio do número de telefone vinculado à conta do Facebook. Esse não é o primeiro delito que o argelino é acusado. Ele também é investigado por envolvimento por participação em organização criminosa. Foi justamente a partir dessa pista que o MPF descobriu as postagens de cunho nazista.

Para a base da condenação, o juiz Fernando Toledo Carneiro destacou que as informações sobre a criminalização de divulgação do nazismo são de fácil acesso. "No Brasil, é um tema bastante corriqueiro na mídia brasileira, bastando uma breve pesquisa nos sites de buscas para se constatar a ilicitude", avaliou. Quando o acusado prestou depoimento, admitiu que errou e pediu desculpas aos brasileiros, além de alegar que "não coaduna com a ideologia nazista".

O crime de veiculação da cruz suástica para fins de divulgação do nazismo está previsto no artigo 20 da Lei nº 7.716/89. O homem foi condenado a pagar dois salários mínimos e a se colocar à disposição da Justiça para prestação de serviços comunitários.

Defesa

A reportagem ainda não havia conseguido contato com a advogada do suspeito até a publicação desta matéria. O espaço está aberto para manifestação da defesa.

A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) protocolou, na segunda-feira (14), um projeto de lei (PL) para criminalizar a falsa acusação de nazismo. A proposta prevê reclusão de dois a cinco anos e multa a quem "acusar alguém, falsamente, por qualquer meio, de ser nazista". O PL foi apresentado na esteira dos acontecimentos das últimas semanas, que impulsionaram o tema nazismo no debate público após a polêmica envolvendo o "Flow Podcast", o apresentador Monark e o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).

Ao apresentar o projeto na Câmara, Kicis criticou o que chamou de "banalização" do termo e acusou opositores de tentarem "assassinar reputações" por meio de acusações dessa natureza. Ela fez referência ao caso do jornalista Adrilles Jorge, demitido da rádio "Jovem Pan" após fazer um gesto que foi associado à saudação nazista "sieg heil" - segundo a deputada, o comentarista deu um "tchau mal interpretado". Adrilles havia acabado de opinar sobre o caso Monark.

##RECOMENDA##

"Temos visto a banalização de acusações de nazismo de tal forma a assassinar a reputação de pessoas", afirmou a parlamentar. Ela também citou o caso do assessor especial Felipe Martins, denunciado pelo Ministério Público Federal por fazer um gesto típico dos supremacistas brancos durante uma sessão do Senado.

"Nenhum cidadão pode ser banalmente chamado, nem por humor ou charge, de nazista. É uma imputação gravíssima, incomparável, sem precedentes. Nazismo deve mesmo ser crime, assim como a falsa acusação de nazismo, que levianamente tem sido feita contra opositores políticos", diz a deputada bolsonarista.

O projeto também é assinado pelos deputados Bibo Nunes (PSL-RS), Carla Zambelli (PSL-SP), Alê Silva (PSL-MG), Junio Amaral (PSL-MG), Guiga Peixoto (PSL-SP) e Daniel Silveira (PSL-RJ), que já foi preso após publicar vídeo nas redes sociais com ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

O tema ganhou os holofotes após Monark, então apresentador do "Flow Podcast", defender a possibilidade de formalizar um partido com essa ideologia no processo eleitoral brasileiro. Na mesma ocasião, Kim Kataguiri argumentou que a Alemanha não deveria ter criminalizado o nazismo. O parlamentar entrou com ação na esfera cível contra pessoas e veículos de comunicação que o acusaram de apologia ao nazismo.

Já existe tipificação para os crimes contra honra no País, entre eles a calúnia, descrita como "atribuir falsamente crime". Questionada sobre o que diferencia seu projeto dos ilícitos já previstos pelo direito penal, Bia Kicis ainda não havia se manifestado até a publicação desta matéria.

O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) se pronunciou pela primeira vez no Plenário da Câmara dos Deputados sobre sua participação no podcast em que o influenciador Monark defendeu a criação de um partido nazista no Brasil. As declarações levaram a Procuradoria-Geral da República a abrir investigação para determinar se os dois cometeram apologia ao nazismo. “Diante da minha falha, quero reafirmar que sou visceralmente contra o nazismo. Sou também defensor da causa judaica e do Estado de Israel”, disse.

O parlamentar afirmou que errou na sua participação no podcast e deveria ter rebatido imediatamente os comentários de Monark sobre a criação de um partido nazista. Monark foi desligado do podcast após as declarações e afirmou que estava bêbado na ocasião.

##RECOMENDA##

“Eu deveria ter imediatamente repudiado a possibilidade da legalização de tal partido, como deputado liberal e apoiador do Estado de Israel e da comunidade judaica. Os meus eleitores esperavam, com toda razão, que eu reagisse frontalmente a qualquer fala desta natureza, não foi o que eu fiz, lamentavelmente”, disse Kim Kataguiri.

O parlamentar também se desculpou por ter criticado a lei alemã que proíbe a circulação de ideologia nazista durante diálogo com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP). Ele afirmou que sua intenção era defender o acesso à literatura que trata sobre o assunto como forma de expor os "horrores" do nazismo.

“Além de não repudiar imediatamente a fala do Monark, ainda respondi de maneira atabalhoada uma pergunta da deputada Tabata, dando a impressão de que era favorável à disseminação do livre ideário nazista e contrário à lei alemã que criminalizou qualquer forma de expressão nazista”, afirmou.

Kataguiri encerrou seu discurso agradecendo à comunidade judaica por ter dialogado com ele, “em vez de embarcar no linchamento virtual”. “A comunidade judaica foi extremamente generosa comigo, me chamou para o diálogo e fez com que eu percebesse o erro cometido e a necessidade de vir a público pedir desculpas”, disse.

*Da Agência Câmara de Notícias

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) anunciou que vai acionar a Justiça contra 17 pessoas e quatro veículos de imprensa que o acusaram de "apologia ao nazismo" após sua participação no "Flow Podcast". O ato de atribuir falsamente crime é tipificado como calúnia no direito penal. Justificando os processos, o parlamentar disse nas redes sociais que os "canceladores" não podem ficar impunes.

"Eles serão processados por calúnia, difamação e injúria. O objetivo não é apenas indenizatório, mas também educativo, de forma que tais agentes do cancelamento arquem com as consequências de seus ataques criminosos", diz nota oficial do Movimento Brasil Livre (MBL), do qual Kataguiri é uma das lideranças.

##RECOMENDA##

Entre os alvos da ação estão o ex-deputado Jean Wyllys, a filósofa Márcia Tiburi e o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), entre outros.

O advogado dos processos é o vereador Rubinho Nunes (Podemos), também integrante do MBL. Segundo ele, a ação será movida na esfera cível. No ano passado, Kataguiri protocolou um projeto de lei na Câmara sugerindo que os chamados crimes contra a honra - justamente calúnia, injúria e difamação - fossem excluídos do direito penal. A única exceção, segundo a proposta do parlamentar, seria a injúria qualificada por elemento discriminatório, como cor, idade, deficiência e origem. Somente esta teria a tipificação mantida.

"O objetivo é fazer com que as ofensas contra a honra que não sejam qualificadas por elemento discriminatório de idade, raça, cor, origem ou deficiência sejam resolvidas por instrumentos alheios ao direito penal", diz o PL. "Desta forma, pretendemos fazer com que o direito penal se ocupe apenas de fatos graves, que não podem ser resolvidos sem a sua intervenção".

Rubinho Nunes nega que Kataguiri tenha entrado em contradição ao mover, agora, um processo por crimes contra a honra. "O PL em questão versa exclusivamente sobre a esfera penal, não alterando ilícitos civis", argumentou o vereador. O deputado enseja danos morais e pede indenização de 40 salários mínimos aos alvos da ação.

Comentando o processo, Márcia Tiburi reforçou que considera Kataguiri "um agitador nazifascista" e acusou o deputado de fazer "política resumida a publicidade". Jean Wyllys compartilhou uma postagem no Twitter chamando a ação de "gesto intimidatório". Valente afirmou que já enfrentou "ditadura e fascismo" e que não se sente intimidado pelo parlamentar.

Após sua participação no debate do "Flow Podcast", Kataguiri tornou-se alvo de pedidos de cassação do mandato a Câmara; sua conduta no episódio que levou à demissão de Monark do "Flow" também é tema de inquérito na PGR.

A fabricante de bicicletas Monark entrou na lista de marcas que tentam se distanciar de Bruno Aiub, também conhecido como Monark, após o youtuber defender a formalização de um partido nazista junto à Justiça Eleitoral brasileira.

Em seu site oficial, a empresa informou não ter relação com o apresentador, cujo apelido remete ao nome da marca. "Informamos não ter nenhum tipo de vínculo com o youtuber apelidado de Monark sem nenhuma autorização da nossa Companhia. Repudiamos veementemente qualquer manifestação de racismo ou conduta que possa prejudicar qualquer pessoa ou grupo social", escreveu a empresa em nota.

##RECOMENDA##

Durante o programa, o youtuber defendeu o "direito" de ser antissemita. "Eu acho que tinha de ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse. Após as declarações, companhias vinculadas ao Flow Podcast como Ragazzo - do Grupo Habib's -, Mondelez Brasil, Puma, iFood, Flash Benefícios e Insider também usaram as redes sociais para distanciar sua imagem do programa de áudio.

O apresentador passou a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por suspeita de apologia ao nazismo. Nesta quinta, no Twitter, Monark se queixou da repercussão. "Eu posso ter errado na forma como eu me expressei, mas o que estão fazendo comigo é um linchamento desumano", publicou, ao defender que nunca apoiou a "ideologia nazista".

Após a polêmica, usuários do Twitter resgataram a coincidência dos nomes e disseram preferir marcas concorrentes à empresa de bicicletas, em tom de ironia.

Diante da repercussão negativa, Bruno foi demitido do Flow Podcast. Em outras ocasiões, ele contou que ficou conhecido como Monark por usar o apelido em um jogo online. "Era porque eu estava estudando monarquia no colégio", disse em episódio do programa. Depois, segundo ele, os amigos passaram a associar o apelido à marca de bicicletas.

Mesmo após quase 80 anos do final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a ideologia nazista - forma de fascismo que entre outras crenças  despreza a democracia e incorporta o racismo sob diversas formas - encontra eco ainda nos dias de hoje em pensamentos e falas intolerantes, como no caso do jornalista demitido da Rádio Jovem Pan e do youtuber, desligado do FlowPodcast. Felizmente, por meio de produções audiovisuais disponíveis nas plataformas de streaming, é possível entender melhor o que foi e quais as consequências desse período. O Leia Já selecionou cinco destas obras, confira:

Série Hunters – Amazon Prime Video. É uma série que acompanha um grupo de caçadores nazistas que busca justiça em uma Nova York no fim dos anos 70. Seu principal objetivo é perseguir e matar centenas de veteranos do antigo regime, que escaparam da punição e começaram uma vida nova nos Estados Unidos.

##RECOMENDA##

Bastardos Inglórios - Amazon Prime Video / STAR+ / Paramount+ / Globo Play. Dirigido por Quentin Tarantino, o filme conta a história de um grupo de judeusamericanos conhecidos como Bastardos, que caça nazistas durante a Segunda Guerra. Apesar do filme ser uma ficção, conta amplamente com características reais da Segunda Guerra. O longa foi indicado a três Oscars.  

Podcast História em Meia HoraSpotify. Produzidos pelo professor de história, Vítor Soares, o programa aborda temas atuais e clássicos da história de maneira informal. Duração de 30 minutos. Dois episódios conhecidos sobre o tema são: Holocausto e Nazismo.  

Documentário Grandes Momentos da Segunda Guerra em cores – Netflix. Documentário com temática militar, a série de 1 temporada busca explicar, do ataque a Pearl Harbour ao Dia D, os acontecimentos mais marcantes da Segunda Guerra. Com imagens coloridas que ganham vida nesta série documental, é possível ver maiores detalhes nas imagens que foram resgatadas de arquivos tantos dos exércitos do Eixo, quanto dos Aliados. 

Filme O Pianista – Amazon Prime Video / Telecine. Um pianista judeu polonês vê a Varsóvia mudar gradualmente à medida que a Segunda Guerra Mundial começa. Szpilman é forçado a ir para o Gueto de Varsóvia, mas depois é separado de sua família durante a Operação Reinhard. A partir deste momento até que os prisioneiros dos campos de concentração sejam liberados, Szpilman se esconde em vários locais entre as ruínas de Varsóvia. Direção de Roman Polanski, ganhou o prêmio Oscar de Melhor Ator e Roteiro Adaptado. 

E uma dica bônus: o filme O destino de uma nação - Telecine / Youtube / Apple Tv. Winston Churchill está prestes a encarar um de seus maiores desafios: tomar posse do cargo de primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Enquanto isso, ele costura um tratado de paz com a Alemanha nazista que pode significar o fim de anos de conflito. Direção de Joe Wright e roteiro de Anthony McCarten. Foi indicado e ganhou o Oscar de Melhor Ator, com Gary Oldman no papel principal.

Por Camily Maciel

 

Em uma semana em que as redes sociais foram sacudidas pela declaração de um influenciador digital em defesa da criação do partido nazista, em nome da "liberdade de expressão", o Senado fez uma sessão especial para homenagear e relembrar as vítimas do Holocausto. A sessão desta quinta-feira (10) serviu também para marcar a cerimônia do Yom HaShoá, ou Dia da Lembrança do Holocausto. 

A data remete a 27 de janeiro de 1945, dia em que o exército soviético libertou judeus do campo de concentração de Auschwitz, maior símbolo das atrocidades cometidas pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial. Durante a sessão, senadores e representantes da comunidade judaica e da Unesco repudiaram as falas do influenciador e apresentador de podcast Monark e manifestações de outros que tentam diminuir os horrores do regime que perseguiu e assassinou milhões de judeus — além de ciganos, pessoas com deficiência, homossexuais e testemunhas de Jeová. O recado foi claro: "tolerância zero" com racismo e com discursos de ódio. 

##RECOMENDA##

De origem judaica, Jaques Wagner (PT-BA) afirmou que lembrar as atrocidades cometidas pelos nazistas é fundamental para evitar o crescimento de pensamentos racistas na sociedade. Para o senador, não há que se tolerar os intolerantes. 

“Nesta semana, com muita preocupação, acompanhamos declarações de pessoas ditas influenciadoras defendendo abertamente a criação de um partido nazista (para a minha tristeza, incluo também a presença nessa lista de um deputado federal do Parlamento brasileiro) e uma rádio demitindo comentarista depois de gesto similar ao da saudação nazista. Essa ideologia autoritária, segregadora e intolerante é inaceitável, além de criminosa. Nós não podemos tolerar a intolerância, porque ela é a semente da erva daninha que produziu esse maior crime humanitário da história da humanidade”, disse Wagner.

Tolerância zero

Embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine avaliou que o discurso de Monark é um sinal de que, mesmo após 77 anos do Holocausto, muitos não assimilaram o perigo da conexão entre ideias racistas e ações violentas. Ele defendeu tolerância zero com discursos de ódio. 

“O Holocausto e o extermínio de 6 milhões de judeus não aconteceram do nada; foram baseados em ideologias nazistas e no discurso de ódio de mentes perturbadas. A lição que podemos e devemos tirar disso é ter zero tolerância a esse tipo de situação: zero tolerância ao racismo, zero tolerância ao discurso de ódio, zero tolerância ao antissemitismo. O exemplo que tivemos esta semana no Flow Podcast [canal de entrevistas de Monark na internet] pode parecer bobagem, mas atesta que a mensagem não foi bastante assimilada pelas pessoas e pela sociedade”, afirmou Zonshine.

Para Marlova Jovchelovitch Noleto, representante da Unesco no Brasil, episódios como o do Flow Podcast não podem ser banalizados e exigem atuação das autoridades e da sociedade.

“Nós assistimos chocados e perplexos a esse Flow Podcast, incitando não apenas a ideia de um partido nazista, mas também a possibilidade de se ser antijudeu. De que maneira esses influenciadores se sentem à vontade e com liberdade para propor isso? Como é possível ser antijudeu? Como é possível ser antinegro, anti-índio, anti seja lá o que for, se nós temos como premissa da vida em sociedade o exercício da humanidade e do respeito aos direitos humanos? É muito importante que situações como essas não sejam banalizadas e tampouco minimizadas, porque minimizando situações desse tipo é que situações assim progridem, ganham escala e se tornam verdade para muitos”, alertou. 

Marlova Noleto apontou que a Unesco tem defendido a importância de trabalhar o tema do Holocausto nas escolas para evitar o fomento de negacionismos históricos. Ela relatou que a instituição fez um levantamento junto ao TikTok, rede social popular entre o público jovem, e identificou que 17% do conteúdo publicado relacionado ao tema nega ou distorce a existência do Holocausto. Segundo ela, a empresa responsável pela rede social e a Unesco se uniram para enfrentar o problema. 

Presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg reforçou que liberdade de expressão tem limites quando vivemos em coletividade.

“Temos um marco constitucional que é abundante, robusto, em todo o seu conteúdo, e lá está prevista, sim, a liberdade de expressão, mas ela não pode afrontar outras liberdades e as garantias individuais”, argumentou.

Repúdio

Os senadores Lasier Martins (Podemos-RS), Flávio Arns (Rede-PR) e Leila Barros (Cidadania-DF) também repudiaram a defesa da criação de um partido nazista.

Lasier recordou que foi às lágrimas ao visitar, em Jerusalém, o Memorial do Holocausto, símbolo da memória aos judeus assassinados durante a 2ª Guerra Mundial. Arns afirmou que é preciso se rebelar contra aqueles que não respeitam a diversidade e pediu atenção nas eleições de 2022, para que o eleitor não vote em candidatos com discurso de ódio. Leila Barros, por sua vez, defendeu a aprovação de projetos como o que criminaliza a negação do Holocausto (PL 1.044/2020); o que proíbe a veiculação de anúncios publicitários em sites que divulgam fake news e discurso de ódio (PL 2.922/2020) e o que eleva as penas previstas na Lei Antirracismo (PL 3.054/2020). 

“Defender a criação de um partido nazista, meus amigos, é infringir a Constituição brasileira e ofender principalmente toda a comunidade judaica. A liberdade de expressão não pode servir como anteparo para a propagação de discursos de ódio.  É importante deliberar sobre medidas que possam impedir que grupos de pessoas continuem tentando ressuscitar discursos nazistas e disseminar o ódio contra os negros, os imigrantes, os judeus e os homossexuais”, disse a senadora.

*Da Agência Senado

 

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiram a defesa do comentarista Adrilles Jorge, demitido da rádio Jovem Pan, ao mesmo tempo em que cobram a cassação do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP); ambos, entretanto, se envolveram em polêmicas sobre o mesmo tema, nazismo.

O tema voltou a ganhar destaque nas redes sociais nesta quinta-feira (10), na esteira das declarações do presidente Jair Bolsonaro, que se pronunciou na noite de ontem. O chefe do Executivo atacou a ideologia nazista, dizendo repudiá-la de forma "irrestrita e permanente".

##RECOMENDA##

No mesmo dia, mais cedo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) anunciou ter protocolado uma representação cobrando a cassação do mandato de Kataguiri na Câmara pelo suposto crime de apologia ao nazismo.

Eduardo Bolsonaro também destacou ter apresentado projeto de lei que criminaliza a apologia tanto ao nazismo quanto ao comunismo, tema que seu pai resgatou ao se pronunciar sobre o tema.

"É de nosso desejo, inclusive, que outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, a divisão de pessoas em raças ou classes, e que também dizimaram milhões de inocentes ao redor do mundo, como o comunismo, sejam alcançadas e combatidas por nossas leis", escreveu o presidente, após condenar o nazismo.

As hashtags "Criminalização do Comunismo" e "Criminaliza Comunismo Já", "Boicote Jovem Pan" e "Renuncia Kataguiri" se destacaram entre os Trending Topics do Twitter ontem e seguem em alta nesta quinta-feira.

Postura distinta

Em entrevista ao Flow Podcast na última segunda-feira, Kim Kataguiri disse considerar errado o fato de a Alemanha ter criminalizado o nazismo, e, concordando com o apresentador Monark (que acabou demitido do programa), cobrou liberdade de expressão e critérios similares para tratar do nazismo e comunismo, representado por partidos já tradicionais no País.

Um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL), Kim Kataguiri se afastou do governo Bolsonaro e anunciou apoio ao pré-candidato do Podemos, o ex-juiz Sérgio Moro.

Mas, enquanto pedem a cassação de Kataguiri, crítico contumaz do comunismo, bolsonaristas citam a defesa da liberdade de expressão para apoiar Adrilles, ao mesmo tempo em que criticam "a cultura do politicamente correto", associada por eles à esquerda.

Escritor e comentarista, Adrilles Jorge foi afastado da Jovem Pan por fazer uma saudação associada ao nazismo ao encerrar sua participação num dos jornais da emissora após comentar o caso Monark. Ministros e parlamentares ligados ao presidente saíram em defesa do escritor, citando argumentos contra a "cultura do cancelamento".

O Secretário de Incentivo e Fomento à Cultura, André Porciuncula, saiu em defesa de Adrilles e classificou a repercussão do gesto feito pelo comentarista como "assustadora".

"Não sou próximo do Adrilles Jorge e creio que ele até tenha algumas críticas a minha atuação. Contudo, não deixa de ser assustador que consigam vinculá-lo a apologia ao nazismo, em um vídeo em que ele está falando clara e abertamente contra essa abominação", publicou ele. "Transformar gestos banais em crimes de nazismo virou hábito na esquerda. Estratégia batida, mas que ainda tem repercussão devido a absoluta hegemonia que possuem."

O secretário Mário Frias, da Cultura, descreveu a situação como "preocupante". "É preocupante que um vídeo em que a pessoa fala, de forma explicita, ser contra o nazismo seja usado para imputar a essa pessoa o crime de ser nazista. A realidade virou massa de modelar?".

Também aliada de Bolsonaro, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) compartilhou vídeos do comentarista se defendendo das acusações e criticou sua demissão pela Jovem Pan. A parlamentar publicou a hashtag #AdrillesdeVolta, dando a entender que gostaria que o jornalista fosse readmitido na emissora. No dia anterior, ela também havia manifestado repúdio à ideologia nazista.

O deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) protocolou na Câmara um projeto que proíbe a criação de partidos políticos que contenham programas que remetam aos ideais nazistas. A proposta foi apresentada na última quarta-feira (9). Em seguida, o parlamentar cobrou das legendas atenção no combate permanente a toda forma de discriminação racial e étnica.

Vice-líder do Cidadania na Câmara, Daniel acredita que as agremiações precisam adotar mecanismos anti-propagação de ideologias que relativizem o Holocausto ou a perseguição contra o povo judeu. A proposta inclui na legislação brasileira dispositivo que veda a formação de partidos com estatutos discriminatórios.

##RECOMENDA##

Crime

Para o deputado, proferir ofensas contra qualquer povo ou promover o nazismo são ações contra a liberdade.

"Apologia ao nazismo é crime. Não é liberdade de expressão. Além disso, o Congresso Nacional precisa emitir um sinal claro de que não permitirá a criação de partidos que flertem com esses absurdos", concluiu Daniel.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu se pronunciar sobre as mais recentes declarações interpretadas como apologias ao nazismo. Em uma série de tuítes, Bolsonaro repudiou o nazismo "de forma irrestrita e permanente" e pediu "mais juízo e responsabilidade", mas disse que o comunismo também deve ser combatido.

Embora não explicite, a postagem do presidente se refere a dois episódios. Ao lado do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), o influenciador digital Monark foi demitido do Flow Podcast após defender, na última segunda-feira, a criação de um partido nazista no Brasil. Ele disse que estava bêbado. A Procuradoria-Geral da República (PRG) já abriu investigação sobre os dois. Nessa quarta, o jornalista e ex-BBB Adrilles Jorge foi desligado da Jovem Pan após um gesto associado a Hitler. O Senado fará amanhã uma sessão de homenagem às vítimas do Holocausto.

##RECOMENDA##

"A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e QUALQUER ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade", publicou Bolsonaro no Twitter.

De acordo com Bolsonaro, é preciso seriedade ao abordar o tema para evitar qualquer banalização. "Que o momento seja de reflexão, de amadurecimento, a respeito de qual ambiente queremos criar para o Brasil. Tenhamos todos mais juízo e responsabilidade. Precisamos continuar trabalhando pelo futuro de nossa nação", seguiu o presidente.

O chefe do Executivo, porém, afirmou que outras ideologias que pregam "divisão de pessoas" também devem ser "combatidas por nossas leis". "Como o comunismo", escreveu.

Ele ainda reiterou seu apoio ao povo judeu. "Tenho muito orgulho de ser o presidente que mais aproximou o nosso país dos judeus, seja intensificando as relações bilaterais com Israel, seja apoiando iniciativas importantes, como a Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), na qual ingressamos em meu governo."

Bolsonaro também escreveu na rede social que o Brasil é acolhedor e, por isso, "nunca terá solo fértil para o totalitarismo". "Quem deseja o contrário está do lado errado", publicou. Com fins políticos, o governo federal defende que o País passa por um momento de corrosão das liberdades individuais com a atuação de governadores, prefeitos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no combate à pandemia.

Veja a nota de Bolsonaro na íntegra:

"A ideologia nazista deve ser repudiada de forma irrestrita e permanente, sem ressalvas que permitam seu florescimento, assim como toda e QUALQUER ideologia totalitária que coloque em risco os direitos fundamentais dos povos e dos indivíduos, como o direito à vida e à liberdade.

É de nosso desejo, inclusive, que outras organizações que promovem ideologias que pregam o antissemitismo, a divisão de pessoas em raças ou classes, e que também dizimaram milhões de inocentes ao redor do mundo, como o Comunismo, sejam alcançadas e combatidas por nossas leis.

O fato de uma ideologia repugnante como a nazista ter destruído milhões de vidas exige que tenhamos extrema responsabilidade e seriedade na hora de tratar do tema, não deixando espaço para a calúnia, a difamação e a sua banalização. Não se combate uma injustiça com injustiças.

Importante lembrar que existem ainda aqueles que, na busca implacável pelo poder, banalizam essa página triste da história da humanidade e instrumentalizam a sensibilidade humana para praticar exatamente aquilo que dizem combater, assassinando reputações e destruindo pessoas.

Assim, reitero todo nosso apoio ao povo judeu, que hoje sofre não só com as cicatrizes deixadas pela história, mas também com o desrespeito daqueles que banalizam um assunto tão grave, rotulando tudo e todos na ânsia de conquistar ainda mais poder e controle sobre as pessoas.

Tenho muito orgulho de ser o presidente que mais aproximou o nosso país dos judeus, seja intensificando as relações bilaterais com Israel, seja apoiando iniciativas importantes, como a Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), na qual ingressamos em meu governo.

E a quem realmente insiste em defender a divisão de pessoas por raça/etnia, o controle total pelo Estado, a violação de liberdades, que são premissas do nazismo; bem como a quem, num desrespeito cruel ao povo judeu, banaliza um fato grave para promoção política, fica a lição:

Somos um povo maravilhoso, acolhedor. Repito: em uma família brasileira há mais diversidade do que em qualquer nação no mundo. O Brasil nunca terá solo fértil para o totalitarismo porque o amor pela liberdade corre em nossas veias. Quem deseja o contrário está do lado errado.

Que o momento seja de reflexão, de amadurecimento, a respeito de qual ambiente queremos criar para o Brasil. Tenhamos todos mais juízo e responsabilidade. Precisamos continuar trabalhando pelo futuro de nossa nação.

Boa Noite a Todos!

PR Jair Messias Bolsonaro".

O ex-BBB Adrillles Jorge se envolveu em polêmica, nessa segunda-feira (8), ao defender as falas referentes ao nazismo de Bruno Aiub, mais conhecido como Monark e ainda fazer gesto que é uma saudação a Hitler. Apoiador de Bolsonaro, Adrilles usou o comunismo como comparação e argumentou que se um é permitido por lei em partidos políticos, o outro também deveria ser.

Tendo o pensamento cortado pelo fim do jornal da Joven Pan, Adrilles debochou do apresentador William Travassos e ao dar tchau realizou saudação nazista, surpreendendo os colegas de bancada. Com a palma da mão estendida, o ex-BBB ri e se despede dos telespectadores.

##RECOMENDA##

O assunto eram as consequências que Monark vem sofrendo após suas falas polêmicas a favor de um partido nazista legalizado e Adrilles se posicionou a princípio contra, mas argumentou um caminho em que compara o nazismo ao comunismo e considera que ambos devem sofrer os mesmos impactos ou ter as mesmas regalias. “Eu sou radicalmente contra qualquer tipo de movimento que pregue o extermínio de algum povo, agora se o Nazismo deve ser proibido e acho que deve, o comunismo também deveria ser proibido. Se o nazismo matou só de judeus, 6 milhões de pessoas, o comunismo matou na sua gêneses, mais de 100 milhões de pessoas”, iniciou.

“Até hoje no Brasil e em outras partes do mundo, o movimento comunista sistematizado em livros, partidos, organizações políticas subsiste. Ou seja, a esquerda Marxista permanece. [...] Se o nazismo deve ser proibido eu não sei porquê o comunismo vige como uma coisa libertária, organizada em partidos”, concluiu, pouco antes de ter sua fala cortada com o anúncio do fim  do programa.

Confira vídeo das falas de Adrilles e o momento do gesto realizado:

[@#podcast#@]

Vendo a repercussão negativa de seu gesto, o ex-BBB usou as redes sociais para se defender e disse estar sendo alvo dos “canceladores”, visto que seu gesto foi de um tchau simples e que atacou o nazismo se dizendo contrário ao movimento.

"A insanidade dos canceladores ultrapassou o limite da loucura. Depois de um discurso meu veemente contra qualquer defesa de nazismo, um tchau é interpretado como um saudação nazista”, escreveu Adrilles. Em vídeo publicado do momento em que argumenta no programa da Joven Pan, Adrilles que participou do BBB 15, cortou o trecho do gesto e deixou apenas o de seu discurso.

[@#video#@]

O procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou nesta terça-feira, 8, a instauração de investigação contra o youtuber Monark e o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) por suspeita de apologia ao nazismo durante o episódio do programa Flow Podcast, transmitido nesta segunda-feira (7).

O Ministério Público Federal (MPF) relatou ter recebido mais de um pedido de representação contra o apresentador e o convidado após Monark defender a legalidade de um partido nazista no País e o parlamentar comentar que teria sido um erro a Alemanha criminalizar o nazismo depois do regime nazifascista comandado por Adolf Hitler.

##RECOMENDA##

A PGR afirmou que o caso será analisado pela assessoria criminal do gabinete de Aras porque envolve um parlamentar com foro privilegiado. Em nota, o MPF manifestou posição contra o discurso de ódio. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) afirmou que "o direito à liberdade de expressão não é absoluto e repudiar o nazismo é uma tarefa permanente, que deve ser reiterada por todos".

Presidenciáveis condenam declarações de Monark e chamam defesa do nazismo de ‘crime’

Presidenciáveis, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e entidades usaram as redes sociais para reagir às declarações do youtuber Monark, que defendeu a existência de um partido nazista no Brasil durante episódio do Flow Podcast. Ele foi demitido após a repercussão do caso.

O ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que foram entrevistados recentemente no programa, criticaram as declarações de Monark. Para Moro, o nazismo "é um crime e uma ofensa ao povo judeu e a toda humanidade". Ciro disse que não se pode defender a criação de um partido nazista "sob nenhum pretexto".

Além deles, João Doria (PSDB), Alessandro Vieira (Cidadania) e André Janones (Avante) também condenaram a proposta de Monark, que contraria princípios básicos da Constituição.

Doria publicou que "a defesa do nazismo é um crime e uma agressão à humanidade!", somado às hashtags "#Inacreditável, #Inadmissível e #Impensável". Também postou uma imagem de uma bandeira nazista sendo triturada.

O presidenciável do Cidadania, senador Alessandro Vieira, compartilhou uma publicação da deputada do PSB Tabata Amaral, que esteve na discussão com Monark no podcast. Além de parabenizar Tabata, o senador disse que a defesa da liberdade se faz com equilíbrio e respeito. "Destilar ódio e preconceito não se confunde com o livre exercício do direito de opinião. É crime e deve ser confrontado". Janones, por sua vez, disse que "o nazismo não só ‘pregou ódio’, o nazismo é o ódio."

O pré-candidato Leonardo Péricles (UP) escreveu que o "defender o nazismo é um crime contra a humanidade."

Favoritos na disputa ao Executivo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciaram até agora sobre a fala do youtuber. Também não disseram algo sobre os pré-candidatos Simone Tebet (MDB), Felipe d’Avila (Novo) e Rodrigo Pacheco (PSD).

STF

O assunto também repercutiu entre juristas e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se manifestaram. Alexandre de Moraes afirmou, no Twitter, que "o direito fundamental à liberdade de expressão não autoriza a abominável e criminosa apologia ao nazismo". Gilmar Mendes também usou sua conta pessoal no Twitter para defender que "qualquer apologia ao nazismo é criminosa, execrável e obscena".

Entidades como a Confederação Israelita do Brasil (Conib), o grupo Judeus pela Democracia, a Federação Israelita de São Paulo e o Museu do Holocausto condenaram as declarações de Monark. "Defender o nazismo não é liberdade de expressão",afirmou a embaixada da Alemanha no Brasil, em nota.

Como o Estadão mostrou, a veiculação de símbolos, ornamentos, emblemas, distintivos ou propaganda relacionados ao nazismo é crime previsto em lei federal e descrito na Constituição como inafiançável e imprescritível.

Após perder patrocinadores e ver convidados cancelando convites, os Estúdios Flow perderam mais um contrato por apologia ao nazismo, crime praticado pelo apresentador Monark. Agora foi a Federação de Futebol do Rio de Janeiro, que anunciou o rompimento do contrato de transmissão do Campeonato Carioca.

“A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida”, disse a FFERJ em nota oficial.

##RECOMENDA##

LeiaJá também:

--> Monark feriu princípios da CF ao defender partido nazista

--> Mais uma marca repudia fala antissemita de Monark

A defesa de um partido nazista e ‘anti-judeu' já começou a prejudicar o Flow Podcast e os produtos paralelos da produção. Após dois patrocinadores, Puma e Bis, pedirem que suas marcas fossem retiradas, os podcasters perderam um convidado de luxo. O ex-jogador Zico cancelou sua participação no Flow Sports Club.

Quem confirmou a informação foi o filho do ídolo flamenguista, Junior Coimbra, em sua conta no Twitter.

##RECOMENDA##

“Meu pai iria sim participar hoje à tarde do Flow Sports Club, mas ele cancelou assim que assistiu ao vídeo. Não precisou muito”, resumiu.

Entenda

No Flow Podcast dessa segunda-feira (8), o apresentador Monark defendeu a criação de um partido nazista no Brasil e o direito de ser antissemita. Ele baseou seu apoio ao extremismo com o que entende como direito à liberdade de expressão.

A veiculação de símbolos, ornamentos, emblemas, distintivos ou propaganda relacionados ao nazismo é crime previsto em lei federal e descrito na Constituição como inafiançável e imprescritível.

Segundo a advogada criminalista Cecília Mello, ex-juíza do TRF-3, a suposta liberdade para ser nazista, como defende Monark, encontraria uma barreira na maior valoração de outros direitos fundamentais.

"Existem vedações constitucionais em relação à preservação do direito do outro. A sua liberdade é inserida dentro do contexto dos direitos coletivos. Inclusive, quando há dois direitos juntos, verifica-se qual deles tem um peso maior para a sociedade, e, seguramente, nesse sentido, os direitos de respeito, de dignidade e de consideração ao ser humano prevalecem sobre a alegada liberdade de expressão".

Com informações da AE

O apresentador do "Flow Podcast", Monark, defendeu na noite desta segunda-feira (7) a formalização de um partido nazista junto à Justiça Eleitoral brasileira, contrariando princípios básicos da Constituição, como a promoção do "bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação".

O programa recebia os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). Durante uma discussão sobre regimes radicais de direita e esquerda, o anfitrião do podcast saiu em defesa do "direito" de ser antissemita. "Eu acho que tinha de ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse.

##RECOMENDA##

Tabata Amaral rebateu as afirmações "esdrúxulas" de Monark, citando o holocausto na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, período marcado pelo extermínio de mais de 6 milhões de judeus. Kataguiri, por sua vez, queixou-se porque, segundo sua percepção, defensores do comunismo teriam mais espaço na mídia do que defensores do nazismo. Ponderando sobre a existência do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), o deputado afirmou: "a gente não tem um partido formal fascista ou nazista com espaço no Parlamento e na imprensa".

Crime

A veiculação de símbolos, ornamentos, emblemas, distintivos ou propaganda relacionados ao nazismo é crime previsto em lei federal e descrito na Constituição como inafiançável e imprescritível.

Monark argumentou que a organização formal de um partido nazista estaria amparada pela liberdade de expressão. Fazendo um contraponto, Tabata afirmou que tal liberdade termina quando se manifesta contra a vida de outras pessoas, sublinhando que o nazismo coloca em risco a vida da população judaica, ao que o apresentador indagou: "de que forma?".

"Se o cara quiser ser antijudeu, eu acho que ele deveria ter o direito de ser", afirmou Monark. Segundo ele, esse posicionamento seria restrito a uma questão de "ideais" e não estaria relacionado à vida ou à morte de judeus. Respondendo à deputada, que criticou o ato de questionar a existência de alguém, Monark insistiu: "questionar é sempre válido".

Direitos fundamentais

Segundo a advogada criminalista Cecília Mello, ex-juíza do TRF-3, a suposta liberdade para ser nazista, como defende Monark, encontraria uma barreira na maior valoração de outros direitos fundamentais. "Existem vedações constitucionais em relação à preservação do direito do outro. A sua liberdade é inserida dentro do contexto dos direitos coletivos. Inclusive, quando há dois direitos juntos, verifica-se qual deles tem um peso maior para a sociedade, e, seguramente, nesse sentido, os direitos de respeito, de dignidade e de consideração ao ser humano prevalecem sobre a alegada liberdade de expressão".

O grupo Judeus pela Democracia foi às redes sociais, nesta terça-feira (8), se manifestar sobre as declarações do apresentador. A entidade classificou a resposta de Tabata como "perfeita" e criticou o argumento sobre a "liberdade de expressão" sem limites. "Ideologias que visam a eliminação de outros têm que ser proibidas. Racismo e perseguições a quaisquer identidades não são liberdade de expressão", diz o grupo.

Também começou a crescer nas redes sociais a pressão para que patrocinadores do podcast retirem recursos do programa. O Judeus pelo Brasil cobrou que o grupo Sleeping Giants tome a frente da mobilização para que as empresas que apoiam o programa encerrem os contratos.

O "Flow" vem ganhando destaque no cenário político ao trazer pré-candidatos às eleições de 2022. Sérgio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) participaram recentemente do programa. Como mostrou o Estadão, presidenciáveis e políticos em geral têm recorrido aos podcasts como alternativa para expor suas ideias num ambiente menos formal e crítico do que entrevistas a veículos tradicionais de imprensa, por exemplo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando