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Dois condomínios de luxo entregues recentemente pela construtora Gafisa, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, têm o solo e a água contaminados por metais pesados, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Os moradores do Nova Petrópolis Prime Life e do Mansão Imperial, cujos apartamentos são avaliados em R$ 1 milhão, em média, não sabiam de nada até fevereiro - os prédios ficaram prontos, respectivamente, em julho e dezembro do ano passado, e tiveram quase todas as unidades vendidas.

O terreno, entre as Avenidas Pery Ronchetti e Wallace Simonsen, delimitado pelas Ruas Princesa Maria Amélia e Princesa Francisca, no bairro de Nova Petrópolis, é de uma antiga área industrial da Companhia Brasileira de Plástico Monsanto. Lá foram construídas cinco torres de mais de 20 andares cada, divididas em dois condomínios com cerca de 500 apartamentos.

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Dois laudos técnicos já foram feitos e um terceiro está em fase de elaboração. Não há ainda um estudo conclusivo sobre os detalhes da contaminação, mas a Cetesb diz que, em princípio, não há risco à saúde dos moradores ou de explosão.

Foi constatado, porém, que a água do lençol freático embaixo da área onde foram construídos os condomínios é considerada imprópria para uso, mas ela jamais foi usada pelos moradores, pois não há poço artesiano em nenhum dos prédios.

Desvalorização

O imbróglio começou em fevereiro, quando os proprietários receberam uma notificação da Cetesb e da Gafisa de que o aviso sobre a contaminação passaria a constar na matrícula do imóvel.

"O problema é a desvalorização. A partir do momento em que consta que ele é contaminado, ficamos com medo do prejuízo", diz o gerente de sistemas Roberto Portela, de 44 anos, morador e síndico do Mansão Imperial. Ninguém no Condomínio Nova Petrópolis Prime Life quis falar sobre o caso.

A Cetesb disse que ficou sabendo da construção dos condomínios em setembro de 2008 e exigiu esclarecimentos da Gafisa. A construtora afirmava que todo o solo contaminado por metais havia sido removido durante as escavações, mas a Cetesb considerou as explicações "insuficientes" e pediu novo estudo da área.

Em maio de 2010 e em fevereiro de 2011, a construtora apresentou então à companhia dois relatórios apontando a contaminação do solo e da água subterrânea por metais.

A Gafisa diz que recebeu "carta branca" da Cetesb em fevereiro deste ano, quando a companhia informou que as medidas adotadas pela construtora eram suficientes "para garantir o uso residencial" e não haveria qualquer risco à saúde dos moradores. Também afirma que só então passou a informar os clientes sobre os questionamentos do órgão e o andamento do processo.

"Muitos moradores entraram com processo judicial contra a Gafisa e nosso advogado entrou com uma representação no Ministério Público", disse o advogado Rodrigo Kawamura, morador do Mansão Imperial.

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