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Por falta de quórum, a votação de requerimento sobre a retirada de busto do marechal Castello Branco de ponte no Recife não avançou durante reunião ordinária remota da Câmara Municipal do Recife nesta terça-feira (30). O requerimento voltará ao plenário na próxima segunda-feira (6).

Foram oito votos contra a retirada do busto, sete votos a favor e duas abstenções. Seriam necessários 20 votantes. O requerimento foi protocolado pelo vereador Ivan Moraes (Psol). "Uma escultura, um busto, é uma homenagem e cabe ao povo da cidade, do estado, decidir se alguém pode ser homenageado ou se alguém não deve ser homenageado", disse ele antes da votação nesta manhã.

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O busto do marechal Castello Branco está situado na Ponte Marechal Humberto Castelo Branco, conhecida como Ponte da Caxangá, na Zona Oeste do Recife. A placa abaixo do busto identifica que a construção se deu na gestão de Augusto Lucena, que era vice-prefeito da capital em 1963 e assumiu a prefeitura no ano seguinte, após o golpe militar que depôs João Goulart resultar no afastamento do governador Miguel Arraes e do prefeito Pelópidas Silveira.

Neste período, Lucena se filiou à Arena, sigla de sustentação política do governo federal. Ele encerrou o primeiro mandato em 1968, mas foi nomeado prefeito do Recife no governo de Eraldo Gueiros Leite (1971-1975).

Castello Branco governou o Brasil entre 1964 e 1967, portanto o primeiro presidente da Ditadura Militar no país. Foi responsável pelo Ato Institucional nº 2, que que extinguiu os partidos existentes no país e criou a Arena e o MDB, que representava a oposição moderada.

O ato também permitia que o presidente determinasse intervenção federal nos estados, decretasse estado de sítio por seis meses sem consulta prévia e aumentou o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de 11 para 16, assegurando maioria favorável ao governo. O presidente havia prometido devolver o cargo ao fim de sua gestão, o que não foi cumprido. 

 "A homenagem já foi prestada lá atrás, já foi realizada há muitos anos. Será que se a gente pedir a retirada do busto do general Castello Branco a gente não vai abrir precedentes para retirar outros monumentos?", questionou o vereador Rodrigo Coutinho (Solidariedade), que votou contra o requerimento.

"Esse revisionismo tem sido acompanhado de muita violência. A gente não precisa dessa violência aqui, a gente precisa discutir o futuro. Eu acredito que o que estamos presenciando é um período de obscurantismo mesmo. Vamos respeitar o passado", declarou André Régis (PSDB). Ele, que também votou não, foi responsável pelo pedido de vista que impediu a votação em 22 de junho. 

 O vereador Renato Antunes (PSC), oficial da reserva, iniciou seu discurso fazendo continência ao Exército Brasileiro. "O vereador [Ivan Moraes] disse que cabe ao povo decidir e eu pergunto qual foi o povo que foi consultado para a retirada, possivelmente apenas (...) a companheirada socialista, psolista e comunista que pediu para retirar esse monumento. Eu tenho certeza que não foi o povo do Recife que fez esse pedido", disse Antunes, que usa o gesto de aspas ao mencionar Ditadura e Regime Militar. 

Como se trata de um requerimento, o prefeito Geraldo Julio não tem obrigação de fazer a retirada do busto mesmo que o apelo seja aprovado na Casa. Confira abaixo os votos dos vereadores nesta terça-feira.

Não ao requerimento

Aimée Carvalho (PSB)

André Régis (PSDB)

Fred Ferreira (PSC)

Michelle Collins (PP)

Renato Antunes (PSC)

Ricardo Cruz (PP)

Rodrigo Coutinho (Solidariedade)

Samuel Salazar (MDB)

Sim

Augusto Carreras (PSB)

Eriberto Rafael (PP)

Goretti Queiroz (PSB)

Ivan Moraes (Psol)

Jairo Britto (PT)

Luiz Eustáquio (PSB)

Rinaldo Junior (PSB)

Abstenções

Aerto Luna (PSB)

Almir Fernando (PCdoB)

O vereador do Recife Ivan Moraes (PSOL) protocolou um requerimento para que seja retirado o busto do marechal Humberto de Alencar Castello Branco da Ponte Marechal Humberto Castelo Branco, conhecida como Ponte da Caxangá, na Zona Oeste da capital. Durante reunião ordinária da Câmara do Recife na segunda-feira (22), o vereador André Régis (PSDB) fez pedido de vista, impedindo a votação do requerimento durante a reunião. Castello Branco foi o primeiro presidente do período da Ditadura no Brasil.

Em sua justificativa, Ivan Moraes lembrou que, entre 1964 e 1985, a ditadura promoveu violência, tortura e mortes de milhares de pessoas. O político destacou que a Comissão Nacional da Verdade emitiu recomendações, entre elas, "preservação da memória das graves violações de direitos humanos", que sugere a mudança na denominação de logradouros, vias de transporte, edifícios e instituições públicas que contenham nomes de agentes públicos ou de particulares que notoriamente tenham participado ou praticado graves violações de direitos humanos durante a Ditadura Militar no Brasil.

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O Programa Nacional de Direitos Humanos PNDH-3, em sua Diretriz 25, destaca o vereador, prevê a "modernização da legislação relacionada com a promoção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democracia" e traz em sua alínea "c" a necessidade de "fomentar debates e divulgar informações no sentido de que logradouros, atos e próprios nacionais ou prédios públicos não recebam nomes de pessoas identificadas reconhecidamente como torturadores."

Responsável pelo pedido de vista, o vereador André Régis argumentou que permitir a retirada do busto do marechal seria abrir precedente para retirada de outros monumentos. Segundo ele, o requerimento é obscurantista, não democrático, perda de tempo e de visão mesquinha.

"Não cabe aqui à gente do Poder estar fazendo análise do ponto de vista histórico, de um passado recente, criticando porque houve, na concepção de alguns, períodos que não sejam considerados próprios às lentes dos dias atuais no que se refere à sociedade que nós desejamos", comentou. Segundo ele, a medida estaria reabrindo um passado que levou muito sofrimento "a muitos brasileiros de várias tendências de várias partes".

André citou seu caso pessoal, da perda de um tio no atentado no Aeroporto Internacional do Recife, em 25 de julho de 1966. O jornalista e poeta Edson Régis foi uma das duas vítimas fatais do ocorrido. Os militares afirmaram à época que o ataque tinha como alvo o marechal Costa e Silva, que era candidato à presidência. O episódio nunca foi elucidado. 

O vereador tucano ainda ressalta que Castello Branco foi responsável por uma grande reforma nas Forças Armadas que distanciou os quartéis da política e que o marechal foi o grande estrategista brasileiro na 2ª Guerra Mundial. 

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O vereador Renato Antunes (PSC) concordou com o pronunciamento de André Régis e disse que se não tivesse havido o pedido de vista votaria contra o mesmo, por entender que é simplismo revisar a história dessa forma. "A história é fruto da contradição. Se retirar o busto da ponte, vamos colocar o que no lugar, uma indagação pertinente. Não podemos retirar historicidade do Recife, votaria contra para não manchar a história do Recife, que serve para refletir sobre erros e acertos", defendeu Antunes.

No Twitter, Ivan Moraes reforçou que também quer outro nome para a ponte. "Monumento é homenagem. O povo deve decidir quem será celebrado em seu nome", assinalou. A placa abaixo do busto identifica que a construção se deu na gestão de Augusto Lucena, que era vice-prefeito da capital em 1963 e assumiu a prefeitura no ano seguinte, após o golpe militar que depôs João Goulart resultar no afastamento do governador Miguel Arraes e do prefeito Pelópidas Silveira. Neste período, Lucena se filiou à Arena, sigla do governo federal. Ele encerrou o primeiro mandato em 1968, mas foi nomeado prefeito do Recife no governo de Eraldo Gueiros Leite (1971-1975). 

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Castello Branco governou o país entre 1964 e 1967. Foi responsável também pelo Ato Institucional nº 2, que extinguiu os partidos existentes no país e criou a Arena e o MDB, que representava a oposição moderada. O ato também permitia que o presidente determinasse intervenção federal nos estados, decretasse estado de sítio por seis meses sem consulta prévia e aumentou o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) de 11 para 16, assegurando maioria favorável ao governo. O presidente havia prometido devolver o cargo ao fim de sua gestão, o que não foi cumprido. 

A discussão sobre a retirada de monumentos em homenagem a figuras históricas não é nova, mas ganhou força em vários países recentemente. Estátuas de heróis nacionais racistas foram derrubadas e danificadas em protestos antirracistas após George Floyd morrer asfixiado em abordagem policial em Minneapolis, nos Estados Unidos. Na cidade britânica de Bristol, manifestantes lançaram no rio uma estátua de Edward Colston (1636-1721). Pelo menos sete cidades da Bélgica tiveram bustos do rei Leopoldo 2º (1835-1909) pichados e amordaçados. 

Edward Colston fez fortuna transportando mais de 100 mil escravos do oeste da África para colônias no Caribe e nas Américas. Sua empresa marcava o peito de escravos a ferro com 'RAC', sigla da companhia Royal Adventures into Africa. O empresário também era um filantropo e benfeitor em Bristol, ganhando, assim, um monumento no século 19.

Leopoldo 2º ficou conhecido pela forma brutal com a qual tratava seus escravos, que tinham as mãos decepadas caso não cumprissem as cotas de trabalho. Crianças também eram punidas com mutilação. 

Os apoiadores da manutenção dos monumentos levantam argumentos como: a história não pode ser editada, as gerações devem aprender com os acontecimentos passados e valor artístico e simbologia das estruturas. Alguns governos atualizaram as placas informativas que narram a biografia do representado, trazendo não apenas os feitos positivos. Movimentos antirracistas não consideram os argumentos suficientes e costumam citar o caso da Alemanha, que não possui busto de Adolf Hitler.

A atriz Regina Duarte, ex-secretária de Cultura de Jair Bolsonaro, foi processada por "apologia a crimes de tortura praticados na ditadura". A denúncia foi feita por Lygia Jobim, filha do embaixador José Jobim, sequestrado, torturado e morto pela ditadura militar. Segundo o Jornal o Globo, ela alega que Regina Duarte relativizou os atos dos militares em entrevista à CNN Brasil em 7 de maio.

 Lygia cobra uma indenização de R$ 70 mil. A defesa dela é feita pelo advogado Carlos Nicodemos. 

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 O Estado brasileiro reconheceu o diplomata José Jobim como vítima da tortura em 21 de setembro de 2018, quando corrigiu a causa de sua morte. A alteração ocorreu após sua filha lutar por quase 40 anos para provar que o governo forjou a hipótese de suicídio. O embaixador desapareceu uma semana depois de revelar que iria denunciar o superfaturamento da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

De joelhos, usando máscaras, com cartazes nas mãos e mantendo distância entre si, manifestantes fazem um ato na tarde deste sábado (13) em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. Eles protestam contra a violência policial e do Estado e lembram as vítimas do novo coronavírus. Eles também se manifestam contra o racismo.

Nos 500 cartazes que foram distribuídos para quem compareceu ao ato, os manifestantes estampam imagens das vítimas do novo coronavírus e da ditadura militar, além de pessoas que morreram recentemente após ação policial.

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O ato é organizado pelo Grupo de Ação, agremiação que se diz apartidária e reúne ativistas, artistas, advogados, professores, comunicadores e profissionais da saúde.

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Melo, comparou o Brasil à Alemanha de Hitler e, em mensagem reservada enviada a interlocutores no WhatsApp, disse que bolsonaristas "odeiam a democracia" e pretendem instaurar uma "desprezível e abjeta ditadura". Procurado pela reportagem, o gabinete do ministro não se manifestou sobre as declarações.

Celso de Mello é o relator do inquérito que investiga as acusações, levantadas pelo ex-ministro Sérgio Moro, de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal. O ministro se aposenta em novembro deste ano, quando completa 75 anos.

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O comentário do decano foi disparado na véspera de uma manifestação de aliados do presidente que ocorre neste domingo, em Brasília. Uma das faixas carregadas por manifestantes pede "intervenção militar".

"GUARDADAS as devidas proporções, O 'OVO DA SERPENTE', à semelhança do que ocorreu na República de Weimar (1919-1933), PARECE estar prestes a eclodir NO BRASIL!", escreveu o decano do STF, usando letras maiúsculas e exclamações para enfatizar trechos do comentário.

"É PRECISO RESISTIR À DESTRUIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA, PARA EVITAR O QUE OCORREU NA REPÚBLICA DE WEIMAR QUANDO HITLER, após eleito por voto popular e posteriormente nomeado pelo Presidente Paul von Hindenburg, em 30/01/1933, COMO CHANCELER (Primeiro Ministro) DA ALEMANHA ('REICHSKANZLER'), NÃO HESITOU EM ROMPER E EM NULIFICAR A PROGRESSISTA, DEMOCRÁTICA E INOVADORA CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR, de 11/08/191, impondo ao País um sistema totalitário de poder viabilizado pela edição, em março de 1933, da LEI (nazista) DE CONCESSÃO DE PLENOS PODERES (ou LEI HABILITANTE) que lhe permitiu legislar SEM a intervenção do Parlamento germânico!!!! 'INTERVENÇÃO MILITAR', como pretendida por bolsonaristas e outras lideranças autocráticas que desprezam a liberdade e odeiam a democracia, NADA MAIS SIGNIFICA, na NOVILÍNGUA bolsonarista, SENÃO A INSTAURAÇÃO, no Brasil, DE UMA DESPREZÍVEL E ABJETA DITADURA MILITAR!!!!", completou Celso de Mello.

Fascistoides

Há duas semanas, Celso de Mello classificou como "bolsonaristas fascistoides, além de covardes e ignorantes" dois homens que foram presos por ameaçar de morte juízes, promotores e procuradores do DF.

Um e-mail disparado a membros do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios dizia que o "o Brasil chegou a um ponto onde não é mais possível resolver os problemas através da razão e do bom senso. Por esse motivo, a partir de agora, serão resolvidos através da execução do Estado de Sítio".

"Por isso, convocamos a população para matar em legítima defesa de si mesmo e da pátria políticos, juízes, promotores, chefes de gabinetes, assessores, parentes, amigos, protetores, e demônios de toda sorte", afirmava o texto.

Depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello liberou o vídeo na íntegra da reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e os seus ministros, muita coisa veio à tona nesta sexta-feira (22). Uma delas foi o posicionamento de Bolsonaro sobre o retorno da ditadura. "É fácil impor uma ditadura no Brasil. Um 'bosta' de um prefeito, faz um bosta de um decreto, algema e deixa todo mundo dentro de casa", revelou.

Além disso, o presidente acentua que por isso quer armar a população. "Por isso que eu quero que o povo se arme. Isso é a garantia que um filho da p** não vai aparecer para impor uma ditadura. Se eu fosse um ditador eu queria desarmar a população", salienta Bolsonaro.

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O presidente também deu um recado aos seus ministros. "Quem não aceitar as minhas bandeiras da família, Deus, Brasil, armamento, liberdade de expressão, livre mercado, está no governo errado. Esperem para 2022 o Álvaro Dias, Alckmin, Haddad e quem sabe até o Lula", pontuou.

 

A Polícia Federal (PF) prendeu na tarde desta segunda-feira, 11, em Paraty, um ex-oficial da Marinha Argentina, de 69 anos, acusado por prática de crimes contra a humanidade e sequestro. Em seu país de origem, o ex-militar é suspeito de fazer parte da equipe de operações do Grupo de Tarefas da Escola Mecânica Armada da Marinha Argentina (ESMA) e foi responsabilizado por assassinatos de estudantes, sindicalistas e políticos de oposição, cujos corpos teriam sido jogados ao mar nos chamados "voos da morte".

O Pedido de Prisão Preventiva para fins de Extradição foi formulado pela representação nacional da Interpol com base nas informações incluídas pelas autoridades argentinas na lista de Difusão Vermelha da organização.

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A autorização da extradição para a Argentina foi dada em 2019 pelo Supremo Tribunal Federal e no dia 29 de janeiro, o ministro Luiz Fux, vice-presidente da Corte Suprema, determinou a expedição do mandado de prisão para fins de extradição que foi cumprido nesta segunda.

Segundo a PF, o acusado já havia sido preso preventivamente para fins de extradição, em 2013, em Angra dos Reis, cidade próxima a Paraty, mas em 2016 foi posto em prisão domiciliar por uma decisão judicial. Desde a decisão dada pelo Supremo no ano passado o ex-oficial estava foragido, indicou a corporação.

Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) usou o Twitter para rechaçar a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em manifestação, nesse domingo (19), que defendia a intervenção militar e uma nova edição do Ato Institucional número 5, um dos mais duros da época da ditadura militar no Brasil. 

Na publicação, Haddad, que também concorreu ao cargo de presidente do país nas eleições de 2018 e foi derrotado por Bolsonaro no segundo turno, chamou o mandatário de "verme" e pontuou que o "dia do fora já chegou", sem citar diretamente uma ação de impeachment contra o chefe do Executivo.

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"O verme, mais uma vez, diz a que veio. Até quando os democratas suportarão tanta provocação, sem nada fazer? O dia do fora já chegou!", escreveu o petista no microblog. 

Haddad não foi o único que repudiou a atitude do presidente desse domingo. Dezenas de políticos argumentaram que Jair Bolsonaro estava colocando a vida em risco e incentivando outros a fazerem o mesmo, uma vez que o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendam o isolamento social diante da pandemia do novo coronavírus. Atos com a mesma defesa do que aconteceu em Brasília com a participação de Bolsonaro também ocorreu em outras capitais do país. 

Além da questão sanitária, foi repudiado ainda o fato das manifestações irem de encontro ao que diz a Constituição Brasileira e ao regime democrático instalado desde o fim da ditadura. 

A Ditadura Civil-Militar (1964-1985) deixou grandes marcas na história do Brasil. O AI-5, um dos decretos emitidos pelo governo em 1968, foi o marco de uma época sombria, onde a censura e a proibição das artes e da liberdade de expressão, atingiram seu auge.

Para relembrar a produção artística da época, o LeiaJá separou algumas músicas que foram proibidas pela censura e que se tornaram símbolos para a cultura nacional.

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1. "Cálice" (1973), de Chico Buarque e Gilberto Gil

Por meio da metáfora, a música traz uma crítica à censura sofrida na época. Quando a letra foi entregues aos censores, o verso "Afasta de mim esse cálice" foi riscado e alterado para "cale-se", pois um militar interpretou que essa era a verdadeira intenção do uso da palavra na frase, o que fez a canção ser censurada e, depois, tornar-se um hino da luta contra a repressão.

 

2. "Apesar de Você" (1970), de Chico Buarque

Quando lançada, a música não foi censurada, Porém, a música estava se tornando um hino jovem e o militar que a liberara antes foi punido. Buarque, em depoimento à Tribuna da Imprensa, disse que a canção era sobre uma mulher mandona. A polícia invadiu a gravadora para destruir todas as cópias e, por sorte, esqueceram da matriz, e a música original ainda existe.

 

3. "Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula)" (1973), de Odair José

O compositor, que tinha fama de piadista, teve mais de seis faixas censuradas pelo governo. O motivo: todas as letras de suas músicas falavam sobre sexo, o que atentava contra a moral e os bons costumes da época.

 

4. "Vaca Profana" (1984), de Caetano Veloso e Gal Costa

Apenas pelo título da música fica subentendido que a faixa sofreria censura. A letra, que dizia "Dona das divinas tetas, derrama o leite bom na minha cara, e o mau, na cara dos caretas", foi censurada sob a alegação de feriar a moral e os bons costumes.

 

5. "Pra Não Dizer que Eu Não Falei das Flores" (1968), de Geraldo Vandré

A música fala de movimentação, resistência e não conformidade, e não demorou a virar outro hino de resistência. A primeira censura foi na apresentação em um programa da Globo, quando não recebeu o prêmio de Melhor Canção a mando do governo. Depois, foi proibida oficialmente por "ofensas" ao exército. Em 2009, foi eleita pela Rolling Stone Brasil uma das 100 Maiores Músicas Brasileiras de todos os tempos.

Chamado de genocida por menorizar os riscos da covid-19 e solicitar que escolas e comércios sejam reabertos no Brasil, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) vai complicando ainda mais seu - já baixo - poder de articulação política. Ao tratar a pandemia que já matou cerca de 19 mil pessoas no mundo como uma “gripezinha”, o mandatário já foi repudiado por representantes do Congresso Nacional e das unidades federativas, mas aproveita o caos para pôr a democracia novamente na corda bamba.

Após um pronunciamento catastrófico, do ponto de vista das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, na manhã desta quarta-feira (25), Jair Bolsonaro sugeriu um futuro incerto para a democracia no Brasil. “Todos pagaremos um preço que levará anos para ser pago, se é que o Brasil não possa ainda sair da normalidade democrática que vocês tanto defendem. Ninguém sabe o que pode acontecer no Brasil”, afirmou.

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Tal posição o afasta ainda mais do Poder Legislativo, que já mantinha uma relação distante e episódio de atrito com o presidente. “O clima político é muito ruim. É de isolamento e tendência ao agravamento da crise”, analisou a cientista política Priscila Lapa. Em seu entendimento, tal isolamento já é considerado severo e projeta que o Congresso siga votando nas medidas emergenciais necessárias para conter os efeitos da pandemia. O cientista político Elton Gomes divide a mesma opinião e calcula que, entre seis meses e um ano, as únicas atividades legislativas no país terão caráter emergencial.

Importância o Judiciário

Na ótica de Lapa, o Judiciário vai ter a responsabilidade de controlar a cenário político e as futuras deliberações para auxiliar Estados e municípios, como por exemplo, determinando que as administrações não paguem a dívida com o Governo Federal durante o período pandêmico. “Ele pode tentar fazer isso [com que os Estados paguem], mas vai sofrer pressões do Congresso para aprovar esse pacote econômico e vai haver uma judicialização muito grande. Ele tá perdendo a oportunidade de ser o grande líder de todo esse processo”, afirmou, antes de concluir, “Bolsonaro tá abrindo mão disso para ir para a estratégia do enfrentamento praticamente sozinho”.

Sob a política de enfrentamento, o presidente aproveita os reflexos da pandemia para voltar a atacar o Estado Democrático de Direito com a declaração sobre um futuro incerto. “Ele não é uma pessoa com noção democrática. Ele não acredita nisso como valor político. Eu não descartaria que diante do isolamento, ele esteja forçando que a Ordem seja estabelecida por uma via não democrática”, pontua a especialista.

Mesmo com o tom demagógico de Bolsonaro e os elementos necessários para consumar a abertura do processo de Impeachment, Lapa acredita que a saída do presidente não será imediata. “Pela primeira vez, apesar da polarização, a gente começa a ver uma tendência majoritária de rejeição ao governo Bolsonaro. Apesar da crise, as pessoas estão focadas na sobrevivência”.

Um andorinha só

Rodeado apenas por alguns aliados do Partido Social Liberal (PSL), representantes das bancadas da bala e evangélica, as atitudes errôneas do presidente resultaram na perda da sua capacidade de gestão. Mesmo com apoio militar, o cientista Elton Gomes entende que a realidade de um regime autoritário esteja distante. “Praticamente isolado no Poder como Bolsonaro está hoje, eu acho altamente improvável que ele dispusesse de condições políticas e militares para dar um golpe de Estado. Agora, claro, várias falas já mostraram que ele relativiza o conceito de democracia”, entende Gomes, que crava: “Ele está interessado no Poder, mas não vejo condições porque as Forças Armadas têm se mostrado muito zelosas na manutenção da ‘normalidade institucional’”.

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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou seis pessoas pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido em 1975 na sede do Doi-Codi em São Paulo durante a ditadura militar. O caso foi acobertado por laudo forjado que dizia que Herzog havia se suicidado durante a detenção.

A denúncia deriva das determinações da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que em 2018 condenou o Estado brasileiro devido à falta de investigação, julgamento e punição dos envolvidos no assassinato do jornalista.

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De acordo com a Procuradoria, Audir Santos Maciel, então comandante responsável pelo Doi-Codi, e José Barros Paes, então chefe de Comando da Segunda Seção do Estado Maior do II Exército, teriam sido responsáveis pelo assassinato 'por motivo torpe, com o emprego de tortura e por meio de recurso que impossibilitou a defesa' de Herzog. O crime ocorreu em 25 de outubro de 1975.

"O homicídio de Vladimir Herzog foi cometido por motivo torpe, consistente na busca pela preservação do poder usurpado em 1964, mediante violência e uso do aparato estatal para reprimir e eliminar opositores do regime e garantir a impunidade dos autores de homicídios, torturas, sequestros e ocultações de cadáver", afirma o Ministério Público Federal. "O homicídio praticado pelos denunciados foi cometido com emprego de tortura, consistente na inflição intencional de sofrimentos físicos e mentais agudos contra a vítima, com o fim de intimidá-lo e dele obter informações".

A Procuradoria aponta que o crime foi orquestrado com o emprego de ‘grande número de agentes’ do Doi-Codi, que trabalharam no sequestro e vigilância de Herzog.

Após o assassinato, o MPF aponta que Audir Maciel, José Paes e Altair Casadei, então carcereiro de Herzog, modificaram a cena do crime ‘ao colocar o cadáver em posição de enforcamento, com o intuito de induzir a erro a Polícia Técnica, o juiz criminal e a sociedade, objetivando ocultar a realidade de que ali ocorrera uma sessão de tortura’.

Dois dias depois do assassinato, os então médicos legistas Harry Shibata e Arildo de Toledo Viana, do Instituto Médico Legal de São Paulo (IML) teriam forjado o laudo médico do crime, atestando que se tratava de um suicídio, acusa a Procuradoria. "Visando a assegurar a ocultação e a impunidade do crime de homicídio acima mencionado, omitiram, em documento público, declarações que dele deviam constar, com o fim de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevantes".

À época, Shibata e Viana eram servidores federais da ditadura militar e teriam, segundo o MPF, forjado o laudo para manter seus cargos. O documento oficial do IML afirmava que exame "não evidenciou a presença de lesões mortais de qualquer natureza, capazes de qualificar a morte de violenta ou natural patológica".

A denúncia também chega ao Durval Ayrton Moura de Araújo, responsável pelo Inquérito Policial Militar (IMP) sobre o caso. De acordo com a Procuradoria, ele "auxiliou na manutenção da versão falaciosa dos fatos, valendo-se também da função pública para tal fim, de modo que o IMP foi direcionado à 'comprovação’ da ocorrência de suicídio".

"Todas as condutas acima imputadas foram cometidas no contexto de um ataque sistemático e generalizado à população civil, que consistiu na organização e operação centralizada de um sistema semiclandestino de repressão política, baseado em ameaças, invasões de domicílio, sequestro, tortura, morte e desaparecimento dos inimigos do regime", anota o MPF.

Caso a denúncia seja aceita, Audir Maciel e José Paes responderão pelo assassinato de Herzog "por motivo torpe", os médicos legistas Harry Shibata e Arildo Viana por omitir informações verdadeiras e inserir dados falsos em documento público, Ailton Casadei, carcereiro do Doi-Codi, será réu por induzir peritos ao erro e Durval Araújo por deixar de praticar ato de ofício para satisfazer interesse pessoal.

COM A PALAVRA, OS DENUNCIADOS

A reportagem busca contato com todos os denunciados.

<p>No podcast dessa sexta-feira (21), o cientista político Adriano Oliveira analisa a forte presença de militares no governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Adriano chama atenção para a quantidade de ministros militares existentes no governo: o número supera o de ministros militares no governo da Venezuela, onde há uma ditadura que assola o país na miséria. Apesar de Bolsonaro ser um ex-militar, que deve admirar essa força, é estranho a quantidade de cargos e benefícios que ele distribui para esse setor.</p><p>O cientista político aponta a desconfiança que isso gera. Esses benefícios, somados aos ataques do presidente à imprensa, às minorias, ao congresso, aos governadores e aos parlamentares, além das denúncias de aproximação dele e de seus filhos (também políticos) às milícias, podem levantar questionamentos sobre as intenções do presidente. Adriano questiona se ele não usaria o apoio dos militares para o pleito de 2022: será que os militares seriam aliados para uma possível desestabilização no ambiente democrático em um cenário em que&nbsp; PT esteja ganhando nas pesquisas?&nbsp;</p><p>Confira a análise completa no áudio.</p><p>O podcast de Adriano Oliveira tem duas edições, nas segundas e nas sextas-feiras. Além disso, também é apresentado em formato de vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h, na fanpage do LeiaJá.</p><p>
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O dono do SBT e apresentador Silvio Santos determinou que a sua emissora volte a exibir o mini programa "Semana do Presidente" que foi criada durante o regime militar para destacar atos do governo federal em rede nacional. A ordem para a retomada do programa foi dada por Silvio Santos dos Estados Unidos.

De acordo com o site TV e Famosos, o empresário, que é próximo do presidente Jair Bolsonaro, entendeu ser necessário destacar o trabalho do atual governo federal - muito porque o SBT é um dos mais beneficiados pelas verbas federais. A retomada do programa seria uma espécie de 'uma mão lava a outra'.

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O ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu nessa sexta-feira (17) a ausência de questões sobre a ditadura militar no Brasil na última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Pela primeira vez em dez anos, o tema não foi abordado na prova. Segundo o ministro, o objetivo do teste "não é polemizar" e a questão da ditadura não está "pacificada".

Questionado sobre a ausência do assunto no exame, o ministro citou Cuba e Venezuela. "Para mim, ditadura é isso, uma situação muito pesada. Como aqui no Brasil existe ainda uma coisa não pacificada de como foi o período do regime militar, e o objetivo do Enem não é polemizar, o banco examinador resolveu não colocar. Não é para ter questão polêmica."

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No ano passado, a gestão Jair Bolsonaro criou uma comissão para inspecionar questões do Enem, com o objetivo de fazer varredura de conteúdos com "abordagens controversas" e "teor ofensivo". Foram barradas 66 perguntas do banco de itens do ministério, segundo balanço da própria pasta, mas o conteúdo dessas questões nunca foi revelado. Desde 2018, Bolsonaro tem criticado um suposto viés ideológico do teste.

Ontem, o ministro apresentou os resultados do último Enem. No total, 53 candidatos tiraram avaliação máxima na Redação (mil pontos) e 143,7 mil receberam tiveram nota zero - 3,9 milhões fizeram o exame.

Em Matemática, a média geral foi de 523,1 (em uma escala de zero a mil). Em Linguagens, foi de 520,9. Nas áreas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza, as médias foram de 508 e 477,8, respectivamente.

Digital

Weintraub ainda dobrou para 100 mil o número de candidatos que poderão fazer, de modo experimental, o exame pelo meio digital este ano. Até então, o teste digital seria feito com 50 mil estudantes. A meta da pasta é fazer uma transição gradativa para a nova versão até 2026, com a extinção da prova em papel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenaram a União ao pagamento de R$ 30 mil de indenização por danos morais a dois ex-militares do Exército que foram expulsos, perseguidos, presos e torturados nos anos de chumbo. O colegiado afastou a prescrição declarada nas instâncias ordinárias e reconheceu a existência de danos morais indenizáveis.

O valor de R$ 30 mil, fixado em favor de cada um dos recorrentes, será acrescido de correção monetária a partir do arbitramento e de juros de mora contados da data em que os fatos ocorreram.

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Os ministros, em decisão unânime, reformaram o acórdão do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), segundo o qual o pedido dos ex-militares, baseado no artigo 8° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), estaria prescrito.

O caso analisado se refere a dois militares que tiveram trajetórias parecidas - ambos foram expulsos do Exército em razão da militância contra o regime de exceção, participaram de guerrilha, foram presos e torturados no período ditatorial.

Fatos notórios

O TRF-2 manteve o entendimento aplicado na sentença de que a demanda dos direitos assegurados no artigo 8.º do ADCT prescreve em cinco anos, período contado a partir da vigência da Constituição Federal de 1988.

Para o tribunal, "ainda que um dos autores da ação tenha sido submetido a condições de prisão consideradas indignas - conforme depoimentos de testemunhas -, não foi demonstrado que sua situação seria pior que a de outros prisioneiros, não se caracterizando o dano moral".

A corte regional observou ainda que o outro autor já recebeu indenização por decisão administrativa da Comissão de Anistia e, por isso, afastou o pagamento de nova indenização, para evitar bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato - no caso, contra o Estado).

No recurso ao STJ, os ex-militares afirmaram que "o direito apontado é imprescritível" e que "o sofrimento pelo qual passaram é fato notório".

Argumentaram que a indenização referente à Lei 10.559/2002 (Lei da Anistia Política, que regulamenta o artigo 8.º do ADCT) "é de caráter simplesmente material, não afastando a possibilidade de condenação por danos morais".

Direitos fundamentais

Para o relator do recurso no STJ, ministro Sérgio Kukina, "ficou evidente no caso a ocorrência de situação que configura danos morais".

Segundo ele, os argumentos apresentados pela Corte de origem, para afastar a condenação da União, estão em confronto com a compreensão do STJ.

Em seu voto, Kukina lembrou que, no julgamento do agravo interno no REsp 1.648.124, sob relatoria do ministro Herman Benjamin, a Segunda Turma decidiu que "a prescrição quinquenal, disposta no artigo 1º do Decreto 20.910/1932, é inaplicável aos danos decorrentes de violação de direitos fundamentais, que são imprescritíveis, principalmente quando ocorreram durante o regime militar, época na qual os jurisdicionados não podiam deduzir a contento suas pretensões".

O relator destacou a Súmula 624 do STJ, segundo a qual é possível cumular a indenização de dano moral com a reparação econômica prevista na Lei da Anistia Política.

Quanto à situação geradora de dano moral, que não foi reconhecida em segunda instância, Kukina disse que "os fatos incontroversos podem ser revalorados no STJ sem ofensa à Súmula 7 - que não admite a revisão de provas em recurso especial".

"O incontroverso quadro fático delineado pela corte de origem evidencia, de parte do Estado brasileiro pós-1964, a existência de perseguição, tortura, prisão e imposição de uma vida clandestina em desfavor dos autores recorrentes, ex-militares, isso tudo por motivação política, em contexto indicador de violação da dignidade da pessoa humana e, por isso, caracterizador da ocorrência de dano moral", concluiu o relator.

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) usou o Twitter, na manhã desta sexta-feira (1º), para sair em defesa do irmão e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) que recomendou, nessa quinta (31), a edição de um novo Ato Institucional número 5 (AI-5), o considerado mais rígido da época da ditadura militar, como solução caso a esquerda radicalizasse diante do governo. Ao rebater críticas contra Eduardo, o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) também mencionou outro instrumento da época do regime: o AI-6.

"A simples tentativa de cassar o mandato de um deputado POR FALAR [sic] já é o próprio AI-6", escreveu o senador. A fala defensiva ao irmão rebate afirmativas de deputados de oposição que prometeram entrar com processos para que o mandato de Eduardo, o deputado federal mais bem votado do país em 2018, seja destituído. O post causou reações diversas e já é o terceiro assunto mais comentado no microblog na manhã de hoje. 

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O Ato Institucional nº6 foi editado em 1969 pelo presidente Costa e Silva. Entre outras medidas, ele modificou a estrutura do Supremo Tribunal Federal (STF) reduzindo de 16 para 11 ministros, além de transferir para a Justiça Militar os crimes contra a segurança nacional. Na ocasião, o Conselho de Segurança Nacional cassou os mandatos de três senadores e 18 deputados.

Nessa quinta, em entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle, Eduardo Bolsonaro disse que se a esquerda radicalizasse e o Brasil tivesse que enfrentar protestos como os que acontecem no Chile seria preciso “dar uma resposta,  que pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de plebiscito, como ocorreu na Itália”. 

A fala gerou reação negativa de diversos partidos, de ministros do STF e do próprio presidente e pai do parlamentar. Após as críticas, Eduardo ainda publicou no Twitter um vídeo lembrando da homenagem que Jair Bolsonaro fez ao coronel Brilhante Ustra, considerado torturador, durante a votação da admissibilidade ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. E, no fim do dia, pediu desculpas pela fala.

A nova biografia de Raul Seixas, “Não diga que a canção está perdida”, escrita pelo jornalista Jotabê Medeiros, nem sequer foi publicada e já está no centro de uma polêmica. Na última quarta (23), a Folha de São Paulo publicou uma matéria que destaca uma passagem do livro que versa sobre a suspeita de que o cantor teria entregado o escritor e amigo Paulo Coelho à ditadura militar. “O meu livro em nenhum momento diz que Raul Seixas delatou Paulo Coelho. Não há como sustentar uma afirmação dessas. A obra apenas examina o clima de suspeita despertado em Paulo após o episódio de sua prisão em 1974. Descobri que essa desconfiança existia, que angustiava o escritor (que a escondia)”, escreveu Jotabê, na última quinta (24), em sua conta no Facebook.

Paulo Coelho, no entanto, afirma que passou a “ter sérias dúvidas” dos documentos a ele enviados por Jotabê, “dizendo e insistindo que Raul tinha me denunciado (e-mails arquivados). O que se passou entre Raul e eu fica entre nós. Vou deletar o tweet da FSP. Acho que o cara quer apenas vender a porra (sic) do livro”, escreveu em seu Twitter. À Folha de São Paulo, Jotabê havia dito que “não tem a menor dúvida, hoje, após ver o documento (do Arquivo Público do Rio de Janeiro), de que Raul o entregou”.

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Questionado por um seguidor a respeito da fala, Coelho rebateu: “Invenção dele”. Sobre o referido documento, Jotabê discorre: “há um documento no qual um policial diz que, por intermédio de Raul, poderia localizar e prender Paulo Coelho e Adalgisa Rios (então mulher de Paulo). Vi que o documento, inconclusivo, pedia um exame à luz das datas e dos fatos encadeados, um encaixe histórico. Isso tudo está esclarecido no livro. Não é a voz de Raul que fala ali, é um policial”. O lançamento do livro está previsto para acontecer no dia 1 de outubro.

Nesta terça-feira (23), o escritor Paulo Coelho desabafou no Twitter. O autor se pronunciou na rede social para esclarecer sobre a suspeita de que Raul Seixas, seu parceiro em diversas composições, teria lhe dedurado para a ditadura militar. "Fiquei quieto por 45 anos. Achei que levava segredo para o túmulo", escreveu.

"Não confirmei e não confirmo nada. Eu apenas vi o documento e me senti abandonado na época", emendou, negando o assunto em uma matéria publicada na Folha de São Paulo. A mensagem de Paulo Coelho está ligada ao jornalista Jotabê Medeiros, que escreveu o livro "Não diga que a canção está perdida", sobre Raul Seixas.

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O livro relata que Raul foi chamado para ir ao Dops (Departamento de Ordem Policial e Social) dias antes de Paulo Coelho ser detido. Ainda no microblog, Paulo afirmou que leu a documentação enviada por Jotabê, mas que prefere não revisitar o passado.

"Eu vi os documentos que Jotabê me enviou, já tinha conversado com Raul a esse respeito (um dia que ele estava, digamos...) e águas passadas não movem moinhos", tuitou. Jotabê Medeiros vai lançar "Não diga que a canção está perdida" no próximo dia 1º de novembro.

Doses de ironias e frases duras contra opositores marcaram o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante a reunião da cúpula dos países na 74ª assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nessa terça-feira (24). 

Além de salientar sobre a preservação da Amazônia, soberania do país, política externa, terras indígenas, Mercosul e economia, por exemplo, o presidente aproveitou o holofote para expor sua avaliação diante de assuntos que, na ótica de estudiosos, não deveriam ter norteado a fala. 

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O LeiaJá separou trechos da intervenção do presidente na ONU que foram mais polêmicos. Veja: 

1 - [Mais Médicos] “Em 2013, um acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe ao Brasil 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. Foram impedidos de trazer cônjuges e filhos, tiveram 75% de seus salários confiscados pelo regime e foram impedidos de usufruir de direitos fundamentais, como o de ir e vir.

Um verdadeiro trabalho escravo, acreditem... Respaldado por entidades de direitos humanos do Brasil e da ONU!”

2 - [Cuba e a difusão da ditadura] “A história nos mostra que, já nos anos 60, agentes cubanos foram enviados a diversos países para colaborar com a implementação de ditaduras. Há poucas décadas tentaram mudar o regime brasileiro e de outros países da América Latina. Foram derrotados!”

3 - [Emmanuel Macron] “É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a nossa floresta é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista”.

4 - [Cacique Raoni -1] “A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes alguns desses líderes, como o Cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia.”

5 - [Cacique Raoni -2] “Acabou o monopólio do senhor Raoni”.

6 - [Ideologia] “Durante as últimas décadas, nos deixamos seduzir, sem perceber, por sistemas ideológicos de pensamento que não buscavam a verdade, mas o poder absoluto... A ideologia invadiu a própria alma humana para dela expulsar Deus e a dignidade com que Ele nos revestiu”.

7 - [ONU] “Esta não é a Organização do Interesse Global! É a Organização das Nações Unidas. Assim deve permanecer!”

8 - [Amazônia] “Nossa Amazônia é maior que toda a Europa Ocidental e permanece praticamente intocada”.

O conselho federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e entidades do terceiro setor, liderados pelo Instituto Vladimir Herzog, enviaram ofício a um grupo de trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) em que pedem o monitoramento das políticas de reparação para casos de mortos e desaparecidos políticos na ditadura militar brasileira.

O documento cita, como exemplo de "clara ingerência" no tema, a exoneração de quatro integrantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, entre eles a procuradora regional da República Eugenia Gonzaga, presidente do órgão. Eles foram substituídos por militares e um integrante do partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL.

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"Solicitamos, mui respeitosamente, o pronto acompanhamento e atuação do Grupo de Trabalho sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários da ONU em relação aos visíveis retrocessos nas políticas públicas do Estado brasileiro para o enfrentamento das questões envolvendo os desaparecimentos forçados ocorridos durante a ditadura militar (1964 - 1985)", diz o documento. Além da OAB e do Instituto Vladimir Herzog, assinam a carta o Instituto Ethos, a Comissão Arns e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

No ofício, as entidades ressaltam que o Brasil é signatário da Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado, adotada pela ONU, desde 2010. A convenção exige políticas de combate a desaparecimentos políticos que tenham ocorrido tanto no passado quanto no presente - as comissões sobre mortos e desaparecidos políticos estão entre essas políticas. As entidades ressaltam que a comissão em questão foi instituída por lei em 1995 e foi mantida durante diferentes governos.

"A não punição dos autores desses crimes fez com que a prática não fosse interrompida após a transição para a democracia, sendo frequentes os casos de sequestro, tortura, assassinato e ocultação de cadáveres perpetrados por agentes do Estado ainda hoje", diz o ofício enviado ao grupo da ONU.

A carta também chama atenção para a outras comissões voltadas para a apuração de desaparecimentos e assassinatos ocorridos na ditadura, e cita o Grupo de Trabalho Perus (GTP) e Grupo de Trabalho Araguaia (GTA). O GTP apura a responsabilidade por uma vala comum onde foram encontradas 1.047 ossadas na região norte de São Paulo. Após a edição de um decreto por Bolsonaro que extinguiu conselhos, comissões e outros grupos que não foram instituídos por lei, o GTP hoje funciona apenas por força de decisão judicial.

Justificativa

Na ocasião da troca de integrantes na comissão, a justificativa de Bolsonaro foi que seu governo é "de direita". "Quando eles botavam terroristas lá, ninguém falava nada. Agora mudou o presidente", disse Bolsonaro em agosto. O presidente não especificou quais seriam os "terroristas" que teriam feito parte da comissão.

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