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Enquanto a Rocinha era tomada pelas Forças Armadas no último dia 22, Valter Albuquerque deixava a escola apreensivo. Morador da maior favela do país, na zona sul do Rio de Janeiro, o menino de 11 anos estava prestes a fazer a sua primeira grande viagem da sua vida. Iria conhecer a IMG Academy, famoso celeiro de tenistas, nos Estados Unidos. Mas a sua mala quase não chegou ao aeroporto. Um tiroteio antes da entrada do Exército impedia a sua mãe de levar a bagagem até o filho. Na última hora, a jovem promessa do tênis brasileiro pôde embarcar com a sua mala para a Flórida, após a sua mãe ser liberada por vistoria policial, na saída da comunidade.

As situações de violência fazem parte da rotina de Valtinho. Porém, durante oito dias, justamente enquanto a favela era cercada por quase mil homens das Forças Armadas, ele pôde trocar a instabilidade da Rocinha por uma nova realidade na famosa academia que antes parecia inalcançável para um filho de um garçom e de uma cozinheira, com o sonho de virar tenista profissional.

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Enquanto a comunidade era palco de dezenas de prisões, apreensões de toneladas de drogas e até mortes, o menino de 11 anos fazia treinos intensos e recebia orientações profissionais e instruções preciosas de Nick Bollettieri, classificado pelo próprio Valtinho como "uma lenda viva do tênis". Não por acaso. O norte-americano de 86 anos lidera a academia responsável por formar 10 tenistas que já lideraram o ranking mundial da ATP. Atletas do gabarito de André Agassi, Serena Williams e Boris Becker, por exemplo.

"Chegar na academia e dar de cara com ele é absolutamente incrível! Ele me ensinou um monte de coisas", contou o garoto, que surpreende com o tom adulto na entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. Tão adulto que não deixa de explicar cada aprendizado, demonstrando o seu bom conhecimento de tênis. "Minha preparação da esquerda está bem melhor, aprendi a ter mais aceleração na cabeça da raquete. Tive muita dica sobre técnica e pensamento no jogo. Uma coisa que eu levo de lá é a estratégia de jogo, para saber como enfrentar qualquer tipo de jogador".

A viagem de Valtinho até a IMG Academy faz parte de um projeto social do Rio Open, torneio que vem se consolidando no circuito profissional masculino. Ao todo, seis crianças e jovens ganharam a oportunidade, bancada pela organização da competição. "Queríamos que fosse uma viagem transformadora para eles, uma experiência para a vida, e não somente para o tênis", explicou Luiz Fernando Carvalho, o Lui, diretor do Rio Open.

Mas, se depender dos elogios recebidos, Valtinho pode focar no tênis. "O Bollettieri se surpreendeu com o talento dele, disse que já tinha um bom nível de jogo, apesar da pouca idade", relatou Lui.

Com sua meta de virar profissional, Valtinho se espelha em Novak Djokovic e Gustavo Kuerten. O sérvio, por sinal, é citado pelo menino apenas pelo nome, denotando intimidade com o ídolo. Quanto a Guga, seu objetivo é um dia repetir "aquela esquerda de uma mão só, na paralela, incrível... A bola ia lá no fundo".

Por coincidência, Novak Djokovic e Guga Kuerten atravessaram o destino de Valtinho de forma decisiva. Foi por ocasião de uma exibição dos dois, em 2012, que surgiu o projeto que mais tarde se tornaria a Escola Fabiano de Paula. Tenista profissional, Fabiano também mora na comunidade e é inspiração para a criançada local.

Foi nesta quadra que Valtinho, então com seis anos, deu as primeiras raquetadas e se encantou com o esporte. Hoje, aos 11, já tem vida de atleta, alternando treinos na escola e na Tennis Route, principal academia de tênis do País. Ele ganhou a oportunidade de treinar com alguns dos melhores do país, como Thiago Monteiro e Beatriz Haddad Maia, número 1 do Brasil, por se destacar no projeto de Fabiano de Paula, que também treina na academia que é liderada pelo capitão do Brasil na Copa Davis, João Zwetsch. "O pessoal viu que eu estava me esforçando e me deram a chance em 2015. Estou lá até hoje, firme e forte", disse Valtinho, convicto.

Ao mesmo tempo em que sua na quadra, o menino se destaca no Colégio Pedro II. "Ele é um dos melhores da sua turma. É muito disciplinado, acorda sozinho todos os dias às 5h30. E tem muito talento", atestou o próprio Fabiano de Paula, que vê semelhanças entre a sua trajetória e a do garoto. "Ele tem a vantagem de não precisar trabalhar. Pode focar nos treinos. Me vejo como uma cobaia para testar as coisas que os meninos vão usufruir depois. Muito do que ele aprende agora aos 11 eu só conheci aos 21".

De volta ao Brasil, Valtinho retomou a sua rotina de colégio e treinos quando as Forças Armadas já haviam deixado a Rocinha. A instabilidade, contudo, ainda segue. Na última sexta-feira, ele deixou de ir para a aula porque tiroteios impediram a entrada dos ônibus escolares na comunidade. "Gosto muito daqui, quando você se acostuma, não quer sair", disse o menino, sem se abalar.

Uma semana depois da saída das Forças Armadas da Rocinha, um tiroteio entre criminosos e policiais militares terminou com dois criminosos mortos e uma moradora ferida no fim da madrugada desta sexta-feira, 6. Durante a tarde, moradores também relataram intensa troca de tiros.

Eles lamentaram a instabilidade na favela diante da disputa entre os traficantes Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, ainda no comando do controle da venda de drogas no morro, e Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Ele está preso em uma penitenciária federal em Rondônia, mas mantém influência sobre comparsas, que tentaram assumir o tráfico na comunidade no dia 17.

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"As Forças Armadas saem, e a gente está novamente entregue aos tiroteios. Escolas já não abriram e o povo fica com medo de sair para trabalhar. Ninguém sabe o que vai acontecer daqui para frente", contou um morador.

Em vídeos compartilhados em redes sociais, é possível ouvir a intensidade do tiroteio da tarde. Uma foto feita por moradores registra o momento em que um PM retirou o corpo de um criminoso baleado com um carrinho. Ele foi levado para o Hospital Miguel Couto, onde morreu, assim como o comparsa.

A moradora baleada tem 16 anos e foi ferida em casa, logo depois de acordar. Está internada e não corre risco de vida. A Polícia apreendeu na favela um fuzil, uma pistola e munições. A Rocinha está ocupada por cerca de 550 PMs.

Confrontos também aconteceram an terça-feira, 3, e o efetivo foi aumentado (eram 500 até então), com PMs do Batalhão de Polícia Rodoviária e do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios. Os dois grupos estão fazendo patrulhamento da Autoestrada Lagoa-Barra, via que passa ao lado da Rocinha.

Também estão na favela policiais dos Batalhões de Choque, de Ações com Cães, de Operações Especiais (Bope), do 23º Batalhão (Leblon) e do Grupamento Aero-Marítimo (GAM).

Dois dias após a saída das Forças Armadas da Rocinha, na zona sul do Rio, a favela voltou a registrar tiroteios, na manhã deste domingo, 1º de outubro. De acordo com a Polícia Militar, o confronto foi causado entre policiais do Batalhão de Choque e criminosos, na Rua 2. A assessoria da PM informou que policiais estão "vasculhando o local", mas não respondeu se houve feridos.

Segundo a nota enviada pela PM, 500 policiais militares atuam "em 15 pontos de cerco e em 14 pontos de contenção no interior da comunidade", além do patrulhamento das tropas especiais. A polícia também faz operação no Morro do Vidigal, vizinho da Rocinha, com o Batalhão de Ações com Cães (BAC). Ainda não há informações de prisões.

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A comunidade da Rocinha, situada na zona sul da capital fluminense, foi agitada hoje (1º) pela manhã por um breve confronto na Rua 1, com policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPCHq) que estão vasculhando o local. A informação é da assessoria de imprensa da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ). Não foi relatada a ocorrência de vítimas nem de feridos.

Segundo a corporação, mais de 500 policiais militares atuam em 15 pontos de cerco e 14 pontos de contenção no interior da comunidade, além do patrulhamento das tropas especiais. Considerada uma das maiores favelas da América Latina, a Rocinha conta também com bases avançadas do Comando de Operações Especiais (COE) e do Comando de Polícia Pacificadora (CCP).

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Os militares das Forças Armadas estão deixando a comunidade da Rocinha, no bairro de São Conrado, na zona sul do Rio. O primeiro comboio saiu do local por volta das 4h desta sexta-feira, de acordo com informação da assessoria de imprensa do Comando Militar do Leste. Conforme o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse ontem (28) à Agência Brasil, a retirada será gradual e ocorrerá ao longo do dia.

As tropas fazem a segurança da favela desde o último dia 17, quando foram acionadas por solicitação do governo fluminense em função de um conflito entre traficantes rivais pelo controle de pontos de venda de drogas na região, colocando em risco a vida dos moradores.

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De acordo com o ministro, a situação na Rocinha está estabilizada com o fim de confrontos violentos entre os traficantes. Na avaliação de Jungmann, os resultados das operações desencadeadas nos últimos dias também mostram redução nas apreensões de armas e nas prisões de criminosos.

Além disso, com o deslocamento de traficantes da comunidade para outras regiões, de acordo com o ministro, não há motivo para manter o efetivo de 950 militares no local e deixar outras áreas da cidade sem o apoio das Forças Armadas.

“Os bandidos que lá estavam conseguiram passar para outras comunidades próximas, então não fazia sentido permanecer com todo esse efetivo, mas sim deslocar o efetivo para outras comunidades, outros lugares onde eles possam ser devidamente capturados", disse.

Segundo Jungmann, se houver necessidade do retorno dos militares à Rocinha, caso a situação volte a se agravar, há um entendimento com o governo estadual para analisar o pedido com rapidez. “Isso será uma coisa desburocratizada e muito rápida, porque estabelecemos um plantão dentro das nossas unidades militares, que podem rapidamente chegar de volta à Rocinha ou chegar a outras comunidades se se fizer necessário e o governo e a Segurança do Rio de Janeiro pedirem”, informou.

O ministro acrescentou que, por questões de segurança, não é possível adiantar se estão programadas operações com participação das Forças Armadas em locais para onde é provável que os traficantes da Rocinha tenham fugido. “Isso não posso adiantar, mas posso dizer que estamos com várias operações engatilhadas e programadas. São informações de inteligência que não podem perder o efeito surpresa”.

Na avaliação do ministro, o trabalho que foi feito desde a chegada das Forças Armadas, apresentaram resultados comprovados e sem a ocorrência de vítimas. “Encontramos uma Rocinha em guerra e deixamos uma Rocinha, neste momento, estabilizada. Em segundo lugar, apreendemos uma grande quantidade de fuzis, de bandidos, de carregadores, de pistolas, de granadas, de drogas e de munição. Em terceiro lugar, isso foi feito sem que um único morador fosse ferido e uma única criança fosse atingida, da sorte que eu acredito que o resultado foi positivo, embora sabendo que a mudança em termos estruturais de segurança da Rocinha, como do Rio de Janeiro, vai levar ainda bastante tempo”, apontou.

Jungmann destacou que as operações integradas no Rio, com o emprego das forças de segurança federais, vão continuar conforme está definido no decreto de Garantia da Lei e da Ordem, assinada pelo presidente Michel Temer em julho. “A todo vapor e sem nenhuma descontinuidade. Nós vamos continuar atuando porque esse é o desejo da população do Rio de Janeiro. As autoridades têm que atender a esse desejo e é também uma determinação do presidente Michel Temer”, disse.

Conflito

Os conflitos na Rocinha se agravaram com a tentativa de invasão, no dia 17, do grupo de aliados do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, para a retomada do comando do tráfico de drogas no local, que foi assumido por Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, ex-segurança de Nem. Houve intensos tiroteios que deixaram moradores em pânico, crianças sem aulas, unidades de saúde com atendimento suspenso e o comércio fechado.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou nesta quinta-feira, 28, que o Ministério da Defesa encerra na sexta-feira, 29, o cerco à Rocinha, iniciado na sexta-feira passada devido ao confronto entre grupos rivais pelo tráfico na comunidade, na zona sul do Rio. A medida vinha sendo discutida entre o Comando Militar do Leste (CML) e as forças de segurança. Pesou a convicção de que a comunidade, após os choques entre criminosos iniciados no dia 17, está estabilizada. Isso possibilitaria que os 950 oficiais e praças se retirassem, segundo Jungmann disse ao jornal "O Estado de S. Paulo". "Sairemos possivelmente amanhã (sexta-feira, 29)", afirmou, antes do anúncio oficial.

Mais cedo, o porta-voz do CML, coronel Roberto Itamar, afirmara que as Forças Armadas poderiam sair a "qualquer momento" da favela da Rocinha, na zona sul do Rio. Segundo o coronel, todos os dias era avaliada essa possibilidade, "na medida em que a situação na Rocinha já está sendo normalizada". As conversas sobre a saída das forças ocorriam todos os dias e envolviam representantes de todas as forças que participam da operação integrada, informou o oficial.

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"O papel das Forças Armadas é ajudar na normalidade; a partir daí, as forças de segurança reassumem no dia-a-dia, como acontece, segue a vida. Se tiver algum problema, a gente volta", disse ao jornal.

Na Rocinha, teme-se que, com a saída das Forças Armadas, o conflito pelo domínio recomece. É possível que os bandos ligados a Rogério 157 e ao seu rival, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso no presídio federal de Rondônia, retomem os choques armados pelo domínio da região.

Normalidade

Aos poucos, os serviços na Rocinha vão voltando à normalidade. As escolas da rede municipal de ensino da região estão todas funcionando, segundo informou a secretaria de Educação. O atendimento nos postos de saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) também voltou ao normal. Desde esta quinta, equipes que haviam sido transferidas para outras unidades desde a semana passada voltaram a atuar na favela.

Segundo a Secretaria de Saúde, ações extras serão realizadas a partir desta sexta-feira. A Vigilância Sanitária circulará com veículos pela Rocinha para aplicar vacinas contra a raiva em cães e gatos. Além disso, técnicos do órgão ficarão em pontos fixos para emitir a licença sanitária de bares, restaurantes, padarias, salões de beleza, clínicas médicas e dentárias, pet shops e estúdios de piercing e tatuagem.

Enquanto as ações das forças de segurança diminuem na favela da zona sul, a busca por traficantes ligados a Rogério 157 foi intensificada em outras comunidades do Rio. Nesta quinta-feira, os batalhões de Ações com Cães (BAC), de Operações Especiais (Bope) e de Choque da Polícia Militar vasculharam as favelas Parque União e Nova Holanda, no Complexo da Maré, na zona norte do Rio.

No Parque União, o Batalhão de Choque prendeu dois suspeitos. Os policiais ainda apreenderam uma pistola calibre 9 mm, munições, 318 kg de maconha, duas granadas caseiras, um kit rajada, um casaco do Exército, uma farda, uma máquina de fabricação de ecstasy, quatro balanças de precisão e outros materiais. Uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas foi desativada.

Na Nova Holanda, os policiais do BAC apreenderam dois fuzis M16, três réplicas de fuzil, uma pistola calibre 45 mm, duas réplicas de pistolas e mais de uma tonelada em drogas, achada com ajuda de um cão farejador. A maior quantidade era de maconha, mas foram encontrados ainda 260 pinos de cocaína, 165 pedras de crack, 65 trouxinhas de haxixe e uma de skank.

O trabalho da inteligência das polícias e Forças Armadas aponta que em 850 das 1.025 comunidades da capital há traficantes ou milicianos (policiais ou bombeiros que exploram serviços e oferecem "segurança privada"). Essas quadrilhas exercem o controle territorial, com o uso de armamento pesado, como fuzis, e recorrendo com frequência à tortura e ao assassinato para impor a vontade e cometer extorsões.

Nove das 12 comunidades pobres da capital submetidas ao domínio de facções criminosas e/ou milícias - e cujo cenário é considerado bastante perigoso - têm Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Uma delas é a Rocinha, na zona sul do Rio, onde desde o dia 17 um racha entre traficantes causou confrontos que levaram as Forças Armadas a iniciar um cerco. O projeto das UPPs, lançado no governo Sérgio Cabral Filho (2007-2014), vive uma crise. Recentemente, a Secretaria de Segurança anunciou que transferiria parte dos PMs para o policiamento no "asfalto".

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Espalhadas pelas zonas norte, sul e oeste, as 12 áreas tidas como mais críticas são: Rocinha, Acari, Cidade de Deus, Mangueira, Turano, Manguinhos, Parada de Lucas, Complexo do Alemão, Complexo da Maré, Jacarezinho, Santa Marta e Vila Cruzeiro. Nelas, a presença de bandos armados e os centros de comando definidos tornam alto o risco para moradores e para policiais. Em alguns locais, as organizações terceirizam para grupos menores as áreas de atuação, conforme relatórios oficiais.

O tráfico de drogas continua como atividade criminosa principal. A receita dos bandidos também advém da cobrança de impostos de comerciantes e da distribuição de carvão, botijões de gás e água mineral - importante em locais sem rede de distribuição regular. Também exploram serviços de transporte por vans e há cobrança de pedágio para entrega de produtos como pizzas, eletrodomésticos e materiais de construção.

Divisão por cores

Desde 2015, o Rio divide as UPPs em três cores, de acordo com o grau de periculosidade: verde, amarela e vermelha. Na ocasião, foram classificadas como vermelhas (as mais perigosas) Rocinha, Alemão, Cidade de Deus, São João e Camarista Méier. Nelas, os bandidos resistiram à ocupação permanente pela polícia e os níveis de confrontos e tiroteios são altos. Nas comunidades de bandeira amarela, existe risco operacional médio. Nas verdes, o processo de pacificação é estável.

Entre os moradores das favelas ainda consideradas perigosas, a despeito da presença das UPPs, o clima é de desesperança. Em Manguinhos, onde foi instalada uma unidade em 2013, os tiros voltaram já em 2015. "É uma sensação muito ruim, porque o programa começou com pique. O (ex-secretário de Segurança José Mariano) Beltrame vinha a reuniões conosco e dizia que a UPP não era para acabar com o tráfico, porque seria impossível, mas com a violência. Não acabou nada e a tendência é piorar", lamentou um líder comunitário.

No caso da Rocinha, a pretendida pacificação nunca foi cumprida, afirmou o sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). "A curto prazo, o máximo que podemos esperar no Rio é uma tentativa de conter os tiroteios. Não há espaço para novas políticas."

Cano considera que a guerra na Rocinha só está mobilizando a cidade e as autoridades estaduais e federais pelo fato de a favela estar na zona sul, a parte mais rica do Rio. A socióloga Julita Lemgruber, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, ressalta o mesmo ponto. "O Rio escolheu lidar com o varejo das drogas nas favelas de forma violenta. Aí vêm as Forças Armadas, o que é outra hipocrisia. A gente viu o que aconteceu na Maré: as Forças ficaram 15 meses, gastaram-se R$ 600 milhões e hoje o tráfico está lá de fuzil."

O secretário da Segurança do Rio, Roberto Sá, quando confrontado com a chamada crise das UPPs, têm dito que o programa passa por "reavaliação". E nega também que a transferência de policiais para o "asfalto" reduzirá a patrulha nos morros.

Conflito

Na Rocinha, o tráfico nunca foi domado pela UPP. Ali, o crime era, até 2011, comandado por Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. Era mais um dos chefes locais do crime, de uma linhagem que remonta ao início dos anos 1980. Foi quando a introdução massiva da cocaína barata tornou a venda de drogas um negócio muito lucrativo.

Nem é considerado um bandido antigo, querido na comunidade pelo paternalismo com os mais frágeis, que lhe garante apoio popular. Com sua prisão, a chefia do bando foi assumida por Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, ex-segurança do antigo líder, que acabou recolhido ao presídio federal de Rondônia.

De perfil diferente, Rogério elevou o preço dos botijões de gás e cobra taxas de mercados na comunidade, o que teria irritado Nem. A mulher do ex-chefe, Danúbia Rangel, também conhecida como Núbia, uma mulher bonita que frequenta academias e posta fotos nas redes sociais, virou outro alvo na disputa. Teria sido expulsa por Rogério, que resolveu não atender a ordens do ex-chefe. Com isso, o confronto explodiu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Civil informou nesta segunda-feira, 25, que 59 suspeitos de participar dos confrontos pelo domínio do tráfico na Favela Rocinha, na zona sul carioca, foram identificados desde o dia 17. Desses, 29 já tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça e outros 30 estão com pedidos encaminhados. O chefe do tráfico na favela, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, indicou na sexta que poderia entregar-se à Polícia Federal, mas teria desistido após o cerco militar.

Rogério 157 é um dos que já têm mandado de prisão decretado. A captura dele é apontada como crucial para tentar devolver tranquilidade à Rocinha. Criminosos que já cumprem penas também tiveram mandados expedidos. Os mais conhecidos são Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, que está no presídio federal de Rondônia, e Celso Luiz Rodriguez, o Celsinho da Vila Vintém, que está detido na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, conhecida como Bangu 1, no Rio.

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Nem e Celsinho são chefes da facção Amigo dos Amigos (ADA), que controla a Rocinha. Eles são apontados como dois dos responsáveis pela ordem de invasão à favela para destituir Rogério 157 do comando do tráfico no morro.

Fugas

Nesta segunda, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) realizaram uma operação no Morro do Turano, na zona norte do Rio, em busca de criminosos que teriam fugido da Rocinha. Um suspeito foi preso e uma pistola, apreendida.

Vinte homens armados de fuzis e com os rostos cobertos por panos saíram da mata no Horto, na zona sul do Rio, na madrugada do Sábado (23).

Foram denunciados pelo latido de cães e pelo barulho que faziam; pareciam cansados de uma longa caminhada. Eram integrantes do bando do traficante Rogério 157. Fugiam do cerco que, cerca de 12 horas antes, as Forças Armadas e a Polícia Militar iniciaram na Rocinha. Fora da mata, o percurso varia de 10 a 15 quilômetros. Em meio às árvores e passando por morros, porém, é difícil estabelecer a distância.

Segundo testemunhas relataram à reportagem, eram 4h20 quando os homens desceram ao local, uma pequena comunidade de casas pobres perto do fim da Rua Pacheco Leão. A mata próxima dá acesso às Favelas da Rocinha, Parque da Cidade e Vidigal. Descansaram por poucos minutos no largo que fica na frente das casas e repousaram no chão as armas que carregavam.

Aos moradores acordados pelo barulho, pediram água e cigarros. Um dos criminosos pegou a bicicleta que estava em uma das casas e desceu até a Rua Jardim Botânico. Na via, abordou um taxista e mandou que subisse ao Horto. Quando o veículo chegou ao topo, alguns dos criminosos embarcaram; os demais voltaram para a mata. E o táxi, possivelmente, foi para a Rocinha.

Segundo relatos, policiais militares chegaram ao Horto duas horas após a passagem do bando e entraram na mata em busca do grupo. Fizeram alguns disparos, mas não acharam ninguém. O incidente, porém, confirmou suspeitas de que o bairro, procurado nos fins de semana, sobretudo no verão, para passeios e banhos de cachoeira, foi rota de fuga de traficantes da Rocinha. Eles teriam como destino, possivelmente, favelas na região da Tijuca, na zona norte.

A Polícia Civil suspeita que Rogério 157 seria um dos criminosos que entraram no táxi sequestrado. A maioria dos integrantes do grupo estaria ali apenas para escoltá-lo. Os homens no táxi atacaram, de dentro do veículo, uma patrulha perto do acesso ao Túnel Zuzu Angel. Houve tiroteio, mas ninguém ficou ferido. Em seguida, o carro se deparou com outro bloqueio perto da favela, mas criminosos conseguiram fugir para dentro da Rocinha.

Relatos de moradores do Morro do Turano, na Tijuca, reforçaram a suspeita de que traficantes da Rocinha usaram a mata como rota de fuga. Segundo essa versão, na madrugada de sábado chegaram ao Turano homens desconhecidos, sujos de lama e folhas. O mais provável é que os suspeitos tenham andado pela floresta até o Horto e lá embarcado em veículos para chegar a favelas da Tijuca.

Balanço

Desde o início dos conflitos no morro, há mais de uma semana, seis suspeitos foram mortos e outros quatro ficaram feridos, além de um adolescente ter sido atingido por bala perdida. O jovem passa bem. Nove pessoas foram presas em flagrante e outras oito foram detidas no cumprimento de mandados expedidos pela Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal no Rio, Carlos Eduardo Thomé, afirmou que Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha, zona sul do Rio, indicou que poderia se entregar, na última sexta-feira, 22. De acordo com delegado, um parente muito próximo de Rogério telefonou para a PF e disse que o traficante queria se entregar.

O suposto parente deu informações que, confirmadas pela PF, levaram o órgão a ficar de prontidão para uma possível apresentação do criminoso às autoridades. O interlocutor, porém, disse que retomaria o contato com a Polícia no sábado de manhã, o que não aconteceu.

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"Esse interlocutor, que tem um laço bem próximo a ele, disse que seria a intenção de Rogério se entregar, uma vez que ele estava temendo pela sua integridade física, principalmente depois do cerco das Forças Armadas. Possivelmente, ele foi demovido da ideia de se entregar por medo, ou até pela dificuldade de voltar a falar com os seus parentes, uma vez que ele está sendo procurado por forças de segurança estaduais, federais e até por criminosos rivais", disse o delegado.

De acordo com Thomé, a situação de Rogério "é bem complicada" e o melhor é ele se entregar. "Se ele entende por bem se entregar, que baixe as armas e se entregue. Não tenho a menor dúvida de que ele vai ser capturado ou morto em confronto", disse.

Segundo o delegado, no sábado, agentes da PF estiveram em dois endereços utilizados por Rogério, no alto da Rocinha, baseados em informações obtidas pelo setor de inteligência. Nesses locais, eles encontraram duas residências de luxo, equipadas com piscinas e eletrodomésticos de ponta.

"As casas de Rogério são bastante luxuosas e destoam muito do restante das moradias da Rocinha", disse o delegado. Ele afirmou que não houve resistência de traficantes durante a incursão até o local, feita por agentes da equipe tática da PF, em parceira com o Bope.

Pelo quarto dia consecutivo, 950 homens das Forças Armadas continuam com o cerco à Favela da Rocinha, em São Conrado, zona sul do Rio de Janeiro. O clima é de aparente tranquilidade e as pessoas tentam retomar a rotina normal saindo de casa para o trabalho. Durante a madrugada de hoje (25), não houve confronto entre as forças de segurança e traficantes de drogas. O comércio mais próximo da autoestrada Lagoa-Barra está aberto.

Apesar disso, as unidades de ensino da comunidade vão ficar fechadas nesta segunda-feira por motivo de segurança. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, seis escolas, duas creches e um Espaço de Desenvolvimento Infantil não estão funcionando, e mais de 3 mil crianças vão ficar sem aula hoje. Além disso, pelo menos duas escolas particulares que ficam próximas à favela cancelaram as aulas: a Escola Parque e a Escola Americana, também por medida de segurança.

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A Polícia Militar realiza duas operações para tentar prender os envolvidos na disputa pelo comando do tráfico de drogas no morro da Rocinha. Homens do Batalhão de Choque fazem incursões na comunidade.

Já a tropa do Batalhão de Operações Especiais da PM (Bope) está no morro do Turano, no Rio Comprido, zona norte da cidade. Os militares subiram pela Rua do Bispo e Barão de Itapagibe, dois principais acessos ao morro. Na subida dos militares do Bope houve confronto. Neste momento, dezenas de moradores da comunidade tentam fechar a Rua do Bispo, em protesto contra a presença da tropa do Bope.

A comunidade é dominada pelo Comando Vermelho, facção rival da Amigos dos Amigos (ADA), que comanda a Rocinha. De acordo com a Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, o bando liderado pelo traficante Rogério Avelino dos Santos, o Rogério 157, teria mudado de facção e alguns deles teriam fugido para o Turano. A Polícia Militar ainda não divulgou informações sobre prisões ou apreensões de armas e drogas.

Um dia após o cerco feito por 950 homens das Forças Armadas à Rocinha, na zona sul do Rio, três traficantes foram mortos e nove suspeitos, presos em operações militares e policiais. Dezenove fuzis e nove granadas também foram apreendidos, segundo balanço da Secretaria de Segurança à noite. A chegada das tropas, porém, não inibiu novos tiroteios na comunidade ao longo do dia. Ainda houve confrontos em outras regiões da cidade.

Entre os detidos, está o traficante Luiz Alberto de Moura, conhecido como Bob do Caju, acusado de planejar o ataque à Rocinha no último domingo. Ele foi capturado por policiais civis na Ilha do Governador, na zona norte. Outros quatro suspeitos, supostamente ligados ao bando de Antonio Bonfim Lopes, o Nem, foram presos pela Polícia do Exército ao tentar entrar na Rocinha de carro. À tarde, em outras ações policiais, três suspeitos foram mortos no Alto da Boa Vista, na zona norte, e mais cinco, presos.

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O grupo invasor seguiria, diz a polícia, ordens de Nem. Ele, do presídio federal de Rondônia, teria comandado a invasão da Rocinha. O objetivo era tomar o comando do tráfico de drogas de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, que assumiu após Nem ser preso.

Embora pertençam ao mesmo grupo criminoso, a facção Amigo dos Amigos (ADA), Nem e Rogério estão agora em bandos rivais. A quadrilha ligada a Rogério estaria na parte alta da favela, escondida na mata.

Lá, no início da tarde, foram ouvidos disparos. Os tiros aconteceram enquanto as autoridades de segurança davam entrevista, no Centro de Comando e Controle, no Alto da Boa Vista.

Na madrugada, os tiros na Rocinha foram intensos. Quatro bandidos renderam um taxista em seu carro e tentaram entrar na comunidade. Mas foram abordados por PMs, houve confronto e eles fugiram.

A polícia suspeita que Rogério estava entre eles. Segundo o delegado Antônio Ricardo, da 11ª DP (Rocinha), a descrição de um dos ocupantes do carro "bate" com características de Rogério. Esse bandido teria sido chamado de "pai" pelos outros e dito que não deixaria a comunidade. "Ele está acuado. A prisão deve acontecer a qualquer momento", disse Ricardo.

Quando os bandidos cruzaram com os soldados, o taxista conseguiu pular do carro e se esconder debaixo de uma caçamba de lixo. "Fiquei até que o confronto terminasse. Deus é muito bom. Graças a Ele saí ileso."

Outro motorista, um estudante, foi sequestrado na zona sul em seu carro, também com o intuito de furar o bloqueio de militares e PMs. Foi nesse incidente que quatro bandidos foram presos pela Polícia do Exército.

Dos fuzis, a maioria (dez) foram achados por policiais civis em um carro no Caju, área dominada pelo bando de Bob. O armamento seria levado ao Morro do São Carlos, na região central, para bandidos que agiriam na Rocinha. Essas armas já teriam sido usadas na invasão do último domingo e voltado ao Caju por causa das operações.

Nenhum fuzil havia sido encontrado nas três operações conjuntas de militares e polícias desde a chegada das tropas. O total de drogas apreendidas ontem não foi divulgado.

Caçada

Segundo o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, não há informações sobre possível nova invasão à Rocinha. Houve buscas na mata do alto da comunidade atrás de traficantes. "Com o contingente que temos lá, hoje mantemos a situação estável. Vamos continuar buscando na mata."

Sá ainda negou que tenham sido expedidos mandados coletivos de busca para serem cumpridos na Rocinha. Esse instrumento permite que quarteirões inteiros sejam vasculhados pela polícia, sem endereços especificamente determinados. É criticado por advogados e ativistas de direitos humanos, que defendem a definição de endereço para coibir excessos. Sá, porém, não descartou a medida.

E não há prazo para a retirada das tropas. O Exército disse ter sido inevitável fazer controle mais forte na Rocinha anteontem, quando o cerco militar começou, mas que desde ontem a população já estaria liberada para se locomover normalmente.

Ontem, porém, a movimentação era baixa para um sábado e moradores eram revistados. "Antes de o dia clarear, ouvimos muitos tiros", contou uma moradora. "Depois ficou calmo. Mas não saí de casa ainda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um adolescente de 13 anos foi atingido durante confronto entre policiais militares e criminosos que fugiam da Rocinha. A troca de tiros aconteceu na tarde deste sábado (23), nas proximidades do Alto da Boa Vista, área nobre da zona norte do Rio. Segundo a PM, os bandidos estavam num carro que havia sido roubado na região e estavam fortemente armados. Um deles foi morto.

O adolescente foi socorrido por policiais militares do 6º BPM e encaminhado ao Hospital Souza Aguiar. Ainda não há informações sobre a gravidade dos ferimentos. Na ação, além do bandido morto pelo menos um conseguiu fugir. Há ainda quatro suspeitos feridos. Três fuzis foram apreendidos com os criminosos. Por volta das 16h30, a PM montava um cerco na região e a via que corta a região estava parcialmente fechada. Diversas viaturas da PM e um helicóptero estão no local.

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Além da ação e do cerco à Rocinha, outras operações acontecem na tarde deste sábado no Rio de Janeiro. Policiais do Batalhão de Choque atuam na favela do Turano, na zona Norte, e homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estão no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, na região central.

As Forças Armadas vão continuar na Rocinha após a prisão do traficante Luiz Alberto Santos de Moura, conhecido como Bob do Caju, que, segundo a Polícia, se preparava para uma ação na favela da Zona Sul do Rio de Janeiro. Além do traficante, foram presos mais quatro bandidos, apreendidos 16 fuzis (nove importados), uma pistola (com o traficante), sete granadas e uma quantidade não divulgada de entorpecentes.

A prisão acontece dias depois de uma tentativa de invasão por traficantes na Rocinha, que fez com que 950 homens das Forças Armadas fossem convocados para cercar a favela. A prisão do traficante no entanto foi realizada na Ilha do Governador, após denúncia.

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"O criminoso foi preso e não reagiu, ele portava uma pistola, e as armas ostentavam o símbolo do traficante Bob (desenho O mundo de Bob) para serem facilmente emprestados e depois devolvidos", disse o delegado que comandou a operação que realizou a prisão, Maurício Mendonça, após coletiva sobre a operação.

De acordo com o secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, Roberto Sá, não há conhecimento de uma nova invasão na Rocinha e no momento estão sendo feitas buscas nas matas da favela para encontrar bandidos que estariam se escondendo no local.

Sá negou que tenham sido expedidos mandatos coletivos de busca e apreensão, mas não descartou a adoção da medida. "A peça está sendo avaliada, mas não foi entregue até o momento, o balanço que faço é que foi um trabalho muito bom em conjunto com as Forças Armadas", disse.

O chefe da 1ª Divisão de Exército, general das Forças Armadas, Mauro Sinotti, explicou ter sido inevitável fazer um controle mais forte na comunidade da Rocinha ontem, mas que hoje a população já estaria liberada para se locomover normalmente.

O confronto entre traficantes e policiais militares no Rio de Janeiro, que motivou o governo do Estado a pedir ajuda às Forças Armadas em operação na favela da Rocinha, zona sul carioca, foi destaque em diversos veículos da imprensa internacional.

O jornal inglês The Guardian destaca em sua manchete sobre o retorno do Exército à maior favela do Rio em meio ao confronto. "Após quase uma semana de intensos tiroteios entre traficantes rivais e a polícia, o Exército do Brasil foi acionado para cercar a extensa favela da Rocinha no Rio de Janeiro".

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Segundo relata o Guardian, "a violência agravou uma sensação de insegurança no Rio". O jornal destaca que o governo do Estado "está quebrado e tem atrasado os salários da polícia" e que "o ex-governador Sérgio Cabral está preso e acabou de receber uma sentença de 45 anos por corrupção, lavagem de dinheiro e agressões".

O diário argentino Clarín descreve a chegada dos 950 soldados à Rocinha enviados pelo Ministério da Defesa brasileiro. "Uma longa fila de soldados, transportando metralhadoras, rifles e granadas, moveu-se com os rostos cobertos pela entrada principal da comunidade da Rocinha", seguidos por jornalistas e fotógrafos.

"Embora pareça, não é uma cena de guerra produzida para um filme. Isso acontece na noite desta sexta-feira, 22 de setembro, a cerca de 500 metros de um dos bairros mais luxuosos do Rio de Janeiro: São Corrado", relata o Clarín.

A versão brasileira do jornal espanhol El País afirma que o sexto dia de violentos confrontos na favela causa a interdição da principal via entre as zonas sul e oeste da capital fluminense. "Tiroteios semeiam caos e Exército tenta cercar Rocinha" destaca o El País no título da reportagem.

O jornal americano The New York Times reproduziu reportagens das agências de notícias Reuters e Associated Press destacando que a violência cresceu em várias áreas do Rio durante a semana, levando as autoridades brasileiras a fechar estradas, escolas e a pedir a intervenção do Exército.

"A violência na Rocinha é mais um sinal do retrocesso desde o lançamento de um programa de 'pacificação' em 2008 para reduzir a violência, pressionando traficantes de drogas e estabelecendo postos permanentes em mais de mil favelas da cidade", afirma texto da Reuters reproduzido pelo The New York Times.

Novamente a favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, registrou tiroteios durante a madrugada. Neste sábado, 23, a Polícia Militar (PMERJ) informou que os tiros foram ouvidos por volta das 4h30 da manhã. Não há informações de feridos. De acordo com o Comando Militar do Leste, cinco suspeitos foram presos. Também foram apreendidos fuzis, granadas, carregadores e munições de diversos calibres, além de droga.

Em nota, o Comando Militar do Leste informa que pessoas armados tentaram romper o bloqueio do cerco estabelecido pelas Forças Armadas na comunidade da Rocinha, nas proximidades da Rua General Olímpio Mourão Filho. "Foram presos pela Polícia do Exército os 5 ocupantes de um veículo Renault Symbol e apreendidos um fuzil e quatro carregadores, uma pistola com dois carregadores, 86 munições calibre 7,62mm e 18 calibre 9mm, dois equipamentos de rádio transmissores, documentos e cadernos de anotações, além de drogas e dinheiro em espécie", ressaltou o posicionamento.

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Ainda segundo o Comando Militar do Leste, os suspeitos e o material apreendido foram entregues à 11ª Delegacia de Polícia, na Favela da Rocinha.

A PMERJ também informou que os policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) receberam a informação via rádio sobre a perseguição do 23ºBPM (Leblon) a um táxi com criminosos armados, vindo pelo túnel Zuzu Angel. O tiroteio teve início depois que um taxista foi rendido por bandidos no Jardim Botânico.

O refém foi levado para a comunidade do Horto, onde traficantes tomaram posse do veículo e seguiram em direção à Favela da Rocinha. A PM do Rio de Janeiro informou que os bandidos estavam com fuzis e entraram em confronto com os policiais. Por precaução, o túnel Zuzu Angel, que liga as zonas sul e oeste, ficou interditado, nos dois sentidos, por pelo menos uma hora.

"As equipes do Bope se posicionaram na saída do túnel para realizar o cerco. Houve confronto, os criminosos fugiram e os policiais aprenderam 5 fuzis, 7 granadas, 55 carregadores e 2.055 munições de diversos calibres, além de 110 papelotes de erva seca e 1.045 cápsulas de pó", ressaltou a instituição em nota.

Por volta das 9 horas deste sábado, policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha, em ação de vasculhamento, também aprenderam cinco artefatos explosivos na localidade conhecida como "Roupa Suja". A Polícia Militar afirmou acreditar que os criminosos estejam usando a mata fechada para sair da Rocinha e atingir os bairros do Horto e do Jardim Botânico.

Já na favela Dona Marta, em Botafogo, na zona sul carioca, também houve troca de tiros durante a madrugada. Policiais da UPP da comunidade faziam um patrulhamento de rotina e quando passavam por uma região onde estava sendo feito um baile funk foram atacados a tiros. Os policiais revidaram e os criminosos fugiram. Ninguém ficou ferido.

Neste sábado, as Forças Armadas realizam o segundo dia de ocupação na Favela da Rocinha. Há uma semana, facções rivais iniciaram a disputada pelo controle do tráfico de drogas na favela com tiroteios, mantendo a população apreensiva.

Depois de quase uma semana de tiroteios no Rio, as Forças Armadas foram chamadas ontem, 22, para cercar a Rocinha - a mais conhecida comunidade da capital -, diante do reconhecimento de que o Estado perdeu o controle na guerra deflagrada pelo crime. Ao todo, 950 homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica estão mobilizados, além de dezenas de blindados e helicópteros. Mais três batalhões do Exército, que somam quase 3 mil homens, estão prontos, caso a situação se agrave.

Não há previsão de quanto tempo deve durar essa operação. Ela é uma demonstração de força do Estado e de apoio à Polícia Militar após o confronto declarado entre Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, escondido na favela, e Antonio Bonfim Lopes, o Nem, que está no presídio federal de Rondônia. Os traficantes dos dois grupos, ligados à facção Amigo dos Amigos, disputam à bala o domínio da comunidade, invadida no domingo, com saldo de pelo menos três mortes.

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A ação dos militares começou após as 16 horas de ontem. Àquela altura, a cidade, principalmente a zona sul, vivera horas de caos, pânico e boatos. A Auto-Estrada Lagoa-Barra e os Túneis Zuzu Angel e Acústico Rafael Mascarenhas foram fechados das 10 às 14 horas, depois que os confrontos entre PMs e criminosos, iniciados às 8 horas, recrudesceram. A operação policial na Rocinha começara às 5 horas, com o objetivo de cumprir mandados de prisão. À noite, a polícia solicitou um mandado de busca coletivo.

Por causa dos confrontos, cerca de 3 mil alunos ficaram sem aula na Rocinha. As unidades de saúde também não funcionaram. Colégios privados, como a Escola Teresiano, a Escola Americana e a Escola Parque, na Gávea, também não tiveram aulas. Na Gávea, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) suspendeu as atividades. No dia, tiroteios também foram registrados nas comunidades do Alemão, na zona norte, São Carlos, perto da região central, e Dona Marta, na zona sul.

Moradores da Rocinha ficaram acuados em suas casas. Muitos foram impedidos por criminosos armados de sair para trabalhar. "A ordem foi ninguém sair de casa para nada", disse uma moradora. Residente em um condomínio em São Conrado, bairro da zona sul do Rio onde fica a favela, a empresária Helena Duarte contou que por volta das 10h30 os tiros assustavam as crianças. "Todas subiram correndo para casa."

A movimentação dos militares foi recebida por alguns moradores da Rocinha com naturalidade. "Já vi isso tantas vezes que me acostumei", contou um eletricista que se identificou apenas como Carlos, de 34 anos, morador da parte baixa da favela. "Ruins foram esses últimos dias, quando teve tiro a noite toda. Agora vem aquela parte de a polícia entrar, os traficantes fugirem e a situação se acalmar até o próximo capítulo."

"A gente não devia se acostumar com isso porque indica que alguma coisa está muito errada. Mas vivemos assim, de tiroteio em tiroteio, de operação em operação", resumiu a faxineira Maria Helena, de 59 anos, 28 deles vividos na Rocinha.

Críticas - Especialistas em segurança criticaram duramente a demora da ação das autoridades. "Só hoje (ontem, 22) foi criado um gabinete de crise", apontou a cientista social Sílvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes.

"O cenário é de caos e desorganização", resumiu o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Para a coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, a socióloga Julita Lemgruber, as ações de ontem, 22, revelam "que o Rio não tem uma política de segurança e o governo federal não tem plano de segurança".

O problema causou desconforto em Brasília. O presidente Michel Temer fez questão de discutir a situação, também preocupado com o que pode acontecer no Estado e as repercussões disso para sua imagem - o temor era de que alguma situação mais violenta acontecesse no período de Rock in Rio.

Embora sempre achem que as forças de segurança locais é que têm de estar à frente da segurança pública, oficiais-generais ouvidos pelo Estado estavam acompanhando o problema crescer dia a dia e estranhavam o fato de nenhum pedido de ajuda ser feito. Se surpreenderam, mais ainda, quando, por meio do Twiter, o governo do Rio pediu às Forças Armadas nesta semana o patrulhamento de 103 pontos, trabalho que consideravam ineficaz e desgastante para as tropas federais.

Esses mesmos militares lembravam que havia mais de 30 dias o Estado do Rio não apresentava nenhuma demanda às Forças Armadas. Eles cobram mudanças na política de segurança, com foco no crime organizado, incluindo a realização de vistorias em presídios. No caso do Rio, essa proposta nunca teria sido acolhida pelo Estado.

Ainda ontem, 22, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, se reuniu com a procuradora-geral, Raquel Dodge, e sugeriu uma força-tarefa federal, com o Ministério Publico e Polícia Federal, para combater a criminalidade crescente no Rio. Na conversa, Raquel fez a sugestão de instalar parlatórios nos presídios para dificultar a comunicação dos detentos com a parte externa das cadeias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Militares do Exército chegaram por volta das 16h desta sexta-feira, 22, na favela da Rocinha, a mais conhecida favela do Rio de Janeiro, localizada em São Conrado, na zona sul do Rio. Fortemente armados, eles estão concentrados na principal entrada da favela, à espera de orientações. Segundo informado no início da tarde, por autoridades estaduais e federais, os militares fariam um cerco na comunidade, liberando policiais para operar na favela. Helicópteros blindados do Exército também sobrevoam a comunidade.

O cerco das Forças Armadas foi autorizado hoje pelo Ministério da Defesa. Mais cedo, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) havia pedido reforço dos militares para ajudar no patrulhamento da comunidade, cuja população vive sob intensos tiroteios desde domingo passado. Nesta manhã, confrontos entre traficantes e policiais fecharam a Autoestrada Lagoa-Barra, que passa pelos acessos da Rocinha e é a principal via de acesso entre a zona sul do Rio e a Barra da Tijuca, na zona oeste.

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O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou, em entrevista coletiva após reunião com o presidente Michel Temer (PMDB), que um efetivo de 700 homens da polícia do Exército, que já está no Rio, seria deslocado para fazer um cerco na Rocinha. Na sequência, o ministro anunciou que o efetivo aumentou para 950 homens das três Forças (Marinha, Aeronáutica e Exército), além de dez blindados.

Questionada sobre a razão da mudança em tão pouco tempo, a assessoria de imprensa do ministério da Defesa explicou que o número pode voltar a mudar a qualquer momento, caso seja necessário.

"Foi autorizado cerco na Rocinha para que se possa continuar o enfrentamento com criminosos", disse no Palácio do Planalto. "O Exército não substitui a polícia. Quem está na ponta são as polícias. Nós atuamos por demanda", ponderou.

Segundo o ministro, o efetivo total de que a União dispõe no Comando Militar Leste é de 30 mil homens e que operacionalmente até 10 mil homens podem ser mobilizados de forma mais rápida caso haja necessidade.

"Trinta mil são todo efetivo que o Comando Militar Leste tem. Oficialmente, podemos deslocar 10 mil homens. Neste momento, por se tratar de uma demanda de urgência, você desloca com mais velocidade a polícia do Exército. Agora serão 700", explicou. "O contingente pode aumentar, mas depende da demanda. Quem estabelece isso é o centro integrado", afirmou, dizendo que a União e o Estado do Rio estão trabalhando de forma harmônica.

No início da tarde, o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, afirmou que as Forças Armadas poderão chegar a qualquer momento à Rocinha. De acordo com o secretário, assim que as guarnições chegarem, os militares farão um cerco da favela e controlarão o trânsito, para liberar policiais para atuar em ações específicas - a expectativa é de que o Exército ajude a bloquear entradas e saídas, e não entre na favela.

O chefe da 1.ª Divisão do Exército, general Mauro Sinott, afirmou que os soldados começarão a atuar à tarde. "Entendemos por bem pedir este cerco das Forças para liberar nossos policiais para o patrulhamento de outras áreas e ações específicas na comunidade. Todos os esforços possíveis serão colocados à disposição da sociedade. Vamos tentar a todo custo fazer a efetuação da prisão desses criminosos", disse o secretário.

"Não vamos recuar dentro da Rocinha. É o quinto dia de operações. Ontem (quinta-feira, 21), descobrimos uma grande quantidade de armamento e drogas", afirmou Pezão, após dar palestra na Sessão Especial do Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio.

Segundo o governador, as forças de segurança do Estado, incluindo o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM), estão avançando numa região da Rocinha onde os traficantes se concentraram.

"Temos certeza de que a reação que está ocorrendo no asfalto é por causa disso. Pedimos reforço embaixo para dar tranquilidade", afirmou o governador. Houve registro de confrontos em outras favelas do Rio, mas o reforço foi pedido apenas para a Rocinha. "A gente precisa agora na Rocinha", disse Pezão.

Intenso tiroteio

A Rocinha viveu um intenso tiroteio desde a manhã desta sexta-feira, 22. Desde às 5 horas, a Polícia Militar realiza uma grande operação na Rocinha, em busca do chefe do tráfico da região, Rogério Avelino, o Rogério 157. Por volta das 8 horas, um grupo de menores incendiou um ônibus na subida da Avenida Niemeyer, em São Conrado, segundo a Polícia Militar. As chamas foram controladas sem ser necessário o acionamento do Corpo de Bombeiros para o local.

Por volta das 9h30, criminosos atacaram a base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rua 2. Houve confronto, e um morador foi ferido e socorrido ao Hospital Miguel Couto. Os criminosos deram tiros a partir da área de mata acima do Túnel Zuzu Angel. Seus alvos eram as guarnições policiais que realizavam o cerco à comunidade. Os criminosos chegaram a jogar uma bomba contra policiais da UPP e do 23º Batalhão (Leblon). O artefato não explodiu, e o Esquadrão Anti-bombas da Polícia Civil foi acionado para o local.

Houve confrontos com os criminosos na área de mata. Há policiais do Batalhão de Choque e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na região. Todos os acessos da favela estão cercados pela polícia. Um veículo blindado dá apoio aos policiais. Por volta das 10 horas, a Estrada Lagoa-Barra foi interditada, em ambos os sentidos, assim como o túnel Rafael Mascarenhas.

Policiais do 23ºBPM (Leblon) reforçaram o policiamento nos arredores de São Conrado em função de devido a informações do setor de inteligência e do Disque Denúncia informando que menores teriam sido orientados por criminosos a atear fogo em ônibus. O objetivo seria a desviar atenção dos policiais do cerco da Rocinha.

Os colégios públicos e particulares que ficam na região fecharam. O Centro de Operações de trânsito avisou que "devido à operação policial, a recomendação é EVITAR a região e optar por vias de ligação entre a zona sul e a zona oeste, como o Alto da Boa Vista, a Linha Amarela ou a Estrada Grajaú-Jacarepaguá".

A atual onda de intensos tiroteios na Rocinha começou no domingo passado, 17, quando o chefe do tráfico de drogas no morro, Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, se desentendeu com o seu antecessor, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011. No domingo, os tiroteios deixaram um morto.

Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério 157 e teria tentado expulsar o seu grupo da favela, por meio de ordens dadas de dentro da prisão. A relação pode ter piorado depois da união da ADA com a facção paulista PCC. Já Rogério teria matado aliados de seu antecessor e mandado expulsar Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem, do morro.

Em represália, Nem teria incitado criminosos da ADA de outros morros, como Vila Vintém, Morro dos Macacos e São Carlos a tentar retomar a favela. A tentativa, porém, foi frustrada, e Rogério continua no alto do morro, segundo informações da Polícia. Danúbia, que é foragida e ostenta alto poder aquisitivo nas redes sociais, também estaria no local. Os dois corpos carbonizados encontrados pela polícia seriam do grupo de Rogério.

Na segunda-feira, 18, o porta-voz da Polícia Militar do Rio, major Ivan Blaz, e o delegado-titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo, admitiram que sabiam que poderia haver confronto entre traficantes na Rocinha no dia anterior. Blaz afirmou que a Polícia Militar não agiu com mais força para acabar com o confronto porque a intervenção poderia vitimar moradores. Já Ricardo acrescentou que não sabia que o confronto, que durou cinco horas, "seria desta proporção".

Na quarta-feira, 20, o governador do Rio afirmou que soube na madrugada do domingo que haveria confronto entre traficantes e pediu que a polícia não interviesse, o que causou polêmica.

O Ministério da Defesa autorizou nestas sexta-feira, 22, o envio das Forças Armadas para reforçar no patrulhamento da Rocinha, favela mais conhecida do Rio, em São Conrado, zona sul da capital. O pedido foi feito pelo governador Luiz Fernando Pezão, em razão de mais um confronto, com tiroteio, ocorrido na favela.

Por conta disso, Autoestrada Lagoa-Barra, que passa pelos acesso da Rocinha e é a principal via de acesso entre a zona sul do Rio e a Barra da Tijuca, na zona oeste, teve de ser fechada.

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"Não vamos recuar dentro da Rocinha. É o quinto dia de operações. Ontem (quinta), descobrimos uma grande quantidade de armamento e drogas", afirmou Pezão, após dar palestra na Sessão Especial do Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), no Rio.

Segundo Pezão, as forças de segurança do Estado, incluindo o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) estão avançando numa região da Rocinha em que os traficantes teriam se concentrado.

"Estamos com indícios de traficantes numa região sobre a qual estamos avançando. Temos certeza de que a reação que está ocorrendo no asfalto é por causa disso. Pedimos reforço embaixo para dar tranquilidade", afirmou o governador.

O pedido para uso das Forças Armadas é para reforçar o policiamento nos acessos à Rocinha, garantindo a circulação pelas vias que passam no entorno, como a Autoestrada. Houve registro de confrontos em outras favelas do Rio, mas o reforço foi pedido apenas para a Rocinha. "A gente precisa agora na Rocinha", disse Pezão.

Tiroteio

A Rocinha passou por um intenso tiroteio na manhã desta sexta-feira. Por volta das 10h, a prefeitura bloqueou a estrada Lagoa-Barra e fechou o túnel Rafael Mascarenhas, nos dois sentidos. A Polícia faz operação no local desde o inicio da manhã, com participação do Batalhão de Choque.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou nesta quarta-feira, 20, que soube antes da possibilidade de confronto entre traficantes na favela da Rocinha, na zona sul do Rio. Ele contou que ordenou que a polícia não interviesse, para evitar mortes de inocentes. Mas o conflito deixou três mortos e três feridos e a comunidade se mantém receosa como se vê abaixo no depoimento de Lúcia (nome fíctício).

"Desde a quinta-feira passada a gente foi avisado que a qualquer momento teria confronto. O Nem (o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, preso em Rondônia) mandou recado dizendo que o Rogério (Avelino, o Rogério 157, chefe do tráfico na comunidade) tinha de sair da Rocinha até domingo. Rogério não saiu e disse que o Nem teria de vir da cadeia até o morro, para tirá-lo".

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"No domingo, às 6 horas, começaram os fogos, para avisar que ninguém poderia sair de casa. Umas 9h30 começou o tiro, muito tiro mesmo, correria, pessoas fechando seus comércios rapidamente. A gente em casa, sem luz nem água, sem poder sair. Os PMs nem se mexiam. Os bandidos passavam por eles e gritavam: 'Fiquem quietos que não é com vocês, é entre nós'", disse Lúcia.

"Aqui, tanto bandido quanto policial pega o nosso celular para ver o que tem. O bandido quer saber se tem vídeos com imagens deles. O policial quer ver se estamos ajudando traficante. Os vídeos que filmam da janela e espalham são aterrorizantes: olho arrancado, gente queimada viva, cabeça cortada, pernas espalhadas. São cruéis dos dois lados, estão ali para matar e morrer".

"A vida ficou muito cara na Rocinha por causa do Rogério. O pessoal dele cobra R$ 90 pelo botijão de gás. Eles cobram taxa dos donos de supermercados, da água mineral. E passou a ter roubo, estupro, violência doméstica. A gente não pode reclamar com a polícia, até porque a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) não existe, fica só na rua principal".

"Como mãe, fico muito nervosa. Meu filho menor se treme todo quando tem tiro. Segunda e terça-feira não teve aula, só hoje. Trabalho com o coração apertado, com medo de o mais velho, que cuida dos menores, me ligar para dizer que o tiro voltou. A polícia entra nas casas. Imagina se entram e pegam meus três meninos lá... Tem patrão que não entende, então as pessoas se arriscam a sair, mesmo proibidas, para não serem demitidas. Na segunda-feira, tinha toque de recolher às 17 horas, e meu irmão saiu às 18 horas para o trabalho. Foi obrigado a voltar. Nessas horas, não tem o que fazer."

Policiais militares continuam hoje (20) com as operações em busca dos responsáveis pelos confrontos armados de domingo (17) na Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro. Nesse terceiro dia de operações, a Polícia Militar (PM) faz ações de busca de suspeitos, armas e drogas na Rocinha, Chácara do Céu (no Leblon, na zona sul), em São Carlos (no Estácio, na região central) e na Vila Vintém (na zona oeste).

Grupos criminosos rivais se enfrentaram no domingo, em uma disputa pelo controle dos pontos de venda de drogas ilícitas. Nesses confrontos, pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas com tiros.

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Na segunda-feira (18), mais três mortes foram confirmadas na Rocinha. Um homem morreu supostamente em confronto com a PM e dois corpos foram encontrados carbonizados dentro da comunidade.

As ações na Chácara do Céu, em São Carlos e na Vila Vintém estão relacionadas à operação na Rocinha. A polícia acredita que os criminosos partiram dessas favelas para tentar invadir a comunidade da zona sul.

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